Arquivo da tag: Arte

Sint Baafskathedraal, a Catedral de São Bavão, local de adoração e arte em Gent

E chegamos na terceira das “Três Torres de Gent”. Depois da Sint Niklaaskerk e do Belfry, é a vez da terceira e talvez mais famosa torre, a Catedral de São Bavão, em português, ou Sint Baafskathedraal, em neerlandês. Também é comum ver essa catedral chamada de Catedral de São Bavo, uma mistura com o nome inglês do santo.

Essa catedral é aquele “must-do” impossível de não visitar quando em Gent. Seja pela sua imponente arquitetura gótica, seja pelo seu destaque no meio de tanta coisa linda para se ver na cidade, seja pelo motivo religioso, seja pelo fato de ser o lar de uma das pinturas mais famosas do século XV, ou seja apenas pela curiosidade turística, mesmo. Ela é um must-do e isso é indiscutível, rs.

A Sint Baafskathedraal tem sua origem em uma capela fundada em 942 e dedicada a São João Batista, o santo padroeiro mais antigo da cidade comercial. Isso mesmo, era outro santo que era o homenageado pela capela original.

Em 1274, os ricos comerciantes de renda da Idade Média que tanto contribuíram para o engrandecimento comercial de Gent construíram uma outra igreja sobre esta capela. Mas foi somente no século XV que decidiram trocar o santo em questão. Em 1540, São Bavão virou não somente o santo padroeiro da nova igreja, como também o da cidade.

Em 1462, a primeira pedra para a construção das torres foi colocada, sendo estas concluídas somente em 1569. O imperador Romano-Germânico Carlos V, foi batizado nesta igreja ainda inacabada. Em 1550, ele concedeu uma importante quantia em dinheiro para que janelas arqueadas com vitrais fossem incluídas na igreja. Pouco tempo depois da revolta na cidade contra ele em 1539 devido aos pesados ​​pagamentos de impostos. Apesar de ter acabado rapidamente com a revolta, o imperador pelo jeito não era de guardar rancor.

A catedral gótica é um deleite para os amantes de arte. Além de sua belíssima estrutura interna, há esculturas e pinturas distribuídas por todo o seu interior ricamente adornado com mármore branco e escuro. O interior é tão belo que até dá para entender porque quem visita a Sint Niklaaskerk depois, acha essa última “simples”. Há tanta beleza disputando a atenção que para se ter uma ideia, eu consegui tirar mais de 100 fotos do seu interior e mesmo assim ainda parece não ser suficiente, rs. Preparem a bateria da máquina!

Podemos começar pelo belo altar barroco da catedral, feito de mármore, madeira dourada, cobre e bronze. Uma combinação de materiais que resultou em uma bela obra de arte. O altar foi introduzido no início do século XVIII.

Ele chama a atenção obviamente, mas no caso da Sint Baafskathedraal, vale muito a pena mencionar o púlpito. Acredito que esse foi um dos púlpitos que mais me chamou a atenção nas muitas igrejas e catedrais que já visitei. De 1745, feito em carvalho, madeira dourada e mármore é um belo exemplo da arte rococó. A cruz meio que caída, ou se levantando, dá para interpretar de várias formas, e toda a dramaticidade de suas esculturas revelam, na minha opinião, um encontro de um mundo superior de paz em ascensão com mundo abaixo turbulento. Esse belo trabalho é obra de Laurent Delvaux, um escultor flamengo que transitava também em outros estilos como o barroco e o neoclassicismo.

Acrescente a isso a magnífica pintura A conversão de São Bavão, de 1623 de ninguém menos que Rubens, um dos mais influentes artistas do barroco flamengo.

Mas a obra de arte mais famosa e muito provavelmente um dos principais motivos de visitação da Sint Baafskathedraal, é a obra”Adoração do Cordeiro Místico“, ou simplesmente “Cordeiro Místico’ dos irmãos Jan e Hubert Van Eyck, iniciada em 1420 e concluída em 1432.

