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Saint Michel et Gudula é a principal igreja de Bruxelas. É como um símbolo para os habitantes da cidade, conforme um deles mesmo me contou, e está localizada na praça Sainte-Gudule, a poucos passos da Galeries Royales St Hubert e bem perto da Grand Place. A igreja também está próxima ao Parc de Bruxelles. Ou seja, é praticamente impossível não encontrá-la, seja por sua localização, seja por seu imponente tamanho.
Essa magnífica igreja combina vários estilos, desde o Romano até Gótico, sendo esse último o estilo predominante. O início da sua construção data de 1226, mas sua origem é ainda anterior a isso, provavelmente do século VIII ou IX, quando uma capela dedicada a São Miguel havia sido construída no local.
Dois séculos depois, o então duque de Brabante, Lamberto II mandou construir uma igreja romanesca no local. Ainda no século XI, as relíquias de Santa Gudula, a padroeira de Bruxelas, foram transferidas para lá, e foi a partir de então que se se tornou conhecida como a igreja de Saint Michel et Gudula, e os dois santos, padroeiros da cidade. Até por isso que se vê estátuas de São Miguel no topo de vários prédios importantes da cidade.
Foi Henrique I, outro duque de Brabante quem ordenou o início da construção da igreja atual que durou por nada menos que 300 anos! A igreja finalmente ficou pronta em 1519, próximo ao reinado do imperador Carlos V. Essas duas figuras importantes historicamente para Bruxelas foram as mesmas que moraram no palácio Coudenberg. O estilo gótico apareceu nessa mesma época na região e por isso ele está tão realçado na catedral.
As dimensões da igreja refletem sua beleza e importância. São 114 metros de comprimento exterior e 109 metros de comprimento interior por 57 metros de largura. As torres possuem 64 metros de altura. A parte externa da catedral foi inteiramente construída com pedras retiradas da pedreira de Gobertange, localizada a cerca de 52 km de Bruxelas.
Se por fora a catedral é magnífica, com todas suas estátuas de santos e pessoas importantes decorando sua fachada, seu interior não deixa por menos. Há lindos detalhes por todos os lados e vale a pena explorar cada canto dessa igreja.
O coro data de 1226 mesmo, enquanto outras partes possuem diferentes origens. Os belíssimos vitrais e os confessionários são do século XVI e o púlpito do século XVII, mais recente é o carrilhão, de 1975.
O púlpito, esculpido por Hendrik Frans Verbruggen em 1699, é um belo exemplo da arte barroca “naturalista”. Ele retrata a queda de Adão e Eva e a Redenção, representada de acordo com a descrição de São João no livro do Apocalipse, pela Virgem sobre uma lua crescente e a cabeça coroada com doze estrelas, e o Infante perfurando a cabeça da serpente com uma longa cruz.
Na nave da igreja há doze colunas onde estão dispostos os doze apóstolos. As expressivas estátuas barrocas foram esculpidas no século XVII por grandes escultores da época do ducado de Brabante, como Jérôme Duquesnoy o Jovem, filho de Jérôme Duquesnoy, o Ancião, o mesmo que esculpiu o Manekken Pis, Luc Faid’herbe e Tobie de Lelis
Saint Michel et Gudula passou por uma grande restauração entre 1983 e 1999 que trouxe de volta toda a sua beleza, em especial das pedras, vitrais e abóboda. Foi durante essa restauração que foram descobertas as ruínas bem preservadas da igreja original e a cripta, ambas do século XI, em estilo romanesco. Os espelhos colocados no sítio arqueológico permitem que os visitantes vejam as fundações da entrada da igreja de 1047, seu lado oeste, que servia como local de refúgio para os habitantes durante a Idade Média, construído por volta de 1200, a antecâmara e as fundações do arco que separava a antecâmara da nave.
Bem, como dá para perceber, a Igreja de Saint Michel et Gudula oferece beleza arquitetônica, belos vitrais e estátuas, história, religiosidade e ruínas antigas para quem for visitá-la. Um belo símbolo e uma imponente construção para a cidade de Bruxelas. Vale muito a pena conhecer.
Manneken Pis é o símbolo de Bruxelas, como todos já sabem, mas a verdade é que ele nunca me chamou muito a atenção. Tanto que só fui conhecê-lo de perto na terceira vez que estive em Bruxelas. O Manneken Pis nada mais é do que uma estátua de bronze de um menininho fazendo xixi. Quando cheguei perto da fonte, no meio de muitos turistas ávidos por tirar uma foto em frente à tão famosa estátua, pude ter certeza que qualquer coisa pode virar uma atração turística.
Mas vamos lá entender porque o Manneken Pis faz tanto sucesso. Seu nome significa exatamente o que ele faz “menino fazendo xixi”, em um dialeto holandês falado em Bruxelas. A estátua de bronze foi feita em 1619 pelo escultor Jérôme Duquesnoy, o Ancião (seu filho, com o mesmo nome é conhecido como Jérôme Duquesnoy, o Jovem).
Como qualquer atração turística, o Manneken Pis possui uma história interessante. Ninguém sabe ao certo o porquê da sua origem, mas a estátua é cercada de lendas bem divertidas. Uma delas diz que a estátua representa um garoto que salvou Bruxelas de um incêndio apagando a brasa inicial com seu xixi. Outra história diz que no final do século XII, o filho de um duque foi encontrado urinando contra uma árvore no meio de uma batalha e foi por isso celebrizado numa estátua de bronze. A mais provável é que o menininho fazendo xixi desempenhou um papel essencial na distribuição de água potável em Bruxelas no século XV.
