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Emoção e encantamento na Procissão das Velas em Lourdes

A primeira cidade que visitei da França não foi a iluminada Paris, mas sim Lourdes, a cidade religiosa onde Nossa Senhora de Lourdes fez Sua aparição. Isso aconteceu muito porque na primeira vez que fui para a França, eu estava entrado pela Espanha, então geograficamente era vantagem conhecer Lourdes primeiro.

Tenho carinho por essa cidade por vários motivos. Foi lá que pela primeira vez pude colocar em prática meu francês, na época ainda iniciante, e posso dizer que ao contrário do que me falaram, os franceses foram super receptivos e pacientes comigo e meu francês titubeante.

Foi em Lourdes que tive uma das experiências espirituais mais marcantes ao participar da Procissão Noturna das Velas

E finalmente, minha avó se chamava Lourdes, então, esse fato por si só já explica muito da emoção que senti nessa cidade. Além da emoção que vivenciei ao lado de muitas pessoas.

Pessoas de várias nacionalidades, várias línguas, várias culturas, várias idades. Pessoas com sonhos diversos, histórias de vidas diversas, razões e motivos diversos para estarem lá, e no entanto, todas com a mesma fé e esperança no coração. Todas unidas em espírito e e mente, e no entanto cada uma em seu mundinho tão particular e tão íntimo.

Todas as noites, entre a Páscoa e o mês de outubro, às 21:00 ocorre a Procissão das Velas ou Procissão Mariana. Tudo começou em 18 de fevereiro de 1858, no dia da terceira Aparição, uma das duas pessoas que acompanhava Bernadette levara uma vela. Depois disso, a própria Bernadette sempre vinha com uma vela. No entanto a procissão mesmo só foi ter início em 1863, um ano após as Aparições serem oficialmente reconhecidas pela Igreja.

Os peregrinos recebem uma vela embrulhada em uma papel para proteger as mãos e a própria chama da vela da ação do vento.

A procissão sai da Esplanade et Parvis du Rosaire e tem duração de 1 hora a 1 hora e meia, dependendo da multidão.

Não levei máquina para fotografar a procissão obviamente. Estava mais interessada em vivenciar a experiência do que em registrar. Então as fotos aqui (com exceção de duas que são de autoria própria, fora da procissão) são dos sites Lourdes Sanctuary e 260Tours.

O que mais me marcou nessa experiência, além de sentir a vibração de toda aquela energia de fé e religiosidade, foi fazer a caminhada apenas com as luzes das muitas velas ouvindo os hinos cantados em diversos idiomas. Foi bastante tocante ouvir uma música que eu já conhecia em tantos outros idiomas diferentes, alguns até desconhecidos para mim. Me lembro que quando ouvi o hino cantado em romeno tive que perguntar às pessoas mais próximas que idioma era aquele, pois achei de uma sonoridade encantadora. Combinava muito com a sensação daquela noite.

Como tudo tem que ter uma parte também cômica, a minha foi me atrapalhar na música, mesmo quando em português. Isso porque meu pai sempre contava uma piada de duas velhinhas que queriam saber qual bicho tinha saído no jogo do Bicho durante a missa. Para que o padre não percebesse que elas estavam falando de jogo durante a missa elas cantavam a música da missa alterando a letra. Pois era exatamente essa música o hino cantado repetidamente em diversos idiomas. Não deu outra, quando percebi estava imersa na multidão seguindo alegremente cantando “Comadre Maria, qual o bicho que deu? Ave, ave, avestruz”.

Que bom que minha constante distração não atrapalhou o ritmo da procissão. Afinal de contas, o que vale mesmo é o estado de espírito com que você participa e a fé no coração. As palavras acabam sendo suprimidas pela energia da multidão. Sorte minha, ufa!

Uma curiosidade sobre a procissão é que ela também criou a profissão chamada de “feutier”, palavra derivada de Feu, fogo em francês. Essa profissão só existem em Lourdes. Os feutiers são responsáveis pela limpeza dos resíduos das velas queimadas todas as noites durante a procissão e também nas oferendas. São mais de 600 toneladas de resíduos recolhidos pelos feutiers todos os anos. Imagina se não tivessem criado essa profissão em Lourdes.

Enfim, independente se a pessoa viaja para turismo religioso ou não (embora eu ache sinceramente que a maioria das pessoas que viajam para Lourdes seja pelo motivo religioso), acho super válido participar de uma experiência como essa. Pelo menos para mim foi muito agradável e renovador poder estar ali misturada naquela multidão. Um momento que guardei no coração com muita gratidão.

Estando em Lourdes também é possível visitar a gruta onde ocorreu a Aparição, outro momento de grande emoção. E beber a água que jorra incessantemente da fonte. Dá até para encher garrafinhas e levar de lembranças para os parentes e amigos mais religiosos. Eu, claro, trouxe para minha linda avó Lourdes!

Para saber mais

Loudes L’Inspiratrice

Lourdes Sanctuary

Sint Baafskathedraal, a Catedral de São Bavão, local de adoração e arte em Gent

E chegamos na terceira das “Três Torres de Gent”. Depois da Sint Niklaaskerk e do Belfry, é a vez da terceira e talvez mais famosa torre, a Catedral de São Bavão, em português, ou Sint Baafskathedraal, em neerlandês. Também é comum ver essa catedral chamada de Catedral de São Bavo, uma mistura com o nome inglês do santo.

Essa catedral é aquele “must-do” impossível de não visitar quando em Gent. Seja pela sua imponente arquitetura gótica, seja pelo seu destaque no meio de tanta coisa linda para se ver na cidade, seja pelo motivo religioso, seja pelo fato de ser o lar de uma das pinturas mais famosas do século XV, ou seja apenas pela curiosidade turística, mesmo. Ela é um must-do e isso é indiscutível, rs.

A Sint Baafskathedraal tem sua origem em uma capela fundada em 942 e dedicada a São João Batista, o santo padroeiro mais antigo da cidade comercial. Isso mesmo, era outro santo que era o homenageado pela capela original.

Em 1274, os ricos comerciantes de renda da Idade Média que tanto contribuíram para o engrandecimento comercial de Gent construíram uma outra igreja sobre esta capela. Mas foi somente no século XV que decidiram trocar o santo em questão. Em 1540, São Bavão virou não somente o santo padroeiro da nova igreja, como também o da cidade.

Em 1462, a primeira pedra para a construção das torres foi colocada, sendo estas concluídas somente em 1569. O imperador Romano-Germânico Carlos V, foi batizado nesta igreja ainda inacabada. Em 1550, ele concedeu uma importante quantia em dinheiro para que janelas arqueadas com vitrais fossem incluídas na igreja. Pouco tempo depois da revolta na cidade contra ele em 1539 devido aos pesados ​​pagamentos de impostos. Apesar de ter acabado rapidamente com a revolta, o imperador pelo jeito não era de guardar rancor.

A catedral gótica é um deleite para os amantes de arte. Além de sua belíssima estrutura interna, há esculturas e pinturas distribuídas por todo o seu interior ricamente adornado com mármore branco e escuro. O interior é tão belo que até dá para entender porque quem visita a Sint Niklaaskerk depois, acha essa última “simples”. Há tanta beleza disputando a atenção que para se ter uma ideia, eu consegui tirar mais de 100 fotos do seu interior e mesmo assim ainda parece não ser suficiente, rs. Preparem a bateria da máquina!

Podemos começar pelo belo altar barroco da catedral, feito de mármore, madeira dourada, cobre e bronze. Uma combinação de materiais que resultou em uma bela obra de arte. O altar foi introduzido no início do século XVIII.

Ele chama a atenção obviamente, mas no caso da Sint Baafskathedraal, vale muito a pena mencionar o púlpito. Acredito que esse foi um dos púlpitos que mais me chamou a atenção nas muitas igrejas e catedrais que já visitei. De 1745, feito em carvalho, madeira dourada e mármore é um belo exemplo da arte rococó. A cruz meio que caída, ou se levantando, dá para interpretar de várias formas, e toda a dramaticidade de suas esculturas revelam, na minha opinião, um encontro de um mundo superior de paz em ascensão com mundo abaixo turbulento. Esse belo trabalho é obra de Laurent Delvaux, um escultor flamengo que transitava também em outros estilos como o barroco e o neoclassicismo.

Acrescente a isso a magnífica pintura A conversão de São Bavão, de 1623 de ninguém menos que Rubens, um dos mais influentes artistas do barroco flamengo.

Mas a obra de arte mais famosa e muito provavelmente um dos principais motivos de visitação da Sint Baafskathedraal, é a obra”Adoração do Cordeiro Místico“, ou simplesmente “Cordeiro Místico’ dos irmãos Jan e Hubert Van Eyck, iniciada em 1420 e concluída em 1432.

A mundialmente famosa pintura fica em uma uma capela construída especialmente para abriga-la. Trata-se do que é conhecido como políptico (do grego polýs, “numeroso” e ptýx, “dobra, prega”). Ou seja é um conjunto de painéis que formam uma determinada cena ou tema. Eles podem ser fixos ou móveis (como neste caso), unidos por dobradiças como se fossem várias pequenas portas, e que formam uma obra quando aberto ou fechado.

A obra também é conhecida pelo nome “Retábulo de Gent”. Retábulo é uma estrutura de madeira, mármore ou de outro material, que fica por trás ou acima do altar e que, normalmente, encerra um ou mais painéis pintados ou em relevo. Nesse caso específico, o Retábulo de Gent foi pintado em painéis de carvalho e as tintas usadas eram uma mistura de pigmentos minerais diluídos em cimento de óleo secante.

O Cordeiro Místico é provavelmente a obra-prima mais conhecida dos primitivos flamengos, uma vez que é, sem dúvida, o principal trabalho da Escola Flamenga no século 15.

São doze painéis, que abertos totalmente, formam uma obra de arte de 3,4 por 4,6 metros. O tema principal é a glorificação de Cristo e a salvação e santificação do homem pelo Seu sacrifício. Os irmãos van Eyck decidiram por mostrar esse tema de uma maneira mais visionária, daí o surgimento de algumas versões que a pintura escondia segredos incluindo um mapa para tesouros cristãos, o que atraiu o profundo interesse, senão obsessão de até mesmo Hitler.

A harmonia das cores, a riqueza de detalhes e o próprio tamanho da obra completa chamam a atenção e admiração de qualquer um, por mais leigo em história da arte que a pessoa possa ser. É uma obra de grande excelência que exerce grande fascínio desde a sua criação. Todo pedaço dessa obra é pintado com detalhes notáveis. Dá para ficar horas admirando cada expressão, cada roupa, cada paisagem de fundo, cada figura distribuída nos 12 painéis. Mas infelizmente o tempo de permanência na capela é de apenas 15 minutos, em silêncio e sem fazer fotos ou vídeos. A fotos aqui são do site Visit Gent e os créditos de Hugo Maertens.

Noah Charney, historiador de arte e autor de vários livros, entre eles, Stealing the Mystic Lamb (Roubando o Cordeiro Místico, em tradução livre já que o livro infelizmente ainda não foi lançado no Brasil), afirma que “A Adoração do Cordeiro Místico é provavelmente a pintura mais influente de todos os tempos, e é também a obra de arte mais frequentemente roubada da história!”.

