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Ah, os canais de Bruges

Sem dúvida, há várias maneiras de conhecer Bruges, a pé, obviamente, de carruagem, de bicicleta, mas o clássico dos clássicos sem dúvida é pelos canais. Afinal, os canais de Bruges são um charme a mais.

Como comentei em outro post, Bruges faz parte da “lista de cidades” conhecidas como Veneza do Norte. Isso devido exatamente aos seus canais, pontes e o rio Reie, de cujas margens a cidade se originou.

A duração do passeio de barco é de meia hora. Ou seja, são 30 minutos que proporcionam um olhar único sobre a cidade ao custo de 10,00 euros por adulto. Um custo-benefício que vale muito a pena.

Os passeios são sempre os mesmos sendo 5 pontos de desembarque: Huidenvettersplein 13, próximo da Basiliek van het Heilig Bloed (Basílica do Sangue Sagrado), Rozenhoedkaai e Wollestraat 32, ambos pertinho da ponte com a estátua de São João Nepomuceno, Nieuwstraat 11, a poucos metros da Onze Lieve Vrouwekerk, e finalmente, Katelijnestraat 4, ao lado do Sint Janshospitaal .

Todos muito fáceis de serem localizados.

Devido à legislação de Bruges, somente 20 barcos podem cruzar os canais ao mesmo tempo.

Os passeios de barco ocorrem diariamente entre março até a metade de novembro entre 10:00 e 18:00, sendo o último horário de embarque às 17:30. Os barcos não são cobertos, mas em caso de chuva, são disponibilizados guarda-chuvas para os passageiros azarados.

Depois da Groten Markt, é a vez da Burg. Mais uma praça importante e bela de Bruges

Depois de conhecer a Groten Markt, fui para outra praça que fica coladinha nela, conhecida como Burg e tão importante na vida de Bruges quanto a Markt.

A praça recebeu esse nome por causa da fortaleza construída no século IX pelo primeiro conde da região de Flandres, conhecido como Baldwin Braço de Ferro. A Burg logo se tornou centro político e religioso da região.

Hoje não há mais traços da antiga fortaleza, seu lugar foi tomado por belíssimas construções. E mesmo sem a fortaleza, a praça continua tendo sua importância para Bruges, seja do ponto de vista político, seja religioso, seja para turistas ávidos em conhecer mais locais lindos nessa cidade de conto de fadas medieval.

Há uma variedade de estilos arquitetônicos na Burg, indo desdo o gótico de sempre, passando pelo renascentista e chegando ao neo-clássico. O representante do estilo gótico e mais impressionante prédio dessa praça é sem dúvida o Stadhuis, ou a prefeitura, construída em 1376, o que a torna uma das prefeituras mais antigas dos países baixos.

O Stadhuis funcionou como prefeitura por nada menos que 600 anos, adoro essa longevidade nas datas, rs, para mim é impossível não comparar com o tempo de história conhecida que temos do Brasil. Me lembro que no ano que o Brasil comemorou 500 anos (ou seja em 2000), eu visitei uma Igreja no interior da Espanha que tinha demorado exatos 500 anos para ser totalmente construída. Isso acaba nos levando a infinitas reflexões sobre nossa história…, mas enfim isso são divagações para outro post (ou até mesmo outro blog…).

Voltando ao Stadhuis, outra coisa que adoro em prédios góticos assim são as muitas estátuas e esculturas que adornam as fachadas, e nosso prédio aqui não foge disso. São lindas esculturas que dão charme e personalidade a qualquer construção. Sempre fico pensando quem eram as figuras que inspiraram as estátuas e fizeram jus a serem imortalizadas ali. No caso do Stadhuis, as esculturas representam os condes da região de Flandres e santos e outras figuras bíblicas.

Vale notar que as estátuas não são as originais, uma vez que a fachada do Stadhuis foi destruída no final do século 18. Uma perda lastimável sem dúvida, uma vez que a fachada original havia sido desenhada por ninguém menos que Jan van Eyck, um dos mais famosos pintores flamengos. Se você, assim como eu gosta de história da arte, provavelmente o conhece, ou ao menos suas pinturas. A pintura mais famosa dele é o Casal Arnolfini, uma pintura a óleo de 1434 de um comerciante rico e sua esposa que moravam em Bruges, obviamente.

