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Entre as Tulipas e o Erotismo, outros museus em Amsterdam

Como já mencionei em um post anterior, em Amsterdam há muitos museus. Alguns sobre temas inusitados, como museu da maconha, por exemplo, que só poderia existir mesmo nessa cidade.

Um museu pouco comum e muito atraente é o Museu Flutuante de Tulipas. Existe o museu em terra firme também, mas o flutuante fica em uma charmosa embarcação de madeira toda enfeitada com tulipas. Não tem como não achar gracioso.

As tulipas são flores icônicas na Holanda. Elas foram importantes na história do país, seus bulbos serviram de alimento durante a guerra e ainda hoje é a flor preferida dos holandeses. Talvez esteja ai o porquê desse museu.

Museu flutuante de Tulipas
Museu flutuante de Tulipas visto do canal

Outro museu que visitei foi o Museu do Teatro ou Theaterkrant. Na época da faculdade, eu fazia parte do TRUSP, Teatro Ribeirãopretano da USP. Após a faculdade, migrei meu interesse do teatro para a dança, mas a paixão pelo tema nunca acabou. Por isso, fiquei bastante interessada em visitar esse museu, assim que fiquei sabendo da existência dele em Amsterdam.

Infelizmente, o Theaterkrant fechou permanentemente após janeiro de 2009, uma pena para as pessoas que adoram teatro, ópera e dança. O museu ficava em uma bela casa construída em 1638 à beira do canal por um dos arquitetos mais famosos da época, chamado Philip Vingboons.

Fachada do museu do teatro em uma casa do século XVII
Fachada do museu do teatro em uma casa do século XVII

Se a fachada da casa já vale a pena, seu interior chama mais ainda a atenção pela bela escadaria e o hall de mármore. Só havia eu nesse museu e assim foi possível entrar até nas salas de reuniões. Lá ficavam expostos, em várias galerias, o vestuário e material usados nas peças de teatros holandesas tanto antigas quanto contemporâneas. Hoje o museu faz parte do Instituto de Teatro dos Países Baixos.

Peças de vestuário em exposição
Peças de vestuário em exposição

 

São várias vestimentas distribuídas na galerias do antigo museu
São várias vestimentas distribuídas na galerias do antigo museu

Saindo da beleza e charme das tulipas e da magia do teatro, vamos para o bizarro Museu da Tortura. Esse museu revela como foi o tempo doloroso da Idade Média, não à toa também conhecida como Idade das Trevas. O acervo conta com mais de 40 objetos de tortura de diferentes partes da Europa, desde a época da Inquisição até a guilhotina.

Incrível a capacidade do ser humano de inventar instrumentos capazes de proporcionar a dor para outras pessoas. Há explicações em oito idiomas e o ambiente é um pouco escuro e claustrofóbico, combinando com o tema do museu.

Cadeira de tortura onde o próprio peso da pessoa era usado para afunda-la nas pontas existentes na cadeira
Cadeira de tortura onde o próprio peso da pessoa era usado para afunda-la nas pontas existentes na cadeira
462 - Torture museum
Dama de ferro, usada para aprisionar a pessoa em seu interior


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bom, e Amsterdam não seria Amsterdam sem um museu do Sexo ou Venustempel (Templo de Vênus). O museu, assim como a maioria dos museus de Amsterdam, fica em uma casa do século XVII, porém não nos canais e sim na Danrak. Por isso, acaba sendo uma das primeiras atrações que os visitantes vindos da estação de trem veem.

398 - Sex Museum
A exposição permanente é intitulada Sex through the ages

O museu se orgulha de possuir uma extensa coleção de esculturas, pinturas e objetos eróticos, bem como fotos e documentos pornográficos. Todo o acervo foi comprado pelos próprios donos do estabelecimento. O museu abriu suas portas em 1985 com uma pequena coleção de objetos eróticos do século XIX. O entusiasmo dos primeiros visitantes garantiu não apenas sua sobrevivência, como também a expansão. O local é bem movimentado e por onde se anda nos museus escuta-se as risadinhas e piadas dos turistas curiosos.

400 - Sex Museum
Há peças eróticas de quase todas as épocas da história da civilização

Visitando a casa de Anne Frank em Amsterdam

Um dos museus mais importantes de Amsterdam é a casa de Anne Frank. Fui nesse museu, após fazer um Free Walking Tour, com um guia americano que vive em Amsterdam. O Tour terminou em frente à casa, então aproveitei para conhecê-la.

Fachada da casa da Anne Frank
Fachada da casa da Anne Frank

Anne Frank foi uma das muitas vítimas da perseguição aos judeus na Segunda Guerra Mundial. Em 1933, com a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha, a família Frank decidiu mudar-se para os Países Baixos. Em 1940, o país foi invadido pelos nazistas, Anne Frank, seus pais Otto Frank e Edith Frank-Holländer e sua irmã Margot tentaram escapar da perseguição escondendo-se em um anexo no alto da casa, cujo acesso se dava por uma escada escondida atrás de uma estante.

Estante que servia de fachada para o anexo onde a família Frank e mais outras 4 pessoas viveram escondidas por dois anos
Estante que servia de fachada para o anexo onde a família Frank e mais outras 4 pessoas viveram escondidas por dois anos

Mais tarde, juntaram-se a eles outros 4 judeus, Fritz Pfeffer, Hermann e Auguste van Pels e seu filho Peter. E assim 8 pessoas passaram a viver enclausuradas em um espaço pequeno onde não podiam falar alto, usar o banheiro de dia e nem pisar com força para não serem descobertos . Eles também não podiam abrir as janelas e nem sair do anexo. A vida no esconderijo durou por dois anos, período em que Anne Frank escreveu seu diário, após isso, eles foram denunciados à polícia. Até hoje não se sabe ao certo quem foi o autor da denúncia.

Banheiro do esconderijo. As pessoas só podiam usar o banheiro em horários em que o barulho da água escorrendo pelos canos não despertasse a atenção de outras pessoas.
Banheiro do esconderijo. As pessoas só podiam usar o banheiro em horários em que o barulho da água escorrendo pelos canos não despertasse a atenção de outras pessoas.

Os oito clandestinos e os quatro colaboradores que levavam comida, roupas e jornais para eles foram presos e enviados para diferentes campos de concentração. Na última sala do museu, há as cartas que Otto Frank, único sobrevivente que conseguiu sair vivo de Auschwitz, escreveu na tentativa de encontrar as filhas já mortas. Seu desespero é comovente e tocante, assim como tudo na casa e no anexo que serviu de esconderijo.

O esconderijo era dividido em ambientes
O esconderijo era dividido em ambientes

O Diário de Anne Frank foi publicado pela primeira vez nos Países Baixos em 1947 e até hoje já foi traduzido para mais de 60 línguas. Na loja do museu há exemplares a venda em diversos idiomas. Ela escreveu em seu diário tudo sobre a vida no anexo, retratando os sentimentos de isolamento dos clandestinos e a angústia e medo permanentes de serem descobertos. Sem dúvida, uma realidade bem dura, é difícil mesmo até imaginar como é viver enclausurado dessa forma por 2 anos e depois ainda serem denunciados.

www.annefrank.org/pt/

Esse foi um dos lugares que menos gostei na cidade, mas principalmente pela história triste.Não me senti bem lá dentro e tive até mesmo um pouco de falta de ar. Sai da casa abatida e impressionada com a triste realidade e perseguição que Anne Frank, sua família e seus amigos viveram e sofreram.

A casa foi aberta ao público em 1960. Foi um dos poucos museus na Europa que eu vi guia em português. É proibido fotografar, filmar e conversar no telefone dentro da casa. Na entrada as bolsas são revistadas por seguranças. Os cuidados não são exagerados. A estátua de Anne Frank que há em frente à casa já foi vítima de atentado de neonazistas.

O museu é aberto das 9:00 às 21:00 de abril a outubro. Nos demais meses fecha mais cedo, as 19:00. O valor do ingresso é €9,00 (valor para adulto). Apenas o Museumkaart permite a entrada gratuita. O cartão I Amsterdam City Card não é aceito pelo museu.

Museu Joods Historisch, o museu judaico de Amsterdam

O Museu Joods Historisch, ou Museu de História Judaica é formado por um complexo de 4 sinagogas no coração do bairro judeu no centro de Amsterdam. Essas sinagogas serviam a uma comunidade de 100.000 judeus que encolheu para menos de 10.000, após a Segunda Guerra Mundial!

565 - Museu Joods Historisch 20

O museu foi fundado por judeus americanos e holandeses em 1930, com o objetivo de mostrar tudo que fosse relacionado com a vida dos judeus em geral e em especial na Holanda, obviamente. Porém, após a ocupação nazista, foi forçado a fechar e muitas peças do acervo foram confiscadas e perdidas, infelizmente. Foi reaberto somente em 1955, pelo primeiro ministro holandês.

551 - Museu Joods Historisch 06

O acervo é bem bonito, o museu coleciona objetos de arte associados com a religião, cultura e história dos judeus na Holanda e suas primeiras colônias, Ao todo são cerca de 16.000 trabalhos de arte, itens cerimoniais e objetos históricos, mas somente 5% destes itens é que estão na exposição permanente. Os demais são expostos apenas em datas comemorativas ou exposições especiais. Somando as fotos e documentos históricos, temos um total de 30.000 itens.

550 - Museu Joods Historisch 05

Na Grande Sinagoga estão expostos objetos que mostram a história da comunidade judaica no período compreendido entre 1600 e 1900. Os objetos são expostos em ordem cronológica. Já na Nova Sinagoga, está a coleção permanente de objetos de 1900 até os dias de hoje.

573 - Museu Joods Historisch 28

Quando entrei no museu, perguntei se podia tirar fotos e o segurança me respondeu: “Claro, se você tira fotos, você vai mostrar para outras pessoas, elas vão querer vir aqui e com isso a gente ganha mais dinheiro.”

574 - Museu Joods Historisch 29

Bom, eu consegui tirar realmente bastantes fotos lá e vou reproduzir algumas aqui. Espero que o que o segurança disse seja verdade e que esse post e as fotos atraiam o interesse das pessoas, pois é um museu que vale a pena conhecer.

Os livros expostos foram os itens que mais gostei de fotografar. Achei as gravuras e ilustrações bem bonitas, verdadeiro trabalho de arte.

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O museu abre diariamente das 11:00 as 17:00. O valor do ingresso é € 15,00, mais caro que os museus que formam os Canalmuseums e um dos mais caros que visitei em Amsterdam, mas mesmo assim, indico o museu para quem quiser conhecer mais da história judaica. A entrada, assim como na maioria dos museus de Amsterdam, é gratuita para quem tem os cartões Museumkaart, Holland Pass, I Amsterdam City Card, Rembrandtkaart, ou ICOM.

Museu Museu Amstelkring – Our Lord in the Attic – em Amsterdam

Amstelkring era um dos museus que eu mais queria conhecer em Amsterdam, desde que vi na televisão um documentário sobre a cidade em que esse museu era citado. Desde então, achei sua história interessante e cativante e fiquei bem curiosa para ver de perto.

Museu Amstelkring, Ons’ Lieve Heer Op Solder, ou em inglês “Our Lord in the Attic”, “Nosso Senhor no Ático”, fica em uma casa do século 17 e faz parte dos Canalmuseums, museus existentes em casas construídas à beira dos canais de Amsterdam.