Isso porque resumidamente falando entre 1794 e 1946, a pintura inteira, ou alguns de seus painéis passearam várias vezes pela Alemanha, França, Itália e Vaticano. Na verdade, desde sua conclusão em 1432, esta pintura a óleo foi saqueada em três guerras diferentes, queimada, desmembrada, forjada, contrabandeada, vendida ilegalmente, censurada (os painéis com Adão e Eva nus), escondida, atacada por iconoclastas da Reforma Protestante que a consideravam como idolatria, caçada pelos nazistas e por Napoleão, usada como ferramenta diplomática, resgatada por agentes duplos austríacos e roubada um total de treze vezes, retornando a Gent somente em 1946.

Em 1986, a pintura completa com todos os painéis finalmente “parou de andar por ai” e foi levada definitivamente para a catedral. Ufa! Os painéis estão sendo retirados nos últimos anos mas para uma minuciosa restauração, que segundo os especialistas é chamada de o renascimento da pintura.

Apesar de fazer parte das Três Torres de Gent, só é possível subir em sua torre durante as festividades da cidade. Fora dessas datas, melhor mesmo subir no vizinho Belfry para se ter uma linda visão da cidade e ainda conhecer o simpático mascote de Gent, o dragão de cobre.

Na catedral há uma lojinha com souvenires da cidade. Como é proibido tirar fotos da Adoração ao Cordeiro Místico, acabei por comprar um livro que trazia mais detalhes sobre a obra. Mais um livro para a minha coleção de livros de arte. Amo muito!

Em maio de 2013, foi iniciado o trabalho de restauração da catedral com um custo aproximado de cerca de 6.300.000 euros! Eu visitei a Sint Baafskathedraal bem no período de restauração, por isso não consegui nenhuma foto boa do seu exterior, já que haviam telas por toda a parte. Mas é possível encontrar lindas fotos em muitos sites, inclusive no site oficial.

A Catedral é aberta ao público no verão, entre abril a outubro, das 8:30 as 6:00. No inverno, entre novembro a março, fecha mais cedo às 17:00. Aos domingos o horário também muda, a catedral abre às 10:00.

Para admirar o Cordeiro Místico é necessário comprar um ingresso a parte, no valor de 4,00 euros, com um áudio guia incluso no valor. Estudantes pagam 1,50 euros. Os áudios guias estão disponíveis em inglês, francês, alemão, holandês, espanhol e japonês.

Os horários da capela também são diferentes. No verão a capela é aberta entre 9:30 e 17:00 e no inverno entre 10:30 e 16:00. Aos domingos a capela abre às 13:00.   Para que se tenha a chance de ver todos os painéis do Retábulo, os painéis externos são dobrados todos os dias entre 12:00 e 13:00. Os ingressos para esta capela são vendidos até 15 minutos antes do horário de fechamento.

Como já mencionei acima, dentro da capela não são permitidos fotos ou vídeos, além de ser pedido silêncio durante os poucos 15 minutos permitidos de permanência.

Primeira parada em Gent, a impressionante igreja de São Nicolau ou Sint Niklaaskerk

O primeiro lugar que entrei em Gent foi a Igreja de São Nicolau, ou Sint Niklaaskerk. Essa igreja no centro histórico de Gent é impressionante não apenas pelo seu tamanho, não apenas pela sua construção gótica, não apenas por ser referência turística, mas também por ainda ter uma história, por assim dizer, cheias de altos e baixos.


E mesmo com tantos momentos digamos caidinhos no seu passado, ela segue imponente disputando a atenção com seus companheiros de torres, o Belfry, o campanário vizinho a ela, e a Catedral de São Bavão (Sint Baafskathedraal).

A primeira Sint Niklaaskerk foi construída em estilo romanesco em meados do século XI. No entanto, foi destruída por dois grandes incêndios, o primeiro em 1120 e o segundo em 1176. Esses foram só os primeiros “baixos” na sua história.

Com o crescimento do comércio e da indústria em Gent, foi possível a sua reconstrução. Afinal, desde a sua fundação, ela era a igreja dos ricos comerciantes da cidade, sendo que as associações de artesãos e comerciantes tinham suas atividades no Korenmarkt, bem pertinho da igreja. Não é por acaso que São Nicolau foi escolhido como o santo padroeiro desta igreja. Os endinheirados que financiaram a construção da igreja escolheram justamente o santo padroeiro dos comerciantes, dos marinheiros, capitães e padeiros.

A Igreja foi então reconstruída em estilo gótico usando as pedras azuis escuras extraídas da região de Tournai. Essa região é de onde veio a ideia de contrastar veios escuros contra alvenaria branca, um estilo arquitetônico que foi usado por um longo período.

Andando ao redor dessa igreja, tive a impressão que ela foi construída como um “amontoado’ de estruturas. Sua história de expansão e contínuas restaurações acabou por confirmar minha impressão.

A capela principal e a nave foram concluídas entre 1220 e 1250. Porém, desde o início, a igreja teve que lidar com problemas de estabilidade.  As atividades de construção continuaram ainda nos séculos XIV e XV e as primeiras renovações foram realizadas.

O coro foi ampliado e expandido nessa época. Ainda no século XV, a capela principal também foi expandida por meio de uma série de capelas externas que, com o tempo ameaçaram desmoronar. Por causa disso, mais pedras foram adicionadas para fortalecer toda a estrutura. O resultado foi a perda do aspecto simétrico da igreja e dai, na minha opinião, a provável impressão de estrutura amontoada.

Para deixar sua história ainda mais turbulenta, a Igreja sofreu outros danos no século XVI, quando os iconoclastas da Reforma Protestante destruíram suas imagens religiosas. Outro fato curioso, é que em 1580, durante a Revolução Francesa, a Sint Niklaaskerk foi transformada em estábulo! Difícil olhar para essa deslumbrante igreja e imaginá-la cheia de cavalos! Não dá para entender muito bem, mas enfim, história é história.

Já no século XVIII apareceram várias rachaduras que foram apenas escondidas debaixo de camadas de gesso. Nessa época, as janelas da igreja foram fechadas e para piorar a situação, casas e lojas foram construídas em suas paredes externas.

A situação atingiu o ponto mais baixo no final do século 19, e olha que é difícil imaginar o que pode ser mais trágico que virar estábulo. Mas foi aí então que várias restaurações finalmente se seguiram e as casas construídas nos muros externos da igreja foram na sua maioria demolidas. Ufa!

Em 1960 veio mais uma restauração resultando na reabertura do coro com as capelas, o transepto e a torre somente em 1992. As janelas também foram emparedadas para garantir a estabilidade. A restauração da nave só veio a acontecer depois.

Porém sua história de intervenções e restaurações parece estar longe de terminar. Como resultado da tempestade que caiu em Gent no dia 10 de março desse ano (2019), uma parede da igreja desmoronou. Como é de se esperar, por razões de segurança, a Sint Niklaaskerk está agora temporariamente inacessível ao público.

A Sint Niklaaskerk faz parte das chamadas “Três Torres de Gent”, ao lado do Belfry e Sint Baafskathedraal. São as três torres altas de Gent. Na verdade, até o Belfry ser construído, as torres da Igreja é que eram usadas como um posto de guarda para a defesa da cidade. Um  fato interessante é que sua torre  fica bem em cima do cruzamento da nave e transeptos e não na entrada como normalmente é no estilo gótico. Isso permite que a luz entre no transepto vindo pela torre.

O interior da Igreja, cuidadosamente restaurado, é um paraíso para os amantes de fotografia, principalmente pela claridade que sem tem dentro da Igreja. E o melhor, é permitido tirar fotos do seu interior! A estrutura interna com as abóbadas e colunas com escudos, em conjunto com as estátuas dos apóstolos em tamanho natural próximas ao chão, fornecem um efeito visual imponente e ao mesmo tempo de calma e tranquilidade, contrastando com a turbulenta história da Igreja.

Vale mencionar o impressionante órgão do século XIX, feito pelo famoso fabricante de órgãos francês Aristide Cavaillé-Col. Os órgãos de igrejas medievais são sempre impressionantes, é verdade, mas nesse caso, esse é um dos órgãos mais importantes da Bélgica. Como era de se esperar, ele também tem uma história interessante. O órgão foi encaixotado em 1960 e somente exposto novamente para o público em 2010. Em 2013, o órgão teve seu processo de restauração iniciado.

Os dois grandes vitrais também são do século XIX, enquanto que o exuberante altar da igreja foi construído no período barroco na mesma época que as belas estátuas dos apóstolos.

Interessante que quando fui havia uma exposição de vestimentas de diferentes locais. Um museu na nave da igreja. Exposições assim parecem fazer parte da rotina.

Em situações normais, a Sint-Niklaaskerk abre todos os dias das 10:00 às 17:00. Somente as segundas-feiras que a igreja abre mais tarde, as 14:00. A entrada é gratuita.

Torcemos para que sua história de instabilidades e restaurações tenha um final ao estilo “felizes para sempre” e que a igreja possa reabrir logo.

Entre as gárgulas, Quasímodo e Emmanuel na deslumbrante Notre-Dame de Paris (ou o post que eu não queria editar)

Escrevi o post original no dia 12 de abril pensando em publicá-lo somente no final do mês de maio, depois da série de posts sobre Gent que ainda serão publicadas. No dia seguinte, 13 de abril, mostrei a Catedral Notre-Dame de Paris para meu filho mais velho pelo Google Maps. Enquanto exaltava sua beleza, prometi a ele que um dia levaria ele e seus irmãos para conhecerem as “minhas amigas” gárgulas de perto. Dois dias depois a histórica Notre-Dame é embebida pelas chamas cruéis de um incêndio.

Foi impossível conter as lágrimas enquanto assistia pela televisão a bela senhora queimar. Busquei noticiários do mundo inteiro para tentar compreender o que estava acontecendo. Era simplesmente inacreditável que aquilo estava acontecendo de fato.

Mesmo assim, ainda bela e nobre.

No post original, escrevi que a Notre-Dame “segue imponente, indiferente a tantos acontecimentos históricos, revoltas e guerras que por ela passaram”. Era portanto, inconcebível que ela fosse ceder ao incêndio. Assistir a torre desabar foi surreal. Realmente não podia ser verdade que 850 anos de história, arte e centro espiritual pudessem desabar daquela forma.

Me uni em coração e prece a todos católicos, franceses, historiadores, amantes da arte e de Paris naquelas 12 horas trágicas. Me lembrei de cada momento que passei quando a visitei. Quando fui barrada para assistir a missa pois acharam que eu iria tirar fotos na parte dedicada ao rito religioso, ao que respondi “sou católica e vou assistir a missa!” Os seguranças abriram passagem imediatamente. Quando tentei repetidas vezes tirar uma foto boa da Pietá. Mas todas minhas tentativas foram inúteis. Em nenhuma das vezes que a visitei eu tinha a máquina que tenho hoje. E quando subi os degraus desgastados pelo tempo para ver de perto as gárgulas que tanto admirava.

Lua de Mel, terceira visita à Notre-Dame

Uma coisa era certa, França não seria a mesma sem a Notre-Dame e Paris não seria a mesma sem as gárgulas a observando dia e noite através de tantos anos.