Independente de sua origem, o fato é que o Manneken Pis é hoje mais do que importante na vida e história da capital belga. Em datas festivas, a estátua é vestida com diferentes roupas. Seu guarda-roupa conta com mais de 800 peças. Nada mal! Algumas delas são possíveis de se ver no museu Maison de Roi na Grand Place.
Recentemente, em vista dos ataques terroristas na Bélgica, vários cartoons com o Manneken Pis foram feitos como um forma de resposta do país frente ao terrorismo e conforto para os cidadãos.
No Rio de Janeiro, em frente à sede do clube do Botafogo de Futebol e Regatas, há uma estátua de um menino fazendo xixi, inspirada no Manneken Pis. Na verdade, é a “cópia” mais famosa. Ela é conhecida como Manequinho, um nome bem fofo, assim como a estátua, que na minha opinião é mais bonitinha que o próprio Manneken Pis.
O Manekken Pis está localizado na junção das ruas Rue de l’Étuve/Stoofstraat e Rue du Chêne/Eikstraat, a poucos passos da Grand Place.
Sua “namorada”, a Jeanneke Pis, não fica muito longe. E na verdade, ela fica numa região até mais agradável. Jeanneke Pis, como é de se esperar, significa menina fazendo xixi.
Bem menos famosa que sua versão masculina, a Jeanneke Pis foi inaugurada em 1987 e também conta com uma história interessante. Denis Adrien Debouverie, de Bruxelas, decidiu um dia que daria um presente à vizinhança, onde ele morou por muitos anos. Pensou então em algo que fizesse referência à história da cidade e daí surgiu a “irmã mais nova” do Manneken Pis. Segundo as palavras de seu criador, com sua inauguração, Bruxelas teria agora igualdade de gêneros.
Hoje a Jeanneke Pis está protegida por grades contra vandalismos, o que prejudica bastante ter um boa foto da garotinha bochechuda.
A estátua se localiza na rua sem saída Impasse de La Fidélité, uma transversal da Rue de Bouchers, uma rua bastante agradável com muitos barzinhos e restaurantes. Um lugar para se frequentar, sem dúvida.
Em frente à Jeanneke Pis, está nada menos que o Delirium Café, que possui quase 2500 tipos de cerveja do mundo todo. Absolutamente imperdível e fácil de achar, o elefante rosa da cerveja Delirium Tremens indica o local. O Delirium Café possui filiais no Rio de Janeiro, São Paulo, Japão, Varsóvia e Lisboa. Vale a pena a visita!
Entre os dois irmãos ou namorados, como são conhecidos, está a Galeries Royales St Hubert, o shopping coberto mais antigo da Europa Ocidental, e um dos mais elegantes. Inaugurada em 1847, a galeria é repleta de boutiques de luxo que vendem de roupas a relógios e chocolates.
Ela se divide em três áreas: Galeria da Rainha, com lojas de sapatos de grifes famosas e objetos de decoração, Galeria do Rei, com lojas de produtos tradicionais de couro feitos à mão, de joias e de chocolates de dar água na boca, e por fim a Galeria dos Príncipes, formada de livrarias e lojas elegantes de presentes e roupas. O shopping atravessa de um lado ao outro do quarteirão e é iluminado naturalmente pelo sol.
Como o próprio nome diz, somente mesmo as famílias reais para fazerem compras nessa galeria. Vale a pena passar por ela e admirar as lojas, mas nada mais além disso.
Que a Grand Place é linda ninguém discorda, mas nos seus arredores também há belas construções que valem a pena conhecer.Um exemplo é o Palais de La Bourse, onde fica a Bourse de Bruxelles, que como o próprio nome indica, é a Bolsa de Valores de Bruxelas.
Chegar lá é muito fácil, estando na Grand Place, é só ir caminhando pela Rue de Beurre, a rua que fica ao lado do restaurante Le Roi D’Espagne. É uma rua pequena e logo do início já dá para avistar a parte de trás da Bourse de Bruxelles. Enquanto caminha por lá aproveite para se deliciar com as vitrines mais do que atrativas das lojas de chocolates. Difícil resistir à tentação de comprar alguns chocolates. Eu mesma não resisti.
A belíssima construção do Palácio da Bolsa (Palais de La Bourse) foi levantada sobre as ruínas de um mosteiro franciscano do século XIII. É possível visitar as ruínas do convento no museu subterrâneo localizado na Rue de La Bourse.
O estilo do edifício foi inspirado no arquiteto renascentista Andrea Palladio, daí o nome de estilo neo-palladiano, muito popular nas construções públicas do século XIX.
A principal característica desse estilo é a representação das arquiteturas antigas, com aparência de templos grego-romanos, por isso a presença de colunas coríntias e o frontão com esculturas. Na frente do Palais de La Bourse ainda há dois imponentes leões, um em cada lado da escadaria, que representam a nação. A intenção de dar grandiosidade às construções da época, em especial aquelas com funções públicas e financeiras, era para atrair a burguesia com muitos recursos. Bom não apenas os ricos investidores são atraídos pela majestade desse prédio, mas também com certeza os muitos turistas. É uma construção muito bela que chama a atenção sem dúvida e que vale a pena conhecer.
A caminho do Palais de La Bourse, passamos pela Église Saint Nicolas, construída no século XII para os comerciantes e mercadores. Essa igreja é uma das quatro primeiras igrejas de Bruxelas, e, devido à sua proximidade com o Palais de La Bourse, ela também e conhecida como Saint Nicolas de La Bourse. Pode-se dizer que essa igreja tem uma história interessante, ou que ao menos mante-la em pé não tem sido tão fácil assim. Em 1367, uma tempestade destruiu a torre que foi reconstruída posteriormente em 1380. Porém, em 1695, ela foi bombardeada, sendo novamente reconstruída, mas, dessa vez, a estrutura da igreja ficou abalada e a torre acabou por desabar em 1714, sendo reconstruída somente em 1956. Finalmente a igreja foi completamente restaurada entre 2002 e 2006.