497 - Museu Amstelkring 06

498 - Museu Amstelkring 07

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sua história envolve não apenas a história da própria cidade e suas casas de canais como também a fé de uma família proibida de expressar sua religião em público.

Em 1578 Amsterdam adotou o protestantismo e proibiu a religião católica. Quase 100 anos depois, em 1661 Jan Hartman, um comerciante, comprou esta casa. Ele e sua família viviam no térreo e, como era oficialmente proibido pelas autoridades protestantes rezar missas em Amsterdam, ele converteu o sótão em uma Igreja católica secreta.

502 - Museu Amstelkring 11
Imagens, esculturas e pinturas barrocas fazem parte do acervo do museu
Relíquias religiosas
Relíquias religiosas em exposição no porão da casa

Em 1888 a casa se tornou um museu, um dos mais antigos do país. Nesse ano, um grupo de católicos de Amsterdam, que se autointitulavam de “De Amstelkring” (algo como o círculo Amstel, nome que derivou Amsterdam), salvou o prédio da demolição e o abriu para o público.

É a única igreja católica secreta que conserva ainda seu estado original. A igreja foi construída entre 1661 e 1663 no alto da casa juntamente com mais 2 casas adjacentes. O ponto alto é o altar em estilo barroco. A igreja foi desenhada para dar uma ilusão de espaço criada pela combinação da arquitetura, esculturas e pinturas. Hoje em dia ainda é usada para missas especiais, casamentos e concertos. O órgão, construído especialmente para essa igreja em 1794 ainda funciona.

www.sacred-destinations.com

507 - Museu Amstelkring 16

O museu é adorável, com a mobília original e peças de arte do século 17, refletindo o estilo da época, o classicismo holandês. Em vários cômodos também há pinturas de artistas holandeses retratando principalmente passagens da Bíblia.

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501 - Museu Amstelkring 10

No porão há peças religiosas como imagens de estilo barroco e outras relíquias. Existe um pequeno confessionário no segundo andar, construído no século 18. Também existem duas cozinhas mobiliadas conforme os séculos 17 e 19 com lindos azulejos brancos com desenhos azuis variados no meio.

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Detalhe dos azulejos das cozinhas dos séculos 17 e 19
Detalhe dos azulejos das cozinhas dos séculos 17 e 19

Foi um dos lugares que mais gostei de visitar na cidade. Hoje em dia não é mais permitido tirar fotos dentro do museu. Ainda bem que não era quando fui.

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Amstelkring abre de segunda a sábado das 10:00 as 17:00. Domingos e feriados abre mais tarde, as 13:00.

O valor do ingresso é €10,00 (adulto). A entrada é gratuita para os portadores dos cartões Museumkaart, ICOM, Rembrandtkaart, Holland Pass Voucher, I Amsterdam City Card e Stadspas. O audioguia está incluso no ingresso, disponível nos idiomas inglês, holandês, francês, espanhol, alemão, italiano e russo.

Museu Willet-Holthuysen em Amsterdam

Willet-Holthuysen faz parte de um dos 8 museus que compõe os Museus dos Canais (Canalmuseums). Esse foi o primeiro museu que visitei em Amsterdam. Quando fui, recebi um livro, logo na entrada, onde havia explicações de cada aposento da casa. É um livro bem interessante e detalhado que deve ser devolvido no final da visita. Agora há também audioguia disponível por € 2,00 nos idiomas holandês, inglês, russo, alemão, italiano, espanhol e francês.

Entrada do museu Willet-Holthuysen, um dos museus existentes em casas do século XVII nos canais de Amsterdam
Fachada do museu Willet-Holthuysen, um dos museus existentes em casas do século XVII a beira dos canais de Amsterdam

Em 1895, a senhora Louisa Willet-Holthuysen de 71 anos deixou essa casa do século XVII existente na beira do canal, para a cidade, juntamente com tudo que existia dentro dela, incluindo a coleção de arte do seu último marido Abraham Willet. O casal era colecionador de objetos de arte e esculturas, bem como de prataria, cerâmicas e porcelanas.

Uma pequena parte da coleção de prataria da família Willet Holthuysen
Uma pequena parte da coleção de prataria da família Willet-Holthuysen

A condição para a doação da casa é que essa se mantivesse como estava e se tornasse um museu. Foi o que aconteceu, o local se transformou no museu que mantém o nome da família. Hoje as peças das coleções do casal Willet-Holthuysen encontram-se distribuídas nos três andares da bela e bem decorada casa, mostrando um pouco como era a vida de famílias importantes e ricas da Holanda.

Peças de porcelana de uma das coleções da casa
Peças de porcelana de uma das coleções da casa

No térreo estão a cozinha e o jardim. Os empregados tinham que subir as escadas para levar as refeições para o andar de cima. Não devia ser muito fácil. A exceção dos demais cômodos da casa, a cozinha não é a original, ela foi reconstruída baseada nas cozinhas tradicionais das casas existentes na beira dos canais no final do século XVIII.

Cozinha no andar térreo. Os móveis são uma mistura de cozinhas existentes nas casas do século XVIII
Cozinha no andar térreo. Os móveis são uma mistura de cozinhas existentes nas casas do século XVIII

No andar de baixo ficava a mobília mais simples, pois caso houvesse alguma inundação, se perderia somente os móveis de menor valor. O mesmo se repete com as demais casas de canal em Amsterdam, uma vez que a água é uma eterna inimiga da cidade.

O jardim também foi refeito de forma a lembrar os jardins franceses do início do século XVIII. Escolheram bem a referência francesa, é um belo jardim com plantas bem distribuídas e algumas esculturas, compondo um lugar de calma e beleza

O jardim foi inspirado nos jardins franceses do século XVIII
O jardim foi inspirado nos jardins franceses do século XVIII
361 - Willet Holthuysen Museum 05
Esculturas contribuem para a beleza estética do jardim

No primeiro andar ficam a sala de jantar, salão de festas e uma sala de estar onde Louisa recebia suas convidadas, chamada de sala das mulheres, toda decorada com móveis caros estilo Luis XV, vindos de Paris. Também há a sala de jogos onde os proprietários recebiam os amigos para jogar e fumar charutos.

Detalhe do salão de jogos onde o casal Willet Holthuysen recebia os convidados
Detalhe do salão de jogos onde o casal Willet Holthuysen recebia os convidados

Era pelo primeiro andar que os donos e convidados entravam na casa. Uma vez que ele ficava acima do nível da água, mesmo em caso de enchentes, a decoração era bem mais suntuosa e elegante. As janelas da casa, assim como as de muitas outras existentes na beira dos canais, são grandes pois eram por elas que entravam a mobília.

Sala de jantar. OS empregados traziam os pratos da cozinha no andar de baixo para essa sala
Sala de jantar. Os empregados traziam os pratos da cozinha no andar de baixo para essa sala

No segundo andar ficam os quartos ricamente decorados em estilo romântico e com cama de dorsel. Para chegar ao segundo andar há uma magnífica escada decorada com belas estátuas da mitologia grega.

Escadas para o segundo andar da casa museu
Escadas para o segundo andar da casa museu
Estátuas na parte superior das escadas
Estátuas na parte superior das escadas

Não devia ser ruim morar em um casa assim, ao contrário devia ser bem agradável. Tanto a arquitetura quanto decoração e mobília formam um belo conjunto digno de um museu mesmo. Que bom que a sra Wiley- Holthuysen doou sua residência para a cidade e que seu desejo de a transformar em um museu para a comunidade poder visitar foi realizado. Dessa forma podemos vivenciar um pouquinho do que era a vida em uma casa do século XVII em Amsterdam.

Wiley- Holthuysen entrou para a lista dos museus que mais gostei em Amsterdam.

Cama em dorsel no quarto principal
Cama em dorsel no quarto principal

O museu é aberto de segunda a sexta das 10:00 as 17:00, nos finais de semana e em feriados nacionais abre mais tarde, as 11:00. O ingresso custa € 8,50 (valor para adulto). A entrada é gratuita para portadores dos cartões Stadspas, I Amsterdam Card, I Amsterdam Congress Card, Vereniging Rembrandt, ICOM, Museumkaart (residentes na Holanda) e Holland Pass voucher.

Canalmuseums – Os museus dos canais de Amsterdam

Canalmuseums são formados por 8 belas casas localizadas nos canais de Amsterdam. São construções que datam desde o século XVII, retratando toda a opulência dessa época na Holanda. Visitar esses museus é voltar no tempo, apreciar como eram o interior das casas e experimentar como era a vida de famílias ricas e importantes de Amsterdam. Eles formam um magnífico conjunto de acervos variados com o belo interior das casas.

Os oito museus que formam os Canalmuseums são Amstelkring – Our Lord in the Attic, Willet-Holthuysen, Het Rembrandthuis,Van Loon, Huis Marseille (Museu de Fotografia), Bijbels (Museu Bíblico), Het Grachtenhuis (Museu dos Canais) e Tassen (Museu de Malas e Bolsas).

www.grachtenmusea.nl
Mapa dos museus dos canais. 1 – Amstelkring, 2 – Casa de Rembrandt, 3 – Museu Willet-Holthuysen, 4 – Museu Van Loon, 5 – Huis Marseille, 6 – Museu Bíblico, 7 – Museu dos Canais, 8 – Museu de Malas e Bolsas.

Desses eu fui nos dois primeiros, Amstelkring – Our Lord in the Attic e Willet-Holthuysen. Fui também no Het Rembrandthius, a casa de Rembrandt, na verdade, esse foi o primeiro local que visitei em Amsterdam, mas infelizmente estava fechado para reformas e não foi possível entrar.

Quanto aos que eu não visitei, vou colocar aqui uma breve descrição para caso alguém se interessar em conhecê-los. São tantos os museus existentes em Amsterdam que é praticamente impossível visitar a todos, por mais que eu adore passar as tardes dentro de um museu, foi preciso selecionar alguns devido ao tempo e, claro, ao orçamento também.

Amstelkring – Our Lord in the Attic e Willet-Holthuysen serão descritos em posts separados.

A Casa de Rembrandt, Het Rembrandthuis

Como o nome já diz, é a casa onde Rembrandt viveu. Durante quase 20 anos ele morou e trabalhou nessa casa localizada na rua Jodenbreestraat. Rembrandt Harmenszoon van Rijn viveu entre 1606 e 1669 e é o artista mais famoso da Holanda e um dos mais importantes da Europa. Não é para menos, suas pinturas e gravuras da época barroca são belíssimas, daí meu desapontamento quando não foi possível visitar seu museu.

O interior da casa conta com a mobília original e objetos pessoais, incluindo uma coleção de itens raros e exóticos. O museu também possui uma coleção quase completa das gravuras de Rembrandt. Demonstrações de técnica de gravura desse grande artista são realizadas diariamente.

O museu é aberto ao público de segunda à domingo entre 10:00 e 18:00. O valor do ingresso é €12,50, um dos mais caros dessa lista. A entrada é gratuita para quem tiver o I Amsterdam City Card ou Museumkaart (apenas para residentes).

Rembrandthuis

Rembrandthuis

Museu Van Loon

Casa da família regente Van Loon. Willem van Loon foi co-fundador da Companhia das Índias Orientais Holandesa em 1602.