À noite, assisti o discurso do presidente Emmanuel Macron e suas palavras foram inspiradoras. Mais ainda, a bravura, coragem e profissionalismo dos bombeiros que conseguiram finalmente dominar o fogo e salvar a catedral. Como eu queria que isso tivesse ocorrido com nosso inesquecível museu do Rio de Janeiro, cujo incêndio também me fez chorar, e mais ainda, me revoltar com o descaso pela nossa história e arte.

Pensei em nem publicar esse post, pois ele já não corresponde mais à realidade que temos hoje, infelizmente. Mas em respeito à Notre-Dame, e principalmente, à emoção que senti ao subir em sua torre, decidi por publica-lo, e ainda antes da data prevista.

As palavras do Macron foram inspiradoras como eu disse, mas vou terminar esse texto, com as palavras de alguém muito mais inspirador para mim, alguém que me ilumina dia e noite, e por isso que eu o chamo sempre de Sol da Minha Vida, meu filho mais velho. No dia seguinte ao incêndio, ao me ver abatida, ele me falou “Calma mamãe, se eles souberam fazer tanta arte antigamente, eles saberão fazer agora também. Logo logo a igreja estará de pé novamente e você poderá cumprir sua promessa de me levar para conhecer as gárgulas”.

Aguardamos ansiosos por esse momento!

Segue o post original, escrito apenas 3 dias antes do incêndio. E que venha a reconstrução!

Entre as gárgulas, Quasímodo e Emmanuel na deslumbrante Notre-Dame de Paris

Já visitei igrejas, catedrais, mesquitas e templos mundo afora. Todos lindos, cada um a seu jeito. Mas difícil algum deles se comparar com o efeito que a visão dessa emblemática catedral nos causa. Seja sua imponência, seja sua fama, seja sua história, seja sua arquitetura, ou tudo isso junto, a Cathédrale Notre-Dame de Paris pausa nossa respiração quando a observamos por fora, tira nosso fôlego quando entramos nela e acaba com o pouquinho que restou de ar quando subimos na sua torre.

Independente da fé da pessoa, é difícil ficar imune ao impacto que essa catedral nos causa.

Maravilhoso exemplo da arquitetura medieval francesa, citada em inúmeros livros sobre arte gótica, a Notre-Dame de Paris, ou Nossa Senhora de Paris, segue imponente, indiferente a tantos acontecimentos históricos, revoltas e guerras que por ela passaram. Alguns pedaços foram danificados, é bem verdade, mas essa velha senhora permanece de pé recebendo milhares de visitantes que tumultuam seu interior e arredores. E mesmo com tanta gente curiosa querendo conhecê-la, ainda é possível assistir uma missa com muita sensação de paz interior. Eu assisti e foi uma experiência bem gratificante para mim.

O Papa Alexandre III colocou a primeira pedra em 1163, iniciando 170 anos de trabalho de milhares de arquitetos góticos e artesão medievais. A catedral foi erguida sobre um antigo templo romano e quando foi concluída em 1330, tinha 130 metros de comprimento e ostentava colunas, um grande transepto, coro e torres de 69 metros. No seu magnífico interior o rei Henrique VI da Guerra dos 100 Anos, e o imperador Napoleão Bonaparte e sua esposa Josefina foram coroados, cruzados foram abençoados e a heroína e santa francesa, Joana D’Arc, canonizada.

Mas a Notre-Dame também foi palco de violência. Os revolucionários a saquearam e aboliram a religião, transformando-a em templo da razão e depois em depósito de vinho. Na frente da Notre-Dame há 28 estátuas, cada uma com 3,5 metros, que representam os reis de Judéia. Na época da Revolução Francesa, em 1793, todas essas belas estátuas que vemos foram simplesmente decapitadas. Isso mesmo. Os revolucionários entenderam que as estátuas representavam os reis da França e tudo o que eles não queriam era menção a qualquer tipo de monarquia.

Em 1804, Napoleão restaurou a religião e daí o edifício foi restaurado, as estátuas perdidas foram recuperadas e as cabeças decapitadas reconstruídas.

Visitei a Notre-Dame três vezes e em todas as vezes ela me repetiu a mesma lição que teimei em não aprender corretamente. A importante lição de que eu precisava de uma máquina melhor se quisesse tirar fotos perfeitas de seu interior. Mesmo que em cada visita eu tivesse uma máquina diferente, não consegui tirar uma foto perfeita da Pietá no altar e outras partes da catedral. Isso por causa do seu interior muito escuro. A Pietá e o órgão saíram tremidos, mas ao menos deu para aproveitar as fotos dos belíssimos vitrais e das famosas rosáceas.

A rosácea da frente (face oeste) da catedral mostra a Virgem Maria no meio das cores dos demais vitrais.  Já rosácea sul situada no extremo sul do transepto mostra Cristo no centro cercado por virgens, santos e dos doze apóstolos. Este vitral ainda possui algumas pinturas originais do século 13. A rosácea norte também é um vitral do século 13, com 21 metros e altura, e mostra a Virgem Maria cercada de personagens do Velho Testamento.

O anteparo do altar que circunda todo ele é feito de pedra e data do século 14. Dentro da catedral ainda vemos uma estátua de Joana d’Arc, uma maquete da construção da Notre-Dame, o antigo lustre que, por causa do seu peso, agora encontra-se no chão e belíssimas pinturas. Isso porque nos séculos 17 e 18, as associações de trabalhadores de Paris doavam à catedral um quadro todo 1° de maio.

Além disso, o Tesouro da catedral, o Trésor, ainda guarda verdadeiras relíquias como manuscritos medievais e a Coroa de Espinhos e um pedaço da cruz de Cristo. A Coroa de Espinhos só pode ser vista pelos fiéis na primeira sexta-feira de cada mês às 15:00 e na Sexta-feira Santa entre 10:00 e 17:00.

Já que as fotos do interior não ficaram do jeito que eu desejava em nenhuma das minhas visitas, o jeito foi me dedicar mesmo ao que eu mais adoro na Notre-Dame, as gárgulas! Acho cada uma mais linda que a outra. Todas me chamam muito a atenção. Já gostava delas, mesmo antes de conhece-las de perto. Algo em seu aspecto estranho e digamos nada religioso, da forma como imaginamos, acaba me atraindo bastante, rs. São magníficas, cada uma a seu modo.

E tirar fotos da lista vista que se tem do alto da torre com as gárgulas se unindo a paisagem, é algo que de fato encanta e emociona. São 56 gárgulas e esculturas quiméricas construídas por Viollet-le-Duc e Bourdon, que observam Paris incessantemente. E quantas histórias elas devem ter para contar!

A cara da felicidade pela realização de um sonho

Assim como o outro solene morador da Notre-Dame, Quasímodo, o corcunda do livro que Victor Hugo escreveu com apenas 29 anos em 1831. Nessa época, o escritor queria chamar atenção para a catedral que, esquecida, estava sendo aos poucos depredada pela ação do tempo. Tenho esse livro, mas confesso que não li ainda. Acho que Victor Hugo me “traumatizou” com Les Misérables, pois choro toda vez que vejo, e o pior, independentemente da versão! E continuo assistindo mesmo assim, rs, afinal é uma obra divina que, a cada versão mostra uma faceta diferente trazendo uma mensagem a mais.

Minha gárgula favorita!

Bom, para subir na torre e visitar a moradia do Corcunda é preciso subir 387 degraus estreitos em uma escada em espiral já gasta pelos seus muitos anos. No entanto, a vista lá de cima é magnífica e faz a gente esquecer rapidinho dos degraus tortos. Na verdade, dá vontade de permanecer ali fazendo companhia para as graciosas e ao mesmo tempo medonhas gárgulas.

Na torre ainda vemos o Emannuel, o único sino original que resistiu à Revolução Francesa, já que os demais foram todos derretidos e fundidos. O resistente Emannuel só toca agora em datas especiais como Natal, Páscoa, Pentecostes, Anunciação ou em caso de falecimento do Papa. Também foi esse sino que trouxe a boa notícia do final das duas Grandes Guerras Mundiais. Fico imaginando quão especial não deve ter sido ouvir o Emannuel tocar anunciando o final de dois períodos tão turbulentos e tão tristes da História Mundial. O próprio som da libertação!

Coisas que podem ser ditas sobre o desventurado Quasímodo é que suas pernas deviam ser bem fortes para subir 387 degraus todos os dias, que seus ouvidos eram potentes para poder ouvir de perto o sino de 13 toneladas tocar, e que seus olhos se beneficiavam com a bela vista da janela de sua morada.

A fila para subir pode ser mais desanimadora que os velhos degraus em caracol, pois, além de grande, também é demorada já que sobem poucas pessoas a cada vez. Mas como já falei, mais do que vale a pena. O ingresso custa 10,00 euros, mas está incluso no Paris Pass. Para quem preferir uma fila virtual, basta baixar o aplicativo JeFile. Basta reservar o horário e aparecer na hora marcada. É possível fazer a reserva a partir de 7:30, mas sempre no mesmo dia da sua visita. A entrada para a torre está localizada fora da catedral, no lado esquerdo, na rue du Cloister Notre-Dame.

Para subir, fui fazendo algumas pausas no caminho, mas para descer, acabei indo direto. O resultado de descer os 387 degraus em espiral foi uma verdadeira prova de equilíbrio para mim. Sai andando na frente da catedral parecendo uma bêbada, pois não conseguia de forma alguma andar em linha reta no chão. Como eu ainda ria muito dessa situação, imagino a impressão que causei. Mas tudo bem, posso dizer que foi o vinho que tomei com as gárgulas. Um brinde a todas elas!

A catedral é aberta todos os dias das 8:00 às 18:45, estendendo o horário até 19:15 aos sábados e domingos. A entrada é livre, mas não é permitido portar nenhum tipo de bagagem.

As linhas do metrô 4 (Station Cité ou Saint-Michel), 1 e 11 (Station Hôtel de Ville), 10 (Station Maubert-Mutualité ou Cluny – La Sorbonne), 7, 11 e 14 (Station Châtelet) ou RER, linhas B (Station Saint-Michel – Notre-Dame) ou (Station Saint-Michel – Notre-Dame) levam até à Notre-Dame. Para quem preferir ir de ônibus, as opções são as linhas 21, 24, 27, 38, 47, 85 e 96. Paris é uma festa do transporte público!

Depois da Groten Markt, é a vez da Burg. Mais uma praça importante e bela de Bruges

Depois de conhecer a Groten Markt, fui para outra praça que fica coladinha nela, conhecida como Burg e tão importante na vida de Bruges quanto a Markt.

A praça recebeu esse nome por causa da fortaleza construída no século IX pelo primeiro conde da região de Flandres, conhecido como Baldwin Braço de Ferro. A Burg logo se tornou centro político e religioso da região.

Hoje não há mais traços da antiga fortaleza, seu lugar foi tomado por belíssimas construções. E mesmo sem a fortaleza, a praça continua tendo sua importância para Bruges, seja do ponto de vista político, seja religioso, seja para turistas ávidos em conhecer mais locais lindos nessa cidade de conto de fadas medieval.