Seguindo em frente pela Rue de Tabora, a rua entre o Palais de La Bourse e a igreja Saint Nicolas, chega-se ao Théâtre Royal de La Monnai ou De Munt, construído em 1700 para apresentações de balé, ópera e teatro. Na época, a construção em estilo neo-clássico foi considerada um dos teatros mais belos fora da Itália.
É possível fazer uma visita guiada ao teatro com duração 90 minutos. A visita ocorre sempre após as 16:30 durante a semana e o dia inteiro aos finais de semana. Nos meses de julho e agosto não há visitas guiadas, uma pena, considerando que esses são justamente os meses de férias. O valor do tour é de 12,00 euros por pessoa. É gratuito para crianças abaixo de 5 anos e adultos abaixo de 30 pagam metade. O tour só ocorre se tiver um mínimo de 16 participantes e os idiomas disponíveis são francês, holandês, inglês, alemão, italiano e espanhol. Dá para reservar a visita no próprio site do teatro. Para quem não quiser pagar o ingresso, também é possível conhecer o interior do teatro em um tour virtual.
Um pouco mais afastado da Grand Place, mas perto do De Munt está outro teatro, o Théâtre Royal Flamand. Para chegar lá, basta seguir pela Rue du Fossé aux Loups, que fica à esquerda do De Munt, se você estiver de frente para ele. Vire à direita na Rue de Laeken e siga em frente até chegar na Quai aux Pierres de Taille, pronto, você chegou ao Théâtre Royal Flamand, também conhecido pela sigla KVS, feliz abreviação de Koninklijke Vlaamse Schouwburg, ou Le Théatre de Ville Bruxellois
O KVS abriu em 1887 e era o principal teatro holandês em Bruxelas. Seu estilo flamengo neo-renascentista o deixa inconfundível. As varandas feitas de ferro dão o toque final para a beleza dessa construção. Infelizmente, parte da decoração do seu interior foi destruída por um incêndio violento em 1955. Os shows que se apresentam no KVS são todos em holandês, mas eles são legendados para aqueles que não falam esse idioma possam acompanhar. O programa varia entre dança, poesia, comédia, peças de teatro clássico e contemporâneo.
Ainda há mais lugares interessantes para se conhecer nos arredores da Grand Place, como o símbolo da cidade Manekken Pis e as Galeries Royales, mas esses ficam para o próximo post.
O que dizer da Grand Place de Bruxelas que ainda não tenha sido dito? Esse é com certeza o destino de 100% de turistas, viajantes, mochileiros, visitantes ou o nome que se queira dar, que frequentam a cidade. E, mesmo caindo no convencional, para mim é o melhor lugar de Bruxelas. Não tem como não se impressionar, independente se é a primeira ou quinta vez que você vai para Bruxelas. Não é a toa que a Grand Place ou Groten Mark é considerada uma das praças mais bonitas da Europa.
Em 1998, a Grand Place entrou para a lista dos patrimônios mundiais da UNESCO, que faz referência à arquitetura da praça como um belo exemplo do nível social e vida cultural do século 17. A Grand Place também é citada no livro 1000 Lugares para Conhecer Antes de Morrer da jornalista americana Patricia Schultz, onde é descrita como o coração de Bruxelas.
As casas aqui foram construídas em 1695, apenas três anos após os dois dias de intenso bombardeio francês que destruiu a praça quase que completamente, restando apenas a prefeitura, ou Hôtel de Ville. Na verdade, foram os comerciantes que reconstruíram as casas, em estilos aprovados pelo Conselho Municipal, e que originaram a bela e harmoniosa unidade de prédios construídos em três estilos: barroco, gótico e Luís XIV.
Antigamente, a Grand Place funcionava como mercado, onde comerciantes vendiam essencialmente alimentos. Daí o porquê das ruas em volta da praça terem nomes de comidas, como por exemplo Rue au Beurre (rua da manteiga), Rue de Marché aux Fromages (rua do mercado de queijos), Rue de Marché aux Herbes (rua do mercado de ervas) e assim por diante. Eu acho esses nomes bem interessantes, mesmo sendo engraçados, mostram bem tanto a cultura quando a história do lugar. São coisas assim que me deixam mais apaixonada pela Europa em geral, pois mesmo com o passar do tempo, modernização, globalização e tudo o mais, eles ainda mantém intactos aspectos simples de suas histórias, como essas ruas com nomes como frango, ervas, manteiga, etc.
O prédio mais imponente da Grand Place é sem dúvida o Hôtel de Ville, a prefeitura construída entre 1402 e 1459. O prédio é 300 anos mais velho que o restante das casas e é merecidamente tido como o prédio cívico mais bonito da Bélgica. É bem irônico o fato do Hôtel de Ville ter sido praticamente a única construção que resistiu ao bombardeio francês, uma vez que ele era o principal alvo.
Mas que bom que isso ocorreu, mesmo tendo sido reconstruído os demais prédios, seria uma lástima que a bela prefeitura fosse destruída. A fachada do prédio é preenchida por estátuas de figuras importantes e gárgulas góticas. A torre de 96 metros pode ser vista de vários pontos da cidade. No alto, há uma estátua de São Miguel, patrono da cidade.
É possível conhecer seu interior formado por salas luxuosas. Há tours guiados com duração de 45 minutos. O valor do ingresso é 5,00 euros para adultos e 3,00 euros para crianças entre 6 e 12 anos, abaixo dessa idade, o ingresso é gratuito. O valor com desconto também vale para aposentados, desempregados e estudantes. O tour tem horas e dias marcados conforme o idioma usado, que são francês, inglês e holandês.
