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Outros lugares para se conhecer em Berlim

É sempre interessante caminhar por Berlim. Pode-se ter várias surpresas com artistas de rua, pessoas fantasiadas à carater para fotos (incluindo algumas fantasias de mau gosto como as que fazem referência aos soldados de guerra) e pontos de interesse nem sempre descritos nos mapas.

Aqui vou descrever apenas mais alguns lugares que compensa visitar, mas com certeza vão ficar faltando muitos outros pontos interessantes.

Performista imitando um mendigo bêbado. O "mendigo" soltava um arroto cada vez que alguém lhe dava uma moeda. Arghhh, que mau gosto, mas que é engraçado, isso não dá para negar...

Alexanderplatz

Essa praça é bem conhecida. No início do século 19, a Alexanderplatz foi uma das mais movimentadas praças em Berlim. Já na Idade Média, era o centro da cidade e, desde a reunificação de Berlim, a grande praça voltou a ser o centro da cidade. Seu nome se deve ao czar russo Alexandre I, que visitou Berlim em 1805.

Na verdade, tive que ir até a Alexanderplatz logo no meu segundo dia em Berlin. Na noite anterior, eu queimei o carregador da bateria da máquina fotográfica por pura distração. Era 110 e eu liguei no 220… Resultado, no dia seguinte tive que comprar outro carregador.

A Fernsehturm na Alexanderplatz vista da janela do avião

No próprio albergue me indicaram como lugar mais perto a loja Saturn, que fica na Alexanderplatz. Essa loja, aliás é muito boa para quem quiser comprar eletrônicos em Berlim, pois encontra-se de tudo e o preço é convidativo.

Fernsehturm
É na Alexanderplatz que se encontra a torre de TV, conhecida como Fernsehturm, uma das maiores estruturas na Europa. A altura total até o topo da torre é de 365 metros. Quem vai para Berlim de avião, já consegue visualizar essa torre mesmo do lado de dentro, antes de aterrisar.

A Fernsehturm foi construída em 1969 por uma equipe de arquitetos, com a ajuda de especialistas suecos. Aliás, os suecos parecem ser bem entendidos do assunto, afinal em Estocolmo há a bela torre Kaknastornet, de 155 metros.

A Fernsehturm contém um eixo de concreto, uma enorme esfera de metal e uma antena de TV. Quando foi inaugurada, a torre era o orgulho da República Democrática da Alemanha. Na época, o local era usado para exibir filmes de propaganda comunista com o objetivo de promover a qualidade de vida na Berlim Oriental.

A moderna arquitetura da torre de TV Fernsehturm na Alexanderplatz

Hoje em dia, a Fernsehturm é uma das atrações mais populares Berlim. Os elevadores existentes na base da torre levam os turistas para a grande esfera. Lá em cima há um mirante que permite uma bela visão de 360 ​​graus de Berlim de uma altura de cerca de 203 metros.

Dependendo das condições climáticas pode-se  ter uma visibilidade de até 40 km. Acima da plataforma há o restaurante giratório Telecafé, onde pode-se comer e beber alguma coisa a uma altura de 207 metros.

A torre é aberta à visitação diariamente de março a outubro das 9:00 até meia noite e de novembro a fevereiro das 10:00 até meia noite. O ingresso custa 11,00 euros para adultos e 7,00 euros para crianças e adolescentes até 16 anos.

Potsdamer Platz

Se do lado oriental temos a Alexanderplatz, do lado ocidental da cidade há também outra praça bem famosa de Berlim. É a Potsdamer Platz, um local moderno, que foi totalmente remodelado após a reunificação. É a região onde hoje, empresas como Sony, Mercedez Bens, DaimlerChrysler e outras têm suas matrizes. Há também um shopping center gigante, o Potsdamer Platz Arkaden, um cinema 3D-IMAX, um cassino e o Sony Center.

Modernidade na Potsdamer Platz, onde antes era considerado "terra de ninguém"

A Potsdamer Platz é considerada como uma jóia da arquitetura moderna, uma fênix renascida das cinzas do pós guerra. Antes considerada uma “terra de ninguém” após a divisão de Berlim, hoje é uma região moderna, movimentada e bastante agradável.

Na Potsdamer Platz também há pedaços do Muro de Berlim e marcas no chão mostrando o local por onde o muro passava.

Pedaços do Muro de Berlim ainda estão presentes na Potsdamer Platz

Rotes Rathaus

Esta impressionante construção é a prefeitura de Berlim. Foi desenhada por Hermann Friedrich Waesemann, cuja inspiração veio dos edifícios da Renascença italiana, porém a torre da Rotes Rathaus é uma reminiscência da catedral gótica de Laon, na França.

A construção se deu entre 1861 e 1869. As paredes feitas de tijolo vermelho foram as responsáveis pelo nome dado à Câmara Municipal (prefeitura vermelha, em alemão), porém o nome também seria adequado à orientação política dos prefeitos que a construíram.

Mistura de estilos renascentista e gótico na construção da Rotes Rathaus

O edifício tem um friso conhecido como a “crônica de pedra”, que foi acrescentado em 1879. Esse friso mostra cenas e figuras da história da cidade e do desenvolvimento da sua economia e ciência.

Assim como a maioria das construções de Berlim, a Rotes Rathaus foi seriamente danificada durante a Segunda Guerra Mundial. Após a reunificação da Alemanha, o prédio voltou a ser a prefeitura da cidade.

Friedrichswerdersche Kirche

Essa é uma bela igreja construída em 1830 no estilo neo gótico. A Friedrichswerdersche é uma obra-prima de Karl Friedrich Schinkel, o renomado arquiteto da Prússia responsável por grande parte das belas construções presentes na Unter den Linden, pela reforma da Berliner Dom, pelo Altes Museum e pela ponte Schlossbrücke. Esta última é a que fica mais perto da Friedrichswerdersche Kirche.

Friedrichswerdersche Kirche, a bela igreja neo gótica de Karl Friedrich Schinkel, vista do topo da Berliner Dom.

A igreja possui uma exposição permanente sobre a vida e obra de Schinkel e seus contemporâneos Johann Gottfried Schadow Christian e Daniel Rauch. Na nave encontra-se a coleção de esculturas do século 19, o trabalho de Schinkel e sua vida são mostrados no piso superior.

Oranienburger Strasse

Um lugar agradável para caminhar, com várias lojas, restaurantes e barzinhos é a Oranienburger Strasse, no lado oriental, perto da Museumsinsel. À noite, o local fica bem movimentado, sendo que a rua possui fama de ser o centro da cultura alternativa de Berlim.

Além dos agitados barzinhos, algumas construções chamam a atenção, como por exemplo, o Postfuhramt um grande e elegante edifício de tijolos localizado na esquina com a rua Tucholskystraße. Foi originalmente construído no século 19 como um estábulo para os cavalos que distribuíam a correspondência.

Sua fachada imponente lembra mais um palácio do que uma sede do correio. Atualmente ele é usado como local para exposições, principalmente de fotografia. A galeria é chamada de C|O Berlin.

A imponente fachada do Postfuhramt

Outra construção famosa na Oranienburger Strasse é a Neue Synagoge (Nova Sinagoga). Ela foi construída entre 1859 e 1866 como a principal sinagoga da comunidade judaica de Berlim. Sua inauguração contou com a presença de Otto von Bismarck, o então ministro presidente da Prússia, em 1866. Na época era a maior sinagoga da Europa, com 3.200 lugares.

Durante o século 19, Berlim começou a se tornar uma importante metrópole na Europa e muitos judeus provenientes do Império Otomano começaram a se estabelecer na cidade. A origem turca dos imigrantes judeus explica o porquê da influência moura e semelhança com o Alhambra em Granada na arquitetura da Neue Synagoge. Todo esse conjunto torna a sinagoga um importante monumento arquitetônico da segunda metade do século 19, em Berlim.

Neue Synagoge na Oranienburger Strasse

Nem precisa falar que o edificio gravemente danificado, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. A sinagoga foi saqueada, profanada e incendiada por nazistas em 1938, após foi fortemente danificada pelos bombardeios dos Aliados em 1943, incendiada por berlinenses em 1944 e demolida pelos alemães do leste comunista na década de 1950.

A sinagoga hoje existente é uma reconstrução feita por volta dos anos 80, resultando em uma mistura exótica de estilos.

Hoje em dia, a sinagoga funciona principalmente como um museu, com exposição sobre a história do edifício e dos seus fiéis e fragmentos de arquitetura e mobiliário originais.

É aberta a visitação domingo e segunda-feira das 10:00 às 20:00, terça-feira a quinta-feira das 10:00 às 18:00 e sexta-feira das 10:00 às 17:00 (abril a setembro) ou das 10:00 às 14:00 (outubro a março). A sinagoga é fechada aos sábados e no feriado judeu Yom Kippur.

A visita guiada dá uma idéia do tamanho da sinagoga original e da dimensão de sua destruição.

Pergamonmusem, o museu mais famoso da Ilha dos Museus

O Pergamonmuseum é uma das principais atrações de Berlim. Foi construído entre 1910 e 1930, o edifício foi um dos primeiros na Europa projetado especificamente para abrigar grandes exposições de arquitetura. Ele foi o último dos 5 museus a ser construído na Museumsinsel e também o último que visitei em Berlim.

Fachada do Pergamonmuseum. Ao fundo está o Bodemuseum

Pergamonmuseum é um dos museus de antiguidades mais famosos da Europa. O museu foi concebido com um conceito de “Três asas” (Dreiflügelanlage). Ele abriga três museus distintos: o Antikensammlung (Coleção de Antiguidades Clássicas), ocupando os salões de arquitetura e a ala de esculturas, o Museum Vorderasiatisches (Museu do Antigo Oriente Médio) e o Museum für Kunst Islamisches (Museu de Arte Islâmica).

A reconstrução monumental de sitios arqueológicos como o Altar de Pérgamo, a Porta do Mercado de Mileto e a Porta de Ishtar, incluindo a Via Processional da Babilônia e a fachada Mshatta, tornou o Pergamonmuseum mundialmente famoso.

A grande riqueza das suas coleções é o resultado de muitas escavações realizadas em larga escala por arqueólogos alemães no início do século 20 na Grécia e Oriente Médio.

Coleção de Antiguidades Clássicas

A coleção de antiguidades romanas e gregas de Berlim (Antikensammlung) teve início durante o século 17. Crescendo sempre de forma constante, a coleção foi aberta para visitação pública em 1830, inicialmente no Altes Museum, e a partir de 1930, no recém construído Pergamonmuseum.

Uma das salas do Museu de Antiguidades Clássicas do Pergamonmuseum com a fachada do Templo de Atenas

O ponto alto da coleção é, sem dúvida, o magnífico Altar de Pérgamo, que deu origem ao nome do museu. O altar pertencia à acrópole da antiga cidade grega de Pérgamo, na Ásia Menor (atual Bergama, Turquia). O altar exibido é uma parte de um complexo exuberantemente restaurado para ser abrigado no museu.

O incrível Altar de Pérgamo reconstruído na sala principal da Coleção de Antiguidades Clássicas

Eu fico imaginando como trouxeram todas as partes desse imenso altar para Berlim, como foi a negociação e como transportaram tudo isso na época. Esse mesmo altar foi reconstruído na exposição do Museu de Arte Brasileira da Faap em 2006 São Paulo.

Supõe-se que o altar tenha sido construído para celebrar uma vitória de guerra na época do rei Eumenes em 170 A.C. Provavelmente foi dedicado a Zeus e a deusa da guerra Atenas. O altar foi descoberto pelo arqueólogo alemão Carl Humann que, após longas negociações, conseguiu transportar partes do altar que haviam resistido à deterioração para Berlim. Dá para pensar como o altar devia ser belo durante seu auge em Pérgamo.

Detalhe do friso do Altar de Pérgamo

O friso maior do altar conta a batalha dos deuses contra os gigantes, enquanto o pequeno narra a história de Telephos, suposto fundador da cidade e filho do herói Hercules. Na época isso era uma tentativa de reivindicar uma ascendência ilustre para os príncipes de Pérgamo.