Há uma variedade de estilos arquitetônicos na Burg, indo desdo o gótico de sempre, passando pelo renascentista e chegando ao neo-clássico. O representante do estilo gótico e mais impressionante prédio dessa praça é sem dúvida o Stadhuis, ou a prefeitura, construída em 1376, o que a torna uma das prefeituras mais antigas dos países baixos.

O Stadhuis funcionou como prefeitura por nada menos que 600 anos, adoro essa longevidade nas datas, rs, para mim é impossível não comparar com o tempo de história conhecida que temos do Brasil. Me lembro que no ano que o Brasil comemorou 500 anos (ou seja em 2000), eu visitei uma Igreja no interior da Espanha que tinha demorado exatos 500 anos para ser totalmente construída. Isso acaba nos levando a infinitas reflexões sobre nossa história…, mas enfim isso são divagações para outro post (ou até mesmo outro blog…).

Voltando ao Stadhuis, outra coisa que adoro em prédios góticos assim são as muitas estátuas e esculturas que adornam as fachadas, e nosso prédio aqui não foge disso. São lindas esculturas que dão charme e personalidade a qualquer construção. Sempre fico pensando quem eram as figuras que inspiraram as estátuas e fizeram jus a serem imortalizadas ali. No caso do Stadhuis, as esculturas representam os condes da região de Flandres e santos e outras figuras bíblicas.

Vale notar que as estátuas não são as originais, uma vez que a fachada do Stadhuis foi destruída no final do século 18. Uma perda lastimável sem dúvida, uma vez que a fachada original havia sido desenhada por ninguém menos que Jan van Eyck, um dos mais famosos pintores flamengos. Se você, assim como eu gosta de história da arte, provavelmente o conhece, ou ao menos suas pinturas. A pintura mais famosa dele é o Casal Arnolfini, uma pintura a óleo de 1434 de um comerciante rico e sua esposa que moravam em Bruges, obviamente.

Do ladinho do Stadhuis, vemos o Brugse Vrije, ou Palácio da Liberdade de Bruges. A construção em estilo renascentista é menor que o Stadhuis, mas nem por isso deixa de chamar a atenção. O palácio foi construído entre 1722 e 1727 e serviu como sede do governo até 1795. Depois o local serviu como Tribunal de Justiça por quase 200 anos. Hoje funciona como sede do Conselho Administrativo da cidade e também abriga a história de Bruges, uma vez que todos os arquivos da cidade estão guardados ali.

E agora chegamos em uma das menores construções no cantinho da praça, e no entanto uma das Igrejas mais famosas de Bruges. Estamos falando da Basílica do Sangue Sagrado, ou Basiliek van het Heilig Bloed.

A igreja, inicialmente dedicada à Nossa Senhora e São Basílio no século 12, foi transformada em basílica em 1923. A parte de baixo mantém o belo estilo românico enquanto a parte de cima segue o neo-gótico.

A Basílica é tão especial pois nela está guardada a relíquia do Sangue Sagrado. o que deu o seu nome. Se não bastasse isso, a Basílica ainda abriga várias obras de arte que, em conjunto com a relíquia, fazem valer muito a visita.

E o que é a relíquia afinal de contas? É uma relíquia da Crucificação de Jesus, um frasco contendo um pequeno pedaço de tecido que se diz estar manchado com gotas de sangue de Jesus, após ter Seu corpo lavado José de Arimatéia.

A relíquia foi trazida para Bruges pelo Conde de Flandres, Derrick de Alsace, após as cruzadas, em 1150. Ele trouxe para essa Basílica, uma vez que ele havia ajudado na sua construção.

A entrada na Basílica é gratuita. O ingresso para entrar no museu custa 2,50 euros. A Basílica fica aberta para visitação entre 9:30 as 12:30 e 14:00 as 17:30. A relíquia é exposta para adoração pelos fiéis a cada sexta-feira antes e após a missa.

A cada ano, a praça recebe cerca de 50 mil peregrinos para a procissão do Sangue Sagrado que ocorre no Dia da Ascensão. Esse é um evento milenar, registrado pela primeira vez em 1291. Na procissão, bispos e prelados carregam o santuário pelas ruas da cidade acompanhados por mais de 1800 atores representando cenas bíblicas.

Caminhando por Bruges em direção à Groten Markt

Sem dúvida, a melhor maneira de descobrir Bruges é caminhando mesmo. De preferência sem pressa, admirando a arquitetura medieval combinada com os muitos canais. E foi o que eu fiz.

Cheguei de trem em Bruges vindo de Bruxelas, há duas estações com o nome de Bruges, então é bom ter atenção para não se confundir, há a estação Bruges e a estação Bruges-Saint Pierre (ou Brugge-Sint-Pieters em neerlandês). Essa última, fica mais ao norte, em Sint-Pietersstatiedreef, no bairro Saint Pierre e, embora a distância entre as duas seja menos que 5 km, não é nessa estação que queremos descer. A estação Bruges, localizada na Stationplein 5 é a que fica mais próxima do centro histórico.

Bom, quando cheguei, o primeiro lugar em que interrompi minha caminhada foi em Oud Sint Janshospitaal, que fica a 13 minutos andando da estação. O Sint Janshospitaal, ou Hospital de São João em português, foi construído aproximadamente em 1150, o que o torna um dos hospitais mais antigos da Europa ainda preservado. As demais construções ao redor são do século XIX. O hospital foi construído para dar alojamento para peregrinos, andarilhos e vendedores ambulantes. Pessoas com doenças não contagiosas também eram aceitas.

Em 1977, o hospital foi transferido para outro prédio e hoje o local abriga um museu e outros eventos e exposições.

O museu hoje conta com várias peças de arte, instrumentos médicos e pinturas de Hans Memling, um pintor alemão que viveu a maior parte da sua vida na região de Flanders na Bélgica. Daí o seu nome de Museu Memling.

O Museu Memling é um dos menores em Brugges, mas ao mesmo tempo um dos mais interessantes por ter em sua coleção 6 pinturas de Hans Memling do século 15.

Ele abre todos os dias das 9:00 as 17:00. O ingresso custa 12,00 euros para adultos. Pessoas acima de 65 anos ou abaixo de 25 anos pagam 10,00 euros, enquanto menores de 17 anos e portadores do Museum Pass tem entrada gratuita.

A região do antigo hospital é belíssima e uma das coisas que mais me encantou foi a estátua de dois monges, conhecida como Pax. A escultura do pintor e escultor nativo de Bruges Octave Rotsaert representa dois monges dando o Beijo da Paz e foi colocada no jardim do hospital em 1947 para celebrar o fim da guerra. Uma linda escultura com uma linda história e que traz uma mensagem tão sensibilizante e atual até os dias de hoje.

Bem perto do antigo hospital, está a Onze Lieve Vrouwekerk, ou a Igreja Nossa Senhora. Com sua torre de 115,5 metros de altura, a igreja do século XIII é a construção mais alta de Bruges.

A igreja possui um grande acervo de obras de arte, e a mais famosa sem dúvida, é a Madonna e criança de 1505 esculpida por ninguém menos que Michelângelo, um dos meus artistas preferidos, se não O preferido.

É a única escultura de Michelângelo a deixar a Itália. Isso não é para qualquer um! Porém, como a igreja está constantemente em restauração, algumas obras de arte não estão acessíveis para os visitantes.

A torre da Onze Lieve é tão alta, que praticamente dá para vê-la de qualquer canto do centro histórico

A entrada na igreja é gratuita, para o museu, o ingresso é 6,00 euros para adultos. Acima de 65 anos e abaixo de 25 anos é 5,00 euros. Abaixo de 17 não paga. O horário de visitação é das 9:30 as 17:00, de segunda a sábado. Domingo a igreja abre mais tarde, às 13:30.

Continuando a caminhada, cheguei até outra igreja a apenas cerca de 240 metros da Onze Lieve, a Sint Salvatorskerkhof, ou Catedral de São Salvador. Essa é igreja paroquial mais antiga de Bruges, sendo que sua construção remonta ao século X. Inicialmente não era uma catedral até 1834, quando ganhou esse título após a destruição de Saint Donatian pelos franceses.

A igreja foi destruída por um incêndio (estava faltando algum incêndio nesse post de construções medievais né?) e reconstruída nos séculos XIII e XIV em estilo neo-gótico. Seu interior é rico e encantador. E o melhor, é permitido tirar fotos! (rs).

Esta catedral conta com alguns pontos interessantes que sem dúvida, valem a pena ver. Como por exemplo o coro gótico de 1430, o púlpito ao estilo de Luís XVI, o órgão impressionante, a capela de São Jacó com os murais do fim do século XIII até 1576, as pinturas da escola flamenga dos séculos XIV a XVII e as tapeçarias do século XVIII.

A igreja abre de segunda a sexta das 10:00 às 13:00 e das 14:00 às 17:30.

Bom, depois de passar por esses lugares tão especiais, cheguei na Groten Markt, ou a Grande Praça, situada bem no centro da cidade, mas isso fica para outro post.

Outras igrejas na região central de Bruxelas

Nem só da imponente catedral de Saint Michel et Gudula vive o turismo nas igrejas, por assim dizer, em Bruxelas. Assim como muitas e muitas capitais e cidades europeias, Bruxelas também tem muitas e muitas outras igrejas belas na região central que merecem ser visitadas.

Vou incluir algumas aqui, aquelas que visitei, mesmo que somente por fora, e que prederam minha atenção.

Começamos então por uma das mais famosas, a Église Notre Dame du Sablon, localizada na rue des Sablons, no distrito histórico de mesmo nome, na parte alta da cidade.

Como minha foto não ficou boa, por causa da chuva (e também por causa da fotógrafa…), tomei a liberdade de colocar aqui uma foto do próprio site da igreja.

A igreja foi construída no século XV no mesmo estilo gótico brabantino (variação regional do estilo gótico tradicional) da Catedral de Saint Michel et Gudula. Ela faz parte da União Pastoral do Centro de Bruxelas junto com outras cinco igrejas, dentre elas a igreja de Saint Nicolas, localizada perto da Grand Place.

Existe uma lenda ao redor dessa igreja. Diz a lenda, que uma jovem moradora de Antuérpia, teve uma visão da Virgem, que lhe pediu que levasse sua imagem para Bruxelas. A moça então foi de barco até a cidade e ao chegar lá, entregou a imagem para os arqueiros da igreja. E desde então, o local virou rota de peregrinações.

A igreja também é muito famosa pelos seus vitrais. São onze grandes vitrais que iluminam o interior da nave e rodeiam o altar.

A igreja é aberta para visitação de segunda a sexta das 9:00 às 18:30 e nos finais de semana das 10:00 às 19:00. As linhas 92 e 94 do bonde (tram), levam você até lá. Se bem que, para quem prefere caminhar como eu, dá para ir a pé da Grand Place (cerca de 1 km) ou, mais pertinho ainda, do Museu Royal de Belas Artes (Musées Royaux des Beaux Arts (apenas 209 metros) ou Museu Belvue (430 metros) .

Bom e já que estamos falando em caminhadas, vamos seguir andando pela Rue des Sablons até a Joseph Stevens para chegarmos à próxima igreja
que vale a pena mencionar, a Église Notre-Dame de la Chapelle, ou Igreja de Nossa Senhora da Capela, localizada na Place de la Chapelle, na região histórica de Marolles. É mais uma igreja gótica de Bruxelas, porém misturada com estilo românico.