A casa, construída em 1672, ainda mantém sua originalidade e os visitantes podem apreciar as salas ricamente decoradas no primeiro andar, bem como os quartos e cozinha, que relembram a época dourada de Amsterdam. A coleção inclui pinturas, mobiliário, prataria e porcelanas.

A família abre a casa e sua coleção para o público desde 1973 por 6 dias durante a semana. O horário para visitas é das 11:00 as 17:00 de quarta a segunda-feira. O ticket de entrada custa € 9,00. Entrada livre para os portadores do I Amsterdam City Card, Museumkaart, Stadspas (também apenas para residentes com risco de isolamento social ou cultural) ou ICOM.

Este é um dos museus que com certeza visitarei em uma nova viagem à Amsterdam, juntamente com a casa de Rembrandt, claro.

Museum Van Loon

Van Loon

Van Loon

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Museu de fotografia Huis Marseille

O museu fica localizado em uma casa do século XVII que pertencia a um comerciante francês, Isaac Focquier, daí o porquê do prédio possuir em sua fachada uma pedra com desenho que remete ao porto de Marselha e da razão da casa ser conhecida como Marseille. Seu interior ainda está intacto, mantendo a sua originalidade por 300 anos.

Desde 1999, a casa passou a ser sede do museu de fotografia conhecido também como Huis Marseille. O museu conta com uma coleção permanente de fotografias contemporâneas e a cada três meses, oferece um novo programa de exposições.

É aberto ao público de terça a domingo entre 11:00 e 17:00. O ingresso custa €8,00, Entrada livre com o I Amsterdam City card, Museumkaart ou ICOM.

http://www.huismarseille.nl

www.huismarseille.nl

http://www.huismarseille.nl

Bijbels – Museu Bíblico

A casa onde se encontra esse museu foi construída em 1662 em estilo clássico holandês. Há duas cozinhas originais do século XVII e dois quartos com pinturas de Jacob de Wit, um pintor da escola rococó, no teto. O jardim atrás da casa possui plantas citadas na Bíblia e uma pequena lagoa.

As coleções desse museu incluem modelos de templos construídos com precisão baseados em sítios arquológicos e relatos bíblicos na tentativa de reconstruir o templo de Salomão e Herodes. Até mesmo os materiais usados são baseados nas descrições da Bíblia. Além disso, também há artefatos, estelas, objetos funerários e até mesmo um múmia egípcia encontrados no século XIX. Outros objetos arqueológicos relacionados à confecção de Bíblias e mesmo uma coleção completa do livro sagrado, incluindo a Bíblia mais antiga impressa na Holanda, em 1477 completam o acervo do museu.

É aberto para visitação de terça à domingo entre 11:00 e 17:00. O valor do ingresso é €8,00. A entrada é gratuita para quem tiver todos os cartões já citados. Os cartões Rembrandtpas e Holland Pass Voucher também propiciam entrada livre.

www.bijbelsmuseum.nl

Bijbelsmuseum

Bijbelsmuseum

Het Grachtenhuis – Museu dos Canais

O museu mostra a história de Amsterdam formada por seus canais e suas casas. São 400 anos de história retratada de forma a mostrar a importância dos canais para Amsterdam desde sua criação até os dias de hoje. O projeto de criação do anel de canais de amsterdam lhe valeu o reconhecimento como patrimônio mundial, concedido pela UNESCO em 2010.

Horário de funcionamento de terça à domingo das 10:00 as 17:00. O ingresso é um dos mais caros dessa lista, €8,00, e gratuito para os cartões já citados: I Amsterdam City card, Stadspas ou ICOM. É possível comprar online.

Embora seja interessante, não é um dos que mais me atraem. Provavelmente seria o último dessa lista que eu visitaria.

www.hetgrachtenhuis.nl

www.hetgrachtenhuis.nl

Tassen – Museu de Malas e Bolsas

Localizado obviamente em uma autêntica casa de canal, construída em 1664, esse museu ganhou o título de um dos 10 melhores museus de moda do mundo. São mais de 5000 peças mostrando a história da moda e arte. É uma quantidade de bolsas para deixar qualquer mulher maluca.

Na verdade, o museu conta a história ocidental das bolsas por um período de 500 anos, desde o final da idade média até os dias de hoje, incluindo peças contemporâneas.

A casa, assim como as demais que formam os museus dos canais, também possui história. Seu dono, Pieter de Graeff, filho do então prefeito de Amsterdam, mandou pintar o teto dos quartos com uma impressão dos continentes. Hoje em dia, essas salas são usadas para a realização de almoços, festas, casamentos ou outros eventos.

O museu abre diariamente das 10:00 as 17:00. O valor do ingresso, assim como a Casa de Rembrandt, ficou entre os mais caros da lista, €12,50. Os cartões já citados permitem entrada gratuita, ou desconto de 20% no caso do Holland Pass.

tassenmuseum.nl

tassenmuseum.nl

 

tassenmuseum.nl

Amsterdam – Entre a Damrak e a Dam Square

Damrak é uma das avenidas principais de Amsterdam, se não a principal. Ela começa na Estação Central e vai até a Dam Square, sendo a porta de entrada para muitos turistas que chegam por trem, daí ser conhecida também pelo nome de Red Carpet de Amsterdam.

Estação central de Amsterdam, construída entre 1881 e 1889 em estilo neo-renascentista mas com algumas características góticas
Estação central de Amsterdam, construída entre 1881 e 1889 em estilo neo-renascentista mas com algumas características góticas

Seu nome deriva do termo Dam (represa do rio Amstel, que originou o nome Amsterdam) e rak (holandês antigo que significa braço ou canal do rio). Lá se localizam muitas lojas de souvenirs, restaurantes, casas de câmbio e outros. Por ser tão movimentada, é uma rua com bastante lixo nos cantos e muitos artistas de ruas, assim como a Dam Square, sendo a maioria bem ruim.  Me lembro de um japonês que ficava tocando uma guitarra imaginária e ele era péssimo. Havia também uma mulher do leste europeu que insistia em tocar apenas 2 notas musicais na flauta dela, horrível. Porém, alguns artistas se salvam e apresentam performances interessantes.

Performista atuando na Dam Square
Performista atuando na Dam Square

É da Damrak que saem os barcos para o tour pelos canais. O cais na verdade é a única parte do braço do rio que não foi represado. As empresas ficam lado a lado e é possível até mesmo fazer uma cotação ou comparação entre elas de forma bem rápida. Eu fiz o tour pela Rederij Plas. O tour dura 1 hora e custa 10,00 euros por pessoa (valor para adultos). Os horários variam conforme a época do ano, entre abril e setembro fica aberto das 10:00 às 21:00, nos demais meses, das 10:00 às 17:00, com exceção de outubro, em que o horário de fechamento é às 18:00.

Caminhando pela Damrak
Caminhando pela Damrak

Se na rua vemos muito lixo e alguns mendigos, olhando para cima vemos as lindas construções, casas com três ou mais andares com a arquitetura típica holandesa. Uma das construções que se destaca na Damrak é o Beurs van Berlage, construído entre 1898 e 1903. O edifício de tijolos vermelhos influenciou muitos arquitetos da Holanda. Inicialmente funcionava como a casa da bolsa de Amsterdam, hoje é um local para concertos, eventos, exibições e conferências. Em 2002 foi usado para a realização do casamento do rei dos Países Baixos Willem-Alexander com a rainha Máxima Zorreguieta, de origem argentina.

A torre do Beurs van Berlage é aberta ao público, porém quando fui não consegui entrar pois estava fechada. Há um café, o Grand Café, que fica localizado na praça Beursplein.

O imponente Beurs van Berlage, um dos prédios mais famosos da Damrak
O imponente Beurs van Berlage, um dos prédios mais famosos da Damrak

Outro prédio que chama a atenção é o Bijenkorf, um shopping que se localiza já próximo à Dam Square. Bijenkorf foi construído entre 1911 e 1914 e possui uma história interessante, lá era um local de compras popular onde a maioria das lojas pertencia aos judeus. Na época da Segunda Guerra Mundial, os alemães não conseguiram fechar totalmente o Bijenkorf devido à sua popularidade, a saída foi proibir os soldados alemães de comprarem qualquer coisa que fosse em uma loja pertencente a um judeu.

Bijenkorf, local de compras com história que remete à Segunda Guerra Mundial
Bijenkorf, local de compras com história que remete à Segunda Guerra Mundial

Chegamos agora à Dam, a praça central de Amsterdam, cujo nome também deriva da represa do rio Amstel. A praça liga a Damrak à Rokin, outra via principal de Amsterdam. Lá é ponto de encontro de turistas, artistas de rua, performistas, vendedores e também dos nativos, claro.

Prédios que circundam a Dam
Prédios que circundam a Dam

É na Dam que está localizado o Koninklijk Paleis, ou Palácio Real. O palácio foi construído entre 1648 e 1665 e é um exemplo do classicismo holandês. Originalmente era a prefeitura da cidade, se tornando palácio imperial durante o reinado de Napoleão Bonaparte, em 1808. Seu irmão, Louis Bonaparte chegou a morar por um período lá.

Em 1813, o palácio passou a ser moradia do rei dos países Baixos e faz parte de um dos 4 palácios oficiais da realeza do país. Hoje em dia, a família real usa o palácio apenas para eventos da realeza ou casa de hóspedes para chefes de estado. Eles não moram mais no palácio, segundo os habitantes da cidade isso poderia tirar a liberdade do povo. Ouvi até uma piada quanto a isso “imagina alguém fumando maconha aqui e a família real ali assistindo!” Bem ao estilo de Amsterdam mesmo.

O palácio é aberto para visitação entre 10:00 e 17:00, o ingresso custa € 10,00 (adulto), Há audioguias gratuitos em inglês, alemão, francês, italiano, espanhol, chinês e russo.

Koninklijk Paleis, a imponente construção na Dam
Koninklijk Paleis, belíssima construção na Dam

Outro lugar que vale a pena conhecer na Dam é a Nieuwe Kerk ou Igreja Nova, uma construção levantada em 1540, uma vez que a cidade precisava de uma nova igreja além da Oude Kerk (Igreja Velha). Nieuwe Kerk pegou fogo em 1645, sendo quase totalmente destruída. Foi reconstruída depois em estilo gótico, um dos estilos de arquitetura que mais admiro. Não é uma igreja de verdade, pois é mais usada para exposições.

A Nieuwe Kerk abre diariamente das 10:00 às 17:00 e o ingresso custa € 16,00. Para quem tem o I Amsterdam city card, o ingresso tem desconto e custa € 4,50.

Nieuwe Kerk ou Igreja Nova, local onde se realizam exposições e eventos
Nieuwe Kerk ou Igreja Nova, local onde se realizam exposições e eventos importantes

Do outro lado da praça há o Monumento Nacional levantado após o final da Segunda Guerra Mundial, em 1956. Todos os anos, no dia 4 de maio é comemorado o Dia da Lembrança, onde são feitas homenagens para aqueles que morreram durante a Guerra. Obviamente que também existem algumas piadas sobre o monumento e seu formato fálico, afinal é de Amsterdam que estamos falando.

Monumento Nacional na praça Dam, as pessoas costumam sentar no monumento mostrando como são livres em Amsterdam
Monumento Nacional na praça Dam, as pessoas costumam sentar no monumento mostrando como são livres em Amsterdam

Para quem gosta de museu de cera, na Dam ainda há o famoso museu de cera da Madame Tussauds. A grande janela redonda no alto do centro do edifício propicia uma boa vista da praça.  No mesmo prédio há a loja de departamento Peek & Cloppenburg.