Só para ter uma idéia de seu tamanho, o friso levou mais de 20 anos para ser remontado a partir dos milhares de fragmentos descobertos em Bergama.

A coleção também inclui peças de outras estruturas de Pérgamo do mesmo período, incluindo a parte do templo de Atenas.

Outras peças trazidas de Pérgamo

Também há alguns excelentes exemplares de escultura grega, originais e cópias romanas, assim como muitas estátuas dos deuses gregos desenterradas em Mileto, Samos e Nakosos, além de vários exemplos da arte da cerâmica grega.

Esculturas muito bem conservadas fazem parte do grande acervo do Pergamonmuseum

A bela arquitetura romana é representada pelo portão do mercado da cidade romana de Mileto, na costa ocidental da Ásia Menor. O portão data do século 2 D.C. e mostra uma forte influência helenística.

Descoberto por uma expedição de arqueólogos alemães, foi transportado para Berlim, onde foi restaurado em 1903.

Detalhe do sárcofago de mármore romano do século 2 DC mostrando a história de Medéia

Também em exposição estão uma série de magníficos mosaicos romanos e sarcófagos. Um dos sarcófagos de mármore do segundo século D.C. é bem impressionante. Ele é todo decorado com entalhes delicados em baixo-relevo representando a história da heroína grega Medéia.

Alguns dos mosaicos expostos no Museu de Antiguidades Clássicas do Pergamonmuseum

Museu do Antigo Oriente Médio

A coleção de Antiguidades no Museu do Antigo Oriente Médio (Vorderasiatisches Museum) foi constituída inicialmente de doações individuais de alguns colecionadores. No entanto, foram as escavações de grande sucesso, que começaram durante a década de 1880, que formaram a base de uma das coleções mais ricas do mundo.

Esta seção do museu, fundada em 1899, abriga cerca de 100 mil itens dos locais de escavações alemãs, o que resultou em mais de 6000 anos de história cultural da Mesopotâmia, Síria, Anatólia, Babilônia, Assur, Uruk e Habuba Kabira.

São peças da arquitetura, escultura e ourivesaria da Babilônia, Irã e Assíria. A peça mais famosa e impressionante é a magnífica Porta de Ishtar e a Via Processional que leva até a Porta. Eles foram construídos durante o reinado de Nabucodonosor II (604-562 A.C.), na antiga Babilônia.

A Porta de Ishtar no Museu do Antigo Oriente Médio no Pergamonmuseum

A avenida original era de cerca de 180 m de comprimento. Muitos dos belos tijolos de vidro, em tom azul brilhante, utilizados na sua reconstrução são novos, mas os leões, animais sagrados da deusa Ishtar, são todos originais.

Embora seu tamanho seja impressionante, a Porta de Ishtar não foi, na verdade, reconstruída totalmente. Só a porta interior está em exposição, enquadrada por duas torres. Decorando a porta há dragões e touros, símbolos dos deuses da Babilônia, Marduk, patrono da cidade, e Adad, o deus das tempestades.

Detalhe dos desenhos da Porta de Ishtar

Outras peças famosas incluem os relevos e esculturas em pedra encontrados ao redor de um portão do castelo de Zincirli (antiga Sam’al, séculos 10 e 9 A.C.), e, como exemplo das primeiras arquiteturas de monumentos religioso, há uma fachada feita de mosaicos multicoloridos de argila de Uruk (4 º milênio A.C.).

As inscrições cuneiformes em tabletes de argila encontrados em Uruk e que datam do quarto milênio A.C. são igualmente importantes um vez que documentam o sistema mais antigo de escrita da humanidade.

Peças encontradas nas escavações feitas na região do Oriente Médio

O mobiliário de um templo dedicado à deusa assíria Ishtar do 3 º milênio A.C. fornece um mostra sobre o sistema de crenças religiosas da Mesopotâmia. Toas as peças que compõem o o acervo do museu ilustram a importância da região do Oriente Médio como o berço da cultura antiga e ocidental.

Museu da Arte Islâmica

Esse museu mostra a arte dos povos islâmicos desde o século 8 até o século 19. A história do Museu de Arte Islâmica (Museum für Kunst Islamisches) começa em 1904, quando Wilhelm von Bode doou sua extensa coleção de tapetes orientais.

Beleza e riqueza da arte islâmica

Além dos tapetes, também foi doada a imponente fachada de um palácio no deserto da Jordânia, a Fachada Mshatta de 45 metros, coberta com revestimento de pedra calcária e muito bem esculpida, datando do período Omíada (661 a 750).

A fachada, na verdade foi um presente do Sultão otomano Abdul Hamid para o imperador Guilherme II em 1903.

A Fachada Mshatta construída com função de defesa do palácio da Jordania

Também fascinante é o Mihrab do século 13 feito na cidade iraniana de Kashan conhecida por sua cerâmica. Ele é ricamente trabalhado e coberto com diferentes esmaltes metálicos que o fazem brilhar como se fosse decorado com safiras e ouro.

Mihrab é um termo que designa um nicho ou reentrância em uma parede em uma mesquita como função de indicar a direção da cidade de Meca, para onde os mulçumanos se orientam quando realizam as cinco orações diárias.

Beleza do Mihrab ricamente trabalhado

As obras de arte também incluem artesanatos e livros de arte. O conjunto abrange uma área que vai da Espanha até a Índia, com ênfase no Oriente Médio, incluindo Egito e Irã.

Além disso há, é claro, a belíssima coleção de muitos tapetes vindos de lugares como Irã, Ásia Menor, Egito e Cáucaso.

Um dos muitos livros de arte expostos no Museu de Arte Islâmica do Pergamonmusem
Um exemplar dos belos e mundialmente famosos tapetes orientais

Finalizando a visita, temos mais um exemplo da arquitetura otomana provincial, a famosa sala de recepção do início do século 17 conhecida mundialmente como Sala de Aleppo Zimmer. Esta sala fazia parte da casa de um comerciante cristão na cidade síria de Aleppo.

Sala de Aleppo Zimmer

O Pergamonmuseum fica na Bodestraße 1-3, na Museumsinsel, no bairro central Mitte. Para chegar lá pode-se pegar o U-Bahn/S-Bahn números 1, 2, 3, 4, 5, 13, 15 ou 53. O museu abre de terça a domingo das 10:00 às 18:00. Nas quintas feiras, o Pergamonmuseum fica aberto até às 22:00. É fechado nas segundas feiras.

O ticket de entrada custa somente 8,00 euros para adultos. A entrada é grátis para crianças e adolescentes até 16 anos e também no primeiro domingo de cada mês.

O museu oferece tours guiados e audio tours em alemão, inglês, francês, italiano, espanhol, japonês, grego e polonês. Também há audio tours em turco.

É permitido tirar fotos desde que não se use o flash ou tripés.

Mais informações:

www.smb.museum

www.museumsinsel-berlin.de

A arte do século 19 na Alte Nationalgalerie em Berlim

A Alte Nationalgalerie em Berlim faz parte do complexo formado por 5 museus na Museumsinsel. Ela abriga uma das mais importantes coleções de arte do século XIX da Alemanha.

Estão em exposição obras primas da escola Romântica alemã, pinturas de vários impressionistas e uma extensa coleção de esculturas. São mais de 140 obras primas de artistas como Caspar David Friedrich, Karl Friedrich Schinkel, Ferdinand Waldmüller, Adolph Menzel, Edouard Manet, Claude Monet, Paul Cézanne, dentre outros.

Beleza da arquitetura neoclássica da Alte Nationalgalerie

Logo de início já se impressiona com a arquitetura do museu construído entre 1866 e 1876. A Alte Nationalgalerie é mais um exemplo do neoclassicismo alemão, porém com alguns toques do estilo neo-renascentista.

O edifício é rodeado por um pátio com várias colunas com algumas estátuas espalhadas. A bela arquitetura da Alte Nationalgalerie pode ser apreciada por vários ângulos. O prédio se destaca na Ilha dos Museus, sendo claramente visível a partir das margens do rio.

A escadaria monumental existente na frente fornece um pedestal para a estátua equestre de Friedrich Wilhelm IV, o rei da Prússia responsável por todo o conceito da Museumsinsel, que levou mais de um século para ser concluída.

Estátua equestre de Friedrich Wilhelm IV na frente da Alte Nationalgalerie

 

Todo o desenho da Alte Nationalgalerie foi feito buscando fazer com que o resultado fosse uma magnífica construção  dedicada à celebração das artes e das ciências.

Para quem visita o museu, não resta dúvidas de que o projeto foi bem sucedido.

Detalhe do frontão da Alte Nationalgalerie

Esculturas

No primeiro andar podemos ver obras como as esculturas do período  neoclássico e pinturas da escola realista. Logo na entrada tem-se uma ampla sala com as esculturas classicistas.

Esta ala é designada como Arte na Época de Goethe, um forte defensor da escola neoclássica na Alemanha. A coleção é formada por lindas esculturas em mármore, sendo que a maioria retrata figuras da mitologia grega.

Pinturas

As pinturas estão espalhadas pelos 3 andares do museu. São pinturas belíssimas distribuídas pelas salas temáticas. Pode-se ouvir a explicação de cada uma delas com o guia eletrônico adquirido na entrada.

Primavera nas Florestas de Viena de Ferdinand Georg Waldmüller (1864)

No primeiro andar estão pinturas realistas. No segundo andar também há obras realistas, um estilo fortemente representado nesse museu, e também idealistas e impressionistas. No terceiro andar estão as pinturas classicistas e românticas.

Pinturas realistas retratando momentos da história da Prússia

Eu particularmente tenho um carinho especial pela Alte Nationalgalerie, pois foi lá que pude conhecer as obras magníficas de Adolph Menzel, um pintor realista alemão. Ele foi um dos mais importantes pintores do século XIX da Alemanha.

Menzel participou ativamente da história prussiana, pintando quase 400 ilustrações retratando momentos importantes da história do país.

Adolph Menzel também produziu obras sobre momentos da vida cotidiana. Uma de suas pinturas favoritas minhas é Quarto da Varanda, um quadro belíssimo, com um realismo fantástico e uma sensibilidade apaixonante.

Dá para sentir o vento batendo na cortina. Todo o ambiente nos convida a sentar e sentir a suave brisa que entra pela porta.

Quarto na Varanda de Adolph Menzel (1845)

As obras de Adolph Menzel estão espalhadas pelos 3 andares do museu.

Sejam telas grandes, que ocupam quase toda a parede, ou telas pequenas dispostas discretamente em algum canto da sala, todas as suas pinturas chamam a atenção.

Seja pelo realismo perfeitamente retratado nos detalhes ou na gradiosidade dos momentos históricos registrados por suas pinceladas. Não importa, suas obras são dignas de admiração e respeito.

O Quarto do Artista na Ritterstrabe de Adolph Menzel (pintura a óleo, 1847)

Os pintores franceses também estão muito bem representados. Há obras de Monet, Manet, Degas, Renoir, Cézanne, Delacroix, Corot e Courbet.

Uma das pinturas que me chamou muito a atenção foi o quadro de Gustave Coubert chamado A Onda. O artista consegue mostrar com perfeição todo o movimento do mar mesmo que tenha utilizado poucas cores.

O movimento e a vividez não residem apenas nas ondas do mar agitado, mas também nas nuvens acima delas. Sem sombra de dúvida uma tela magnífica.

A Onda de Gustave Coubet (óleo sobre canvas, 1869)

Outro belo quadro que atraiu minha atenção logo que entrei na sala foi A Ilha da Morte de Arnold Böcklin.

A pintura foi concebida como um sonho e é exatamente essa a impressão que ela nos causa. Somos envolvidos pela aura mística e atemporal do quadro.

É uma das obras mais famosas de Böcklin. A simetria do desenho da ilha e seu reflexo nas águas, a luz do entardecer e o estranho funeral contribuíram sem dúvida para sua fama e captaram a imaginação de muitos admiradores.

De alguma forma, ele me faz lembrar do livro As Brumas de Avalon, como se a Morgana estivesse retornando para Avalon levando o corpo do irmão Artur morto.