Em frente ao Hôtel de Ville fica a Maison de Roi, que apesar do nome, nunca foi residência do rei. Melhor ainda é seu nome em holandês, Broodhuis, que significa Casa de Pão. Na verdade, os dois nomes possuem explicação, no século 13, o prédio serviu de mercado de pão, daí o nome Broodhuis, enquanto que Maison de Roi se refere aos títulos do seu proprietário, o Duque de Brabante, que no século 16 era Carlos V, “rei” da Espanha.
Porém nem casa do rei e nem casa do pão, esse palácio datado do século 12 é na verdade sede do Musée de la Ville de Bruxelles. Quando fui, a entrada era de graça, pois era o primeiro domingo do mês, nos demais dias o valor do ingresso é 8,00 euros para adultos, para aposentados é 6,00, estudantes e desempregados pagam 4,00 euros enquanto que para abaixo de 18 anos a entrada é gratuita. Também é possível comprar ingresso combinando o Musée de la Ville de Bruxelles com os museus Musée du Costume et de la Dentelle e Musée des Egouts. O primeiro parece ser bem interessante, uma vez que se trata de trajes e história da moda com exposições mostrando vestuários desde o século 18. Já o segundo é um tanto duvidoso, já que o museu é destinado ao sistema de esgoto. Além dos profissionais da área, não sei quem mais se interessaria por esse tipo de exposição. Isso mostra que qualquer tema pode virar um museu na Europa.
Como o próprio nome diz, o Musée de la Ville de Buxelles é dedicado à história e cultura de Bruxelas mostradas através de peças arqueológicas, pinturas, esculturas, tapeçarias e muitas estátuas do Manneken Pis, aquele menino fazendo xixi que é símbolo de Bruxelas, vestido de várias maneiras, o que não deixa de ser engraçado. Porém não é permitido tirar fotos no interior do museu.
Mas a história da Grand Place não é feita apenas de prédios bonitos, seu passado também contém fatos tristes, uma vez que o local já foi palco de centenas de execuções de bruxas e protestantes que eram queimados, bem como rebeldes e ladrões que eram decapitados. Felizmente, hoje a Grand Place é um lugar bem mais positivo, com eventos frequentes como o mercado de flores que acontece diariamente entre a primavera e o outono e o Tapete de Flores, que ocorre a cada dois anos no mês de agosto.
Há vários restaurantes e bares na Grand Place, que obviamente são caros, mas confesso que uma vez abri mão da economia para sentar em um bar do lado oposto ao Hôtel de Ville e tomar uma Chimay, uma das minhas cervejas favoritas. Em alguns momentos compensa a gente pagar mais caro para tomar uma deliciosa cerveja trapiste podendo admirar a praça mais bela da Europa, afinal, não é todo dia que podemos fazer isso.
É bem fácil chegar na Grand Place, uma vez que há várias placas sinalizando a direção, ao mesmo tempo que, como mencionei antes, a torre do Hôtel de Ville é facilmente vista. mas de qualquer forma, para quem quiser ir de metrô, a estação mais próxima é a Gare Centrale.
O Palácio Real ou Palais Royale em Bruxelas é a residência administrativa do rei belga e seu principal local de trabalho, o que convenhamos, é um lugar bem agradável para se fazer de home office. É lá que o rei recebe os representantes políticos como chefes de estado e embaixadores. Além de local para as atividades administrativas, o palácio também possui salas, e muitas salas, como esperado,para outros assuntos da família real como recepções, concertos e almoços.
Mas não é nesse palácio que a monarquia mora, ele funciona mesmo apenas para assuntos administrativos, a família real mora de fato é no Castelo Real de Laeken, localizado na periferia de Bruxelas, próximo ao Atomium.
Quando a bandeira belga está hasteada no topo do Palácio Real, significa que o rei está no país. A história da monarquia belga é exposta no Museu BELvue, que fica ao lado do Palácio Real.
Desde 1965, o palácio abre suas portas para o público em geral durante o verão, logo após o feriado nacional de 21 de julho, quando é comemorada a independência da Bélgica do domínio holandês. O palácio permanece aberto para visitação até o mês de setembro entre 10:30 e 16:30.
Nesse período, locais e turistas podem visitar seus cômodos como a sala do trono, decorada com baixos relevos de ninguém menos que Rodin, a sala Goya, que como o nome sugere, é decorada com tapeçarias inspiradas nas pinturas de Goya e a sala de Espelhos, cujo teto e lustre são decorados com 1,4 milhão de asas iridescentes de besouros tailandeses. Parece bizarro, mas o uso de asas desse besouro é uma antiga arte praticada na Tailândia, Myanmar, Índia, Japão e China, onde as asas desse besouro são aplicadas em decoração, roupas, artesanatos, joias, dentre outros.
Infelizmente, em nenhuma das vezes em que fui para Bruxelas, o Palais Royale estava aberto para visitação. As fotos abaixo são de outros sites. Para acessá-los, basta clicar em qualquer uma das fotos.
Em frente ao palácio temos o Parc de Bruxelles, um parque muito agradável e o mais antigo da cidade. Ele foi criado em 1776, sendo que antes disso o parque funcionava na verdade como o campo de caça para os duques de Brabante. Foi a imperatriz austríaca Maria Tereza, que nessa época governava a cidade, que fez com que o Parque de Bruxelas tivesse seu desenho simétrico, lembrando os parques da França.
Também há uma influência da maçonaria do século 18, uma vez que a estrutura formada pelos caminhos e fontes principal do parque lembram os símbolos maçônicos do compasso e esquadro.
No passado, o Parc de Bruxelles foi palco também da luta dos nativos pela independência do domínio holandês, que após a batalha foram expulsos do país, hoje, o parque é praticamente o pulmão verde da cidade, até mesmo pela sua localização tão central.