Museu de cera Madame Tussauds na Dam
Museu de cera Madame Tussauds na Dam

Saindo da Dam, atrás do Koninklijk Paleis, há um supermercado, do lado esquerdo. Era lá que eu comprava algumas coisas para o café da manhã e para servir de lanche durante minhas caminhadas pela cidade. Do outro lado, na direita, há o belo prédio da Magna Plaza, uma mistura de estilo neo-gótico com neo-renascentista, construído em 1899 para funcionar originalmente como correio, porém hoje em dia é um shopping bem conhecido. Sua mistura de estilos é bem interessante e é impossível passar por perto sem desviar a atenção para o imponente shopping.

Mistura de estilo neo renascentista e neo gótico tornou o Magna Plaza uma curiosa construção
Mistura de estilo neo renascentista e neo gótico tornou o Magna Plaza uma curiosa construção

Para saber mais:

Amsterdam Tips

Dutch Amsterdam

A charmosa e liberal Amsterdam

Fui para Amsterdam saindo de Berlim. Assim como na maioria das vezes em que peguei um trem para mudar de país na Europa, foi uma aventura sair de Berlim para chegar em Amsterdam. Bom não poderia mesmo ser diferente. Meu trem sairia da estação Ostbahnhof. Lá eu precisei validar meu passe de trem, pois eu havia comprado o Eurail Select Pass que permite o trânsito por 4 países vizinhos a escolher. No meu caso eram Alemanha, Holanda, Bélgica e França (Bélgica, Holanda e Luxemburgo contam como um único país, Benelux). Como era a primeira vez que iria usar o passe, era necessário validá-lo no guichê da estação.

Amsterdam Mosaico

Curiosamente, quando cheguei em Ostbahnhof, não consegui encontrar nenhum atendente que falasse inglês, o que me dificultou um pouco em encontrar a plataforma de onde sairia o trem. Quando cheguei finalmente na plataforma, vi que ela estava completamente vazia. Procurei outro funcionário, que também só falava alemão, e através de gestos consegui entender que o trem havia sido cancelado e que eu precisava pegar o metrô até a outra estação. O funcionário falava apenas três palavras em inglês “No train here”.

Tive então que pegar o metrô então para a outra estação, de onde sairia o trem para Amsterdam dentro de alguns minutos apenas. Chegando lá, corri para a plataforma, assim que consegui descobrir qual era. No entanto, nova surpresa, haviam mudado novamente o horário e a plataforma do trem. Bom, sem emoção, não tem graça não é? Ainda foi preciso trocar de trem em Duisburg, sendo que ambos os trens atrasaram… Quem diria né?

Canal, bicicletas e lindas casas do século XVII formam a beleza de Amsterdam
Canal, bicicletas e lindas casas do século XVII formam a beleza de Amsterdam

Com todas essas alterações, fui conseguir chegar em Amsterdam somente à noite, as 21:20. Da estação fui andando até o hostel onde ficaria hospedada. No caminho, fiquei um pouco desapontada com a sujeira das ruas. Por outro lado, fiquei encantada com a arquitetura das casas, me lembravam peças de um jogo, um brinquedo. Amsterdam poderia ser definida assim, uma mistura de cenário de fantasia com a realidade das calçadas sujas repletas de artistas de ruas nem sempre bons e os frequentadores dos coffee shops.

Fiquei hospedada no hostel The Bulldog, um lugar divertido, assim como o clima da cidade. O hostel fica localizado no Red Light District, mas é possível chegar nele, sem passar pela área mais pesada do bairro, indo pela avenida principal, a Damrak. As instruções para chegar no Bulldog já mostram o clima extrovertido do lugar, no site indicava que da estação central para o albergue, a pessoa levaria 5 minutos se fosse jovem, 15 minutos se fosse mais velha e 1 dia se fosse tarado (em alusão à sua localização).

Recepcionista do hostel Bulldog, por ai já dá para ver o clima de diversão do lugar
Recepcionista do hostel The Bulldog, por ai já dá para ver o clima de diversão do lugar

Fiquei em um quarto misto com 12 pessoas. Era bem barulhento, mas nada que incomode  muito alguém com bastante sono, eu por exemplo só fui conseguir dormir de verdade na segunda noite, o cansaço ajudou, rs.

A cidade oferece atrações para todos, desde os mais de 50 museus com todos os temas possíveis, indo de Van Gogh e Rembrandt a museu do sexo e da maconha, passando por outros como museus do teatro ou da tortura, até os famosos coffee shops e Red Light District.

Os canais de Amsterdam também são uma ótima opção para poder observar as casas do século XVII com sua arquitetura típica holandesa.

Damrak, uma das avenidas principais de Amsterdam
Damrak, uma das avenidas principais de Amsterdam

O cartão I amsterdam card permite a entrada na maioria dos museus e transporte público em ônibus, metro ou bondes (GVB), além de incluir um passeio pelos canais. Os preços variam de € 49,00 (24 horas) a € 69,00 (72 horas) e pode ser adquirido online,  nos Tourist Offices (existe um no Schiphol Amsterdam Airport e outro em frente à Central Station), hotéis ou nos guichês da GVB.

Eu não comprei esse cartão, pois para os museus que eu queria visitar não valia a pena e eu não usei o transporte público. Mas vale a pena fazer as contas para ver se compensa adquiri-lo ou não.

Uma das muitas pontes da cidade
Uma das muitas pontes da cidade

É muito fácil andar na cidade e por isso nem foi preciso pegar metrô. As ruas são estreitas e o trânsito é tranquilo. Comparando com Copenhagen, a cidade não me pareceu ter tantas bicicletas como imaginava. Talvez eu já tivesse me acostumado com elas, rs. Mas seja como for, com as ruas estreitas e planas, usar a bicicleta como meio de transporte pode ser a melhor e mais divertida opção.

A rua mais estreita de Amsterdam
A rua mais estreita de Amsterdam

Em Amsterdam todos falam inglês muito bem, então a comunicação é bem fácil. Quando precisava ir a alguma rua de nome mais complicado, apenas mostrava no mapa ou cartão e as pessoas já me indicavam. Afinal, é perda de tempo tentar pronunciar o nome de algumas ruas ou canais.

Nomes impronunciáveis das ruas de Amsterdam
Nomes impronunciáveis das ruas de Amsterdam

Bem, não dá para falar de Amsterdam sem mencionar a sua liberalidade, onde prostituição e consumo de drogas são legalizados. Na verdade, acredito ser a primeira coisa que vem à mente de muitos quando falamos de Amsterdam. Porém há certas normas. Mesmo sendo liberada, a maconha só pode ser consumida nos coffee shops. Também não é permitido beber ou consumir drogas na rua. Quanto à prostituição, essa fica restrita ao Red Light District, um bairro com câmeras em várias ruas e onde é extremamente aconselhável não tirar fotos das prostitutas expostas nas vitrines. Conversando com um guia americano, ele foi pragmático em explicar, “se a prostituição e as drogas dão dinheiro, por que não liberar?”. Bom, parece ser esse o raciocínio do governo holandês.

Já algum tempo, Amsterdam havia entrado na minha lista de desejos das capitais europeias e, apesar da decepção inicial com a sujeira das ruas ao redor da estação de trem, a cidade preencheu minhas expectativas. Vale a pena visita-la e conhecer seus museus, canais e mesmo as peculiaridades como o Red Light District e os coffee shops.

Para saber mais:

 I Amsterdam

Amsterdam Info

C’est Paris, c’est magnifique!

Fui para Paris 3 vezes, a primeira vez foi em agosto de 2000, vindo da Espanha. A segunda vez foi em setembro de 2006, vindo de Bruxelas e a terceira vez, a mais romântica e especial de todas, foi na minha Lua de Mel em pleno inverno de janeiro de 2008. Nessa viagem visitamos Paris em dois momentos, no início da viagem, vindo diretamente de São Paulo, em uma curta passagem antes de ir para a Grécia, e no fim da Lua de Mel, fechando em grande estilo, após passar o Réveillon em Praga.

Bom, o que dizer de Paris? Se tivesse que resumir em 4 palavras apenas, diria como a música que ouvi no show do Lido: “C’est Paris, C’est magnifique” (É Paris, é magnífico). São inúmeros os adjetivos para descrever a Cidade Luz. Paris é linda, charmosa, encantadora, deslumbrante e poderosa.

Depois de visitar Paris pela primeira vez, uma coisa é certa, sempre temos que voltar. Ficamos com essa necessidade e saudade de retornar e rever os inúmeros pontos turísticos, descobrir novos lugares ainda não visitados, ou simplesmente andar por suas ruas charmosas, comer um delicioso queijo, tomar um bom vinho ou assistir os artistas de rua em Montmartre.

Uma animada rua no bairro boêmio de Montmartre
Uma animada rua no bairro boêmio de Montmartre

Bem, já deu para perceber que Paris é uma das minhas cidades preferidas… Assim como provavelmente deve ser também a cidade preferida de milhares de turistas ao redor do mundo. Não é à toa que esta é a cidade mais visitada do mundo. Em 2010, Paris recebeu nada menos do que 15,1 milhões de turistas. A cidade Luz atende a todos os tipos de turistas, seja pelo romantismo, gastronomia, charme, moda, museus ou sua história.

Vista do alto da Notre Dame

Mas e a arrogância e mau humor tão conhecidos dos franceses? Para ser sincera, nunca tive problema com nenhum francês. Acredito que a maioria das pessoas que tenham tido algum tipo de problema, seja pelo fato de falar inglês com os nativos. Franceses e ingleses não se combinam há séculos, então falar inglês em território francês não é um ato visto com bons olhos, mesmo que o inglês seja a língua internacional adotada por muitos turistas.

Para quem não fala francês, a melhor atitude é iniciar a conversa com um “Bonjour, je ne parle pas français” (Bom dia, eu não falo francês). E voilá, mau humor resolvido! Nada que um Bonjour, S’il vous plaît (por favor) e merci (obrigado) não resolvam.

Aliás, essas palavrinhas mágicas vão bem em qualquer país. Sempre tento aprender a falar bom dia, boa noite, por favor e obrigado em qualquer país que eu vou. É educado, simpático, abre portas e além de tudo ainda podemos melhorar nosso vocabulário de idiomas. Assim como nós gostamos dessas palavras, o mundo todo também as aprecia. Educação é bem vinda em todos os lugares, seja aqui no Brasil ou até no mais longínquo pedaço do planeta. E no caso da França, não iniciar uma conversa com um bonjour é visto como uma terrível falta de educação, assim como chamar um desconhecido por você (tu, em francês).

Avenida Champs Elysées à noite enfeitada para o Natal

Mas voltemos à Paris. Se você não tem tempo para conhecer muitas cidades na Europa, eleja Paris como uma das prioridades. O tempo mínimo para ficar na cidade é de 5 dias. Não compensa ficar menos do que isso. Porém, como falo para muitos que não podem ficar ao menos uma semana nessa cidade magnífica, é melhor passar um dia em Paris do que não passar nenhum.