A Ilha da Morte de Arnold Böcklin (pintura a óleo, 1883)

Para quem gosta de pinturas, eu recomendo muito que visite a Alte Nationalgalerie quando estiver em Berlim. As salas repletas de telas grandes ou pequenas merecem ser desfrutadas com tempo e calma.

O conjunto de cores distribuídas harmoniosamente entre pinceladas fortes e decididas ou suaves e sensíveis, os fatos históricos retratados ou momentos da vida captados pelos olhos dos artistas com maestria nos encantam e emocionam.

Eu penso que faz bem para nossa alma e espírito visitar um lugar repleto de obras, sejam elas majestosas ou singelas, um lugar onde podemos respirar arte e sensibilidade.

A Alte Nationalgalerie abre das 10:00 às 18:00. Nas quintas feiras, o museu fica aberto até as 22:00. Nesse dia a entrada é gratuita para todos os museus da Museumsinsel (Ilha dos Museus). O Museu fecha nas segundas feiras.

O ingresso custa 8,00 euros. Há desconto para estudantes. A entrada é pela Bodestraße.

Visitando a Nefertiti em Berlim

Na primeira vez que fui ao Altes Museum, cheguei antes do museu abrir ao público. Estava tão ansiosa para ver de perto o busto de Nefertiti que acordei bem cedinho, tomei rapidinho meu café acompanhado de croissant com muita nutella e sai logo para o museu.

Chegando lá, vi que o museu ainda estava fechado. Não tive outra alternativa senão sentar na escadaria e aguardar pacientemente os funcionários abrirem as portas. Aproveitei o tempo para gravar o som das badaladas da Berliner Dom.

Altes Museum visto da Berliner Dom

Enquanto aguardava, mais pessoas foram chegando.

É uma situação até engraçada, pois as pessoas ficam do lado de fora observando os funcionários do lado de dentro. Estes permanecem imóveis esperando irritantemente que o relógio marque 10 horas em ponto para que eles abram as portas.

Entrada do Altes Museum na Lustgarten

Já da segunda vez que visitei o Altes Museum, a situação foi inversa. Entrei no museu próximo da hora de encerramento. Não me importei com a hora avançada, a Nefertiti merecia outra visita.

Fiquei na ala egípcia até o encerramento oficial do museu. Nessa hora apareceram vários seguranças andando lado a lado e levando todas as pessoas que estivessem na frente em direção à saída. Para ser sincera me deu a sensação de estar sendo levada para algum campo de concentração. Na verdade, não é muito agradável ser escoltada por 6 seguranças alemães até a saída. No entanto, não posso negar que eles eram bem mais simpáticos que os seguranças do Museo del Prado de Madri.

Equação da relatividade em frente ao Altes Museum

Museu

O Altes Museum foi construído entre 1823 e 1830.  É uma das obras mais importantes na arquitetura do Classicismo, sendo o projeto de autoria de Karl Friedrich Schinkel, o mesmo arquiteto responsável por grande parte das construções presentes na Unter den Linden e outros locais importantes de Berlim.

A estrutura interna construída é de grande praticidade, a idéia da planta foi concebida pensando no museu como uma instituição de ensino aberto ao público.

A disposição monumental das 18 colunas caneladas de estilo jônico por toda a frente do museu, a grande extensão do átrio, o pavilhão central (uma referência explícita ao Panteão em Roma) e a grande escadaria lateral são todos os elementos arquitetônicos que, até então, eram reservados apenas para os edifícios mais majestosos da cidade.

Planta do térreo. As salas se dividem mostrando arte grega de Creta, Micenas, Olímpia, Samos, Mileto, Corinto, Aegina, Lacônia, Beócia e Atenas

O museu foi originalmente construído para abrigar todas as coleções da arte de Berlim. O Altes Museum é o lar da bela Coleção de Antiguidades Clássicas desde 1904. A Colecão exibida possui peças gregas, incluindo a tesouraria no piso térreo do Altes Museum.

O pavilhão central é composto por magníficas estátuas de deuses gregos. Toda essa ala é gratuita para o visitante. Pode-se entrar e admirar cada uma das muitas estátuas gregas sem necessariamente ter que comprar o ingresso para o museu.

Pavilhão central no piso térreo do Altes Museum, acesso gratuito ao público

Passando a ala do pavilhão central, chega-se às salas com exposições temáticas de obras gregas que incluem esculturas em pedra, barro e bronze. Além disso também há vasos de cerâmica, prataria e moedas.

Para conhecer todas essas salas é necessário comprar o ingresso para o museu, que é vendido ao lado direito da entrada. Também pode-se alugar o guia eletrônico disponível em vários idiomas.

Com o guia em mãos, basta olhar o número de cada obra e digitar no teclado do guia para ouvir a explicação.

Os muitos vasos gregos encontrados nas escavações

Vasos para todos os lados

Todo esse andar é voltado para peças da gregas trazidas de Atenas, Creta, Micenas, Olímpia, Samos, Mileto, Corinto, Aegina, Lacônia e Beócia.

Alguns exemplos de moedas gregas

A arte romana também está presente, embora em menor número. A coleção é composta por poucas peças incluindo esculturas de César e Cleópatra, sarcófagos, mosaicos e afrescos.

Relevo em um sarcófago típico

Museu egípcio

No piso superior encontra-se o Museu Egípcio (Ägyptisches Museum e Papyrussammlung) com uma área total de 1300 m². O passeio através da exposição mostra a continuidade e a mudança na cultura egípcia antiga com mais de quatro milênios.

Planta do segundo andar: 1 - Esculturas, 2 - Período de Amarna, 3 - Nefertiti, 4 - História Cultural, 5 - Sudão Antigo, 6 - Coleção de Papiros, 7 - Mundo Inferior e 8 - Deuses

As salas apresentam uma rica coleção de belíssimas peças egípcias. O passeio começa com uma apresentação da escultura egípcia, passando pelo período Amarna, que corresponde ao período do reinado de Akhenaton, na Décima Oitava Dinastia.

A arte amarna desenvolvida nessa época é visivelmente diferente do estilo da arte egípcia mais convencional.

Faraó Akhenaton e sua rainha Nefertiti, responsáveis por implantar no Egito uma nova religião monoteísta

Na ala oeste do museu estão as salas com outras peças egípcias, do Sudão antigo e a a bela Coleção de Papiros, com clássicos da literatura egípcia antiga.

A exposição termina com as salas dedicadas ao Mundo Inferior e aos deuses do panteão egípcio.

Nefertiti

No centro da exposição está o busto magnífico da rainha Nefertiti, a esposa de Akhenaton, durante a XVIII Dinastia.

Pouco se sabe sobre os primeiros anos da vida de Nefertiti,  os estudiosos têm contemplado se ela realmente era da linhagem real. Algumas evidências sugerem que ela foi casada com Akhenaton como a filha de um alto funcionário durante o reinado de Amenhotep III. Da mesma forma, o debate continua sobre se Nefertiti era, na verdade, a mãe real de Akhenaton e sua esposa, ao mesmo tempo. O mistério da origem de Nefertiti promete continuar sendo um grande tópico de pesquisa.

A vida no reinado de Akhenaton estava longe de ser pacífica para a rainha e seu faraó. Foi no reinado de Akhenaton que a reforma religiosa teve lugar. Akhenaton mudou a forma da religião egípcia drasticamente.

A religião deixou de ser politeísta para se tornar monoteísta, tendo como único deus Aton, o disco solar. Esse ato levou o faraó a ser considerado um herege.

Nefertiti é talvez uma das rainhas mais conhecida do Egito. Seu nome significa “a bela chegou”. Não foi a toa que ela ficou famosa por sua beleza e elegância.

Seu busto foi um ícone para muitas mulheres e muitas linhas de cosméticos. Sociedades em todo o mundo adotaram a rainha como um símbolo da verdadeira beleza.

Alguns historiadores dizem que Nefertiti seria a mulher mais bonita do mundo (até mesmo que Cleópatra?). Bom, o que quer que as pessoas digam sobre ela, uma coisa é verdadeira, Nefertiti continuará por muito tempo ainda a a ser conhecida por sua beleza.

Reinado de Nefertiti

Seu reinado, ao lado de Akhenaton, foi diferente da forma tradicional que até então tinha tido lugar no Egito. Nefertiti era mais do que apenas uma rainha típica e ajudou a promover a política e o pensamento de Akhenaton.

A duração de seu reinado foi de apenas 12 anos, mas ela foi, talvez, uma das rainhas mais poderosas. Como rainha, Nefertiti assumiu funções poderosas, destacando-se no Egito de uma forma que somente os faraós egípcios haviam feito. Nefertiti se mostrava ao povo egípcio em grau de igualdade com Akhenaton, incluindo até mesmo funções de sacerdotiza.

Não se sabe ao certo o que aconteceu com a rainha, ela permanecerá para sempre um mistério. Seu corpo nunca foi encontrado. Possivelmente ele foi escondido pelos sacerdotes egípcios em algum lugar debaixo das areias.

Informações gerais

O Altes Museum abre diariamente das 10:00 as 18:00. Nas quintas feiras, o museu fica aberto até as 22:00. Nesse dia a entrada é gratuita para todos os museus da Museumsinsel (Ilha dos Museus).

O ingresso custa 8,00 euros. Há desconto para estudantes. A entrada é pela praça Lustgarten.

Para quem quiser ir de metrô para o Altes Museum, basta pegar o descer na estação do Hackescher Markt.

O Museu Egípcio ficou em exibição no Altes Museum no piso superior de agosto de 2005 até 2009, quando então foi transferido para o  Neues Museum um dos 5 museus existentes na Museumsinsel.

Hoje em dia existe muita pressão do Egito para que o museu devolva o Busto de Nefertiti ao seu país de origem. Porém o Altes Museum se nega a restituí-lo ao Egito. Afirmam que o museu é visitado anualmente por mais de 1 milhão de pessoas e que o busto deve ficar em um local onde todos possam vê-lo.

Essa é uma discussão que dá muito o que falar. Se todos os museus europeus devolvessem suas antiguidades, “levadas” de vários sítios arqueológicos, aos países de origem, muitos deles iriam à falência…

Museumsinsel, a Ilha dos Museus em Berlim

A Museumsinsel (Ilha dos Museus) é formada por um conjunto de 5 museus que somam 100 anos da arquitetura e bem mais ainda de história e arte.

Os museus que formam a Museumsinsel são o Bode-museum, Pergamonmuseum, Neues Museum, Altes Museum e Alte Nationalgalerie. Fica localizada no centro de Berlim, entre os rios Spree e Kupfergraben, próxima à Berliner Dom e à praça Lustgarten.

Ilha dos Museus, Pergamonmuseum e Bode-museum ao fundo

O conjunto extraordinário de museus teve seu início com o rei Frederico Guilherme III, que encomendou a construção do Museu Real, atualmente o Altes Museum, em 1830, com o objetivo de expor ao público geral os tesouros de arte real alemã.

Infelizmente, quase 70% dos prédios dos museus foram destruídos durante a Segunda Guerra Mundial. No final da guerra, as coleções foram divididas entre Berlim Oriental e Ocidental. A reunificação da Alemanha permitiu que as coleções divididas entre os dois lados fossem reunidas novamente.

No final do século 20, um programa de reconstrução e modernização foi projetado para restaurar todos os cinco museus. Também em 1999 a UNESCO incluiu a Museumsinsel na lista do “Patrimônio Cultural da Humanidade“.

Entrada para o Altes Museum na Lustgarten

A Museumsinsel também é citada no livro 1000 Lugares Para Ver Antes de Morrer de Patricia Schultz. A citação não ocorre por acaso, esse pedaço de Berlim é um prato cheio para quem ama antiguidades e artes em geral.

Dá para passar vários dias entre um museu e outro, sem se cansar. Se você é apaixonado por história antiga, assim como eu, não deixe de visitar esses incríveis museus recheados de belas peças gregas, babilônicas e egípcias e outras mais.