Do ladinho do Stadhuis, vemos o Brugse Vrije, ou Palácio da Liberdade de Bruges. A construção em estilo renascentista é menor que o Stadhuis, mas nem por isso deixa de chamar a atenção. O palácio foi construído entre 1722 e 1727 e serviu como sede do governo até 1795. Depois o local serviu como Tribunal de Justiça por quase 200 anos. Hoje funciona como sede do Conselho Administrativo da cidade e também abriga a história de Bruges, uma vez que todos os arquivos da cidade estão guardados ali.

E agora chegamos em uma das menores construções no cantinho da praça, e no entanto uma das Igrejas mais famosas de Bruges. Estamos falando da Basílica do Sangue Sagrado, ou Basiliek van het Heilig Bloed.

A igreja, inicialmente dedicada à Nossa Senhora e São Basílio no século 12, foi transformada em basílica em 1923. A parte de baixo mantém o belo estilo românico enquanto a parte de cima segue o neo-gótico.

A Basílica é tão especial pois nela está guardada a relíquia do Sangue Sagrado. o que deu o seu nome. Se não bastasse isso, a Basílica ainda abriga várias obras de arte que, em conjunto com a relíquia, fazem valer muito a visita.

E o que é a relíquia afinal de contas? É uma relíquia da Crucificação de Jesus, um frasco contendo um pequeno pedaço de tecido que se diz estar manchado com gotas de sangue de Jesus, após ter Seu corpo lavado José de Arimatéia.

A relíquia foi trazida para Bruges pelo Conde de Flandres, Derrick de Alsace, após as cruzadas, em 1150. Ele trouxe para essa Basílica, uma vez que ele havia ajudado na sua construção.

A entrada na Basílica é gratuita. O ingresso para entrar no museu custa 2,50 euros. A Basílica fica aberta para visitação entre 9:30 as 12:30 e 14:00 as 17:30. A relíquia é exposta para adoração pelos fiéis a cada sexta-feira antes e após a missa.

A cada ano, a praça recebe cerca de 50 mil peregrinos para a procissão do Sangue Sagrado que ocorre no Dia da Ascensão. Esse é um evento milenar, registrado pela primeira vez em 1291. Na procissão, bispos e prelados carregam o santuário pelas ruas da cidade acompanhados por mais de 1800 atores representando cenas bíblicas.

Groten Markt, o centro da cidade e do turismo de Bruges

A Groten Markt, ou Grand Place ou Grande Praça, ou simplesmente Markt, é tudo em Bruges. É o centro da cidade, o centro da vida social, o centro do turismo, o centro de tudo, enfim. Não tem como fazer uma visita a Bruges, mesmo que por um dia, e não passar umas boas horas na Groten Markt. E foi exatamente isso que fiz. Fiquei um bom tempo por lá, admirando a arquitetura, o número de turistas, o movimento, resumindo o tudo do centro de tudo.

A praça é pequena, apenas 1 hectare, mas acredite, você vai querer permanecer por lá mais tempo do que imagina. Seja para descansar da caminhada enquanto aprecia as construções, seja para tirar muuuuitas fotos, seja para conhecer de perto as construções e suas histórias.

Na Groten Market conversei com um casal de idosos americanos que estavam felizes por fazer turismo fora dos Estados Unidos e com uma senhora nativa que me falou com toda a sinceridade, que a Bélgica e, principalmente Bruges, eram uma maravilha, um local seguro e traquilo e o que estragava eram os imigrantes! Não pude deixar de perguntar a ela de quais imigrantes ela estava falando. Afinal, quando se é turista em um local você também é um estrangeiro, assim como os imigrantes. A senhora acabou me respondendo que ela se referia aos mulçumanos, pois em sua opinião, os costumes deles não condiziam com os da Bélgica. Não é de se estranhar que após algum tempo de prováveis conflitos sociais aconteceram os ataques terroristas na Bélgica.

Como dizia meu antigo professor de francês, há alguns anos atrás, o problema social dos imigrantes muçulmanos, negligenciado pelo governo (ou nas palavras deles, totalmente ignorado) ainda iria acabar explodindo de alguma forma. Na época ele se referia obviamente à França, mas sabemos como termina (ou ainda não termina) essa questão.

Mas enfim, vamos voltar à Groten Markt e todo o seu encanto.

A construção que domina a praça é o Belfry, ou o campanário. Afinal durante séculos ele foi o principal edifício de Bruges. E é impossível não ficar impressionado com sua torre de 83 metros de altura que começou a ser erguida em 1282 e foi finalizada apenas em 1482. Como a torre sofreu inúmeros incêndios em sua história, ela só foi finalizada, com menor risco de incêndio, em 1822. Pelo bom turismo em Bruges, esperamos que o campanário continue livre de incêndios.