A foto tirada na chuva não ajuda muito, mas mesmo assim dá para perceber a beleza arquitetônica dessa igreja, começou a ser construída em 1202, sendo terminada no século 13, o que explica a transição de estilo do românico para o gótico . Sua história, assim como a de muitas construções históricas europeias, é recheada de fases de destruição parcial, incêndios, saques e bombardeios permeadas por outras fases de reconstruções, restaurações e transformações.

Além de sua beleza imponente, a igreja é também importante para a história de Bruxelas, porque é nela que se encontra a sepultura do herói nacional, Francois Anneessens (1660-1719), que lutou pelos direitos civis e acabou sendo morto decapitado na Grand Place. Condenado à morte, François Anneessens recusou a pedir perdão, e suas últimas palavras foram: “Nunca! Eu morro inocente. Que minha morte possa expiar meus pecados e servir ao meu país”.

No local do Santíssimo Sacramento, há uma placa em sua homenagem.

Agora seguimos pelo Boulevard de L’Empereur no sentido do Mont des Arts. Aproveite para conhecer esse pedacinho lindo de Bruxelas aqui. De lá descemos até chegarmos na Putterie e logo chegamos em uma igreja que não é tão grandiosa como a Notre-Dame du Sablon ou a Catedral de Saint Michel et Gudula, mas que me chamou muito a atenção pelo seu charme, a Église de Sainte Marie Madeleine. Na verdade, eu cheguei a essa igreja vindo da Rue des Eperonniers, uma vez que ando meio em zique-zaque e não na ordem mais lógica, rs. Então vi primeiro a fachada barroca. E foi justamente isso o que me chamou a atenção.

A Sainte Marie Madeleine, assim como muitos outros monumentos dessa área, foi bombardeada e destruída em 1695, sendo reconstruída pouco tempo depois graças a doações dos padeiros da região. Ela foi restaurada para sua aparência do século 15 entre os anos 1957 e 1958. Hoje, pertence à comunidade Maranata.

A belíssima fachada barroca que tanto me chamou a atenção e me encantou, mais até que o restante da igreja, pertence à antiga capela de Sainte Anne de 1655, com a estátua de santa Ana segurando Maria ainda criança, datando do século 18. Essa capela foi demolida no começo do século 20 para a junção da ferrovia norte-midi, e sua fachada reconstruída na face norte da Sainte Marie-Madeleine.

Agora caminhamos um pouquinho mais pela rue Infante Isabelle, até a rue Marché aux Herbes, passando perto da Grand Place e Église Saint Nicolas, até chegarmos na Place de Sainte Catherine e na nossa próxima igreja, obviamente de mesmo nome, a Église de Sainte Catherine.

O curioso é que se você procurar por essa igreja na web, vai achar mais sobre os restaurantes, bares e vida social ao seu redor do que sobre a igreja propriamente dita, isso porque o bairro de Sainte Catherine é um dos mais cools de Bruxelas, com vários bares e restaurantes charmosos e convidativos. E para quem não quiser gastar os rico dinheirinho, ainda há a opção de variadas barraquinhas com diversas guloseimas.

E há uma razão para a concentração de bares e restaurantes nessa região. O local é conhecido pelos nativos como “LeVismet” ou “Marché aux Poissons” (Mercado do peixe). Isso porque entre 1884 e 1955, havia um mercado de peixes bem nessa região, que, acredite, era o antigo porto de Bruxelas.

Hoje em dia a área ainda ainda mantém seu lado gourmet e é conhecida como o melhor local para degustar os famosos frutos do mar de Bruxelas, Bem, isso para quem gosta, o que não é o meu caso.

Então… vamos deixar os frutos do mar de lado e voltar para a Sainte Catherine.

A Igreja foi construída aproximadamente em 1200 e depois ligada aos muros da cidade. Entre 1854 e 1855, a igreja foi reconstruída sob o comando de Joseph Polaert, em diversos estilos, como o gótico, mais facilmente reconhecível, o românico e o renascentista.

A Igreja de Sainte Catherine é aberta para visitação de segunda a sexta entre 9:00 e 20:00 e aos sábados e domingos entre 9:00 e 19:00. As linhas 1 e 5 do metrô passam por lá (estação Sainte Catherine).

A bela catedral de Saint Michel et Gudula em Bruxelas

Saint Michel et Gudula é a principal igreja de Bruxelas. É como um símbolo para os habitantes da cidade, conforme um deles mesmo me contou, e está localizada na praça Sainte-Gudule, a poucos passos da Galeries Royales St Hubert e bem perto da Grand Place. A igreja também está próxima ao Parc de Bruxelles. Ou seja, é praticamente impossível não encontrá-la, seja por sua localização, seja por seu imponente tamanho.

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Essa magnífica igreja combina vários estilos, desde o Romano até Gótico, sendo esse último o estilo predominante. O início da sua construção data de 1226, mas sua origem é ainda anterior a isso, provavelmente do século VIII ou IX, quando uma capela dedicada a São Miguel havia sido construída no local.

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Dois séculos depois, o então duque de Brabante, Lamberto II mandou construir uma igreja romanesca no local. Ainda no século XI, as relíquias de Santa Gudula, a padroeira de Bruxelas, foram transferidas para lá, e foi a partir de então que se se tornou conhecida como a igreja de Saint Michel et Gudula, e os dois santos, padroeiros da cidade. Até por isso que se vê estátuas de São Miguel no topo de vários prédios importantes da cidade.

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Foi Henrique I, outro duque de Brabante quem ordenou o início da construção da igreja atual que durou por nada menos que 300 anos! A igreja finalmente ficou pronta em 1519, próximo ao reinado do imperador Carlos V. Essas duas figuras importantes historicamente para Bruxelas foram as mesmas que moraram no palácio Coudenberg. O estilo gótico apareceu nessa mesma época na região e por isso ele está tão realçado na catedral.

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As dimensões da igreja refletem sua beleza e importância. São 114 metros de comprimento exterior e 109 metros de comprimento interior por 57 metros de largura. As torres possuem 64 metros de altura. A parte externa da catedral foi inteiramente construída com pedras retiradas da pedreira de Gobertange, localizada a cerca de 52 km de Bruxelas.

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Se por fora a catedral é magnífica, com todas suas estátuas de santos e pessoas importantes decorando sua fachada, seu interior não deixa por menos. Há lindos detalhes por todos os lados e vale a pena explorar cada canto dessa igreja.

O coro data de 1226 mesmo, enquanto outras partes possuem diferentes origens. Os belíssimos vitrais e os confessionários são do século XVI e o púlpito do século XVII, mais recente é o carrilhão, de 1975.

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O púlpito, esculpido por Hendrik Frans Verbruggen em 1699, é um belo exemplo da arte barroca “naturalista”. Ele retrata a queda de Adão e Eva e a Redenção, representada de acordo com a descrição de São João no livro do Apocalipse, pela Virgem sobre uma lua crescente e a cabeça coroada com doze estrelas, e o Infante perfurando a cabeça da serpente com uma longa cruz.

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Na nave da igreja há doze colunas onde estão dispostos os doze apóstolos. As expressivas estátuas barrocas foram esculpidas no século XVII por grandes escultores da época do ducado de Brabante, como Jérôme Duquesnoy o Jovem, filho de Jérôme Duquesnoy, o Ancião, o mesmo que esculpiu o Manekken Pis, Luc Faid’herbe e Tobie de Lelis

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Saint Michel et Gudula passou por uma grande restauração entre 1983 e 1999 que trouxe de volta toda a sua beleza, em especial das pedras, vitrais e abóboda. Foi durante essa restauração que foram descobertas as ruínas bem preservadas da igreja original e a cripta, ambas do século XI, em estilo romanesco.  Os espelhos colocados no sítio arqueológico permitem que os visitantes vejam as fundações da entrada da igreja de 1047, seu lado oeste, que servia como local de refúgio para os habitantes durante a Idade Média, construído por volta de 1200, a antecâmara e as fundações do arco que separava a antecâmara da nave.

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Bem, como dá para perceber, a Igreja de Saint Michel et Gudula oferece beleza arquitetônica, belos vitrais e estátuas, história, religiosidade e ruínas antigas para quem for visitá-la. Um belo símbolo e uma imponente construção para a cidade de Bruxelas. Vale muito a pena conhecer.

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Nos arredores da Grand Place

Que a Grand Place é linda ninguém discorda, mas nos seus arredores também há belas construções que valem a pena conhecer.Um exemplo é o Palais de La Bourse, onde fica a Bourse de Bruxelles, que como o próprio nome indica, é a Bolsa de Valores de Bruxelas.

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Chegar lá é muito fácil, estando na Grand Place, é só ir caminhando pela Rue de Beurre, a rua que fica ao lado do restaurante Le Roi D’Espagne. É uma rua pequena e logo do início já dá para avistar a parte de trás da Bourse de Bruxelles. Enquanto caminha por lá aproveite para se deliciar com as vitrines mais do que atrativas das lojas de chocolates. Difícil resistir à tentação de comprar alguns chocolates. Eu mesma não resisti.

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A belíssima construção do Palácio da Bolsa (Palais de La Bourse) foi levantada sobre as ruínas de um mosteiro franciscano do século XIII. É possível visitar as ruínas do convento no museu subterrâneo localizado na Rue de La Bourse.

O estilo do edifício foi inspirado no arquiteto renascentista Andrea Palladio, daí o nome de estilo neo-palladiano, muito popular nas construções públicas do século XIX.

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A principal característica desse estilo é a representação das arquiteturas antigas, com aparência de templos grego-romanos, por isso a presença de colunas coríntias e o frontão com esculturas. Na frente do Palais de La Bourse ainda há dois imponentes leões, um em cada lado da escadaria, que representam a nação. A intenção de dar grandiosidade às construções da época, em especial aquelas com funções públicas e financeiras, era para atrair a burguesia com muitos recursos. Bom não apenas os ricos investidores são atraídos pela majestade desse prédio, mas também com certeza os muitos turistas. É uma construção muito bela que chama a atenção sem dúvida e que vale a pena conhecer.

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A caminho do Palais de La Bourse, passamos pela Église Saint Nicolas, construída no século XII para os comerciantes e mercadores. Essa igreja é uma das quatro primeiras igrejas de Bruxelas, e, devido à sua proximidade com o Palais de La Bourse, ela também e conhecida como Saint Nicolas de La Bourse. Pode-se dizer que essa igreja tem uma história interessante, ou que ao menos mante-la em pé não tem sido tão fácil assim. Em 1367, uma tempestade destruiu a torre que foi reconstruída posteriormente em 1380. Porém, em 1695, ela foi bombardeada, sendo novamente reconstruída, mas, dessa vez, a estrutura da igreja ficou abalada e a torre acabou por desabar em 1714, sendo reconstruída somente em 1956. Finalmente a igreja foi completamente restaurada entre 2002 e 2006.

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Seguindo em frente pela Rue de Tabora, a rua entre o Palais de La Bourse e a igreja Saint Nicolas, chega-se ao Théâtre Royal de La Monnai ou De Munt, construído em 1700 para apresentações de balé, ópera e teatro. Na época, a construção em estilo neo-clássico foi considerada um dos teatros mais belos fora da Itália.