Algumas vezes, eu aproveitava para tomar meu café da manhã nesse parque. Comprava alguns itens no supermercado próximo e me sentava lá para comer. Ele é bem tranquilo e muito arborizado. Não é tão pomposo quanto os parques de Paris ou com esculturas tão significativas quanto o Vigelandsparken de Oslo, mas tem o seu charme e cai muito bem para uma caminhada, ou momento de relaxar um pouco e curtir o verde e as estátuas e fonte espalhadas por lá.
Como eu gosto muito dos parques em geral na Europa, acho que vale muito a pena parar por alguns momentos para descansar e apreciar a calma e beleza desse parque.Do outro lado do parque, em sentido exatamente oposto ao Palácio Real, na Rue de Louvain, fica o Palais de La Nation, ou Palácio da Nação, traduzindo seu nome. O prédio, em estilo neoclássico, foi construído entre 1779 e 1783. O Palais de La Nation é a sede do parlamento belga desde 1830, e junto com o Palácio Real simbolizam a monarquia constitucional, regime de governo da Bélgica, com cada palácio representando um poder, sendo o Palácio Real a casa administrativa do chefe de estado e o Palácio da Nação, a sede do governo conduzido pelo primeiro ministro. Daí a razão desses dois prédios estarem propositadamente um de frente ao outro, tendo o parque entre eles.
Ainda bem próximo ao Palácio Real, do lado do parque, está a Academie Royale, construída entre 1823 e 1826. Também em estilo neo-clássico, esse palácio foi originalmente a residência do príncipe Willian de Orange como uma homenagem pela atuação do herdeiro do trono holandês na famosa batalha de Waterloo.
Foi somente em 1876 que o prédio foi usado como sede para a Academia Real de Ciências, Literatura e Belas Artes e Academia de Medicina, e apesar de algumas mudanças em sua história, como por exemplo, a ocupação alemã durante a II Guerra, o ex-palácio permanece até hoje dedicado às ciências e artes, duas disciplinas belas e necessárias, e para falar a verdade as minhas preferidas.
Um lugar imperdível em Bruxelas é a região de Mont des Arts, e para falar a verdade, é até difícil não passar por ali. Todas as vezes que fui à Bruxelas passei várias vezes por lá.
A região compreende uma variedade de prédios, museus, um lindo jardim e até mesmo o Palácio Real, ou Palais Royale, que falaremos em outro post. E para completar, ainda se tem uma bela vista do jardim da praça Mont des Arts.
O local foi originalmente ideia do Rei Leopoldo II que quis criar essa região dedicada às artes (Monte das Artes, como o próprio nome diz) no final do século 19. Apesar da boa intenção em relação às artes em seu país, esse rei entrou para a história como um dos piores monarcas do mundo devido à forma cruel com que tratava o povo do Congo, na época colônia da Bélgica.
Bom, histórias a parte, a verdade é que o centro cultural, que hoje conta com 10 dos maiores museus e galerias de Bruxelas, só ficou pronto 50 anos mais tarde.
O Mont des Arts fica no centro da colina existente entre o Palácio Real e a Grand Place e até mesmo por sua localização entre dois destaques da cidade que é tão fácil passar por ali várias vezes.
Começamos então nosso tour pela Igreja Saint Jacques sur Coudenberg, que fica na Place Royale. Essa igreja, em estilo neoclássico, foi construída entre 1776 e 1787 e funciona como a catedral da diocese para as forças armadas. Não é a toa que ela lembra mais um prédio público do que uma igreja propriamente dita.
Na frente da igreja, há um imponente pórtico Greco-romano com 6 colunas do tipo coríntias coroadas no alto por um frontão triangular, o que confirma minha impressão de prédio público. Durante a Revolução Francesa, essa igreja foi transformada em Templo da Razão e posteriormente em Templo da Lei. Em 1802, voltou a pertencer à Igreja católica.
Não consegui conhecer a Saint Jacques sur Coudenberg por dentro, porque sempre que passava por ali, ela estava fechada. Mas de qualquer forma, vale conhecer a fachada. Na Place Royale, onde fica a igreja, bem no centro está a estátua do duque Godofredo de Bulhões, um importante nobre, líder da primeira cruzada que ocorreu em 1096.
Continuando nosso tour em direção ao Jardim do Mont des Arts, passamos em frente a vários museus, que justificam o nome dessa região. Lembrando ainda, que bem próximo, atrás da Saint Jacques sur Coudenberg estão o sítio arqueológico Coudenberg e o museu Belvue, ambos mencionados em outro post.
Bom, o primeiro deles que encontramos na nossa caminhada é o Musée Magritte, aberto em junho de 2009 para expor as obras do artista surrealista René Magritte. Eu não visitei esse museu, pois surrealismo não é uma das minhas escolas de arte preferidas. Mas para quem gosta pode ser uma boa pedida, já que o acervo do museu conta com mais de 200 trabalhos, incluindo óleo em canvas, guaches, desenhos esculturas, objetos pintados, fotografias vintages entre outros feitos pelo próprio Magritte. O museu abre de terça a sexta entre 10:00 e 17:00 e aos finais de semana entre 11:00 e 18:00. O ingresso pode ser comprado online e custa 8,00 euros.
O Musée Magritte na verdade faz parte do complexo de museus chamado Musées Royaux des Beaux Arts, formado por mais 5 museus: o Musée Fin-de-Siècle, inaugurado em dezembro de 2013, que apresenta obras das escolas do final do século 19, como impressionismo, simbolismo e art noveau; Musée Oldmasters, fundado em 1801 por ninguém menos que Napoleão Bonaparte. O acervo conta com obras do período entre os séculos 15 e 18; Musée Modern que, como o nome indica, possui obras de arte modernas e contemporâneas; e finalmente o Musée Meunier e Musée Wiertz que se localizam afastados desse complexo.