O Belfry, na minha opinião é bonito, mas também esquisito. Explico melhor, sem dúvida sua torre chama a atenção, mas quando se compara com o resto da construção, ou seja sua parte baixa, a impressão que dá é que a construção é desproporcional, o que dá um aspecto desajeitado. De qualquer forma, talvez seja justamente isso que dá ao campanário o seu charme, e principalmente seu aspecto único rs.

Dá para subir na torre para ter uma vista da cidade, mas para isso é preciso subir 366 degraus. A torre também possui um carrilhão com 47 sinos. O ingresso custa 8,00 euros e o horário de visitação é entre 9:30 e 17:00.

Em frente ao campanário, no meio da praça, está a estátua de 1887 dois heróis locais, Pieter de Coninck, da associação de tecelões, e Jan Breydel, da associação dos açougueiros de Bruges. Esses dois heróis lideraram as forças rebeldes flamengas contra os franceses na batalha conhecida como Golden Spurs ou Batalha das Esporas Douradas.

Essa batalha é relembrada até hoje sendo o dia escolhido como feriado nacional da comunidade flamenga na Bélgica. A batalha também foi romantizada no livro The Lion of Flanders de Hendrik Conscience, um escritor belga. Infelizmente não existe versão em português, apenas em inglês. Confesso que fiquei com vontade de ler esse livro, mas ele terá que entrar na lista de livros que desejo ler e que nunca consigo fazer diminuir (lista cresce exponencialmente inversa ao tempo livre para leitura).

A estátua dos dois heróis é mais lembrada pela batalha do que pelo massacre que a antecedeu, liderado também pela dupla. O ocorrido ficou conhecido como Bruges Matins, ou a Matina de Bruges, onde os rebeldes mataram todos os de língua francesa que não conseguissem pronunciar as palavras flamengas “schild en vriend” escudo e amigo. Toda essa história ajuda a explicar também o porquê dos nativos relutarem em falar francês, que é afinal um dos idiomas oficiais do país.

Continuando, do lado esquerdo de quem está de frente ao Belfry, ou do lado leste da praça, para quem gosta de informações mais certinhas, rs, está o belíssimo prédio da Provinciaal Hof ou Corte Provincial, construído em estilo neo-gótico em duas fases (1887-1892 e 1914-1921).

Esse prédio parece ter saído daquelas miniaturas de cidades de conto de fadas, ou de cenário de presépio medieval. Sim, ele parece de brinquedo, um brinquedo em tamanho real que deixa a praça ainda mais bonita e atraente.

O prédio do lado esquerdo foi construído originalmente pra ser a residência do governador, mas nunca foi usado para isso. Hoje ele abriga vários escritórios públicos. Já do lado direito funciona o correio.

E do lado oposto da praça estão as charmosas e encantadoras casas flamengas em estilo neo-clássico. Essas casas eram as residências dos ricos comerciantes de Bruges na sua época de principal posto comercial da região

É da Groten Markt que sai o passeio de charrete pela cidade, com exceção de quarta-feira de manhã, em que a saída é na Burg devido à feira que ocorre na Markt. Devo confessar que adoro esses passeios. Adoro charrete! E, é claro, esse tipo de passeio em Bruges, vendo a paisagem medieval misturada com os canais ao som do trote do cavalo, além de relaxante, é mágico.

Nossa cocheira era super simpática, fomos conversando e ela explicando alguns pontos da cidade. O passeio dura 30 minutos. O valor é meio salgado, são 50 euros por charrete, mas se forem em mais pessoas, dá para dividir o valor. Cabem até 5 pessoas na charrete. De qualquer forma, vai muito pelo gosto. Mesmo aqui no Brasil, sempre que posso faço esses passeios. E em uma cidade medieval se torna mais especial ainda.

Caminhando por Bruges em direção à Groten Markt

Sem dúvida, a melhor maneira de descobrir Bruges é caminhando mesmo. De preferência sem pressa, admirando a arquitetura medieval combinada com os muitos canais. E foi o que eu fiz.

Cheguei de trem em Bruges vindo de Bruxelas, há duas estações com o nome de Bruges, então é bom ter atenção para não se confundir, há a estação Bruges e a estação Bruges-Saint Pierre (ou Brugge-Sint-Pieters em neerlandês). Essa última, fica mais ao norte, em Sint-Pietersstatiedreef, no bairro Saint Pierre e, embora a distância entre as duas seja menos que 5 km, não é nessa estação que queremos descer. A estação Bruges, localizada na Stationplein 5 é a que fica mais próxima do centro histórico.