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É possível fazer uma visita guiada ao teatro com duração 90 minutos. A visita ocorre sempre após as 16:30 durante a semana e o dia inteiro aos finais de semana. Nos meses de julho e agosto não há visitas guiadas, uma pena, considerando que esses são justamente os meses de férias. O valor do tour é de 12,00 euros por pessoa. É gratuito para crianças abaixo de 5 anos e adultos abaixo de 30 pagam metade. O tour só ocorre se tiver um mínimo de 16 participantes e os idiomas disponíveis são francês, holandês, inglês, alemão, italiano e espanhol. Dá para reservar a visita no próprio site do teatro. Para quem não quiser pagar o ingresso, também é possível conhecer o interior do teatro em um tour virtual.

Um pouco mais afastado da Grand Place, mas perto do De Munt está outro teatro, o Théâtre Royal Flamand. Para chegar lá, basta seguir pela Rue du Fossé aux Loups, que fica à esquerda do De Munt, se você estiver de frente para ele. Vire à direita na Rue de Laeken e siga em frente até chegar na Quai aux Pierres de Taille, pronto, você chegou ao Théâtre Royal Flamand, também conhecido pela sigla KVS, feliz abreviação de Koninklijke Vlaamse Schouwburg, ou Le Théatre de Ville Bruxellois

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O KVS abriu em 1887 e era o principal teatro holandês em Bruxelas. Seu estilo flamengo neo-renascentista o deixa inconfundível. As varandas feitas de ferro dão o toque final para a beleza dessa construção. Infelizmente, parte da decoração do seu interior foi destruída por um incêndio violento em 1955. Os shows que se apresentam no KVS são todos em holandês, mas eles são legendados para aqueles que não falam esse idioma possam acompanhar. O programa varia entre dança, poesia, comédia, peças de teatro clássico e contemporâneo.

Ainda há mais lugares interessantes para se conhecer nos arredores da Grand Place, como o símbolo da cidade Manekken Pis e as Galeries Royales, mas esses ficam para o próximo post.

A região de Mont des Arts em Bruxelas

Um lugar imperdível em Bruxelas é a região de Mont des Arts, e para falar a verdade, é até difícil não passar por ali. Todas as vezes que fui à Bruxelas passei várias vezes por lá.

A região compreende uma variedade de prédios, museus, um lindo jardim e até mesmo o Palácio Real, ou Palais Royale, que falaremos em outro post. E para completar, ainda se tem uma bela vista do jardim da praça Mont des Arts.

Vista da praça Mont Des Arts

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O local foi originalmente ideia do Rei Leopoldo II que quis criar essa região dedicada às artes (Monte das Artes, como o próprio nome diz) no final do século 19. Apesar da boa intenção em relação às artes em seu país, esse rei entrou para a história como um dos piores monarcas do mundo devido à forma cruel com que tratava o povo do Congo, na época colônia da Bélgica.

Bom, histórias a parte, a verdade é que o centro cultural, que hoje conta com 10 dos maiores museus e galerias de Bruxelas, só ficou pronto 50 anos mais tarde.

O Mont des Arts fica no centro da colina existente entre o Palácio Real e a Grand Place e até mesmo por sua localização entre dois destaques da cidade que é tão fácil passar por ali várias vezes.

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Começamos então nosso tour pela Igreja Saint Jacques sur Coudenberg, que fica na Place Royale. Essa igreja, em estilo neoclássico, foi construída entre 1776 e 1787 e funciona como a catedral da diocese para as forças armadas. Não é a toa que ela lembra mais um prédio público do que uma igreja propriamente dita.

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Na frente da igreja, há um imponente pórtico Greco-romano com 6 colunas do tipo coríntias coroadas no alto por um frontão triangular, o que confirma minha impressão de prédio público. Durante a Revolução Francesa, essa igreja foi transformada em Templo da Razão e posteriormente em Templo da Lei. Em 1802, voltou a pertencer à Igreja católica.

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Não consegui conhecer a Saint Jacques sur Coudenberg por dentro, porque sempre que passava por ali, ela estava fechada. Mas de qualquer forma, vale conhecer a fachada. Na Place Royale, onde fica a igreja, bem no centro está a estátua do duque Godofredo de Bulhões, um importante nobre, líder da primeira cruzada que ocorreu em 1096.

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Continuando nosso tour em direção ao Jardim do Mont des Arts, passamos em frente a vários museus, que justificam o nome dessa região. Lembrando ainda, que bem próximo, atrás da Saint Jacques sur Coudenberg estão o sítio arqueológico Coudenberg e o museu Belvue, ambos mencionados em outro post.

Bom, o primeiro deles que encontramos na nossa caminhada é o Musée Magritteaberto em junho de 2009 para expor as obras do artista surrealista René Magritte. Eu não visitei esse museu, pois surrealismo não é uma das minhas escolas de arte preferidas. Mas para quem gosta pode ser uma boa pedida, já que o acervo do museu conta com mais de 200 trabalhos, incluindo óleo em canvas, guaches, desenhos esculturas, objetos pintados, fotografias vintages entre outros feitos pelo próprio Magritte. O museu abre de terça a sexta entre 10:00 e 17:00 e aos finais de semana entre 11:00 e 18:00. O ingresso pode ser comprado online e custa 8,00 euros.

O Musée Magritte na verdade faz parte do complexo de museus chamado Musées Royaux des Beaux Arts, formado por mais 5 museus: o Musée Fin-de-Siècle, inaugurado em dezembro de 2013, que apresenta obras das escolas do final do século 19, como impressionismo, simbolismo e art noveau; Musée Oldmasters, fundado em 1801 por ninguém menos que Napoleão Bonaparte. O acervo conta com obras do período entre os séculos 15 e 18; Musée Modern que, como o nome indica, possui obras de arte modernas e contemporâneas; e finalmente o Musée Meunier e Musée Wiertz que se localizam afastados desse complexo.

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O primeiro fica em Ixelles na casa do pintor, escultor e desenhista Constantin Meunier e conta com um acervo de mais de 700 peças. Já o Wiertz, é dedicado ao pintor, escultor e escritor Antoine Wiertz, uma figura controversa do movimento romântico na Bélgica.

Os horários de funcionamento e valores dos ingressos de todos esses museus são os mesmos do Musée Magritte, mas se comprados juntos passam a custar 13,00 euros. Ou seja, já começa a valer mais a pena para quem quiser conhecer ao menos dois museus.

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Do outro lado da rua Coudenberg, um pouco mais para frente do Magritte, está o Musée des Instruments de Musique, ou Museu de Instrumentos de Música, já mencionado no post anterior.

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Vamos descendo então a rua em direção ao Jardin de Mont des Arts. Além de um belo jardim, ainda é possível ter uma ótima vista da cidade baixa, onde vemos se destacando no horizonte, a torre mais alta do Hotel de Ville, na Grand Place.

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É nesse local que está o Carillon de Mont des Arts. O Carillon é um relógio construído em 1958 composto por 24 sinos e 12 estátuas que representam personagens importantes tanto na história quanto no folclore de Bruxellas. No alto do relógio há um personagem que bate no sino com o martelo a cada hora cheia, é o Jacquemart.

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Do lado esquerdo dos jardins está a Bibliothèque Royale fundada em 1837. O acervo da biblioteca inclui livros, periódicos, anuários e manuscritos, dentre outros itens. São mais de 200 mil mapas e 35 mil manuscritos, sendo muitos deles da Idade Média. Um sonho para amantes da leitura!

Uma coisa curiosa é que desde 1966, todo autor belga tem que depositar duas cópias de cada livro publicado no país nessa biblioteca. Um bom exemplo a ser seguido para melhorar o acesso à cultura.

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Do outro lado, fica o Square Brussels Meeting Centre, um local com cerca de 13.000 metros quadrados e capacidade para receber até 1.200 pessoas para convenções e eventos, construído em estilo contemporâneo, o que contrasta um pouco com os demais prédios da região.

Ao final do jardim, chegamos na estátua do rei Alberto I que reinou a Bélgica entre 1909 e 1934, abrangendo o período da I Guerra Mundial (1914-1918), quando 99% do território belga foi ocupado pelas tropas alemãs.

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Além de todos os museus e prédios citados, a região de Mont des Arts ainda conta com lindos prédios de arquitetura típica e também com um restaurante nas alturas. Isso mesmo, sobrevoando os jardins podemos ver o Dinner in the Sky, com capacidade para 22 convidados e de 1 a 5 chefs. O Dinner in the Sky começou em Bruxelas em 2006 e agora, 10 anos depois, ele está presente em 55 países. O almoço ocorre sempre as 12:30 e o jantar em dois horários, 19:30 e 21:30. A reserva pode ser feita no próprio site. No Brasil,o Dinner in the Sky chegou em 2009 e, assim como em Bruxelas, também é possível jantar a 50 metros do chão.

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A pé pelo centro medieval de Utrecht

Começamos nosso passeio pela Bergstraat, a caminho para o centro medieval. Nessa rua fica a igreja protestante em estilo neo clássico Westerkerk  de 1891. A bonita construção chama a atenção de quem passa na sua frente, apesar da sua fachada sisuda.

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Seguimos em frente passando pela Varkenmarkt e Rozenstraat e logo chegamos na Oudegracht. No caminho há outra igreja, a Jacobikerk, uma das quatro primeiras igrejas paroquiais da Idade Média construídas em Utrecht, as outras três são Buurkerk (chegaremos nela mais tarde), Nicolaïkerk e Geertekerk. A igreja foi construída no século XII, seguindo o estilo gótico tardio e já foi visitada por peregrinos que percorriam o Caminho de Santiago. Após a Reforma,ela passou a pertencer à igreja protestante da Holanda.

Jacobikerk

Chegamos então na Oudegracht, a rua do canal. Seu nome significa Velho Canal e é o canal mais famoso de Utrecht. Seu comprimento é de aproximadamente 2 km, sendo uma das artérias principais da cidade. Foi o local que eu mais gostei. É muito agradável caminhar pela Oudegracht. Há vários restaurantes com mesas ao ar livre para um jantar romântico com uma boa visão do canal.

Os canais, aliás, são uma atração a parte em Utrecht. Eles fazem parte de um planejamento medieval engenhoso com cais e adegas ligados sob as ruas e outras grandes adegas de armazenamento construídas sob as casas que ficam a beira do canal.

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Continuando a caminhada pela bela Oudegracht alcançamos no seu final, a Stadhuis, a prefeitura de Utrecht, localizada na Stadhuisbrug. O edifício simboliza a harmonia entre a história de Utrecht e os eventos atuais, algo que os habitantes da cidade se orgulham bastante.

A prefeitura faz parte de um complexo de prédios que é resultado de várias reformas e renovações ao longo dos anos, desde que o prédio foi construído para fins públicos em 1343. Por isso a diversidade de estilos no edifício, embora se sobressaia o estilo neoclássico, desenhado pelo arquiteto Johannes van Embden em 1830. As várias estátuas no frontão simbolizam as funções da câmara municipal: Vigilância, Justiça, Autoridade, Polícia e Fé.