No total são mais de 600 mil anos da história da humanidade distribuídos por uma área de quase um quilômetro quadrado. Cada prédio possui uma arquitetura singular e uma entrada individual para os visitantes, porém, há um plano para que os museus arqueológicos sejam conectados uns com os outros. O projeto tem o nome de Caminho Arqueológico.

Alte Nationalgalerie, um museu repleto de pinturas belíssimas representando várias escolas

Esse magnífico complexo de arte, cultura e história não deixa dúvidas da sua grandiosidade e importância para toda a humanidade.

A Alte Nationalgalerie (Antiga Galeria Nacional), reinaugurada em 2001, possui uma das maiores coleções de escultura e pintura do século 19 na Alemanha. É um dos meus museus preferidos.

O Altes Museum (Museu Antigo), restaurado e reaberto em 1966, abriga artefatos antigos gregos e romanos , além de relíquias egípcias, entre elas o belo busto de Nefertiti, que estava nesse museu em ambas as vezes que o visitei. As peças gregas são belíssimas e a coleção egípcia é muito grande. Só a visão do busto da Nefertiti já vale a visita.

O Bode Museum, reaberto em 2006 após quase 10 anos de restauração, possui uma grande coleção de esculturas, uma das maiores coleções numismáticas do mundo e uma seleção de pinturas da Gemäldegalerie.

Bode-museum no canto extremo da Museumsinsel

O Neues Museum foi reaberto em 2009 e abriga uma coleção de peças do período pré-histórico e obras de arte egípcia. Desde outubro de 2009, este museu abriga o busto de Nefertiti juntamente com a coleção de papiros.

O magnífico Pergamonmuseum possui uma grande uma coleção de antiguidades gregas e babilônicas e arte islâmica, entre elas estão o impressionante Portal de Ishtar da Babilônia e o enorme Altar de Pérgamo.

Entre agosto e novembro de 2006, o Museu de Arte Brasileira da Faap em São Paulo foi palco da bela exposição das peças gregas do Pergamonmuseum. O altar de Pérgamo foi lindamente reconstruído. Quem visitou o Museu de Arte Brasileira pôde ver uma parte do acervo do Pergamonmuseum. E o melhor, a entrada era gratuita.

Parabéns para a iniciativa da Faap! As longas filas para entrar com certeza valeram a pena. O povo brasileiro merece ter acesso à cultura e arte.

Dentre os muitos visitantes da exposição, um me chamou a atenção. Ele ficava parado em frente às esculturas enquanto as reproduzia com perfeição em um bloco de papel. Ai, que inveja….

Entrada para o Pergamonmuseum

Os museus abrem pontualmente de terça a domingo das 10 às 18 horas e as quintas das 10 às 22 horas. O ingresso custa 8,00 euros e dá direito a entrar em qualquer um dos museus, o ticket para 3 dias custa 19,00 euros. A entrada é franca no primeiro domingo do mês e também às quintas-feiras.

Além disso, existem áreas com acesso livre, como o salão de estátuas gregas no primeiro andar do Altes Museum. Há descontos para estudantes, aposentados, professores, desempregados e outros mais.

Como dá para notar, o acesso à cultura e história é muito fácil para quem mora em Berlim ou nas imediações. Mesmo pagando integralmente, a entrada nesses museus é realmente barata diante de tanta arte monumental.

Detalhe da entrada da Alte Nationalgalerie

Os museus serão descritos com mais detalhes nos próximos posts. Afinal eles merecem um texto cuidadoso a respeito de cada um, com muitas fotos mostrando suas belas coleções.

Procurando pelo Muro de Berlim

Um dos lugares que eu mais queria conhecer em Berlim era, claro, o Muro de Berlim (Berliner Mauer). No entanto, isso se mostrou uma tarefa nada fácil.

Comecei a procurá-lo tendo em mãos meu mapa pequeno e incompleto, o que na verdade não foi de ajuda alguma. Quando perguntava para as pessoas na rua, cada uma me apontava uma direção diferente. Embora a direção variasse, todos me respondiam com a mesma frase padrão: “Ah, o muro? Ele não existe mais”. Bom, isso o mundo inteiro já sabe.

Um pedaço do muro em uma loja de souvenirs na Unter den Linden

O fato de todas as pessoas negarem a existência do muro, mesmo que ele já tenha caído, me chamou a atenção.

A impressão que me deu é que eles não gostam de tocar no assunto e, por isso, o mesmo acabou sendo abafado. Outro fato que colabora com a minha percepção é que para todas as atrações de Berlim há várias placas indicando a direção, menos para o afamado muro.

Na minha procura pelo Berliner Mauer, acabei conversando com várias pessoas, que de uma forma ou outra tentavam me ajudar, porém sempre afirmando que não havia muro algum.

Uma dessas pessoas foi um senhor já idoso e muito simpático. Ele era italiano e me falou que estava lá apenas para visitar o filho. Se desculpou porque só falava italiano, o que na verdade para mim, soou como um alívio.

Depois de tentar me comunicar com vários alemães que não falavam inglês, empregando a linguagem universal dos gestos, poder conversar com alguém em italiano era, para mim, muito agradável.

Após conversar com o senhor e depois com seu filho que era dono de um restaurante em Berlim, continuei minha procura pelo muro inexistente.

Um dos momentos mais cômicos da minha busca foi quando perguntei para dois rapazes que encontrei na rua. Ambos tinham quase o dobro da minha altura.

Como o esperado, o primeiro deles falou que não existia nenhum muro. Já cansada de ouvir isso respondi “Mas nem um pedaço? Um pedaço pequeno já serve para mim. Eu quero ver só um pedaço”.

Acho que minha resposta pouco educada os fez mudar de idéia. O segundo rapaz resolveu me explicar onde estava o que havia restado do muro. O problema é que, além de quase não falar inglês, ele era gago.

Apesar do cansaço por estar andando o dia todo em Berlim, e mais especificamente agora na parte oriental atrás do muro, nesse momento me deu muita vontade de rir. Entender o que aquele alemão gago me explicava era uma missão quase impossível. Bom, agradeci-os pela ajuda e continuei minha procura pelo muro.

Pedaços do Muro na Potsdamer Platz

Uma senhora muito idosa me parou em uma esquina e começou a conversar comigo. Ela era tão branca que parecia um fantasma. Era baixinha e magrinha e usava um lenço na cabeça deixando escapar somente alguns fios de cabelos tão brancos quanto sua pele. Não entendi uma palavra do que ela me falou. A senhorinha era muito amável e falava sem parar. Novamente a imagem do alemão fechado, que não gosta de conversar, mostrou-se ser não tão verdadeira, afinal outras pessoas também foram bastante tagarelas comigo, como já comentei no post sobre o Brandenburger Tor. Além da senhora ter me chamado para conversar, era ela quem mais falava.

Eu gostaria de ter entendido o que ela me dizia pois poderia ter lhe dado mais atenção. Acho que no fundo ela só queria conversar com alguém, mesmo que essa conversa não passasse de um monólogo. Afinal eu me limitava a apenas ouvir e lhe dizer que não falava alemão (minha frase mais padrão em Berlim: Ich spreche kein Deutsch, as demais palavra que aprendi incluiam as básicas Bom dia, por favor e obrigado, e no caso da Alemanha, lógico que também cerveja: Guten tag, bitte, danke e a melhor de todas, weiss beer ).

A simpática vovó se despediu de mim e eu voltei para minha busca, já que eu estava decidida a não voltar para o albergue antes de encontrar o muro. A essa altura eu já havia me livrado do meu mapa inútil. Ah, que falta fazia um GPS nessa época!

Um garoto de bicicleta me falou que no chão haviam alguns sinais que indicavam onde o muro passava. Decidi seguir os paralelepípedos que discretamente indicavam o local do muro. Porém nem sempre esses paralelepípedos mostravam alguma constância.

Mapa indicando o local onde antes havia o Muro. Fonte: Wikipedia

Encontrei outro rapaz que jogava água na grama de sua casa e lhe perguntei do muro. A cada pergunta que eu fazia ele me respondia que estava calor e se eu não queria um pouco de água! Desisti de continuar a conversa, agradeci e continuei andando, antes que ele acabasse me molhando com a mangueira que acompanhava cada gesto que ele fazia (mais um alemão que fugia a regra, esse gesticulava enquanto falava!).

Foi então que vi um motorista de ônibus de excursão. Ele com certeza saberia onde se localizava o muro. Adivinhem o que ele me respondeu. “O muro não existe mais”. Bom, apesar das poucas palavras do motorista mal humorado, virei a esquina onde estava estacionado o ônibus e finalmente….

Lá estava um pedaço do que antes era a Berliner Mauer no lado oriental.

A essa altura eu estava tão cansada da longa caminhada que meu primeiro pensamento foi: ”Mas que muro feio!!!”

Porém não são apenas o concreto velho e os ferros retorcidos no alto que fazem do Muro um triste espetáculo. Sua história é mais feia do que sua cinzenta aparência.

Um trecho do que antes era o Muro de Berlim no lado oriental

A construção da Berliner Mauer começou em um domingo em 13 de agosto de 1961. Foi motivada pelo desejo da República Democrática da Alemanha de impedir que moradores do lado oriental fugissem do regime soviético indo em direção do lado ocidental ocupado pelos americanos, ingleses e franceses.

O fato de Berlim ser uma cidade controlada metade pelas forças ocidentais e metade pela ocupação soviética gerou uma zona de tensão entre as potências com ideologias tão diferentes. Enquanto isso, mais pessoas fugiam do comunismo adotado do lado oriental, estima-se que 1500 pessoas passaram para o outro lado de Berlim.

Concreto, ferro, minas e guardas para barrarem a liberdade humana

Não demorou muito para que os rumores sobre a construção de um muro que dividiria a cidade se tornassem reais. Em uma operação de apenas 24 horas, as ruas de Berlim foram ocupadas, barricadas de pedras foram erguidas, tanques colocados em pontos estratégicos e os serviços de trem e metro interrompidos. Em apenas 1 dia, o lado ocidental foi completamente separado do lado oriental.

Nesse mesmo dia, os habitantes do lado soviético foram proibidos de passarem para o lado americano, inglês e francês.

A resposta soviética para as críticas internacionais foi que aquele era um muro de proteção anti-facista e que ele havia sido levantado para evitar uma terceira guerra mundial. Estava mais do que instalado o período da Guerra Fria.

Painel no Memorial do Muro mostrando a sua construção

Entre 1961 e 1989, período da existência do Muro, mais de 100.000 cidadãos da República Democrática Alemã tentaram escapar através da fronteira. Estima-se que pelo menos 600 pessoas foram assassinadas durante as tentativas de fuga. Os guardas da fronteira recebiam ordens de atirar para matar em qualquer um que fosse ou ao menos se parecesse com um fugitivo.

As pessoas tentavam fugir pulando das janelas dos prédios localizados na fronteira, por túneis cavados por baixo do muro, desviando dos tiros dos guardas e das minas localizadas entre as paredes do muro ou de quaisquer outras formas que fossem encontradas.

Esquema mostrando como eram as barreiras do Muro por dentro

O Muro por dentro:

1  Parede de concreto
2 Cerca de arame
3 Tiras de controle
4 Projetores
5 Trincheira anti-veículo
6 Fronteira ultraperiféricas da área aberta
7 Patrulha rodoviária da fronteira
8 Cães de patrulha
9 Dispositivo de sinal
10 Torre de observação
11 Cerca elétrica

Números do Muro de Berlim:

O comprimento total da fronteira com Berlim Ocidental: 155 km
Fronteira interna entre Berlim Oriental e Ocidental: 43 km
Fronteira externa entre Berlim Ocidental e Oriental: 112 km
Passagens de fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental: 8
Torres de observação: 302
Cães de patrulha: 259
Trincheiras anti veículos: 105,5 km
Cercas elétricas: 127,5 km
Estradas de patrulha das fronteiras: 124,3 km

Quando a Cortina de Ferro começou a dar sinais de fraqueza, a queda do muro parecia inevitável. Na noite de 09 de novembro de 1989 Gunter Schabowski, Ministro da Propaganda, leu uma nota em uma conferência de imprensa anunciando que as fronteiras seriam abertas para “viagens privadas ao estrangeiro”. Bom, ao que parece ele se esqueceu de dizer a partir de quando as fornteiras seriam abertas.