O primeiro fica em Ixelles na casa do pintor, escultor e desenhista Constantin Meunier e conta com um acervo de mais de 700 peças. Já o Wiertz, é dedicado ao pintor, escultor e escritor Antoine Wiertz, uma figura controversa do movimento romântico na Bélgica.
Os horários de funcionamento e valores dos ingressos de todos esses museus são os mesmos do Musée Magritte, mas se comprados juntos passam a custar 13,00 euros. Ou seja, já começa a valer mais a pena para quem quiser conhecer ao menos dois museus.
Do outro lado da rua Coudenberg, um pouco mais para frente do Magritte, está o Musée des Instruments de Musique, ou Museu de Instrumentos de Música, já mencionado no post anterior.
Vamos descendo então a rua em direção ao Jardin de Mont des Arts. Além de um belo jardim, ainda é possível ter uma ótima vista da cidade baixa, onde vemos se destacando no horizonte, a torre mais alta do Hotel de Ville, na Grand Place.
É nesse local que está o Carillon de Mont des Arts. O Carillon é um relógio construído em 1958 composto por 24 sinos e 12 estátuas que representam personagens importantes tanto na história quanto no folclore de Bruxellas. No alto do relógio há um personagem que bate no sino com o martelo a cada hora cheia, é o Jacquemart.
Do lado esquerdo dos jardins está a Bibliothèque Royale fundada em 1837. O acervo da biblioteca inclui livros, periódicos, anuários e manuscritos, dentre outros itens. São mais de 200 mil mapas e 35 mil manuscritos, sendo muitos deles da Idade Média. Um sonho para amantes da leitura!
Uma coisa curiosa é que desde 1966, todo autor belga tem que depositar duas cópias de cada livro publicado no país nessa biblioteca. Um bom exemplo a ser seguido para melhorar o acesso à cultura.
Do outro lado, fica o Square Brussels Meeting Centre, um local com cerca de 13.000 metros quadrados e capacidade para receber até 1.200 pessoas para convenções e eventos, construído em estilo contemporâneo, o que contrasta um pouco com os demais prédios da região.
Ao final do jardim, chegamos na estátua do rei Alberto I que reinou a Bélgica entre 1909 e 1934, abrangendo o período da I Guerra Mundial (1914-1918), quando 99% do território belga foi ocupado pelas tropas alemãs.
Além de todos os museus e prédios citados, a região de Mont des Arts ainda conta com lindos prédios de arquitetura típica e também com um restaurante nas alturas. Isso mesmo, sobrevoando os jardins podemos ver o Dinner in the Sky, com capacidade para 22 convidados e de 1 a 5 chefs. O Dinner in the Sky começou em Bruxelas em 2006 e agora, 10 anos depois, ele está presente em 55 países. O almoço ocorre sempre as 12:30 e o jantar em dois horários, 19:30 e 21:30. A reserva pode ser feita no próprio site. No Brasil,o Dinner in the Sky chegou em 2009 e, assim como em Bruxelas, também é possível jantar a 50 metros do chão.
O Musée des Instruments de Musique, ou MIM, é um dos meus museus favoritos, está no Top 10 da minha lista de museus. Afinal, é um museu inteiramente dedicado à musica e o primeiro, e na verdade único, desse tipo que visitei.
O MIM é um dos museus citados no site do MIMO, Musical Instruments Museums Online, que reúne uma série de museus europeus, disponibilizando todo o acervo para consulta online, quase 56 mil instrumentos. Dá para se perder nesse site.
Além dos museus indicados no MIMO, há ainda o Musical Instrument Museum em Phoenix, Arizona e o Museu da Música, em Lisboa. No Brasil há o Museu dos Instrumentos Musicais, ou MIMU, em Curitiba e o Museu da Música em Itu.
O MIM fica localizado em um lindo prédio que combina com o explendor do seu acervo. Na verdade é um complexo restaurado, cuja construção é em parte Art Noveau e em parte neoclássica, construído em 1898 pelo arquiteto Paul Saintenoy.
São mais de sete mil instrumentos musicais que constam no acervo desse museu, mas infelizmente, a maior parte deles fica guardada em salas não acessíveis para o público em geral. Bom, seja como for, de qualquer forma, há muito o que explorar nesse museu.
As coleções são cuidadas por uma equipe de cientistas chamados de organologistas, que são especialistas no estudo de instrumentos musicais, o que convenhamos, é uma atividade para lá de interessante, principalmente para aqueles, que como eu, amam música e história. Que inveja, rs!
As peças em exibição estão divididas em 4 galerias, ou andares, onde além dos instrumentos há também as explicações sobre suas origens, funcionamento, época, e o melhor de tudo, sua sonoridade.
No subsolo ficam os instrumentos eletrônicos, elétricos e mecânicos. No primeiro andar, estão os instrumentos tradicionais de música, tanto ocidental quanto oriental. Já no segundo andar é possível ver os instrumentos clássicos ocidentais dispostos em uma ordem mais ou menos cronológica, desde a época medieval e renascentista até o final do século XIX.
O quarto andar é o meu preferido, lá ficam os pianos, cravos e outros teclados e as harpas. Lindos instrumentos que proporcionam belíssimas músicas. No terceiro andar não há instrumentos em exposição, nesse andar fica a biblioteca.
Logo na entrada, recebemos fones de ouvido que permitem ouvir o som que o instrumento faz, quando nos posicionamos no sinal de fone de ouvido existente no chão, na frente dos instrumentos.