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Seguindo em frente pela Minrebroederstraat, vemos a igreja Sint Willibrordus, tida por ser a igreja mais estranha de Utrecht. Isso porque é difícil conseguir visualizar a igreja inteira olhando da rua, afinal ela é quase totalmente rodeada por outras casas. Talvez seja por isso que ela é mencionada como sendo o tesouro escondido de Utrecht.

O espaço restrito acabou sendo um problema para sua construção, uma vez que nenhuma das casas poderia ser demolida. A igreja em estilo neo gótico teve então que ser desenhada como uma relativamente pequena basílica, quando comparada com outras igrejas medievais góticas, porém mais alta. Sint Willibrordus é tida como a igreja neo gótica melhor preservada da Holanda.

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Ali perto há outra igreja igualmente bela de se ver, a Jans Kerk. A combinação da fachada em estilo renascentista, a nave romanesca e o coral gótico deixa claro que essa igreja tem uma longa história. De fato, a Jans Kerk é uma das igrejas mais antigas de Utrecht, sendo que sua construção começou por volta de 1040. Em 1656, a igreja passou a ser protestante e temporiamente serviu como quartel militar para soldados russos e prussianos na guerra contra Napoleão. Hoje em dia é usada pela Comunidade Ecumênica Estudantil de Utrecht.

De frente à Igreja há uma estátua de Anne Frank. A estátua foi colocada lá em 1960 em memória daqueles perseguidos na Holanda durante a Segunda Guerra Mundial. A estátua foi adotada por uma escola primária local que ficou responsável pelos cuidados com ela.

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Vamos agora pela Domstraat até a Domplein e chegamos ao cartão postal e símbolo de Utrecht, a Domtoren. A torre é praticamente uma visita obrigatória, até porque é difícil não visualizá-la, estando no centro da cidade. Domtoren é a maior e mais antiga torre de igreja da Holanda e um marco de Utrecht. Ela foi construída entre 1321 e 1382 e tem 112 metros de altura. Na torre há nada menos que 13 sinos que pesam entre 400 e 8.165 quilos, totalizando 32.000 kg.

Domtoren não é apenas um must see para turistas, os locais também curtem subir na torre que é aberta ao público. Eu não subi, em virtude do pouco tempo que fiquei em Utrecht. Dizem que a vista lá de cima, de seu ponto mais alto, a 95 metros de altura, é ótima e que em dias claros é possível ter uma visão bem ampla do horizonte, alcançando até mesmo AmsterdamBom, quem quiser conferir se é verdade terá que subir simplesmente 465 degraus, pois não há elevadores.

A visita à torre só é permitida com guias. O tour é conduzido em holandês e inglês e fornece informações sobre a sua história. O ingresso é vendido no Tourist Information Office localizado na Domplein e custa € 9,00 (valor para adulto).

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A torre fazia parte da Domkerk, uma catedral gótica construída entre 1284 e 1520 no lugar onde antes havia uma igreja romanesca. A Domtoren, porém, foi separada da nave da catedral ao ser atingida por um tornado em 1674. Em 1572, com a influência calvinista, a igreja saiu do domínio católico e se tornou protestante. Nessa época, muito do interior da catedral foi destruído por vandalismo, o que é realmente uma pena.

Atrás da catedral há um jardim, mais um lugar de calma e refúgio em Utrecht.

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Passando por baixo da Domtoren, há uma bela escultura, de nome bem fácil, a Verzetsmonument. Melhor que o nome é como os locais a chamam: Mien com seu cone de sorvete. A estátua de 10 metros de altura foi feita em homenagem às vítimas da Segunda Guerra Mundial em geral e às da Resistência de Utrecht em particular. A escolha foi feita baseada na importância das mulheres durante o período de resistência. Nesse local, é celebrado todos os anos, o dia nacional da lembrança.

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Próximo fica a sede da mais famosa universidade da Holanda e a razão de Utrecht ser uma cidade universitária, a Academiegebouw ou Universidade de Utrecht, que fica localizada em um quarteirão da Domplein. O prédio foi construído em 1892 em comemoração ao 250º aniversário da universidade, comemorado em 1886.

Um fato interessante é que sua construção demorou cinco anos para começar devido a uma grande discussão sobre qual estilo arquitetônico adotar, se o neo-gótico, mesmo estilo da Domtoren, ou o neo-renascentista, um estilo que simbolizaria o conceito de ciência e progresso. Como o esperado o estilo mais moderno venceu e assim o prédio da academia foi desenhado em estilo neo-renascentista.

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Outra igreja também perto da Domplein é a Buurkerk, a maior e mais rica igreja paroquial de Utrecht. Seu nome significa Igreja dos cidadãos. Nela estão enterradas várias pessoas famosas e importantes da cidade. Mas assim como a Sint Willibrordus, a Buurkerk está parcialmente oculta pelas construções ao redor.

É a mais antiga dentre as quatro igrejas paroquiais medievais citadas anteriormente. Pouco restou da igreja original construída no século XI, apenas a torre de 56 metros, pois a igreja sofreu em sua história nada menos que 4 incêndios. Desde 1984, o local passou a ser sede do Museu Nacional Speelklok.

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À noite, eu acabei retornando para a Oudegracht para jantar, apreciando a calma e tranquilidade do canal. Aproveitei também para ver uma parte do Trajectum Lumen, que nada mais é do que um trecho de arte de luz pelo centro histórico de Utrecht. As obras de arte são criadas pelos mais famosos artistas de luz nacionais e internacionais, onde prédios, pontes e até becos são transformados em um espetáculo de luz todos os dias do ano, desde o momento em que as luzes se acendem até a meia noite.

Para quem quiser seguir o Trajectum Lumem completo, basta pegar o mapa no Tourist Information Office ou baixar online aqui. O tour guiado custa €10,00 e ocorre sempre aos sábados às 20:30 saindo da Domplein. O Trajectum Lumem completo é algo que com certeza farei em uma viagem de volta à Utrecht.

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Por fim, como já falei antes, vale a pena sentar em um dos restaurantes à beira do canal, seja para jantar ou para apenas uma bebida. Afinal, nada como terminar o dia saboreando uma cerveja holandesa, uma das minhas preferidas.

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As Igrejas de Amsterdam

Que a Europa é cheia de belas Igrejas para visitar não é surpresa nem novidade, sendo assim, em Amsterdam, cidade dos coffee shops e Red Light District, também há igrejas bem bonitas. Mesmo tendo na sua história um período em que professar a religião católica era proibido, as igrejas católicas foram mantidas para fins protestantes ou exposições e hoje são atrações turísticas, não importando a fé ou o motivo pelo qual a igreja ainda existe.

De Krijtberg foi a primeira igreja que entrei. Seu nome significa Montanha de Cal e é na verdade seu apelido, o nome oficial é Franciscus Xaveriuskerk ou São Francisco Xavier, um monge jesuíta. Essa Igreja Católica se localiza no Singel, um canal que circulava a cidade na Idade Média, no centro de Amsterdam.

De Krijtberg Kerk

A igreja em estilo neo-gótico foi desenhada por Wilhelm Victor Alfred Tepe, considerado um dos mais importantes arquitetos góticos dos Países Baixos no século XIX. Assim como muitas igrejas católicas de Amsterdam, ela começou como uma igreja jesuíta secreta, em 1654. A igreja clandestina foi então substituída por outra em 1677 e finalmente, a De Krijtberg Kerk foi construída no mesmo local em 1881 e inaugurada em 1883, sendo facilmente reconhecida pelas duas torres pontiagudas.

De Krijtberg Kerk

Como na época havia limitação de espaço no centro de Amsterdam, o arquiteto a desenhou com uma imponente fachada e por dentro o espaço da galeria central foi privilegiado, no lugar das galerias laterais, comuns nas igrejas católicas europeias. Hoje, é considerada uma das igrejas jesuítas mais antigas e importantes do país.

De Krijtberg

 

Sint Nicolaas Kerk, Igreja de São Nicolas, foi construída entre 1884 e 1887 na parte antiga de Amsterdam sob influências de estilo barroco e neo-renascentista. O responsável pela mistura de estilos foi o arquiteto Adrianus Bleijs. Seu nome original é Sint Nicolaas binnen de Veste que quer dizer São Nicolas dentro das muralhas, uma referência à sua localização dentro das fronteiras originais de Amsterdam. Ela fica próxima à Estação Central.

É a maior Igreja Católica da cidade. Fui várias vezes visita-la, mas sempre a encontrava fechada, isso porque ela abre somente em horários específicos durante o dia.

Em 2012, na ocasião do seu 125° aniversário, a igreja foi elevada à condição de Basílica.

Saint Nicolas Kerk

 

Oude Kerk, ou Igreja Velha, possui uma localização singular, no meio do Red Light District, o bairro onde as prostitutas ficam nas janelas a espera de seus clientes ao lado de várias casas de shows de sexo explícito. A explicação para isso é divertida, segundo os locais, o Red Light District se desenvolveu em volta da Igreja porque quando os marinheiros chegavam à Amsterdam, eles visitavam as prostitutas de noite e no dia seguinte iam à Igreja confessarem seus pecados. Então era bem conveniente que a igreja ficasse próxima aos prostíbulos. Digamos que facilitava a vida dos marinheiros. Somente em Amsterdam mesmo para ouvirmos uma explicação assim.

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A Oude Kerk é a igreja mais antiga da cidade, construída no século XIII, e hoje ela é resultado de várias mudanças e adaptações que foram sendo feitas ao longo dos anos. A igreja foi bem danificada em dois incêndios ocorridos em 1421 e 1452 e também pela ação de vândalos fanáticos que atacaram seu interior quando Amsterdam assumiu como religião oficial o protestantismo em 1578.

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Após essa data, a igreja foi confiscada e usada para fins protestantes. Hoje ainda preserva a torre do sino original e algumas janelas de vidro. A torre oferece uma boa vista da cidade. A esposa de Rembrandt está enterrada nesse local.

Hoje em dia não é mais uma Igreja e sim um local de exposições de quadros, uma vez que perdeu sua importância para a Nieuwe Kerk ou Igreja Nova.

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Interior em estilo neo gótico da Oude Kerk

Um dos quadros em exposição na Oude Kerk
Um dos quadros em exposição na Oude Kerk

Begijnhof não é uma igreja, mas trata-se também de um lugar com significado religioso. O local me chamou a atenção durante o o Walking Tour que fiz. Enquanto ouvíamos as histórias que o guia americano falava, uma porta me chamou a atenção. Terminado o tour, voltei ao local e decidi abrir a porta. Qual foi minha surpresa ao, após atravessar um pequeno corredor, me deparar com um local tão agradável.

Porta que dá acesso ao Begijnhof. Passando na frente ninguém imagina que há um belo átrio lá dentro
Porta que dá acesso ao Begijnhof. Passando na frente ninguém imagina que há um belo pátio lá dentro

Begijnhof é na verdade um pátio construído em 1346. Ali viviam as Beguines, mulheres católicas que escolheram uma vida de convento e frequentemente com voto de castidade. A última morreu em 1974 e sua casa, a de número 26, foi preservada intacta. A de número 34 é a casa mais antiga, sendo do século 15.