A mundialmente famosa pintura fica em uma uma capela construída especialmente para abriga-la. Trata-se do que é conhecido como políptico (do grego polýs, “numeroso” e ptýx, “dobra, prega”). Ou seja é um conjunto de painéis que formam uma determinada cena ou tema. Eles podem ser fixos ou móveis (como neste caso), unidos por dobradiças como se fossem várias pequenas portas, e que formam uma obra quando aberto ou fechado.

A obra também é conhecida pelo nome “Retábulo de Gent”. Retábulo é uma estrutura de madeira, mármore ou de outro material, que fica por trás ou acima do altar e que, normalmente, encerra um ou mais painéis pintados ou em relevo. Nesse caso específico, o Retábulo de Gent foi pintado em painéis de carvalho e as tintas usadas eram uma mistura de pigmentos minerais diluídos em cimento de óleo secante.

O Cordeiro Místico é provavelmente a obra-prima mais conhecida dos primitivos flamengos, uma vez que é, sem dúvida, o principal trabalho da Escola Flamenga no século 15.

São doze painéis, que abertos totalmente, formam uma obra de arte de 3,4 por 4,6 metros. O tema principal é a glorificação de Cristo e a salvação e santificação do homem pelo Seu sacrifício. Os irmãos van Eyck decidiram por mostrar esse tema de uma maneira mais visionária, daí o surgimento de algumas versões que a pintura escondia segredos incluindo um mapa para tesouros cristãos, o que atraiu o profundo interesse, senão obsessão de até mesmo Hitler.

A harmonia das cores, a riqueza de detalhes e o próprio tamanho da obra completa chamam a atenção e admiração de qualquer um, por mais leigo em história da arte que a pessoa possa ser. É uma obra de grande excelência que exerce grande fascínio desde a sua criação. Todo pedaço dessa obra é pintado com detalhes notáveis. Dá para ficar horas admirando cada expressão, cada roupa, cada paisagem de fundo, cada figura distribuída nos 12 painéis. Mas infelizmente o tempo de permanência na capela é de apenas 15 minutos, em silêncio e sem fazer fotos ou vídeos. A fotos aqui são do site Visit Gent e os créditos de Hugo Maertens.

Noah Charney, historiador de arte e autor de vários livros, entre eles, Stealing the Mystic Lamb (Roubando o Cordeiro Místico, em tradução livre já que o livro infelizmente ainda não foi lançado no Brasil), afirma que “A Adoração do Cordeiro Místico é provavelmente a pintura mais influente de todos os tempos, e é também a obra de arte mais frequentemente roubada da história!”.

Isso porque resumidamente falando entre 1794 e 1946, a pintura inteira, ou alguns de seus painéis passearam várias vezes pela Alemanha, França, Itália e Vaticano. Na verdade, desde sua conclusão em 1432, esta pintura a óleo foi saqueada em três guerras diferentes, queimada, desmembrada, forjada, contrabandeada, vendida ilegalmente, censurada (os painéis com Adão e Eva nus), escondida, atacada por iconoclastas da Reforma Protestante que a consideravam como idolatria, caçada pelos nazistas e por Napoleão, usada como ferramenta diplomática, resgatada por agentes duplos austríacos e roubada um total de treze vezes, retornando a Gent somente em 1946.

Em 1986, a pintura completa com todos os painéis finalmente “parou de andar por ai” e foi levada definitivamente para a catedral. Ufa! Os painéis estão sendo retirados nos últimos anos mas para uma minuciosa restauração, que segundo os especialistas é chamada de o renascimento da pintura.

Apesar de fazer parte das Três Torres de Gent, só é possível subir em sua torre durante as festividades da cidade. Fora dessas datas, melhor mesmo subir no vizinho Belfry para se ter uma linda visão da cidade e ainda conhecer o simpático mascote de Gent, o dragão de cobre.