Como a cidade oferece inúmeras opções para qualquer tipo de turista, vou escrever os posts aos poucos, dando a devida importância para cada tópico apresentado. Assim, haverão posts sobre as belas igrejas e catedrais como Notre Dame, Sacre Coeur e Sainte Madelleine, os magníficos museus como Louvre (meu preferido), Orsay e Rodin, bairros como o boêmio Montmarte e o animado Quartier Latin e tantos outros lugares como Jardin du Luxembourg, Invalides, Père Lachaise, Centre Georges Pompidou, Bastille, Trocadero, Place de Vosges, dentre outros.

Belíssimo jardim do Musée Rodin

Isso sem contar é claro com os cartões postais mais famosos da cidade como a Torre Eiffel, Arco do Triunfo e a região da avenida Champs Elysées.  Vou escrever também sobre os shows magníficos do Lido e Moulin Rouge. Embora muitos falem que são shows para turistas com preços também para turistas, esses espetáculos valem muito a pena, são shows completos com música, dança e atrações diversas.

Detalhe de um show no Lido

São tantas coisas para se escrever sobre Paris que é necessário calma e dedicação, para que nenhum detalhe ou informação importantes sejam deixados para trás. Também vou escrever um post sobre como se locomover na cidade, os meios de transporte possíveis e a hospedagem.

As redondezas de Paris também serão citadas, pois é impossível não incluir o majestoso Versailles na lista de locais obrigatórios para se visitar.

Cartaz dentro do metro de Paris, com uma bela frase (Eu estou contente, me resta a vida).

Bom, se você ainda não conhece Paris, não perca tempo. Comece desde já a planejar uma visita a esta cidade tão romântica, tida como uma das mais lindas do mundo e tenha uma belíssima viagem.

Vive Paris, Vive la France!

Comendo em Madri – tapas, cervezas, jamón e viños

A vida em Madri parece ser muito boa. A impressão que se tem é que os madrilenhos passam o tempo todo nos bares e restaurantes comendo e se divertindo. E não há como negar, sentar em um bar para comer tapas acompanhadas de uma boa cerveja é uma delícia.

Mas vamos começar pelo café da manhã. A cidade acorda tarde, então dá para tomar café a qualquer hora da manhã. O mais comum em Madri é o chamado cortado que nada mais é do que o café com leite. O cortado é tão popular que se você quiser tomar café puro, deve especificar, no caso peça um café solo ou negro.

Cortado com tapas de salmão e queijo brie como café da manhã

Os madrilenhos também almoçam tarde, o horário normal para o almoço é entre 15:00 e 17:00, antes disso é muito difícil encontrar algum restaurante aberto. A notícia boa é que, se não dá para almoçar nos horários mais tradicionais, podemos “tapear” à vontade nos muitos bares distribuídos pela cidade.

Tapas constituem uma variedade de petiscos, aperitivos ou lanches na culinária espanhola. Segundo a lenda, a tradição das tapas começou quando o rei Afonso X de Castela, após se recuperar de uma doença ao beber vinho com pequenas porções de comida entre as refeições, proibiu os bares de servirem vinhos aos clientes, a menos que estes fossem acompanhados por um pequeno lanche ou tapa.

O vinho está presente na vida dos espanhóis e faz parte da origem das tapas

Originalmente as tapas eram fatias de pão ou de carne que os frequentadores das tavernas da Andaluzia usavam para cobrir os copos de xerez (vinho fortificado feito de uvas brancas) enquanto tomavam. Dessa forma, eles evitavam que moscas de fruta pousassem sobre a bebida.

A carne utilizada para cobrir o xerez normalmente era presunto ou chouriço, ambos muito salgados, aumentando mais ainda a vontade de beber. Começou-se então a criação da variedade de lanches para servir com xerez e aumentar o consumo da bebida. Assim tinha início o esporte favorito dos madrilenhos, tapear.

As tapas podem ser frias ou quentes, feitas com azeitonas, lulas, presuntos, queijos, salmão defumado (meu  preferido), etc.

Restaurante Sabatini, em frente ao jardim de mesmo nome no coração de Madri

Para quem quer uma refeição tradicional, pode-se optar pelos menus do dia. São menus completos contendo entrada, prato principal, pão e sobremesa. Se come muito bem com esses menus e se paga pouco. Os preços em geral variam entre 10 a 15 euros.

Uma dica é pegar os panfletos que são distribuídos na rua na hora do almoço ou jantar. Esses panfletos podem garantir alguns descontos ou indicar um bom restaurante nas proximidades. As refeições são generosas e saborosas. O prato principal pode incluir uma massa e um peixe ou carne vermelha.

Cervejaria na Calle Mayor, um dos lugares mais movimentados à noite

À noite (lembrando que a noite em Madri também começa tarde) é hora das tapas novamente, e nessa hora Madri ferve. Os bares e lanchonetes ficam lotados. Nos hotéis e albergues há panfletos ou cartões de bares que dão direito a uma cerveja ou uma tapa de graça. Dá para reunir vários e ir de bar em bar, como muitos espanhóis e turistas fazem.

Museu del Jamón, aberto em 1978 e popular até hoje

Em Madri se vê por toda parte os Museos del Jamón, que fazem parte de uma grande rede de restaurantes temáticos especializados em presuntos e embutidos. Os Museos del Jamón ficam super lotados à noite, são bem populares e um pouco pitorescos também. Há presuntos e carnes embutidas pendurados por todos os lados.

Foram inaugurados em 1978, e pelo jeito permanecem até hoje na preferência dos espanhóis. Vale a pena entrar para conhecer.

Será que existem vegetarianos na Espanha?

Mais antigo ainda que o Museo del Jamón é o restaurante Botin, tido como o restaurante mais antigo do mundo. Ele é citado até mesmo no Guiness Book. Fica em uma ruela no centro antigo de Madri.

O restaurante abre todos os dias para o almoço e para o jantar há 286 anos, sem nunca ter mudado de nome ou de ramo de atividade. O prato mais famoso é o cochinillo, que é um leitãozinho assado.

Fachada do Botin, o restaurante mais antigo do mundo

Duas coisas devem ser ditas sobre os bares de Madri. A primeira é que limpeza não é o forte deles, é melhor não reparar muito no chão se quiser curtir a noite madrilenha. A segunda é que fumar é permitido em todos os bares. Levando-se em conta que eles são em geral pequenos e fechados, o ambiente fica bem enfumaçado.

Bom, por último fica a dica: os preços variam. Se você pedir na barra (balcão) vai pagar menos do que se decidir sentar em uma mesa.

Humm, é de dar água na boca, tapa de salmão defumado com camembert e limão

Bom, independente se a escolha é buffet, tapas, presuntos, as refeições em Madri são muito boas e merecem ser bem saboreadas.

À noite, Madri vira uma festa, e nada melhor para acompanhar o espírito boêmio do espanhol do que ir andando de bar em bar experimentando a deliciosa variedade das tapas, acompanhadas de uma boa cerveja espanhola.

Viva a noite madrilenha



Madri, a capital européia que nunca dorme

Fui pra Madri duas vezes, a primeira foi em julho de 2000, chegando de Portugal. Nessa viagem aproveitei para conhecer também Toledo e Mérida, duas lindas cidades históricas que em breve serão comentadas também. A segunda vez foi em novembro de 2010, voltando do Marrocos.

A capital espanhola, embora não seja a preferência dos viajantes, pois perde em popularidade para Barcelona, não desaponta o turista. Madri é uma cidade repleta de atividades, restaurantes convidativos e museus apaixonantes, sem conta a famosa noite madrilenha, que parece nunca terminar.

Madri também é a porta de entrada para a Europa para muitos brasileiros, principalmente por causa das menores tarifas oferecidas pela Iberia.

Já ouvi muitos comentários sobre a “terrível” imigração espanhola, mas na verdade não tive problema algum com a imigração, nem mesmo quando voltava do Marrocos. Acho que, para quem está viajando com intenções de turismo apenas, não há porque ficar preocupado. Eu particularmente achei a imigração inglesa bem mais chata.

Uma situação curiosa aconteceu perto de mim quando voltava de Casablanca. Um policial parou um marroquina ao meu lado. Indignada, ela perguntou ao policial porque ele parara justo ela. Ele respondeu com toda a educação típica dos espanhóis :”Porque eu posso”.

Hall de entrada do teatro na Calle Mayor em Madri

A cidade possui 3,3 milhões de habitantes, sendo no total 6 milhões na região metropolitana. Os horários de funcionamento do comércio variam um pouco, mas em geral as lojas e atrações abrem das 10:00 as 14:00, e depois das 17:00 as 20:00. Esse intervalo é para a famosa siesta.

As melhores épocas para visitar a capital que não dorme são a primavera e outono, quando o clima é mais agradável. Tradicionalmente, Madri possui um clima tipicamente continental, sendo frio e seco no inverno e quente e seco no verão. Normalmente existem dois períodos chuvosos, em outubro e novembro e entre final de março até o início de maio. Em julho e agosto as temperaturas podem chegar a mais de 40ºC.

A lua no céu de Madri durante o inverno vista da Calle Mayor

Para quem estiver indo a Madri, minha dica é que fique hospedado na região mais central. Da última vez que fui, fiquei hospedada no Hotel Astúrias, um hotel agradável, considerando os padrões europeus de idade do prédio e dimensão dos quartos. Esse hotel fica localizado a uma quadra da estação Sevilla e bem perto da Plaza del Sol, dessa praça dá para se locomover para qualquer lugar de Madri.

É bem simples ir do aeroporto Madrid Barajas para o centro. De ônibus, basta pegar as linhas 3, 15, 20, 150, 51, 52, 9 ou qualquer outra que pare nas estações Sol, Alcala ou Sevilla. De metrô também é fácil se locomover, pode-se pegar o metrô no terminal T4 (linha oito, rosa), ir até a estação Mar de Cristal e trocar pela linha 4 (marrom). Em seguida desce na estação Goya, pegando a linha 2 (vermelha) até a estação Sol. Madri possui 11 linhas do metrô, então outras combinações também são possíveis, mas acho essa a mais simples.

O trajeto dura em torno de 40 minutos. Nem todas as estações possuem escada rolantes, então é melhor levar isso em consideração se estiver viajando com muitas malas.

Detalhe de uma loja em frente ao Museo Del Prado

Outro ponto importante é que Madri, como a maioria das cidades turísticas, há muitos trombadinhas e batedores de carteira. A melhor forma de evitá-los é não deixando bolsas e outros objetos pessoais sem atenção.

Apesar de ser a maior cidade da Espanha, dá para conhecer grande parte dos locais turísticos em Madri andando. É uma forma divertida de conhecer as atrações, sem precisar ficar embaixo da terra para se locomover. Mesmo no inverno, dá para caminhar tranquilamente. No verão escaldante, é aconselhável levar uma garrafa de água.

Detalhe de um prédio na Calle Mayor

Não há dúvidas que Madri é um local bem adequado para ser a porta de entrada para a Europa. A cidade possui um espírito festivo regado à boa comida e bebida, esportes e noites agitadas. Além disso, a capital espanhola oferece aos visitantes muita cultura, expressa na forma de belos quadros de famosos pintores espanhóis, arte, incluindo o imponente flamenco, e uma rica história, entrelaçada com a nossa.

 

Mais informações:

www.esmadrid.com
www.descubremadrid.com

Outros lugares para se conhecer em Berlim

É sempre interessante caminhar por Berlim. Pode-se ter várias surpresas com artistas de rua, pessoas fantasiadas à carater para fotos (incluindo algumas fantasias de mau gosto como as que fazem referência aos soldados de guerra) e pontos de interesse nem sempre descritos nos mapas.