Fachada de madeira da casa mais antiga, do século XV
Fachada de madeira da casa do século XV, a mais antiga do Begijnhof

Existe uma Igreja no local, a Engelse Kerk, construída também no século XV, no entanto, no período de proibição da religião católica, essa igreja também foi tomada pelos protestantes e as Beguines celebravam a missa em um igreja clandestina dentro da casa oposta à Engelse Kerk.

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Um lugar de paz no meio da agitação de Amsterdam

Hoje ainda há pessoas que moram mesmo no local e há uma cerquinha para evitar a entrada de estranhos nessas casas. Begijnhof é um local de paz e tranquilidade em plena agitação de Amsterdam, vale a pena visitar e passar um tempo desfrutando da paz do lugar.

Casas que compõem o Begijnhof
Casas que compõem o Begijnhof

 

Bom, a próxima igreja eu não sei o nome dela, na verdade tirei essa foto pois, o que mais me chamou a atenção foi o fato de ter uma loja de sapatos bem ao lado da igreja. Um bom exemplo da falta de espaço que existe em Amsterdam. De fato, eles estão usando lixo para deixar o solo mais duro e dessa forma poderem construir mais casas, já que a cidade não tem mais para onde crescer em virtude do mar e dos canais existentes.

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Museu Museu Amstelkring – Our Lord in the Attic – em Amsterdam

Amstelkring era um dos museus que eu mais queria conhecer em Amsterdam, desde que vi na televisão um documentário sobre a cidade em que esse museu era citado. Desde então, achei sua história interessante e cativante e fiquei bem curiosa para ver de perto.

Museu Amstelkring, Ons’ Lieve Heer Op Solder, ou em inglês “Our Lord in the Attic”, “Nosso Senhor no Ático”, fica em uma casa do século 17 e faz parte dos Canalmuseums, museus existentes em casas construídas à beira dos canais de Amsterdam.

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Sua história envolve não apenas a história da própria cidade e suas casas de canais como também a fé de uma família proibida de expressar sua religião em público.

Em 1578 Amsterdam adotou o protestantismo e proibiu a religião católica. Quase 100 anos depois, em 1661 Jan Hartman, um comerciante, comprou esta casa. Ele e sua família viviam no térreo e, como era oficialmente proibido pelas autoridades protestantes rezar missas em Amsterdam, ele converteu o sótão em uma Igreja católica secreta.

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Imagens, esculturas e pinturas barrocas fazem parte do acervo do museu

Relíquias religiosas
Relíquias religiosas em exposição no porão da casa

Em 1888 a casa se tornou um museu, um dos mais antigos do país. Nesse ano, um grupo de católicos de Amsterdam, que se autointitulavam de “De Amstelkring” (algo como o círculo Amstel, nome que derivou Amsterdam), salvou o prédio da demolição e o abriu para o público.

É a única igreja católica secreta que conserva ainda seu estado original. A igreja foi construída entre 1661 e 1663 no alto da casa juntamente com mais 2 casas adjacentes. O ponto alto é o altar em estilo barroco. A igreja foi desenhada para dar uma ilusão de espaço criada pela combinação da arquitetura, esculturas e pinturas. Hoje em dia ainda é usada para missas especiais, casamentos e concertos. O órgão, construído especialmente para essa igreja em 1794 ainda funciona.

www.sacred-destinations.com

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O museu é adorável, com a mobília original e peças de arte do século 17, refletindo o estilo da época, o classicismo holandês. Em vários cômodos também há pinturas de artistas holandeses retratando principalmente passagens da Bíblia.

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No porão há peças religiosas como imagens de estilo barroco e outras relíquias. Existe um pequeno confessionário no segundo andar, construído no século 18. Também existem duas cozinhas mobiliadas conforme os séculos 17 e 19 com lindos azulejos brancos com desenhos azuis variados no meio.

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Detalhe dos azulejos das cozinhas dos séculos 17 e 19
Detalhe dos azulejos das cozinhas dos séculos 17 e 19

Foi um dos lugares que mais gostei de visitar na cidade. Hoje em dia não é mais permitido tirar fotos dentro do museu. Ainda bem que não era quando fui.

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Amstelkring abre de segunda a sábado das 10:00 as 17:00. Domingos e feriados abre mais tarde, as 13:00.

O valor do ingresso é €10,00 (adulto). A entrada é gratuita para os portadores dos cartões Museumkaart, ICOM, Rembrandtkaart, Holland Pass Voucher, I Amsterdam City Card e Stadspas. O audioguia está incluso no ingresso, disponível nos idiomas inglês, holandês, francês, espanhol, alemão, italiano e russo.

Berliner Dom – A catedral de Berlim

O primeiro lugar que visitei em Berlim foi a Berliner Dom, uma catedral belíssima, construída em estilo barroco entre 1894 e 1905. Ela fica localizada na ilha do rio Spree, também conhecida como Ilha Museu. Pode-se avista-la de longe, devido ao seu tamanho generoso.

Na minha opinião é um lugar que deve com certeza ser visitado quando se está em Berlim.

Essa bela catedral existente hoje é na verdade a terceira igreja construída no local.

A primeira igreja foi construída em 1465. O prédio serviu mais tarde de igreja da corte para a família Hohenzollern. Posteriormente, a igreja foi substituída por uma catedral construída entre 1745 e 1747 em estilo barroco, desenhada por Johann Boumann.

Mais tarde para celebrar a união das comunidades luteranas da Prússia, a catedral foi remodelada para um edifício neoclássico entre 1816 e 1822, pelo arquiteto Karl Friedrich Schinkel.

Foto Wikipedia

Por fim o Imperador Guilherme II ordenou que a cúpula da catedral fosse demolida em 1894 e substituída pela atual existente. A catedral resultante tinha uma construção baroca com influência do renascimento italiano.

A igreja modificada por Julius Raschdorff possuía então 114 metros de comprimento e 73 metros de largura. Muito maior do que qualquer um dos edifícios anteriores, a catedral foi considerada uma resposta protestante para a Basílica de São Pedro em Roma.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Berliner Dom foi atingida por uma bomba de que danificou severamente a maior parte da catedral.

Um telhado temporário foi instalado para proteger o que restou do interior.

Apesar de os planos do governo da Alemanha Oriental para demolir o prédio, felizmente em 1975, a igreja foi reconstruída.

A restauração do interior começou em 1984 e em 1993 a catedral foi reaberta. Durante a reconstrução, o desenho original foi modificado para uma forma mais simples.

Fonte: A View on Cities

Se por fora a Berliner Dom é deslumbrante, seu interior consegue suplantar ainda mais as espectativas.

A catedral é ricamente trabalhada com vitrais magníficos emoldurando sua grandiosidade e história. O altar principal data de 1850.

O ticket  custa 5 euros e dá direito a visitar o interior da igreja, o museu na parte superior, o mausoléu e o domo.

Um dos itens mais interessantes do interior  da Berliner Dom é o órgão de tubos , construído por Wilhelm Sauer em 1905.

O magnífico órgão possui mais de 7.000 tubos.

Do alto do domo, tem-se um vista deslumbrante de Berlim. A subida de 270 degraus é compensada não apenas pela vista da cidade mas também por uma visão mais completa do interior da catedral.

Durante a subida, existem alguns lugares para descanso com fotos e um pequeno museu com objetos históricos.

Na cripta da Berliner Dom encontra-se mais de 80 sarcófagos da realeza prussiana. As tumbas mais trabalhadas são de Frederick I e da rainha Sofia.

Sem dúvida, a Berliner Dom é um lugar de oração belo e impressioante que merece ser visitado com calma e respeito.

Catedrais e Igrejas de todo o mundo

Este post apresenta um pequeno resumo das catedrais e igrejas que já visitei. Ele é atualizado constantemente com novas informações ou novas igrejas.

Alemanha

Berliner Dom. Berlim. Belíssima catedral protestante construída em estilo barroco, com influência do renascimento italiano, entre 1894 e 1905. A catedral existente hoje é na verdade a terceira igreja construída no local. Dá para subir no domo e visitar o mausoléu real prussiano. Mais detalhes no post: Berliner Dom – A catedral de Berlim.

Catedral de Colônia. Colônia. Em alemão Kölner Dom. Igreja católica de estilo claramente gótico, sendo o marco principal da cidade e seu símbolo não-oficial. É dedicada a São Pedro e à Virgem Maria. A catedral está incluída na lista de patrimônio histórico da UNESCO, onde é descrita como “trabalho excepcional do gênio criativo humano”. O local recebe cerca de 30 mil  visitantes por dia. É uma das igrejas góticas mais lindas que visitei e também uma das maiores do mundo. Mais detalhes no post: A catedral de Colônia.

Dinamarca

Marmorkirken, Copenhague. A igreja em estilo barroco de Frederick, ou igreja de mármore, como é popularmente conhecida. Possui o maior domo da Escandinávia (embora no restante da Europa existam outras 3 igrejas maiores). O domo se apóia sobre 12 colunas.Sua construção se deu em 1749, sendo a primeira pedra colocada pelo próprio rei Frederick V. Porém a igreja só ficou pronta em 1894. Durante 150 anos a igreja permaneceu em ruínas, como consequência, o plano original de construi-la inteiramente em mármore teve que ser modificado. A Marmorkirken é uma construção imponente que chama a atenção até mesmo do turista mais distraído. Seu interior também é digno de cuidadosa atenção. Com certeza, é um lugar que não pode deixar de ser visitado em Copenhague.

Vor Frue Kirken, Copenhague. Seu nome significa Igreja de Nossa Senhora. O local já era sede de outra igreja desde 1209, porém  a igreja original foi destruída em um bombardeio em 1807. A nova catedral existente hoje foi construída em estilo neoclássico sendo inaugurada em 1829. O interior da catedral forma um ambiente de paz e tranquilidade com belas esculturas.

Noruega

Mariakirken, Bergen. Igreja estilo romanesco, é a construção mais antiga de Bergen (século XII), funcionando como igreja no período entre 1408 a 1766.

Oslo Domkirke, Oslo. Catedral construída em estilo barroco em 1697.Quando eu fui, em 2008, estava fechada para reformas, mas agora já está aberta novamente ao público. A parte de trás da catedral é rodeada pelo Bazaar (Basarene ved Oslo Domkirke), um edifício com uma torre coberta de verde metálico, assim como a Catedral.

Suécia

Klara Kyrka, Estocolmo. Igreja fundada no século 13 em homenagem à Santa Clara. Se localiza na rua Klara Östra Kyrkogata. Quando a visitei tinha um coral cantando, o que resultava em um clima muito agradável dentro da Igreja. Seu interior é ricamente trabalhado.

Riddarholmen, Estocolmo. Igreja conhecida por abrigar os requintados túmulos dos monarcas suecos há 700 anos. Parte dela data do século 13, mas a maior parte, construída com tijolinhos, é do século 16.

Sankt Jacobs kyrka, Estocolmo. Dedicada ao Apóstolo São Tiago Maior, padroeiro dos viajantes. A igreja oferece missas em sueco e inglês. Foi fundada em 1643 e se localiza bem no centro de Estocolmo, perto do parque popular Kungsträdgården, da Kunglia Operan e da praça Gustaf Adolf torg. A construção da igreja levou muito tempo para ser concluída e, como consequência, inclui uma ampla gama de estilos arquitetônicos, como gótico, renascentista e barroco.