Na catedral há uma lojinha com souvenires da cidade. Como é proibido tirar fotos da Adoração ao Cordeiro Místico, acabei por comprar um livro que trazia mais detalhes sobre a obra. Mais um livro para a minha coleção de livros de arte. Amo muito!

Em maio de 2013, foi iniciado o trabalho de restauração da catedral com um custo aproximado de cerca de 6.300.000 euros! Eu visitei a Sint Baafskathedraal bem no período de restauração, por isso não consegui nenhuma foto boa do seu exterior, já que haviam telas por toda a parte. Mas é possível encontrar lindas fotos em muitos sites, inclusive no site oficial.

A Catedral é aberta ao público no verão, entre abril a outubro, das 8:30 as 6:00. No inverno, entre novembro a março, fecha mais cedo às 17:00. Aos domingos o horário também muda, a catedral abre às 10:00.

Para admirar o Cordeiro Místico é necessário comprar um ingresso a parte, no valor de 4,00 euros, com um áudio guia incluso no valor. Estudantes pagam 1,50 euros. Os áudios guias estão disponíveis em inglês, francês, alemão, holandês, espanhol e japonês.

Os horários da capela também são diferentes. No verão a capela é aberta entre 9:30 e 17:00 e no inverno entre 10:30 e 16:00. Aos domingos a capela abre às 13:00.   Para que se tenha a chance de ver todos os painéis do Retábulo, os painéis externos são dobrados todos os dias entre 12:00 e 13:00. Os ingressos para esta capela são vendidos até 15 minutos antes do horário de fechamento.

Como já mencionei acima, dentro da capela não são permitidos fotos ou vídeos, além de ser pedido silêncio durante os poucos 15 minutos permitidos de permanência.

Entre as gárgulas, Quasímodo e Emmanuel na deslumbrante Notre-Dame de Paris (ou o post que eu não queria editar)

Escrevi o post original no dia 12 de abril pensando em publicá-lo somente no final do mês de maio, depois da série de posts sobre Gent que ainda serão publicadas. No dia seguinte, 13 de abril, mostrei a Catedral Notre-Dame de Paris para meu filho mais velho pelo Google Maps. Enquanto exaltava sua beleza, prometi a ele que um dia levaria ele e seus irmãos para conhecerem as “minhas amigas” gárgulas de perto. Dois dias depois a histórica Notre-Dame é embebida pelas chamas cruéis de um incêndio.

Foi impossível conter as lágrimas enquanto assistia pela televisão a bela senhora queimar. Busquei noticiários do mundo inteiro para tentar compreender o que estava acontecendo. Era simplesmente inacreditável que aquilo estava acontecendo de fato.

Mesmo assim, ainda bela e nobre.

No post original, escrevi que a Notre-Dame “segue imponente, indiferente a tantos acontecimentos históricos, revoltas e guerras que por ela passaram”. Era portanto, inconcebível que ela fosse ceder ao incêndio. Assistir a torre desabar foi surreal. Realmente não podia ser verdade que 850 anos de história, arte e centro espiritual pudessem desabar daquela forma.

Me uni em coração e prece a todos católicos, franceses, historiadores, amantes da arte e de Paris naquelas 12 horas trágicas. Me lembrei de cada momento que passei quando a visitei. Quando fui barrada para assistir a missa pois acharam que eu iria tirar fotos na parte dedicada ao rito religioso, ao que respondi “sou católica e vou assistir a missa!” Os seguranças abriram passagem imediatamente. Quando tentei repetidas vezes tirar uma foto boa da Pietá. Mas todas minhas tentativas foram inúteis. Em nenhuma das vezes que a visitei eu tinha a máquina que tenho hoje. E quando subi os degraus desgastados pelo tempo para ver de perto as gárgulas que tanto admirava.

Lua de Mel, terceira visita à Notre-Dame

Uma coisa era certa, França não seria a mesma sem a Notre-Dame e Paris não seria a mesma sem as gárgulas a observando dia e noite através de tantos anos.