Aqui vou descrever apenas mais alguns lugares que compensa visitar, mas com certeza vão ficar faltando muitos outros pontos interessantes.

Performista imitando um mendigo bêbado. O "mendigo" soltava um arroto cada vez que alguém lhe dava uma moeda. Arghhh, que mau gosto, mas que é engraçado, isso não dá para negar...

Alexanderplatz

Essa praça é bem conhecida. No início do século 19, a Alexanderplatz foi uma das mais movimentadas praças em Berlim. Já na Idade Média, era o centro da cidade e, desde a reunificação de Berlim, a grande praça voltou a ser o centro da cidade. Seu nome se deve ao czar russo Alexandre I, que visitou Berlim em 1805.

Na verdade, tive que ir até a Alexanderplatz logo no meu segundo dia em Berlin. Na noite anterior, eu queimei o carregador da bateria da máquina fotográfica por pura distração. Era 110 e eu liguei no 220… Resultado, no dia seguinte tive que comprar outro carregador.

A Fernsehturm na Alexanderplatz vista da janela do avião

No próprio albergue me indicaram como lugar mais perto a loja Saturn, que fica na Alexanderplatz. Essa loja, aliás é muito boa para quem quiser comprar eletrônicos em Berlim, pois encontra-se de tudo e o preço é convidativo.

Fernsehturm
É na Alexanderplatz que se encontra a torre de TV, conhecida como Fernsehturm, uma das maiores estruturas na Europa. A altura total até o topo da torre é de 365 metros. Quem vai para Berlim de avião, já consegue visualizar essa torre mesmo do lado de dentro, antes de aterrisar.

A Fernsehturm foi construída em 1969 por uma equipe de arquitetos, com a ajuda de especialistas suecos. Aliás, os suecos parecem ser bem entendidos do assunto, afinal em Estocolmo há a bela torre Kaknastornet, de 155 metros.

A Fernsehturm contém um eixo de concreto, uma enorme esfera de metal e uma antena de TV. Quando foi inaugurada, a torre era o orgulho da República Democrática da Alemanha. Na época, o local era usado para exibir filmes de propaganda comunista com o objetivo de promover a qualidade de vida na Berlim Oriental.

A moderna arquitetura da torre de TV Fernsehturm na Alexanderplatz

Hoje em dia, a Fernsehturm é uma das atrações mais populares Berlim. Os elevadores existentes na base da torre levam os turistas para a grande esfera. Lá em cima há um mirante que permite uma bela visão de 360 ​​graus de Berlim de uma altura de cerca de 203 metros.

Dependendo das condições climáticas pode-se  ter uma visibilidade de até 40 km. Acima da plataforma há o restaurante giratório Telecafé, onde pode-se comer e beber alguma coisa a uma altura de 207 metros.

A torre é aberta à visitação diariamente de março a outubro das 9:00 até meia noite e de novembro a fevereiro das 10:00 até meia noite. O ingresso custa 11,00 euros para adultos e 7,00 euros para crianças e adolescentes até 16 anos.

Potsdamer Platz

Se do lado oriental temos a Alexanderplatz, do lado ocidental da cidade há também outra praça bem famosa de Berlim. É a Potsdamer Platz, um local moderno, que foi totalmente remodelado após a reunificação. É a região onde hoje, empresas como Sony, Mercedez Bens, DaimlerChrysler e outras têm suas matrizes. Há também um shopping center gigante, o Potsdamer Platz Arkaden, um cinema 3D-IMAX, um cassino e o Sony Center.

Modernidade na Potsdamer Platz, onde antes era considerado "terra de ninguém"

A Potsdamer Platz é considerada como uma jóia da arquitetura moderna, uma fênix renascida das cinzas do pós guerra. Antes considerada uma “terra de ninguém” após a divisão de Berlim, hoje é uma região moderna, movimentada e bastante agradável.

Na Potsdamer Platz também há pedaços do Muro de Berlim e marcas no chão mostrando o local por onde o muro passava.

Pedaços do Muro de Berlim ainda estão presentes na Potsdamer Platz

Rotes Rathaus

Esta impressionante construção é a prefeitura de Berlim. Foi desenhada por Hermann Friedrich Waesemann, cuja inspiração veio dos edifícios da Renascença italiana, porém a torre da Rotes Rathaus é uma reminiscência da catedral gótica de Laon, na França.

A construção se deu entre 1861 e 1869. As paredes feitas de tijolo vermelho foram as responsáveis pelo nome dado à Câmara Municipal (prefeitura vermelha, em alemão), porém o nome também seria adequado à orientação política dos prefeitos que a construíram.

Mistura de estilos renascentista e gótico na construção da Rotes Rathaus

O edifício tem um friso conhecido como a “crônica de pedra”, que foi acrescentado em 1879. Esse friso mostra cenas e figuras da história da cidade e do desenvolvimento da sua economia e ciência.

Assim como a maioria das construções de Berlim, a Rotes Rathaus foi seriamente danificada durante a Segunda Guerra Mundial. Após a reunificação da Alemanha, o prédio voltou a ser a prefeitura da cidade.

Friedrichswerdersche Kirche

Essa é uma bela igreja construída em 1830 no estilo neo gótico. A Friedrichswerdersche é uma obra-prima de Karl Friedrich Schinkel, o renomado arquiteto da Prússia responsável por grande parte das belas construções presentes na Unter den Linden, pela reforma da Berliner Dom, pelo Altes Museum e pela ponte Schlossbrücke. Esta última é a que fica mais perto da Friedrichswerdersche Kirche.

Friedrichswerdersche Kirche, a bela igreja neo gótica de Karl Friedrich Schinkel, vista do topo da Berliner Dom.

A igreja possui uma exposição permanente sobre a vida e obra de Schinkel e seus contemporâneos Johann Gottfried Schadow Christian e Daniel Rauch. Na nave encontra-se a coleção de esculturas do século 19, o trabalho de Schinkel e sua vida são mostrados no piso superior.

Oranienburger Strasse

Um lugar agradável para caminhar, com várias lojas, restaurantes e barzinhos é a Oranienburger Strasse, no lado oriental, perto da Museumsinsel. À noite, o local fica bem movimentado, sendo que a rua possui fama de ser o centro da cultura alternativa de Berlim.

Além dos agitados barzinhos, algumas construções chamam a atenção, como por exemplo, o Postfuhramt um grande e elegante edifício de tijolos localizado na esquina com a rua Tucholskystraße. Foi originalmente construído no século 19 como um estábulo para os cavalos que distribuíam a correspondência.

Sua fachada imponente lembra mais um palácio do que uma sede do correio. Atualmente ele é usado como local para exposições, principalmente de fotografia. A galeria é chamada de C|O Berlin.

A imponente fachada do Postfuhramt

Outra construção famosa na Oranienburger Strasse é a Neue Synagoge (Nova Sinagoga). Ela foi construída entre 1859 e 1866 como a principal sinagoga da comunidade judaica de Berlim. Sua inauguração contou com a presença de Otto von Bismarck, o então ministro presidente da Prússia, em 1866. Na época era a maior sinagoga da Europa, com 3.200 lugares.

Durante o século 19, Berlim começou a se tornar uma importante metrópole na Europa e muitos judeus provenientes do Império Otomano começaram a se estabelecer na cidade. A origem turca dos imigrantes judeus explica o porquê da influência moura e semelhança com o Alhambra em Granada na arquitetura da Neue Synagoge. Todo esse conjunto torna a sinagoga um importante monumento arquitetônico da segunda metade do século 19, em Berlim.

Neue Synagoge na Oranienburger Strasse

Nem precisa falar que o edificio gravemente danificado, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. A sinagoga foi saqueada, profanada e incendiada por nazistas em 1938, após foi fortemente danificada pelos bombardeios dos Aliados em 1943, incendiada por berlinenses em 1944 e demolida pelos alemães do leste comunista na década de 1950.

A sinagoga hoje existente é uma reconstrução feita por volta dos anos 80, resultando em uma mistura exótica de estilos.

Hoje em dia, a sinagoga funciona principalmente como um museu, com exposição sobre a história do edifício e dos seus fiéis e fragmentos de arquitetura e mobiliário originais.

É aberta a visitação domingo e segunda-feira das 10:00 às 20:00, terça-feira a quinta-feira das 10:00 às 18:00 e sexta-feira das 10:00 às 17:00 (abril a setembro) ou das 10:00 às 14:00 (outubro a março). A sinagoga é fechada aos sábados e no feriado judeu Yom Kippur.

A visita guiada dá uma idéia do tamanho da sinagoga original e da dimensão de sua destruição.

Pergamonmusem, o museu mais famoso da Ilha dos Museus

O Pergamonmuseum é uma das principais atrações de Berlim. Foi construído entre 1910 e 1930, o edifício foi um dos primeiros na Europa projetado especificamente para abrigar grandes exposições de arquitetura. Ele foi o último dos 5 museus a ser construído na Museumsinsel e também o último que visitei em Berlim.

Fachada do Pergamonmuseum. Ao fundo está o Bodemuseum

Pergamonmuseum é um dos museus de antiguidades mais famosos da Europa. O museu foi concebido com um conceito de “Três asas” (Dreiflügelanlage). Ele abriga três museus distintos: o Antikensammlung (Coleção de Antiguidades Clássicas), ocupando os salões de arquitetura e a ala de esculturas, o Museum Vorderasiatisches (Museu do Antigo Oriente Médio) e o Museum für Kunst Islamisches (Museu de Arte Islâmica).

A reconstrução monumental de sitios arqueológicos como o Altar de Pérgamo, a Porta do Mercado de Mileto e a Porta de Ishtar, incluindo a Via Processional da Babilônia e a fachada Mshatta, tornou o Pergamonmuseum mundialmente famoso.

A grande riqueza das suas coleções é o resultado de muitas escavações realizadas em larga escala por arqueólogos alemães no início do século 20 na Grécia e Oriente Médio.

Coleção de Antiguidades Clássicas

A coleção de antiguidades romanas e gregas de Berlim (Antikensammlung) teve início durante o século 17. Crescendo sempre de forma constante, a coleção foi aberta para visitação pública em 1830, inicialmente no Altes Museum, e a partir de 1930, no recém construído Pergamonmuseum.

Uma das salas do Museu de Antiguidades Clássicas do Pergamonmuseum com a fachada do Templo de Atenas

O ponto alto da coleção é, sem dúvida, o magnífico Altar de Pérgamo, que deu origem ao nome do museu. O altar pertencia à acrópole da antiga cidade grega de Pérgamo, na Ásia Menor (atual Bergama, Turquia). O altar exibido é uma parte de um complexo exuberantemente restaurado para ser abrigado no museu.

O incrível Altar de Pérgamo reconstruído na sala principal da Coleção de Antiguidades Clássicas

Eu fico imaginando como trouxeram todas as partes desse imenso altar para Berlim, como foi a negociação e como transportaram tudo isso na época. Esse mesmo altar foi reconstruído na exposição do Museu de Arte Brasileira da Faap em 2006 São Paulo.

Supõe-se que o altar tenha sido construído para celebrar uma vitória de guerra na época do rei Eumenes em 170 A.C. Provavelmente foi dedicado a Zeus e a deusa da guerra Atenas. O altar foi descoberto pelo arqueólogo alemão Carl Humann que, após longas negociações, conseguiu transportar partes do altar que haviam resistido à deterioração para Berlim. Dá para pensar como o altar devia ser belo durante seu auge em Pérgamo.