A notícia se espalhou como fogo e milhares de alemães se dirigiram imediatamente para os postos de controle exigindo passagem. A confusão se estabeleceu no local e os guardas não tiveram outra alternativa senão deixar a multidão passar.

Era o fim do Muro de Berlim!

Berliner Mauer e o Memorial ao fundo, onde há fotos históricas sobre o Muro

Os dias que se seguiram foram repletos de celebrações felizes. Centenas de berlinenses começaram a quebrar e derrubar o triste muro. Este evento histórico foi o primeiro passo para a reunificação da Alemanha, que foi formalmente celebrada em 03 de outubro de 1990.

Comemoração da queda do Muro de Berlim em 1989. Fonte: Wikipedia

Agora que já sei localizar os restos do Muro de Berlim posso dizer onde eles são encontrados.

Existe um pedaço e também um memorial na Bernauer Strasse, em frente ao Neiderkirchnerstrasse, o Parlamento de Berlim. No Memorial do Muro construído há algumas fotos históricas emocionantes. Uma delas mostra pessoas acenando com lenços próximas ao muro para que seus parentes do outro lado soubessem que estavam vivas. Também há uma foto da igreja que foi cortada ao meio para que o muro passasse por ali.

Uma das fotos existentes no Memorial do Muro

Alguns projetos também estão em curso para melhor sinalizar o local por onde o Muro passava. Na Potsdamer Platz há alguns pedaços do muro e no chão há paralelepípedos e placas indicando o local por onde o muro passava.

Placa indicando por onde o Muro passava na Potsdamer Platz
Pulando o Muro de Berlim

Bom, para encerrar esse post, adiciono aqui dois emocionantes vídeos com imagens históricas da queda desse terrível muro levantado. Um muro feito de concreto, ferro, cercas elétricas, minas, cães e guardas que durante 28 anos manteve famílias, amigos, enfim, pessoas de uma mesma nação separadas. Uma terrível consequência de guerra que constituia um ultraje a qualquer direito humano.

Sabendo de toda a infelicidade que o Muro causou para os berlinenses durante longos 28 anos, no final das contas, a melhor resposta que eu poderia ouvir ao perguntar onde estavam os restos do muro era justamente a que eles me davam:

Ah, o Muro? Ele não existe mais!

Mais informações:
http://www.berlin-life.com/berlin/wall
http://www.berlin.de/mauer
http://www.chronik-der-mauer.de

Região do Tiergarten em Berlim

Atravessando o Brandenburger Tor, temos o lindo parque Tiergarten.

Mas… por enquanto vamos deixá-lo para mais adiante. Primeiro vamos virar à direita e caminhar na Ebertstraße até a Scheidemannstraße. Chegamos então na Platz der Republik, onde está a bela e imponente construção conhecida como Reichstag.

O edifício funcionou como parlamento alemão de 1894, quando teve sua construção concluída, até 1933, quando ocorreu um incêndio, destruindo grande parte da Reichstag. Na época não ficou claro quem começou o fogo, mas os comunistas foram os acusados.

Independente de ser a verdade ou não, o fato é que este incêndio acabou dando impulso ao partido de Hitler, NSDAP, que logo chegaria ao poder.

Obviamente, o prédio foi danificado ainda mais no final da guerra, quando os soviéticos entraram em Berlim. A imagem de um soldado do Exército Vermelho levantando a bandeira soviética sobre a Reichstag é uma das mais famosas imagens do século 20, virando o símbolo da derrota da Alemanha.

Bandeira soviética sobre Reichstag. Fonte www.militaryphotos.net

A reconstrução da Reichstag após a Segunda Guerra Mundial se deu entre 1957 e 1972. Depois de remodelada, voltou a ser sede do parlamento.

Reichstag ao final da Segunda Guerra Mundial. Fonte: www.militaryphotos.net

Para mim, o melhor adjetivo para descrever a Reichstag é “Imponente”. A belíssima construção em estilo neo renascentista desenhado por Paul Wallot foi a finalista, escolhida entre nada menos que 183 projetos. Possui 137 metros de comprimento e 97 metros de largura. Em cima há uma cúpula de vidro de onde se tem uma linda vista da cidade, mas prepare-se para enfrentar a longa fila, caso queria subir.

O terraço e a cúpula são acessíveis aos turistas pela entrada oeste. O horário de abertura é das 8:00 até às 24:00, sendo que a última admissão é às 22:00. O restaurante na cúpula de vidro é aberto ao público.

Detalhe do frontão da Reichstag

Na primeira vez em que visitei a Reichstag, assisti a uma apresentação de um grupo cuja música e dança lembrava um pouco o nosso samba. Uma das músicas que eles tocaram inclusive era brasileira.

Ao lado da Reichstag está o Bundeskanzleramt, uma construção moderna que serve como a casa do chanceler alemão. O moderno projeto como um todo é complementado por um sistema de transporte que inclui um túnel rodoviário sob o Tiergarten e uma estação ferroviária subterrânea, a Berlin Hauptbahnhof.

Bundeskanzleramt, uma construção moderna ao lado da Reichstag

Tiergarten

Voltemos agora ao Tiergarten. Esse imenso parque é, sem dúvida, um dos lugares que mais gosto em Berlim. É um lugar excelente para se fazer uma caminhada, andar de bicicleta, como muitos berlinenses, fazer picnic, ou simplesmente deitar na grama verdinha para relaxar, ler um livro, ouvir uma musica, enfim o que der na cabeça.

Tiergarten quer dizer Parque dos Animais. Antigamente esta grande área verde era o local de caça da realeza. Hoje em dia felizmente não há mais essa prática detestável de caça aos bichos, o Tiergarten virou o parque mais conhecido de Berlim.

Devido à sua localização central, o parque é um dos locais favoritos tanto de turistas quanto dos locais. A área total do Tiergarten inclui o Regierungsviertel, a Potsdamer Platz , o Kulturforum e a Diplomatenviertel.

A restauração do parque após a Guerra se deu em 1955 focando em restaurar a vegetação destruída para servir de lenha no período pós guerra. O resultado é um parquet de grande beleza. Ele não é tão imponente quanto o Jardin du Luxembourg ou de Toulerie da França ou como o Vigelandsparken de Oslo, porém ele oferece um local incrível para recreação em geral.

Andar pelos 2,5 Km² (mais de 23 km de caminhos) do Tiergarten sempre nos traz boas surpresas. Podemos encontrar uma trilha simples, porém agradável para caminhar na sombra, podemos ver monumentos históricos ou assistir a uma corrida com milhares de participantes e entrar no clima dos torcedores e dos grupos de apoio que entregam água para os corredores, como aconteceu comigo da última vez em que estive lá.

Algumas surpresas, no entanto, podem ser chocante para alguns. Afinal é comum encontrar vários alemães deitados na grama totalmente nus e bem à vontade aproveitando o sol da tarde.

Monumentos

Memorial ao Soldado Soviético

Andando pelo Tiergarten, um dos primeiros monumentos que vi foi o Sowjetisches Ehrenmal, Memorial ao Soldado Soviético.

Esse é o maior monumento existente no Tiergarten, ele é uma homenagem aos 300.000 soldados soviéticos mortos durante a batalha por Berlim. Foi erigido poucos meses após a tomada da cidade em 1945, sendo financiado por todos os países aliados. No local estão enterradas cerca de 2.500 vítimas soviéticas.

Memorial ao Soldado Soviético no Tiergarten

Embora o memorial estivesse na parte inglesa de Berlim, até o final da Guerra Fria, o monumento era guardado por vários soldados soviéticos. O monumento é bonito, forte e chama a atenção, porém não é o tipo de monumento que aprecio, em virtude fazer referência a fatos de guerra.

No alto da coluna de mármore, retirado da sede do chanceler do Terceiro Reich, está uma estátua de bronze de um soldado soviético. Nas laterais há tanques de guerra e peças de artilharia soviética.

Detalhe do Sowjetisches Ehrenmal

Debaixo do soldado de bronze há uma inscrição em cirílico (alfabeto russo), que diz:

Glória eterna aos heróis que caíram em batalha contra os ocupantes alemães fascistas para a liberdade e independência da União Soviética.”

O braço do soldado está levantando para simbolizar a queda do partido Nacional-Socialista Alemão pelo exército soviético.

Hoje em dia muitos berlinenses não estão satisfeitos com a existência desse memorial na região central de Berlim.

Apesar do desgosto dos cidadãos locais, o Sowjetisches Ehrenmal ainda é o local onde ocorrem as comemorações do Dia do VE 08 de maio, a data formal da derrota da Alemanha Nazista em favor dos Aliados. Também é uma atração turística popular para os visitantes da Rússia.

Monumento Nacional a Bismarck

Continuando nossa caminhada pelo Tiergarten, chegamos a outro monumento que também chama a atenção, um bonito conjunto de estátuas em bronze onde no meio está a figura do primeiro chanceler alemão, Otto von Bismarck, de autoria do escultor Reinhold Begas.

Monumento a Bismarck

Ao redor do chanceler há 4 estátuas: Atlas segurando o mundo em suas costas, Siegfried forjando uma espada, Germania com uma pantera a seus pés e, a que eu acho a mais bonita, uma Sibila reclinada sobre uma esfinge lendo um livro de história.

Sibila lendo calmamente sobre a esfinge

Todas as estátuas fazem referência e glorificam a história do império alemão na época de Bismarck.

Siegfried forjando uma espada

Siegessäule

Mais à frente, no centro do Tiergarten, no meio de uma rotatória chamada de Großer Stern está a Coluna do Triunfo, construída entre 1864 e 1873.O projeto de autoria de Johann Heinrich Strack foi feito para comemorar a vitória das campanhas militares prussiana no século 19.

Siegessäule, a Coluna do Triunfo erguida para comemorar as vitórias prussianas

Acima da coluna de 69 metros tem-se a estátua dourada da deusa Vitória, conhecida como “Golden Else“. A bela escultura possui 8 m de altura e pesa 35 toneladas, foi adicionada mais tarde, depois das vitórias da Prússia contra a Áustria e a França.

A deusa segura uma coroa de flores na mão direita, enquanto na esquerda que ela carrega um cajado. Em seu capacete repousa uma águia.

A deusa Vitória ou Golden Else no alto da Siegessäule

A base é decorada com cenas em baixo relevo de batalhas, enquanto o friso possui um mosaico ilustrando a fundação do Império Alemão em 1871.

No topo da coluna há um terraço panorâmico de onde se tem uma bonita vista de Berlim. Pode-se ver a Reichstag, o Brandenburger Tor e a torre Fernsehturm.

Inicialmente a Coluna do Triunfo ficava em frente à Reichstag, mas em 1938 ela foi movida pelo governo nazista para a sua localização atual.

Curiosamente, hoje em dia a Siegessäule se tornou símbolo da comunidade gay de Berlim.

Como já devem ter percebido, o Tiergarten é um ótimo lugar para visitar, independente do que a pessoa procura em Berlim: história, natureza, esporte, local de descanso. Não importa o que você prefere, o Tiergarten oferece a todos uma ótima opção de lazer, com riqueza de detalhes e beleza exuberante.

Berlim oriental – Brandenburger Tor e Memorial ao Holocausto

Eu estava na Alexander Platz quando decidi visitar o Brandenburger Tor. Devido à distância, tive que pegar um ônibus. Eu não tinha certeza de qual ônibus pegar, assim só me restou perguntar para o motorista se aquele ônibus iria passar pelo portão. O único problema é que o motorista só falava alemão. E como falava…

Repeti várias vezes a palavra Brandenburger Tor, mostrei o nome por escrito no “guia” que eu mesma havia feito, mas nada do motorista ao menos fazer um gesto que indicasse se o ônibus iria ou não na na direção do portão. Ele apenas continuava falando muito e em um ritmo que me fez lembrar daqueles professores no final de uma aula cansativa, sem nenhuma alteração no tom de voz. Isso durou até que uma senhora muito gentil me chamou e confirmou que aquele era o ônibus certo.