Isso foi o mais mágico para mim. Poder ouvir os diferentes sons e as diversas músicas criadas por instrumentos tão simples ou complexos, conhecidos ou totalmente estranhos para mim, foi uma das melhores experiências que já vivi em um museu ou mesmo nas vivências que tive no mundo da música, seja ocidental ou oriental. Esse é um dos motivos porque gosto tanto desse museu. Não apenas eu, é claro, afinal o MIM recebe anualmente cerca de 125.000 visitantes.
Além das galerias, o museu conta também com uma sala de concerto, espaço para workshops, loja, livraria e um restaurante no terraço. Desde maio de 2015, Thomas Meuwissen, um belga fabricante de violinos finos, criou um workshop permanente sobre a fabricação de violinos, de acesso gratuito. Que tudo!
Na loja do museu, além dos souvenires já esperados, é possível também comprar livros e CDs de diversos estilos musicais e instrumentos. Eu comprei alguns de piano, cravos e de música medieval. Um verdadeiro deleite para músicos, estudantes de música ou simples admiradores.
O museu abre de terça a sexta entre 9:30 e 17:00. Sábado, domingo e feriado, abre mais tarde, as 10:00. É fechado as segundas e também em feriados como 1 de janeiro, 1 de maio, 11 de novembro e 25 de dezembro. O restaurante segue os horários do museu.
O ingresso custa 8,00 euros para adultos entre 26 e 64 anos, adultos acima ou abaixo dessa faixa pagam 6,00 euros. Crianças e adolescentes até 16 anos pagam 2,00 euros. O áudio-guia para ouvir as músicas está incluso no valor do ticket, mas o visitante pode também usar os próprios fones de ouvido, se quiser.
Vale muito a pena conhecer esse museu, bom, eu já fui duas vezes e, quando puder retornar, o farei com certeza. Afinal, como escrevi no início, o MIM é um dos meus museus preferidos. Um lugar que reúne música, arte e história no mesmo local só pode mesmo ser muito especial.
Sítios arqueológicos e museus são minhas paixões, um sítio arqueológico ligado a um museu então é uma combinação perfeita. Coudenberg foi um dos primeiros lugares que visitei em Bruxelas, mas na verdade foi uma coincidência. Eu estava fazendo um lanche no Parc de Bruxelles e decidi visitar o Palais Royal. O palácio porém estava fechado para visitação e então vi ao lado esse local, e lógico resolvi entrar sem pensar duas vezes.
Coudenberg se trata na verdade das ruínas de um palácio construído na colina de mesmo nome durante a segunda metade do século 11. Ele foi reconstruído e aumentado várias vezes, à medida em que crescia o prestígio dos Duques de Brabante e Borgonha e do imperador Charles V que o possuíram.
Na época, a beleza desse palácio, que foi a sede do poder de Bruxelas por seis séculos, o charme de seus jardins e a riqueza das obras de artes, atraíam visitantes de toda a Europa. No entanto, o palácio foi quase totalmente destruído por um grande incêndio ocorrido na noite de 3 de fevereiro de 1731 e simplesmente desapareceu quando o distrito foi reconstruído em 1775, deixando as ruínas no palácio caírem no esquecimento. Assim, restaram apenas as fundações e salas inferiores que foram encontradas em escavações realizadas posteriormente.
As ruínas ficam abaixo das ruas de Bruxelas. Foi um passeio que gostei muito, pois dá para voltar no tempo andando nos corredores. Na recepção, o visitante recebe uma brochura explicando cada setor, identificado com números na parede. Para acessar as ruínas é necessário passar por uma porta grande e pesada. Ao lado dela, há um local para digitar um código. O código que me deram era 147A, eu digitei e a pesada porta se abriu. Quando passei por ela, a porta se fechou de uma vez, fazendo um barulho forte. Pensei que ia ficar presa nos porões desse castelo, até porque para variar, só havia eu visitando o local. Daí entendi porque o recepcionista havia me falado que qualquer coisa que eu precisasse, era só dar um tchauzinho para as câmeras que alguém apareceria para me buscar.
Isso me pareceu bizarro, além do fato de não ver mais ninguém durante todo o tempo em que estive lá. Mas na verdade, tudo isso contribuiu para eu curtir o local. Foi uma viagem pelo tempo, até mesmo pelo cheiro de lugar antigo que permeia todo o Coudenberg.
Caminhar pelo que restou dele oferece a oportunidade de ver o que foi esquecido pela história para depois se tornar um interessante sítio arqueológico.
Como está escrito na capa da brochura, sob o distrito real, um outro palácio.
Saindo do Coudenberg, retorna-se à recepção e é possível visitar o museu Belvue que fica no andar superior do luxuoso Hotel Bellevue, construído no século 18. Basta subir a bela escadaria para alcançar o museu.
Esse museu conta a história da Bélgica e,embora eu não saiba nada da história deles, achei bem interessante a visita. Aberto relativamente recente, em julho de 2005, Belvue é daqueles museus que quando se entra na sala começa tocar alguma música. Como novamente só havia eu lá dentro, não deixou de ser engraçado o fato de tocar uma música a cada sala que eu entrava.
O acervo permanente conta com mais de 1500 itens entre documentos históricos, filmes, fotos e objetos antigos que retratam a história da Bélgica desde 1830 até os dias de hoje.
Atualmente o Belvue passa por uma mudança na apresentação cronológica de seu acervo permanente. A partir de julho de 2016, os objetos serão expostos nas sete salas divididos nos temas democracia, prosperidade, solidariedade, pluralismo, migração, linguagem e Europa.
O ingresso vale para os dois locais: Coudenberg e museu Belvue e custa 6,00 euros. Há desconto para quem possui o Brussels Card.