Detalhe do friso do Altar de Pérgamo

O friso maior do altar conta a batalha dos deuses contra os gigantes, enquanto o pequeno narra a história de Telephos, suposto fundador da cidade e filho do herói Hercules. Na época isso era uma tentativa de reivindicar uma ascendência ilustre para os príncipes de Pérgamo.

Só para ter uma idéia de seu tamanho, o friso levou mais de 20 anos para ser remontado a partir dos milhares de fragmentos descobertos em Bergama.

A coleção também inclui peças de outras estruturas de Pérgamo do mesmo período, incluindo a parte do templo de Atenas.

Outras peças trazidas de Pérgamo

Também há alguns excelentes exemplares de escultura grega, originais e cópias romanas, assim como muitas estátuas dos deuses gregos desenterradas em Mileto, Samos e Nakosos, além de vários exemplos da arte da cerâmica grega.

Esculturas muito bem conservadas fazem parte do grande acervo do Pergamonmuseum

A bela arquitetura romana é representada pelo portão do mercado da cidade romana de Mileto, na costa ocidental da Ásia Menor. O portão data do século 2 D.C. e mostra uma forte influência helenística.

Descoberto por uma expedição de arqueólogos alemães, foi transportado para Berlim, onde foi restaurado em 1903.

Detalhe do sárcofago de mármore romano do século 2 DC mostrando a história de Medéia

Também em exposição estão uma série de magníficos mosaicos romanos e sarcófagos. Um dos sarcófagos de mármore do segundo século D.C. é bem impressionante. Ele é todo decorado com entalhes delicados em baixo-relevo representando a história da heroína grega Medéia.

Alguns dos mosaicos expostos no Museu de Antiguidades Clássicas do Pergamonmuseum

Museu do Antigo Oriente Médio

A coleção de Antiguidades no Museu do Antigo Oriente Médio (Vorderasiatisches Museum) foi constituída inicialmente de doações individuais de alguns colecionadores. No entanto, foram as escavações de grande sucesso, que começaram durante a década de 1880, que formaram a base de uma das coleções mais ricas do mundo.

Esta seção do museu, fundada em 1899, abriga cerca de 100 mil itens dos locais de escavações alemãs, o que resultou em mais de 6000 anos de história cultural da Mesopotâmia, Síria, Anatólia, Babilônia, Assur, Uruk e Habuba Kabira.

São peças da arquitetura, escultura e ourivesaria da Babilônia, Irã e Assíria. A peça mais famosa e impressionante é a magnífica Porta de Ishtar e a Via Processional que leva até a Porta. Eles foram construídos durante o reinado de Nabucodonosor II (604-562 A.C.), na antiga Babilônia.

A Porta de Ishtar no Museu do Antigo Oriente Médio no Pergamonmuseum

A avenida original era de cerca de 180 m de comprimento. Muitos dos belos tijolos de vidro, em tom azul brilhante, utilizados na sua reconstrução são novos, mas os leões, animais sagrados da deusa Ishtar, são todos originais.

Embora seu tamanho seja impressionante, a Porta de Ishtar não foi, na verdade, reconstruída totalmente. Só a porta interior está em exposição, enquadrada por duas torres. Decorando a porta há dragões e touros, símbolos dos deuses da Babilônia, Marduk, patrono da cidade, e Adad, o deus das tempestades.

Detalhe dos desenhos da Porta de Ishtar

Outras peças famosas incluem os relevos e esculturas em pedra encontrados ao redor de um portão do castelo de Zincirli (antiga Sam’al, séculos 10 e 9 A.C.), e, como exemplo das primeiras arquiteturas de monumentos religioso, há uma fachada feita de mosaicos multicoloridos de argila de Uruk (4 º milênio A.C.).

As inscrições cuneiformes em tabletes de argila encontrados em Uruk e que datam do quarto milênio A.C. são igualmente importantes um vez que documentam o sistema mais antigo de escrita da humanidade.

Peças encontradas nas escavações feitas na região do Oriente Médio

O mobiliário de um templo dedicado à deusa assíria Ishtar do 3 º milênio A.C. fornece um mostra sobre o sistema de crenças religiosas da Mesopotâmia. Toas as peças que compõem o o acervo do museu ilustram a importância da região do Oriente Médio como o berço da cultura antiga e ocidental.

Museu da Arte Islâmica

Esse museu mostra a arte dos povos islâmicos desde o século 8 até o século 19. A história do Museu de Arte Islâmica (Museum für Kunst Islamisches) começa em 1904, quando Wilhelm von Bode doou sua extensa coleção de tapetes orientais.

Beleza e riqueza da arte islâmica

Além dos tapetes, também foi doada a imponente fachada de um palácio no deserto da Jordânia, a Fachada Mshatta de 45 metros, coberta com revestimento de pedra calcária e muito bem esculpida, datando do período Omíada (661 a 750).

A fachada, na verdade foi um presente do Sultão otomano Abdul Hamid para o imperador Guilherme II em 1903.

A Fachada Mshatta construída com função de defesa do palácio da Jordania

Também fascinante é o Mihrab do século 13 feito na cidade iraniana de Kashan conhecida por sua cerâmica. Ele é ricamente trabalhado e coberto com diferentes esmaltes metálicos que o fazem brilhar como se fosse decorado com safiras e ouro.

Mihrab é um termo que designa um nicho ou reentrância em uma parede em uma mesquita como função de indicar a direção da cidade de Meca, para onde os mulçumanos se orientam quando realizam as cinco orações diárias.

Beleza do Mihrab ricamente trabalhado

As obras de arte também incluem artesanatos e livros de arte. O conjunto abrange uma área que vai da Espanha até a Índia, com ênfase no Oriente Médio, incluindo Egito e Irã.

Além disso há, é claro, a belíssima coleção de muitos tapetes vindos de lugares como Irã, Ásia Menor, Egito e Cáucaso.

Um dos muitos livros de arte expostos no Museu de Arte Islâmica do Pergamonmusem
Um exemplar dos belos e mundialmente famosos tapetes orientais

Finalizando a visita, temos mais um exemplo da arquitetura otomana provincial, a famosa sala de recepção do início do século 17 conhecida mundialmente como Sala de Aleppo Zimmer. Esta sala fazia parte da casa de um comerciante cristão na cidade síria de Aleppo.

Sala de Aleppo Zimmer

O Pergamonmuseum fica na Bodestraße 1-3, na Museumsinsel, no bairro central Mitte. Para chegar lá pode-se pegar o U-Bahn/S-Bahn números 1, 2, 3, 4, 5, 13, 15 ou 53. O museu abre de terça a domingo das 10:00 às 18:00. Nas quintas feiras, o Pergamonmuseum fica aberto até às 22:00. É fechado nas segundas feiras.

O ticket de entrada custa somente 8,00 euros para adultos. A entrada é grátis para crianças e adolescentes até 16 anos e também no primeiro domingo de cada mês.

O museu oferece tours guiados e audio tours em alemão, inglês, francês, italiano, espanhol, japonês, grego e polonês. Também há audio tours em turco.

É permitido tirar fotos desde que não se use o flash ou tripés.

Mais informações:

www.smb.museum

www.museumsinsel-berlin.de

A arte do século 19 na Alte Nationalgalerie em Berlim

A Alte Nationalgalerie em Berlim faz parte do complexo formado por 5 museus na Museumsinsel. Ela abriga uma das mais importantes coleções de arte do século XIX da Alemanha.

Estão em exposição obras primas da escola Romântica alemã, pinturas de vários impressionistas e uma extensa coleção de esculturas. São mais de 140 obras primas de artistas como Caspar David Friedrich, Karl Friedrich Schinkel, Ferdinand Waldmüller, Adolph Menzel, Edouard Manet, Claude Monet, Paul Cézanne, dentre outros.

Beleza da arquitetura neoclássica da Alte Nationalgalerie

Logo de início já se impressiona com a arquitetura do museu construído entre 1866 e 1876. A Alte Nationalgalerie é mais um exemplo do neoclassicismo alemão, porém com alguns toques do estilo neo-renascentista.

O edifício é rodeado por um pátio com várias colunas com algumas estátuas espalhadas. A bela arquitetura da Alte Nationalgalerie pode ser apreciada por vários ângulos. O prédio se destaca na Ilha dos Museus, sendo claramente visível a partir das margens do rio.

A escadaria monumental existente na frente fornece um pedestal para a estátua equestre de Friedrich Wilhelm IV, o rei da Prússia responsável por todo o conceito da Museumsinsel, que levou mais de um século para ser concluída.

Estátua equestre de Friedrich Wilhelm IV na frente da Alte Nationalgalerie

 

Todo o desenho da Alte Nationalgalerie foi feito buscando fazer com que o resultado fosse uma magnífica construção  dedicada à celebração das artes e das ciências.

Para quem visita o museu, não resta dúvidas de que o projeto foi bem sucedido.

Detalhe do frontão da Alte Nationalgalerie

Esculturas

No primeiro andar podemos ver obras como as esculturas do período  neoclássico e pinturas da escola realista. Logo na entrada tem-se uma ampla sala com as esculturas classicistas.

Esta ala é designada como Arte na Época de Goethe, um forte defensor da escola neoclássica na Alemanha. A coleção é formada por lindas esculturas em mármore, sendo que a maioria retrata figuras da mitologia grega.

Pinturas

As pinturas estão espalhadas pelos 3 andares do museu. São pinturas belíssimas distribuídas pelas salas temáticas. Pode-se ouvir a explicação de cada uma delas com o guia eletrônico adquirido na entrada.

Primavera nas Florestas de Viena de Ferdinand Georg Waldmüller (1864)

No primeiro andar estão pinturas realistas. No segundo andar também há obras realistas, um estilo fortemente representado nesse museu, e também idealistas e impressionistas. No terceiro andar estão as pinturas classicistas e românticas.

Pinturas realistas retratando momentos da história da Prússia

Eu particularmente tenho um carinho especial pela Alte Nationalgalerie, pois foi lá que pude conhecer as obras magníficas de Adolph Menzel, um pintor realista alemão. Ele foi um dos mais importantes pintores do século XIX da Alemanha.

Menzel participou ativamente da história prussiana, pintando quase 400 ilustrações retratando momentos importantes da história do país.

Adolph Menzel também produziu obras sobre momentos da vida cotidiana. Uma de suas pinturas favoritas minhas é Quarto da Varanda, um quadro belíssimo, com um realismo fantástico e uma sensibilidade apaixonante.

Dá para sentir o vento batendo na cortina. Todo o ambiente nos convida a sentar e sentir a suave brisa que entra pela porta.

Quarto na Varanda de Adolph Menzel (1845)

As obras de Adolph Menzel estão espalhadas pelos 3 andares do museu.

Sejam telas grandes, que ocupam quase toda a parede, ou telas pequenas dispostas discretamente em algum canto da sala, todas as suas pinturas chamam a atenção.

Seja pelo realismo perfeitamente retratado nos detalhes ou na gradiosidade dos momentos históricos registrados por suas pinceladas. Não importa, suas obras são dignas de admiração e respeito.