De uma certa forma, me chamou atenção o fato que, apesar da visão geral que temos do alemão ser um povo fechado, de poucas palavras, notei que várias, senão todas, as pessoas que eu parava na rua para pedir informação eram bastante falantes. O único problema era quando elas insistiam em falar alemão comigo.

Foram muitas as pessoas que falaram bastante comigo embora eu não entendesse uma palavra. Apesar de eu falar “Ich spreche kein Deutsch” (eu não falo alemão), elas continuavam conversando comigo, algumas até com entusiamo, apontando para monumentos, ruas ou para o terrível mapinha incompleto que eu tinha em mãos. Se não fosse a barreira da língua, aposto que as conversas teriam sido bem mais interessantes.

Beleza e imponência do Brandenburger Tor

Bom, quando desci do ônibus, fiquei encantada com a imponência e beleza do Brandenburger Tor. O portão se localiza na Pariser Platz, onde termina a Unter den Linden e começa a Strasse des 17 Juni.

Ele é o símbolo de Berlim e de um modo geral também de toda a Alemanha. É um dos lugares mais importantes da cidade e não seria exagero dizer que esse magnífico portão está para Berlim assim como o Arco do Triunfo está para Paris.

É aqui que os berlinenses se reúnem para várias comemorações como as de final de ano e para assistir jogos da copa e, é claro, foi aqui que os alemães comemoraram a queda do Muro e a Reunificação da Alemanha.

O imponente portão é citado no livro 1000 Lugares Para Ver Antes de Morrer de Patricia Schultz, provavelmente não apenas por sua beleza, mas também por sua importância histórica.

Vista aérea do Brandenburger Tor e do Muro. Durante a divisão, o portão permaneceu do lado soviético.
Fonte: Wikipedia
O portão e a placa avisando que as pessoas estavam deixando a Berlim Ocidental.
Fonte: Wikipedia

O Brandenburger Tor foi construído em 1791 como um arco triunfal para celebrar a vitória prussiana e, ironicamente, foi chamado de Portão da Paz.

No entanto, durante a Guerra Fria, esse mesmo portão, localizado na divisa entre a Berlim Ocidental e a Berlim Oriental, se tornou símbolo de uma cidade, e também de uma nação, dividida.

Revista feita pelos alemães orientais nas pessoas que cruzariam o portão antes da construção do muro.
Fonte Wikipedia.

O portão monumental foi desenhado em estilo neo clássico por Carl Gotthard e patrocinado pelo imperador Wilhelm II. A inpiração para o Brandenburger Tor foi o portão Propylaea existente na Acrópolis em Atenas. Suas medidas acompanham sua imponência, o portão possui 65,5 metros de largura e 28 metros de altura.

O portão possui colunas dóricas e um friso com esculturas em baixo relevo mostrando cenas da mitologia grega. No alto há uma carruagem de bronze puxada pela deusa Vitória.

Em 1806, durante a ocupação francesa, Napoleão ordenou que a carruagem fosse levada para Paris. A escultura só retornou a Berlim após a Batalha de Waterloo. Foi nessa época que a praça próxima ao portão recebeu o nome Pariser Platz (Praça de Paris).

Carruagem puxada pela deusa Vitória

Atravessar o Brandenburger Tor é algo simples, porém que nos faz pensar bastante sobre os acontecimentos passados que, infelizmente, fazem parte da história do mundo.

Enquanto caminhamos pelas colunas dóricas e passamos pelas esculturas gregas representando Atenas e outros deuses, podemos pensar sobre a loucura de um líder político e até onde ela pode levar uma nação que causou e passou por tanto sofrimento, terminando por ser dividida entre os países aliados e entre regimes político-econômicos tão divergentes.

Estátuas no Brandenburger Tor

Holocaust Denkmal

Estando de frente ao Brandenburger Tor, viramos à esquerda e caminhamos pela Ebertstraße um pouco. Logo chegaremos ao Holocaust Denkmal (Memorial do Holocauto), construído em 2003, na ocasião do 60° aniversário da queda do regime nazista e do final da Segunda Guerra Mundial.

O memorial criado pelo americano Peter Eisenmann é uma homenagem aos 6 milhões de judeus mortos pelos nazistas entre 1933 e 1945. O Holocaust Denkmal é muito grande, ocupa uma área de 19.000 metros quadrados.

Quando me aproximei do memorial, um policial alemão veio prontamente em minha direção para me explicar o significado dele. Ele se expressava através de um inglês sofrível com um carregado sotaque alemão, porém sua simpatia e vontade de fazer ser compreendido superava qualquer dificuldade na conversação.

O atencioso policial me explicou que o Memorial do Holocausto em Berlim é composto por nada menos que 2.711 lajes de pedra cinzenta sem qualquer tipo de referência como nomes ou datas. Ele me falou para andar por entre as lajes, mas eu lhe respondi que preferia não fazê-lo, pois a disposição das mesmas me deixava um pouco tonta.

O policial me respondeu que era exatamente essa a intenção do arquiteto. As lajes estão dispostas em diferentes tamanhos de uma maneira ondulada. Os caminhos formados entre elas são também ondulados. Esse desnível foi criado para dar uma sensação de instabilidade e falta de fundamento, uma total sensação de desorientação. E era exatamente isso que eu sentia ao olhar o triste memorial.

Eu particularmente não gostei do memorial, principalmente por causa da sensação que ele nos trás e pelo terrível motivo dele ter que existir. Não quis tirar foto, mas o policial insistiu tanto que acabei deixando que ele tirasse uma foto minha em uma das lajes. Antes de me despedir dele, ele me falou de forma sentida que aquela era uma história triste porém era a história do país dele. Depois fez questão de me lembrar que Hitler era austríaco e não alemão.

O mais triste porém é saber que, mesmo depois de tudo isso, a humanidade ainda não aprendeu. O preconceito, origem de tantas desavenças, entre as diferentes raças e nações ainda existe. Mesmo tendo acesso a tantas informações, sejam históricas ou mesmo genéticas, ainda há pessoas que acreditam que uma raça ou nação possa ser superior à outra.

Mesmo dentro do mesmo país, ainda há algumas regiões que se consideram superiores a outras tratando com preconceito pessoas de outros estados, como infelizmente ocorre no Brasil, principalmente em relação às pessoas do norte e nordeste.

O mundo sofreu as consequências das loucuras de Hitler, porém ainda não foi capaz de aprender com essa terrível história.

Caminhando pela Berlim Oriental na bela Unter den Linden

Atravessando a Hackescher Markt, descrita no post anterior de Berlim, e seguindo em frente, logo se chega à Burgstraße, de onde já se avista a bela Berliner Dom, também já mencionada em outro post.

Nessa região, em frente à Berliner Dom, há uma bonita praça chamada Lustgarten, um grande espaço aberto com uma simpática fonte no meio. A praça, cujo nome significa Jardim do Prazer, era anteriormente a horta do palácio de Brandenburger existente no local e que era o centro do reino da Prússia no século 16.

Lustgarten vista do domo da Berliner Dom

O formato atual da Lustgarten, no entanto, é recente, a praça foi remodelada em 1999. O local é usado hoje para paradas, manifestações e local público para diversão. Em uma das ocasiões em que estive lá, assisti um grupo de adolescentes ligando um som portátil para em seguida dançar várias coreografias. Era algo bem ao estilo dos filmes teens da Sessão da Tarde. Se fosse em um shopping seria como um episódio do Glee.

De frente à Lustgarten está o Altes Museum e, logo atrás deste estão os museus Bodemuseum, Alte Nationalgalerie e o Pergamonmuseum. É a Museumsinsel, Ilha do Museu, um complexo formado por estes 4 museus e que será assunto para um próximo post sobre Berlim.

Bom, cruzando a Lustgarten, chega-se na Schlossbrücke, a Ponte do Palácio, construída em 1824. Essa ponte levava ao palácio antes existente na Museumsinsel. Ela é considerada a ponte mais bonita de Berlim, e com razão.

Schlossbrücke, a Ponte do Palácio, que dá acesso à Unter den Linden

Esta bela ponte, construída sobre um trecho do rio Spree, se liga à Unter den Linden. Ela foi projetada pelo principal arquiteto de Berlim na época, Karl Friedrich Schinkel. Ele foi responsável por várias importantes construções e monumentos do início do século 19, incluindo o Altes Museum, a Neue Wache e o Schauspielhaus, todos desenhados em estilo neo-clássico.

O que mais chama a atenção na ponte são as belas estátuas existentes sobre os pilares de granito.

As estátuas foram também desenhadas por Schinkel, usando mármore branco de carrara, e adicionadas na ponte em 1853.

A inspiração para elas foram os deuses e heróis gregos. O conjunto de estátuas mostra a vida de um herói desde sua juventude até a idade adulta, com sua morte no campo de batalha e subida ao Monte Olimpo, morada dos deuses.

Abaixo dos pilares com as estátuas gregas, há uma balaustrada feita em ferro fundido e decorada com criaturas marinhas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, as estátuas foram desmontadas e guardadas em um depósito na Berlim Oriental.

Retornaram ao posto original somente em 1981, após um acordo entre os lados ocidental e oriental.

Cruzando a Schlossbrücke, em direção à Lustgarten, a ordem das estátuas é:

1 – A deusa Nike instruindo o jovem heroi;

2 – A deusa Palas Atenas ensina o herói a arte de atirar lanças;

3 – Atenas prepara o guerreiro para sua primeira batalha;

Estátuas gregas na Schlossbrücke. Fonte: A view on cities

4 – Nike coroa o guerreiro.

No lado oposto:

5 – A deusa Nike apóia o guerreiro ferido;

6 – Palas Atena incita o guerreiro para a batalha

7 – A mesma deusa o protege do inimigo;

8 – Iris carrega o herói morto para o Monte Olimpo.

Após a Schlossbrucke chegamos à Unter den Linden, uma avenida linda e muito agradável para caminhar. É sem dúvida um dos lugares que mais gosto em Berlim.

Esta é a avenida mais bonita e também uma das mais importantes da cidade. Ela se estende por 1,5 km desde a ponte Schlossbrucke na Museumsinsel até o Brandenburger Tor na Pariser Platz

Unter den Linden fica no coração da área histórica de Berlim. A avenida foi feita no local onde havia uma trilha de cavalos estabelecida pelo duque Friedrich Wilhelm, conhecido como Grande Elector, no século 16 para chegar ao seu local de caça no Tiergarten.

A trilha foi substituída por uma avenida com árvores de tílias plantadas em 1647, estendendo-se desde o palácio até os portões da cidade. As tílias deram origem ao seu nome: Unter den Linden ou Sob as Tílias, pois quando Friedrich Wilhelm se dirigia para o campo de caça em Tiergarten, sua carruagem ia Sob as Tílias plantadas ao longo do caminho.

Mapa da Unter den Linden. Fonte: Wikipedia

Um século mais tarde Friedrich II expandiu a avenida com a construção de prédios culturais como a ópera e a biblioteca, tornando o lugar ainda mais popular. No século 19, a Unter den Linden já era um dos lugares mais visitados em Berlim, porém no final da Segunda Guerra Mundial, a avenida virou palco de ruínas e escombros.

As famosas tílias foram cortadas e usadas para fazer fogueiras nos últimos dias da guerra.

Início da Unter den Linden com 0 Alte Kommandantur aparecendo ao fundo

A razão para essa avenida ser tão famosa é sem sombra de dúvida as belas construções em estilo barroco e neo-clássico. Também há alguns palácios antigos restaurados após a Segunda Guerra Mundial que são usados hoje como prédios públicos.

Saindo da Schlossbrucke, o primeiro prédio na Unter den Linden à esquerda é o Alte Kommandantur (Antigo Comando). O edifício foi totalmente destruído no final da II Guerra Mundial, mais tarde deu origem ao Ministério de Assuntos Estrangeiros na Alemanha Oriental. Em 2003, o prédio foi reconstruído basendo-se em fotos e relatos de antes da guerra.