Bom, quando cheguei, o primeiro lugar em que interrompi minha caminhada foi em Oud Sint Janshospitaal, que fica a 13 minutos andando da estação. O Sint Janshospitaal, ou Hospital de São João em português, foi construído aproximadamente em 1150, o que o torna um dos hospitais mais antigos da Europa ainda preservado. As demais construções ao redor são do século XIX. O hospital foi construído para dar alojamento para peregrinos, andarilhos e vendedores ambulantes. Pessoas com doenças não contagiosas também eram aceitas.

Em 1977, o hospital foi transferido para outro prédio e hoje o local abriga um museu e outros eventos e exposições.

O museu hoje conta com várias peças de arte, instrumentos médicos e pinturas de Hans Memling, um pintor alemão que viveu a maior parte da sua vida na região de Flanders na Bélgica. Daí o seu nome de Museu Memling.

O Museu Memling é um dos menores em Brugges, mas ao mesmo tempo um dos mais interessantes por ter em sua coleção 6 pinturas de Hans Memling do século 15.

Ele abre todos os dias das 9:00 as 17:00. O ingresso custa 12,00 euros para adultos. Pessoas acima de 65 anos ou abaixo de 25 anos pagam 10,00 euros, enquanto menores de 17 anos e portadores do Museum Pass tem entrada gratuita.

A região do antigo hospital é belíssima e uma das coisas que mais me encantou foi a estátua de dois monges, conhecida como Pax. A escultura do pintor e escultor nativo de Bruges Octave Rotsaert representa dois monges dando o Beijo da Paz e foi colocada no jardim do hospital em 1947 para celebrar o fim da guerra. Uma linda escultura com uma linda história e que traz uma mensagem tão sensibilizante e atual até os dias de hoje.

Bem perto do antigo hospital, está a Onze Lieve Vrouwekerk, ou a Igreja Nossa Senhora. Com sua torre de 115,5 metros de altura, a igreja do século XIII é a construção mais alta de Bruges.

A igreja possui um grande acervo de obras de arte, e a mais famosa sem dúvida, é a Madonna e criança de 1505 esculpida por ninguém menos que Michelângelo, um dos meus artistas preferidos, se não O preferido.

É a única escultura de Michelângelo a deixar a Itália. Isso não é para qualquer um! Porém, como a igreja está constantemente em restauração, algumas obras de arte não estão acessíveis para os visitantes.

A torre da Onze Lieve é tão alta, que praticamente dá para vê-la de qualquer canto do centro histórico

A entrada na igreja é gratuita, para o museu, o ingresso é 6,00 euros para adultos. Acima de 65 anos e abaixo de 25 anos é 5,00 euros. Abaixo de 17 não paga. O horário de visitação é das 9:30 as 17:00, de segunda a sábado. Domingo a igreja abre mais tarde, às 13:30.

Continuando a caminhada, cheguei até outra igreja a apenas cerca de 240 metros da Onze Lieve, a Sint Salvatorskerkhof, ou Catedral de São Salvador. Essa é igreja paroquial mais antiga de Bruges, sendo que sua construção remonta ao século X. Inicialmente não era uma catedral até 1834, quando ganhou esse título após a destruição de Saint Donatian pelos franceses.

A igreja foi destruída por um incêndio (estava faltando algum incêndio nesse post de construções medievais né?) e reconstruída nos séculos XIII e XIV em estilo neo-gótico. Seu interior é rico e encantador. E o melhor, é permitido tirar fotos! (rs).

Esta catedral conta com alguns pontos interessantes que sem dúvida, valem a pena ver. Como por exemplo o coro gótico de 1430, o púlpito ao estilo de Luís XVI, o órgão impressionante, a capela de São Jacó com os murais do fim do século XIII até 1576, as pinturas da escola flamenga dos séculos XIV a XVII e as tapeçarias do século XVIII.

A igreja abre de segunda a sexta das 10:00 às 13:00 e das 14:00 às 17:30.

Bom, depois de passar por esses lugares tão especiais, cheguei na Groten Markt, ou a Grande Praça, situada bem no centro da cidade, mas isso fica para outro post.

Bruges, o melhor trem saindo de Bruxelas (ou o melhor de Bruxelas)

O título desse post é uma piada a respeito dos muitos comentários negativos que ouvi sobre Bruxelas. Antes de me aventurar pela capital da Europa pela primeira vez, perguntei algumas dicas para conhecidos que já haviam visitado ou morado em Bruxelas.