O Quarto do Artista na Ritterstrabe de Adolph Menzel (pintura a óleo, 1847)

Os pintores franceses também estão muito bem representados. Há obras de Monet, Manet, Degas, Renoir, Cézanne, Delacroix, Corot e Courbet.

Uma das pinturas que me chamou muito a atenção foi o quadro de Gustave Coubert chamado A Onda. O artista consegue mostrar com perfeição todo o movimento do mar mesmo que tenha utilizado poucas cores.

O movimento e a vividez não residem apenas nas ondas do mar agitado, mas também nas nuvens acima delas. Sem sombra de dúvida uma tela magnífica.

A Onda de Gustave Coubet (óleo sobre canvas, 1869)

Outro belo quadro que atraiu minha atenção logo que entrei na sala foi A Ilha da Morte de Arnold Böcklin.

A pintura foi concebida como um sonho e é exatamente essa a impressão que ela nos causa. Somos envolvidos pela aura mística e atemporal do quadro.

É uma das obras mais famosas de Böcklin. A simetria do desenho da ilha e seu reflexo nas águas, a luz do entardecer e o estranho funeral contribuíram sem dúvida para sua fama e captaram a imaginação de muitos admiradores.

De alguma forma, ele me faz lembrar do livro As Brumas de Avalon, como se a Morgana estivesse retornando para Avalon levando o corpo do irmão Artur morto.

A Ilha da Morte de Arnold Böcklin (pintura a óleo, 1883)

Para quem gosta de pinturas, eu recomendo muito que visite a Alte Nationalgalerie quando estiver em Berlim. As salas repletas de telas grandes ou pequenas merecem ser desfrutadas com tempo e calma.

O conjunto de cores distribuídas harmoniosamente entre pinceladas fortes e decididas ou suaves e sensíveis, os fatos históricos retratados ou momentos da vida captados pelos olhos dos artistas com maestria nos encantam e emocionam.

Eu penso que faz bem para nossa alma e espírito visitar um lugar repleto de obras, sejam elas majestosas ou singelas, um lugar onde podemos respirar arte e sensibilidade.

A Alte Nationalgalerie abre das 10:00 às 18:00. Nas quintas feiras, o museu fica aberto até as 22:00. Nesse dia a entrada é gratuita para todos os museus da Museumsinsel (Ilha dos Museus). O Museu fecha nas segundas feiras.

O ingresso custa 8,00 euros. Há desconto para estudantes. A entrada é pela Bodestraße.

Visitando a Nefertiti em Berlim

Na primeira vez que fui ao Altes Museum, cheguei antes do museu abrir ao público. Estava tão ansiosa para ver de perto o busto de Nefertiti que acordei bem cedinho, tomei rapidinho meu café acompanhado de croissant com muita nutella e sai logo para o museu.

Chegando lá, vi que o museu ainda estava fechado. Não tive outra alternativa senão sentar na escadaria e aguardar pacientemente os funcionários abrirem as portas. Aproveitei o tempo para gravar o som das badaladas da Berliner Dom.

Altes Museum visto da Berliner Dom

Enquanto aguardava, mais pessoas foram chegando.

É uma situação até engraçada, pois as pessoas ficam do lado de fora observando os funcionários do lado de dentro. Estes permanecem imóveis esperando irritantemente que o relógio marque 10 horas em ponto para que eles abram as portas.

Entrada do Altes Museum na Lustgarten

Já da segunda vez que visitei o Altes Museum, a situação foi inversa. Entrei no museu próximo da hora de encerramento. Não me importei com a hora avançada, a Nefertiti merecia outra visita.

Fiquei na ala egípcia até o encerramento oficial do museu. Nessa hora apareceram vários seguranças andando lado a lado e levando todas as pessoas que estivessem na frente em direção à saída. Para ser sincera me deu a sensação de estar sendo levada para algum campo de concentração. Na verdade, não é muito agradável ser escoltada por 6 seguranças alemães até a saída. No entanto, não posso negar que eles eram bem mais simpáticos que os seguranças do Museo del Prado de Madri.

Equação da relatividade em frente ao Altes Museum

Museu

O Altes Museum foi construído entre 1823 e 1830.  É uma das obras mais importantes na arquitetura do Classicismo, sendo o projeto de autoria de Karl Friedrich Schinkel, o mesmo arquiteto responsável por grande parte das construções presentes na Unter den Linden e outros locais importantes de Berlim.

A estrutura interna construída é de grande praticidade, a idéia da planta foi concebida pensando no museu como uma instituição de ensino aberto ao público.

A disposição monumental das 18 colunas caneladas de estilo jônico por toda a frente do museu, a grande extensão do átrio, o pavilhão central (uma referência explícita ao Panteão em Roma) e a grande escadaria lateral são todos os elementos arquitetônicos que, até então, eram reservados apenas para os edifícios mais majestosos da cidade.

Planta do térreo. As salas se dividem mostrando arte grega de Creta, Micenas, Olímpia, Samos, Mileto, Corinto, Aegina, Lacônia, Beócia e Atenas

O museu foi originalmente construído para abrigar todas as coleções da arte de Berlim. O Altes Museum é o lar da bela Coleção de Antiguidades Clássicas desde 1904. A Colecão exibida possui peças gregas, incluindo a tesouraria no piso térreo do Altes Museum.

O pavilhão central é composto por magníficas estátuas de deuses gregos. Toda essa ala é gratuita para o visitante. Pode-se entrar e admirar cada uma das muitas estátuas gregas sem necessariamente ter que comprar o ingresso para o museu.

Pavilhão central no piso térreo do Altes Museum, acesso gratuito ao público

Passando a ala do pavilhão central, chega-se às salas com exposições temáticas de obras gregas que incluem esculturas em pedra, barro e bronze. Além disso também há vasos de cerâmica, prataria e moedas.

Para conhecer todas essas salas é necessário comprar o ingresso para o museu, que é vendido ao lado direito da entrada. Também pode-se alugar o guia eletrônico disponível em vários idiomas.

Com o guia em mãos, basta olhar o número de cada obra e digitar no teclado do guia para ouvir a explicação.

Os muitos vasos gregos encontrados nas escavações

Vasos para todos os lados

Todo esse andar é voltado para peças da gregas trazidas de Atenas, Creta, Micenas, Olímpia, Samos, Mileto, Corinto, Aegina, Lacônia e Beócia.

Alguns exemplos de moedas gregas

A arte romana também está presente, embora em menor número. A coleção é composta por poucas peças incluindo esculturas de César e Cleópatra, sarcófagos, mosaicos e afrescos.

Relevo em um sarcófago típico

Museu egípcio

No piso superior encontra-se o Museu Egípcio (Ägyptisches Museum e Papyrussammlung) com uma área total de 1300 m². O passeio através da exposição mostra a continuidade e a mudança na cultura egípcia antiga com mais de quatro milênios.

Planta do segundo andar: 1 - Esculturas, 2 - Período de Amarna, 3 - Nefertiti, 4 - História Cultural, 5 - Sudão Antigo, 6 - Coleção de Papiros, 7 - Mundo Inferior e 8 - Deuses

As salas apresentam uma rica coleção de belíssimas peças egípcias. O passeio começa com uma apresentação da escultura egípcia, passando pelo período Amarna, que corresponde ao período do reinado de Akhenaton, na Décima Oitava Dinastia.

A arte amarna desenvolvida nessa época é visivelmente diferente do estilo da arte egípcia mais convencional.

Faraó Akhenaton e sua rainha Nefertiti, responsáveis por implantar no Egito uma nova religião monoteísta

Na ala oeste do museu estão as salas com outras peças egípcias, do Sudão antigo e a a bela Coleção de Papiros, com clássicos da literatura egípcia antiga.

A exposição termina com as salas dedicadas ao Mundo Inferior e aos deuses do panteão egípcio.

Nefertiti

No centro da exposição está o busto magnífico da rainha Nefertiti, a esposa de Akhenaton, durante a XVIII Dinastia.

Pouco se sabe sobre os primeiros anos da vida de Nefertiti,  os estudiosos têm contemplado se ela realmente era da linhagem real. Algumas evidências sugerem que ela foi casada com Akhenaton como a filha de um alto funcionário durante o reinado de Amenhotep III. Da mesma forma, o debate continua sobre se Nefertiti era, na verdade, a mãe real de Akhenaton e sua esposa, ao mesmo tempo. O mistério da origem de Nefertiti promete continuar sendo um grande tópico de pesquisa.

A vida no reinado de Akhenaton estava longe de ser pacífica para a rainha e seu faraó. Foi no reinado de Akhenaton que a reforma religiosa teve lugar. Akhenaton mudou a forma da religião egípcia drasticamente.

A religião deixou de ser politeísta para se tornar monoteísta, tendo como único deus Aton, o disco solar. Esse ato levou o faraó a ser considerado um herege.

Nefertiti é talvez uma das rainhas mais conhecida do Egito. Seu nome significa “a bela chegou”. Não foi a toa que ela ficou famosa por sua beleza e elegância.

Seu busto foi um ícone para muitas mulheres e muitas linhas de cosméticos. Sociedades em todo o mundo adotaram a rainha como um símbolo da verdadeira beleza.

Alguns historiadores dizem que Nefertiti seria a mulher mais bonita do mundo (até mesmo que Cleópatra?). Bom, o que quer que as pessoas digam sobre ela, uma coisa é verdadeira, Nefertiti continuará por muito tempo ainda a a ser conhecida por sua beleza.

Reinado de Nefertiti

Seu reinado, ao lado de Akhenaton, foi diferente da forma tradicional que até então tinha tido lugar no Egito. Nefertiti era mais do que apenas uma rainha típica e ajudou a promover a política e o pensamento de Akhenaton.

A duração de seu reinado foi de apenas 12 anos, mas ela foi, talvez, uma das rainhas mais poderosas. Como rainha, Nefertiti assumiu funções poderosas, destacando-se no Egito de uma forma que somente os faraós egípcios haviam feito. Nefertiti se mostrava ao povo egípcio em grau de igualdade com Akhenaton, incluindo até mesmo funções de sacerdotiza.

Não se sabe ao certo o que aconteceu com a rainha, ela permanecerá para sempre um mistério. Seu corpo nunca foi encontrado. Possivelmente ele foi escondido pelos sacerdotes egípcios em algum lugar debaixo das areias.

Informações gerais

O Altes Museum abre diariamente das 10:00 as 18:00. Nas quintas feiras, o museu fica aberto até as 22:00. Nesse dia a entrada é gratuita para todos os museus da Museumsinsel (Ilha dos Museus).

O ingresso custa 8,00 euros. Há desconto para estudantes. A entrada é pela praça Lustgarten.

Para quem quiser ir de metrô para o Altes Museum, basta pegar o descer na estação do Hackescher Markt.

O Museu Egípcio ficou em exibição no Altes Museum no piso superior de agosto de 2005 até 2009, quando então foi transferido para o  Neues Museum um dos 5 museus existentes na Museumsinsel.

Hoje em dia existe muita pressão do Egito para que o museu devolva o Busto de Nefertiti ao seu país de origem. Porém o Altes Museum se nega a restituí-lo ao Egito. Afirmam que o museu é visitado anualmente por mais de 1 milhão de pessoas e que o busto deve ficar em um local onde todos possam vê-lo.

Essa é uma discussão que dá muito o que falar. Se todos os museus europeus devolvessem suas antiguidades, “levadas” de vários sítios arqueológicos, aos países de origem, muitos deles iriam à falência…