Ao lado do Alte Kommandantur se vê a bela construção em estilo neo-clássico do Kronprinzenpalais (Palácio do Príncipe herdeiro). Originalmente construído em 1663, foi remodelado no século 19 para servir como moradia ao príncipe Wilhelm. O palácio também serviu como lugar de exposições sendo vistado regularmente por Albert Einstein.

Em virtude dos estragos causados pelos bombardeios ocorridos na II Guerra Mundial, o Kronprinzenpalais teve que ser reconstruído em 1968, sendo usado como casa de hóspedes para visitantes do estado comunista.

O famoso acordo de reunificação da Alemanha foi feito no palácio em 31 de agosto de 1990. Hoje em dia, o prédio abriga algumas das mais importantes exposições da Alemanha, incluindo algumas polêmicas como a exposição de 2006 que mostrava o retorno dos alemães da Europa Oriental no pós-guerra e que resultou no cancelamento da visita do prefeito de Varsóvia a Berlin.

Em frente ao Alte Kommandantur e o Kronprinzenpalais, do outro lado da avenida, tem-se o lindo prédio em estilo barroco de fachada rosa e imponentes estátuas na frente. É o Zeughaus Deutsches Historisches Museum, construído em 1706 por Friedrich III de Brandenburger.

O prédio funciona como Museu de História Alemã desde 1952. O térreo mostra a história desde 1918 até os dias atuais, o primeiro andar contém coleções que datam do início da história até o século 20, enquanto a parte mais recente abriga exposições temporárias. Entre as peças mais famosas estão 22 esculturas barrocas de máscaras de guerreiros mortos esculpidas por Andreas Schlüter.

Ao lado do Zeughaus, está uma construção menor, porém que chama a atenção. Chegamos agora ao Neue Wache, memorial de Guerra construído em 1816. Este memorial é considerado um dos melhores exemplos da arquitetura neoclássica em Berlim desenhado também por Karl Friedrich Schinkel, o mais famoso arquiteto da Prússia.

O memorial é facilmente reconhecido pelo pórtico dórico existente na frente. Acima há um friso com deuses gregos esculpidos em baixo-relevo exibindo cenas de batalha.

O monumento foi originalmente usado como uma guarita real para as tropas do príncipe da Prússia, mas, após 1931, se transformou em um monumento aos soldados mortos durante a guerra. Após a reunificação o memorial ficou sendo dedicado à todas as vítimas da guerra e da tirania.

No interior do memorial há uma chama eterna e uma placa de granito sobre as cinzas de um soldado desconhecido, um combatente da resistência e um prisioneiro do campo de concentração.

A entrada no mausoléu é gratuita, o horário para visitação é entre 10 e 18 horas.

Continuando nossa caminhada pela Unter den Linden, do lado direito de quem está indo em direção ao Brandenburger Tor, ao lado do Neue Wache, temos a Humboldt Universität, a universidade mais antiga de Berlim.

A construção é mais um exemplo de arquitetura neoclássica desenhada por Schinkel. A universidade foi criada em 1810 e tornou-se um lugar importante de estudo em Berlim. O local atraiu professores famosos, como os filósofos Georg Hegel e Arthur Schopenhauer, os Irmãos Grimm e Albert Einstein. Alguns de seus alunos também foram famosos como Karl Marx and Friedrich Engels.

Na frente da Universidade Humboldt se vê a estátua de Alexander von Humboldt. Alexander e seu irmão Wilhelm ocupavaram diversos cargos no governo. Foi no seu mandato que a Universidade de Berlim, mais tarde renomeada Universidade Humboldt, foi construída para o príncipe Heinrich da Prussia.

Do lado oposto da Unter den Linden se vê o belo prédio da Staatsoper Unter den Linden, a ópera de Berlim, mais um edifício neoclássico, construído em 1743.

Após um incêndio, a ópera foi restaurada em 1843. Depois da Segunda Guerra Mundial, a ópera teve que ser reconstruída entre 1952 e 1955.

A Staatsoper já serviu como palco para peças famosas, sendo que um de seus diretores foi ninguém menos que Richard Strauss.

Logo ao lado da Staatsoper está a Bebelplatz, inicialmente chamada de Opernplatz, Praça da Ópera. A praça foi desenhada por Georg von Wenzeslaus Knobelsdorff com o objetivo de espelhar a grandeza de Roma antiga.

A Bebelplatz ficou mundialmente famosa pois, em 10 de maio de 1933, ela foi palco da queima de livros organizada pela propaganda nazista. O resultado foi a destruição de 25.000 livros escritos por autores considerados inimigos do Terceiro Reich. Entre os livros queimados haviam trabalhos de Thomas Mann, Robert Musil, Lion Feuchtwanger e Karl Marx.

Hoje, um memorial de Micha Ullman constituído por uma placa de vidro inserida entre os paralelepípedos e um fundo que mostra estantes vazias faz referência a esse péssimo evento nazista.

Lá também está escrito “Onde se queimam livros, acabam por queimar pessoas” (Heinrich Heine, 1820). Parece que o poeta autor dessas palavras já estava prevendo o futuro da Alemanha nazista.

Os alunos da Universidade Humboldt realizam uma venda de livros na Bebelplatz todos os anos na data do aniversário do triste evento.

Ainda neste mesmo lado, logo após a Bebelplatz, está a Alte Bibliothek (Biblioteca Antiga em alemão), que faz parte da Humboldt Universität. A biblioteca é chamada pelos berlinenses de Kommode que significa cômoda, devido à sua fachada côncava.

Ao contrário da maioria das construções existentes na Unter den Linden, a Alte Bibliothek possui um estilo barroco, desenhado por Georg Christian. A Antiga Biblioteca foi construída em torno de 1775 para abrigar a coleção da biblioteca real. O prédio agora abriga a Faculdade de Direito da Humboldt Universität.

Nesse ponto, a Unter den Linden se transforma em um bonito boulevard, com muitas árvores dividindo as pistas e fornecendo um agradável lugar para caminhar ou andar de bicicleta, algo muito comum em Berlim, já que suas avenidas planas e a existência de ciclovias por todos os lugares faciliam a vida de quem gosta de andar de bicicleta.

Aliás, em Berlim não há restrições de idade para pedalar pela cidade. É comum ver pessoas mais velhas pedalando pelas ciclovias e parques.

Também há vários bancos para quem quiser descansar um pouco da caminhada feita até agora.

Logo no início do calçadão, se vê a estátua eqüestre do rei prussiano Frederick o Grande, completada em 1851, 20 anos após o desenho do monumento ter sido feito. Essa imponente estátua é conhecida pelos berlinenses como “Alte Fritz”.

Os historiadores dizem que foram precisos aproximadamente 70 anos, 40 artistas e 100 desenhos para chegarem ao modelo final da estátua. Além dos 20 anos de dedicação do criador Christian Daniel Rauch a este único projeto.

Há outros prédios também famosos e igualmente bonitos de serem vistos na Unter den Linden, como Komische Oper, as embaixadas da Rússia e da Hungria e o Adlon Hotel, porém descrevi aqui aqueles que eu mais gostei.

A Unter den Linden termina na Pariser Platz, onde se encontra o magnífico Brandeburger Tor, que pode ser avistado de longe. Esse lindo portão, símbolo de Berlim e da Alemanha como um todo, será descrito no próximo post.

Em resumo, aconselho para quem estiver indo para Berlim que reserve um tempinho para caminhar calmamente pela Unter den Linden e apreciar todos os belos edifícios neoclássicos ou barrocos. São construções que fizeram parte da história da Alemanha e, de algum modo, também da história do mundo.

Hospedagem e transporte em Berlim

Conforme escrevi no post anterior sobre Berlim, a primeira vez que visitei a cidade, cheguei direto de São Paulo no aeroporto Tegel. A segunda vez, cheguei na estação de trem Hauptbahnhof , a principal estação de Berlin, vindo de Copenhague.

O trem que sai de Copenhague vai até Gedse, no litoral da Dinamarca. Em Gedse o trem embarca em um ferryboat para fazer a travessia pelo mar Báltico. Durante a travessia, é necessário sair do trem. Os funcionários passam pelos vagões fazendo com que todos saiam do trem.

Enquanto estiver no ferry, a melhor opção para fazer o tempo passar é subir até os barzinhos e restaurantes. Lá, pode-se comer e beber alguma coisa, e o melhor, pagando em euros, sem a necessidade de trocar de moeda. Isso pode se tornar realmente chato após algum tempo nos países onde o euro não é a moeda oficial.

Enquanto toma uma boa cerveja alemã, dá para apreciar a bela visão do mar Báltico.

Tomando uma Beck's, uma das minhas cervejas alemãs preferidas.

Já em território alemão, é necessário fazer a troca de trem em Hamburgo. O tempo entre a chegada e a saída de Hamburgo vai variar de acordo com o horário de saída de Copenhague, mas em geral não é demorado, o máximo de espera é de cerca de 1 hora.

No site da Eurail tem o Timetable, com os horários dos trens an Europa. Embora esse mesmo Timetable seja entregue para quem comprar o passe de trem, é sempre bom dar uma olhada antes quando estiver planejando a viagem.

Hospedagem

Em Berlin, fiquei hospedada, em ambas as ocasiões, no The Circus Hostel.

Recomendo esse hostel pois ele é bem agradável, com quartos e banheiros bons e boa segurança.

Também é bem localizado e fácil de achar. Fica na Berlin Oriental, o que facilita bastante para quem quer conhecer os monumentos históricos dessa área. Embore se fale muito do lado ocidental por ser mais moderno, eu ainda prefiro o lado oriental. Para mim é mais bonito, com uma história muito forte.

Do albergue dá para conhecer tranquilamente Berliner Dom, Museumsinsel, Under der Liden e outros lugares muito interessantes do lado oriental apenas caminhando.

O café da manhã pode ser comprado no restaurante do albergue, com opções contendo chá (servido em um copo enorme), croissant e muita nutella. Aliás a nutella é à vontade, fica em um pote de vidro no balcão de atendimento, o que faz a alegria dos chocólatras, e eu me incluo aqui.

Hackescher Markt

Quando cheguei pela primeira vez em Berlim, deixei minha bagagem no albergue e sai andando pela cidade, mesmo sem ter um mapa decente. Até então, o mapa que eu tinha era pequeno, incompleto, referente a apenas uma parte de Berlim, o que mais tarde dificultaria bastante minha procura pelo Muro de Berlim (assunto para o próximo post).

Arquitetura típica da parte oriental de Berlim

Fui andando pela Rosenthaler Straße até chegar na Hackescher Markt, uma estação de trem no bairro Mitte. A estação está localizada na linha Stadtbahn Berlim, que atravessa o centro da cidade, de leste a oeste.

A estação foi aberta em 1902 e foi originalmente chamada Bahnhof  Börse, devido à sua proximidade com o prédio da bolsa de valores, e depois, Marx-Engels-Platz durante a época da República Democrática da Alemanha. Em 1992, a estação  recebeu o nome de Hackescher Markt, o mesmo da praça que há em frente.

Foi a primeira estação de trem construída em Berlin e a única, além de Bellevue, que manteve o desenho original, feito por Johannes Vollmer, com mosaicos decorativos e janelas arredondadas, típicos do início do século 20.

Barzinhos que ficam lotados à noite na Hackscher Markt

A região da Hackscher Markt , assim como o Hakesche Hoefe, é muito movimentada à noite. As salas da estação foram convertidas em restaurantes da moda, bares e lojas.

Eu passei várias vezes por esta estação, pois ela fica bem no caminho que leva à Berliner Dom, Museus, Under der Linden e, consequentemente ao Brandeburger Tor.

A Hackscher Markt também é o principal terminal para os bondes que percorrem o lado oriental. Nessa estação é possível pegar o trem que vai até a outra estação de trem de Berlim, a Ostbahnhof, que conecta a cidade com Paris, Frankfurt, Munique, Zurique e Varsóvia.

Bondes ainda andam no lado leste da cidade

O Stadtbahn realiza serviços locais de S-Bahn assim como serviços de longa distância, que não param na estação. Para quem estiver hospedado em uma região mais afastada desse centro, fica mais fácil se locomover utilizando algumas das linhas S-Bahn que passam por lá (linhas S5, S7 e S75).