O que mais ouvia era “Bruxelas é ótimo, você pode ir lá e pegar o trem para Bruges

“Mas… e Bruxelas, o que você tem a me dizer de lá?”

“Então, você vai para lá e pega o trem para Bruges!”

E assim continuavam as muitas dicas sobre Bruxelas. Como já escrevi nos posts anteriores, eu realmente gostei muito da capital belga e, sendo assim, o tempo não me permitiu pegar o melhor trem logo de cara. Apenas na minha segunda viagem à Bélgica que consegui incluir Bruges no meu roteiro.

E realmente, Bruges não decepciona. Essa palavra aliás nem deveria estar na mesma frase que Bruges, rs. A cidade é de fato um encanto, um charme, um conto de fadas medieval muito bem preservado. Já deu para ver que eu me apaixonei por Bruges, assim como tenho certeza que muitos, se não todos, os que tem a felicidade de conhecer essa linda cidadezinha, situada na região flamenga do país, também se apaixonaram.

É muito fácil fazer um bate e volta na cidade a partir de Bruxelas, foi o que eu fiz. Mas imagino que se hospedar por lá tenha sim o seu charme. Na verdade, só de pensar já me dá vontade de fazer isso em uma próxima vez, rs.

Saindo de Bruxelas pela estação Bruxelles-Midi, em um sábado por exemplo, há vários horários de trem que cobrem entre 6:03 a 9:00, com duração entre 0:57 e 1:04. Ah, eu adoro essa precisão nos horários de trem na Europa….

Se você clicar no site da Eurail Pass, verá as muitas opções de horários saindo também das demais estações. Mesmo da estação mais longe, a viagem não durará mais que 1 hora e 15 minutos. Para quem vai de carro, o tempo pode variar conforme as paradas, mas não será muito mais que isso, afinal são apenas 96,6 km. Bom, eu fui de trem porque curto muito as viagens de trem, além de não ter que me preocupar com estrada e, principalmente, estacionamento em cidades históricas.

E Bruges é uma cidade histórica! Como já mencionei é uma cidade medieval e teve seu centro histórico tombado como patrimônio mundial pela UNESCO, em 2000.

Além de tudo isso, Bruges ainda foi eleita a capital cultural da Europa em 2002, ao lado de Salamanca, da Espanha.

Não é à toa, que em seu livro 1000 Lugares para Conhecer Antes de Morrer, Patricia Schultz define a cidade como um lugar onde o relógio parou alguns séculos atrás.

Essa linda cidade medieval na região de Flandres tem apenas 117 mil habitantes. É conhecida como Veneza do Norte por causa dos canais que cortam a cidade. Fazendo um parênteses aqui, são tantas cidades que se intitulam como Veneza do Norte que fica até difícil saber qual a “verdadeira cópia” da inigualável Veneza.

Como Bruges fica na região flamenga, o idioma dominante lá não é o francês e sim o neerlandês ou flamengo, que é mais parecido com o holandês (possuem a mesma origem) . Essa questão do idioma parece ser bem sensível para eles. Quando cheguei na estação de trem, pedi informações a um senhor que encontrei. Perguntei a ele se poderia falar francês lá e ele me respondeu sorrindo e de maneira bem simpática que eu poderia sim falar francês com qualquer um e as pessoas me responderiam educadamente, mas que se ele falasse francês, os nativos seriam rudes com ele pelo simples fato dele ser belga, e que portanto deveria saber que naquela região o idioma oficial é o neerlandês e não o francês.

Interessante essa questão de cultura não é? Ouvi coisa semelhante na França, uma senhora me falou que eu poderia falar francês errado e que as pessoas entenderiam, mas que se ela falasse errado e trocasse os pronomes Vous (tratamento mais formal) por Tu (tratamento mais informal), isso seria visto como uma grande falta de educação. E ela me disse isso justamente para me dar a liberdade de trata-la como Tu e não Vous, embora, nessa época eu só soubesse conjugar os verbos para o pronome vous, rs.

Bom, enfim, seja para falar francês, inglês, neerlandês ou até mesmo o portunhol amigo; seja para fazer bate e volta ou para curtir mais alguns dias; seja para apreciar arte e história ou para andar em seus canais; seja para ser o único motivo para ir à Bruxelas ou mais um motivo, não importa, Bruges sempre será uma ótima opção, uma linda cidade que com certeza agradará a todos os gostos.

Para saber mais:

Visit Bruges

Discover Bruges

Visit Flanders