Antes de conhecer Bruxelas, li vários comentários de mochileiros e outros viajantes do Brasil e mesmo da Europa dizendo que a cidade não compensava, que um dia ou dois bastavam, que a melhor coisa a se fazer em Bruxelas era pegar o trem para Brugges, dentre outras coisas. Bom, devo dizer que discordo totalmente. Adoro Bruxelas.
A primeira vez que fui para lá foi em 2006, vindo de trem de Amsterdam, ou pelo menos era o que eu pretendia. Como sempre acontece comigo, andar de trem vem sempre acompanhado de vários imprevistos.
Entrei no trem na Central Station em Amsterdam com destino a Bruxelas. Faltando apenas 45 minutos pra chegar anunciaram, em holandês obviamente, pois nesses momentos eles nunca falam inglês, que houve um acidente e por isso devíamos descer em Rotterdam. De lá tive que pegar mais outros 3 trens para chegar em Bruxelas, em um troca troca de trem em Utrecht, Breda e Roozendaal. Resultado, eu tinha planejado estar em Bruxelas às 15:00, mas só consegui chegar às 19:00.
Na segunda vez, em 2008, fui também de trem, mas dessa vez saindo de Berlim, e contrariando todas as expectativas, correu tudo bem. Da terceira vez, em 2013, fui direto para Bruxelas saindo de Guarulhos com troca de aeronave em Frankfurt.
A cada vez fiquei hospedada em um lugar diferente, da primeira vez, me hospedei no Centre Vincent Van Gogh – Le Chab, da segunda vez escolhi o 2GO4 – Quality Hostel e na terceira, me hospedei no hotel Radisson Blu. Recomendo qualquer um deles. Os três são bem localizados e com bom atendimento, então a escolha fica conforme o orçamento de cada um mesmo.
E por que eu digo que Bruxelas vale a pena? Ela pode não ser glamourosa como Paris ou imponente como Berlim, mas tem seu charme sim. Primeiro pela arquitetura muito bonita e pela deslumbrante Grand Place, tida como a praça mais bonita da Europa, e com razão. É um dos lugares que não me canso de passar quando estou em Bruxelas. E a cada vez que retorno, continuo me maravilhando com os belos prédios, em especial o Hotel de Ville ou Stadhuis, em estilo gótico que domina a praça.
Segundo porque lá está um dos museus mais fascinantes que conheci, o Musée des Instruments Musicale, onde é possível não apenas conhecer os mais variados instrumentos musicais de todo o mundo e época, como também ouvir os sons que eles produzem em lindas melodias.
Terceiro porque a comida é ótima, com bons restaurantes em qualquer lugar.
Dois em especial eu recomendo. O Orphyse Chaussette para os apreciadores da Slow Food e culinária francesa. O cardápio é ótimo e os pratos são muito bem preparados. Foi uma das melhores refeições que tive na cidade e por isso acabei retornando a esse restaurante. Além disso, o atendimento é muito bom e o ambiente super agradável. O ponto negativo é que é caro, mas vale a pena para uma noite especial. O restaurante não tem site, mas fica na rua Charles Hanssens, quartier du Sablon.
O outro restaurante que indico é a Brasserie de La Roue D’Or. Ele fica perto da Grand Place, na rua des Chapeliers. O cardápio também é muito bom e eu gostei especialmente da sobremesa. Recomendo muito, mas infelizmente o preço não é lá muito convidativo, até porque sua localização tão perto da Grand Place favorece o valor mais alto.
O quarto motivo vai para os chocólatras de plantão, como eu. Bruxelas é conhecida pelos seus chocolates deliciosos. Uma perdição para qualquer um. É praticamente impossível visitar a cidade e sair de lá sem levar várias caixas de chocolates na mala. Eu pelo menos compro sempre, seja para mim ou para dar de presente.
Uma chocolateria que vale a pena conhecer é a Pierre Marcolini. São chocolates finos, de sabor inigualável. O atendimento também é ótimo, quando fui, o vendedor me explicou todos os principais sabores disponíveis e a história do seu dono fundador e ainda pude fazer uma degustação.
Claro que sai de lá com várias caixas. Por ser chocolates finos, o valor é mais alto. De qualquer forma, existem muitas outras lojas que vendem chocolates com preços mais convidativos para quem não desejar gastar tanto.
O quinto motivo é o melhor de todos, a cerveja belga! Em qualquer restaurante, bar ou mesmo no hotel, você pode saborear uma deliciosa cerveja trapiste. A minha preferida é a Chimay, embora seja até difícil falar de uma preferida, já que todas são muito boas. Quando comento com eles o valor da cerveja belga no Brasil, ninguém acredita. Até eles acham um absurdo.
Há várias lojas especializadas em cerveja, de todos os tipos. Eu não compro nelas, na verdade vou ao supermercado onde se acham as mesmas cervejas com um preço melhor. Já pedi no caixa para embalar bem, pois eu iria trazer para o Brasil, e eles embalaram na maior boa vontade. Chegaram todas inteiras.
Se tudo isso não bastasse, Bruxelas é agradável e fácil de ser conhecida a pé. Eu peguei metrô apenas para ir da estação central, Brussel Centraal ou Bruxelles Central para os hotéis e quando fui visitar o Atomium, que fica mais afastado. Todo o restante deu para fazer caminhando e curtindo a cidade.
A cidade é sede da União Européia e da OTAN. O francês é a língua mais falada, outro motivo para eu gostar de Bruxelas, ao contrário de outras cidades do interior como Ghent e Brugges onde se fala mais o neerlandês que é bem difícil de entender. Para quem não fala francês, dá para se comunicar em inglês perfeitamente.
Então, por tudo isso, vale a pena sim conhecer Bruxelas e desfrutar de seus encantos e particularidades.
Nos próximos posts, falarei com mais detalhes das suas atrações, lugares famosos e museus e igrejas interessantes.
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