Se locomover em Berlin é fácil. O símbolo verde S, visto em frente à Hackescher Markt, designa estações de trem, S-Bahn. O nome é uma feliz abreviação de “Stadtschnellbahn” (sistema ferroviário urbano rápido), enquanto U é o símbolo para as estações do metrô: U-Bahn, abreviação de Untergrund-Bahn (sistema subterrâneo). Que bom que existem as abreviações.

O metrô é simples e prático. São ao total 173 estações espalhadas por nove linhas. Os trens passam com estrema exatidão a cada dois a cinco minutos durante o horário de pico, a cada cinco minutos para o resto do dia e a cada dez minutos durante a noite e aos domingos.

Mapa da rede S-bahn e U-bahn, clique para aumentar

Após a divisão da cidade no final da Segunda Guerra Mundial, várias restrições foram impostas para os moradores do lado oriental, sendo que as linhas do metrô que iam para o lado ocidental foram cortadas. Duas linhas ainda permaneceram vindas da Berlim Ocidental, porém não havia parada no lado leste e as estações permaneciam fechadas. Após a reunificação alemã, o sistema voltou a ser totalmente aberto.

Ambos sistemas de trens e metrôs são operados e mantidos pela empresa BVG. No site S-Bahn há um guia contendo as principais atrações de Berlim e as linhas de metrô, trem e ônibus que as conectam. A empresa também oferece passeios de barco ou ônibus que passam nos pontos turísticos de Berlim. A duração e o valor variam conforme a opção escolhida. Em geral os passeios de barco custam entre 8,50 e 17,00 euros, enquanto que o tour de ônibus custa 20,00 euros.

Trem indo em direção à Hackesche Markt passando por trás do Altes Museum

Os bilhetes para o trem ou metrô podem ser comprados nas máquinas existentes na estação. O ticket de ônibus/metro custa 1,20 e 2,20 euros, respectivamente (valores de 2008). O de ônibus vale por 2 horas e é emitido pelo motorista. O bilhete do trem é de acordo com o percurso que se vai fazer, o que poder tornar a escolha do ticket certo um pouco confusa.

Berliner Dom – A catedral de Berlim

O primeiro lugar que visitei em Berlim foi a Berliner Dom, uma catedral belíssima, construída em estilo barroco entre 1894 e 1905. Ela fica localizada na ilha do rio Spree, também conhecida como Ilha Museu. Pode-se avista-la de longe, devido ao seu tamanho generoso.

Na minha opinião é um lugar que deve com certeza ser visitado quando se está em Berlim.

Essa bela catedral existente hoje é na verdade a terceira igreja construída no local.

A primeira igreja foi construída em 1465. O prédio serviu mais tarde de igreja da corte para a família Hohenzollern. Posteriormente, a igreja foi substituída por uma catedral construída entre 1745 e 1747 em estilo barroco, desenhada por Johann Boumann.

Mais tarde para celebrar a união das comunidades luteranas da Prússia, a catedral foi remodelada para um edifício neoclássico entre 1816 e 1822, pelo arquiteto Karl Friedrich Schinkel.

Foto Wikipedia

Por fim o Imperador Guilherme II ordenou que a cúpula da catedral fosse demolida em 1894 e substituída pela atual existente. A catedral resultante tinha uma construção baroca com influência do renascimento italiano.

A igreja modificada por Julius Raschdorff possuía então 114 metros de comprimento e 73 metros de largura. Muito maior do que qualquer um dos edifícios anteriores, a catedral foi considerada uma resposta protestante para a Basílica de São Pedro em Roma.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Berliner Dom foi atingida por uma bomba de que danificou severamente a maior parte da catedral.

Um telhado temporário foi instalado para proteger o que restou do interior.

Apesar de os planos do governo da Alemanha Oriental para demolir o prédio, felizmente em 1975, a igreja foi reconstruída.

A restauração do interior começou em 1984 e em 1993 a catedral foi reaberta. Durante a reconstrução, o desenho original foi modificado para uma forma mais simples.

Fonte: A View on Cities

Se por fora a Berliner Dom é deslumbrante, seu interior consegue suplantar ainda mais as espectativas.

A catedral é ricamente trabalhada com vitrais magníficos emoldurando sua grandiosidade e história. O altar principal data de 1850.

O ticket  custa 5 euros e dá direito a visitar o interior da igreja, o museu na parte superior, o mausoléu e o domo.

Um dos itens mais interessantes do interior  da Berliner Dom é o órgão de tubos , construído por Wilhelm Sauer em 1905.

O magnífico órgão possui mais de 7.000 tubos.

Do alto do domo, tem-se um vista deslumbrante de Berlim. A subida de 270 degraus é compensada não apenas pela vista da cidade mas também por uma visão mais completa do interior da catedral.

Durante a subida, existem alguns lugares para descanso com fotos e um pequeno museu com objetos históricos.

Na cripta da Berliner Dom encontra-se mais de 80 sarcófagos da realeza prussiana. As tumbas mais trabalhadas são de Frederick I e da rainha Sofia.

Sem dúvida, a Berliner Dom é um lugar de oração belo e impressioante que merece ser visitado com calma e respeito.

Berlim em dose dupla

Fui para Berlim duas vezes, em setembro de 2006 (partindo de São Paulo) e em junho de 2008 (vindo de trem de Copenhague).

A primeira visita à Berlim foi também a minha primeira experiência como verdadeira mochileira. Fui sozinha, apenas eu e minha fiel companheira mochilassauro, realizar um sonho que precisou ser postergado por mais de um ano em virtude de um novo emprego e da minha mudança para São Paulo.

Inicialmente, eu não pensava em incluir Berlim no meu roteiro, pois meu real interesse eram Amsterdam, Paris e Londres (mais precisamente Stonehenge). Porém, um amigo, e pessoa que admiro muito, professor da USP me falou que eu deveria adicionar Berlim ao roteiro pré-definido.

Aceitei a sugestão, felizmente.

Berlim foi uma grata surpresa, daquelas que não adianta outras pessoas comentarem, dizendo “sim Berlim é ótima“, você tem que ir para saber e vivenciar a experiência em sua totalidade.

Parafraseando uma amiga que também me incentivou a viajar para a Alemanha: “Berlim é um museu ao vivo”. Por onde se anda, se vê a história e as consequências já bem conhecidas por todos.

Além disso, Berlim é linda. Andar na Unter den Liden ou fazer uma caminhada descontraída no Tiergarten, encantar-se com a Berliner Dom ou percorrer as salas dos museus Altes Museum e Alte Nationalgalerie (dentre outros museus magníficos), procurar pelo Muro ou atravessar o Brandenburg Tor, enfim.. não importa o que turista deseja fazer, Berlim presenteia seus visitantes com muita história e cultura.

No meu primeiro dia na cidade,  deixei minha mochilassauro no hostel e logo sai para andar (muito) pela cidade. Quando me lembrei de que não pensava em passar pela Alemanha quando montei meu roteiro, só pude pensar em uma frase:

“Berlim, prazer em te conhecer”.

Quando retornei à Berlim em 2008, pensei durante o percurso Copenhague-Berlim porque eu estava voltando a uma cidade já conhecida. Me vi perguntando porque não tinha escolhido outra cidade que eu ainda não conhecia para adicionar ao meu mapa.

Quando o trem chegou na estação e, mais tarde, me vi novamente caminhando pela Unter den Liden, me lembrei o porquê.

“Berlim, prazer em te rever.”

A imponente e majestosa catedral de Colônia

Fui parar em Colônia em junho de 2008, enquanto ia de Berlim para Bruxelas. O trem parou em Colônia, da janela avistei a catedral e não deu outra. Sai correndo do trem e fui visita-la, enquanto aguardava o novo trem que partiria para Bruxelas.

A catedral de Colônia (em alemão Kölner Dom) é uma igreja católica de estilo claramente gótico, sendo o marco principal da cidade e seu símbolo não-oficial. É dedicada a São Pedro e à Virgem Maria.

A catedral está incluída na lista de patrimônio histórico da UNESCO, onde é descrita como “trabalho excepcional do gênio criativo humano”. E esse trabalho excepcional é diariamente visitado por cerca de 30 mil pessoas.

A catedral foi construída no local de um templo romano do século IV, um edifício quadrado conhecido como a “mais velha catedral” e administrada por Maternus, o primeiro bispo cristão de Colônia. Uma segunda igreja foi construída no mesmo local, e foi então chamada de “Velha Catedral”, cuja construção foi completada em 818, porém acabou incendiada em 1248.

Com a Segunda Guerra Mundial, a catedral acabou sendo vítima de nada menos que 14 ataques por parte de bombas aéreas. Apesar disso, a Kölner Dom não caiu e permaneceu de pé, aguardando a reconstrução que seria completada somente em 1956.

Até o fim da década de 1990, havia na base da torre noroeste um reparo de emergência feito com tijolos retirados de uma ruína próxima da guerra. Esse reparo mau feito permaneceu visível como uma lembrança da guerra, mas então foi decidido que ele deveria ser reformado para voltar com a aparência original. Que bom, ninguém quer lembranças ruins em um lugar tão excepcional.

A catedral é uma das maiores do mundo e a maior igreja gótica do norte da Europa. Por quatro anos, entre 1880-1884, ela foi a estrutura mais alta do mundo, até a conclusão do Monumento de Washington. Mesmo assim, suas duas torres ainda permanecem como as segundas maiores torres, sendo superada apenas pela torre única da Igreja Ulm Minster, completada 10 anos depois, em 1890, na cidade de mesmo nome Ulm, também na Alemanha.

Devido a suas enorme torres gêmeas, a catedral também apresenta a maior fachada de uma igreja no mundo. O coro, medido entre os pilares, também possui a maior razão entre altura e largura de uma igreja medieval. São medidas que realmente impressionam. A ponto de tirar alguém de seu trem, rs.

Segundo a tradição, no interior da catedral está guardado o relicário de ouro com os restos mortais dos Três Reis Magos Baltazar, Melchior e Gaspar

Fonte:.Wikipédia

Esta catedral foi uma das mais lindas que já visitei. Se por fora ela é exuberante, por dentro ela nos toma o fôlego. São tantos detalhes e tamanha grandiosidade da construção, que fica difícil decidir para onde olhar primeiro.

Bom, na minha opinião, as catedrais góticas são sempre as mais bonitas. Esse estilo envolto em mistérios nos leva à Idade Média e nos remete toda a áurea de uma época em que a arte só era possível se utilizada para fins religiosos. Uma vez que pintura e escultura não eram muito incentivadas pela classe sacerdotal nessa época, restou mesmo aos grandes artistas dedicarem seu tempo e criatividade para construírem templos tão belos como a catedral de Colônia. Um magnífico exemplo de até onde a criatividade humana, quando usada para o bem, pode levar.

Infelizmente não tirei fotos de seu interior, pois a bateria da minha máquina tinha acabado. E o motivo disso foram dois suecos infelizes que roubaram minha mochila, enquanto eu ajudava minha mãe a subir no trem. O carregador da bateria estava obviamente dentro da mochila para que eu pudesse carregar dentro do trem.

As fotos do interior da catedral foram retiradas do site Sacred Destinations. Um ótimo site por sinal, lá tem fotos (muitas fotos!) de alguns destinos sacros ou históricos no mundo. O site não faz menção ao Brasil, mas vale a pena dar uma olhada.

A catedral é aberta ao público de maio a outubro da 6:00 as 21:00 e de novembro a abril das 6:00 as 19:30. Durante a missa não é permitida a visitação.

É possível subir na torre entre 9:00 e 17:00 horas. O ticket custa 2,50 Euros. A entrada fica do lado de fora da catedral, próxima à entrada principal, no lado direito. Dá para ouvir o sino tocar, mas nesse caso é necessário o uso de protetor auricular.

A câmara do tesouro fica aberta diariamente entre 10:00 e 18:00. O custo do ingresso é 4,00 euros. Dá para comprar um ingresso combinado para ver o Tesouro e a Torre. Nesse caso sai mais barato, 5,00 euros.