À noite, assisti o discurso do presidente Emmanuel Macron e suas palavras foram inspiradoras. Mais ainda, a bravura, coragem e profissionalismo dos bombeiros que conseguiram finalmente dominar o fogo e salvar a catedral. Como eu queria que isso tivesse ocorrido com nosso inesquecível museu do Rio de Janeiro, cujo incêndio também me fez chorar, e mais ainda, me revoltar com o descaso pela nossa história e arte.

Pensei em nem publicar esse post, pois ele já não corresponde mais à realidade que temos hoje, infelizmente. Mas em respeito à Notre-Dame, e principalmente, à emoção que senti ao subir em sua torre, decidi por publica-lo, e ainda antes da data prevista.

As palavras do Macron foram inspiradoras como eu disse, mas vou terminar esse texto, com as palavras de alguém muito mais inspirador para mim, alguém que me ilumina dia e noite, e por isso que eu o chamo sempre de Sol da Minha Vida, meu filho mais velho. No dia seguinte ao incêndio, ao me ver abatida, ele me falou “Calma mamãe, se eles souberam fazer tanta arte antigamente, eles saberão fazer agora também. Logo logo a igreja estará de pé novamente e você poderá cumprir sua promessa de me levar para conhecer as gárgulas”.

Aguardamos ansiosos por esse momento!

Segue o post original, escrito apenas 3 dias antes do incêndio. E que venha a reconstrução!

Entre as gárgulas, Quasímodo e Emmanuel na deslumbrante Notre-Dame de Paris

Já visitei igrejas, catedrais, mesquitas e templos mundo afora. Todos lindos, cada um a seu jeito. Mas difícil algum deles se comparar com o efeito que a visão dessa emblemática catedral nos causa. Seja sua imponência, seja sua fama, seja sua história, seja sua arquitetura, ou tudo isso junto, a Cathédrale Notre-Dame de Paris pausa nossa respiração quando a observamos por fora, tira nosso fôlego quando entramos nela e acaba com o pouquinho que restou de ar quando subimos na sua torre.

Independente da fé da pessoa, é difícil ficar imune ao impacto que essa catedral nos causa.

Maravilhoso exemplo da arquitetura medieval francesa, citada em inúmeros livros sobre arte gótica, a Notre-Dame de Paris, ou Nossa Senhora de Paris, segue imponente, indiferente a tantos acontecimentos históricos, revoltas e guerras que por ela passaram. Alguns pedaços foram danificados, é bem verdade, mas essa velha senhora permanece de pé recebendo milhares de visitantes que tumultuam seu interior e arredores. E mesmo com tanta gente curiosa querendo conhecê-la, ainda é possível assistir uma missa com muita sensação de paz interior. Eu assisti e foi uma experiência bem gratificante para mim.

O Papa Alexandre III colocou a primeira pedra em 1163, iniciando 170 anos de trabalho de milhares de arquitetos góticos e artesão medievais. A catedral foi erguida sobre um antigo templo romano e quando foi concluída em 1330, tinha 130 metros de comprimento e ostentava colunas, um grande transepto, coro e torres de 69 metros. No seu magnífico interior o rei Henrique VI da Guerra dos 100 Anos, e o imperador Napoleão Bonaparte e sua esposa Josefina foram coroados, cruzados foram abençoados e a heroína e santa francesa, Joana D’Arc, canonizada.

Mas a Notre-Dame também foi palco de violência. Os revolucionários a saquearam e aboliram a religião, transformando-a em templo da razão e depois em depósito de vinho. Na frente da Notre-Dame há 28 estátuas, cada uma com 3,5 metros, que representam os reis de Judéia. Na época da Revolução Francesa, em 1793, todas essas belas estátuas que vemos foram simplesmente decapitadas. Isso mesmo. Os revolucionários entenderam que as estátuas representavam os reis da França e tudo o que eles não queriam era menção a qualquer tipo de monarquia.

Em 1804, Napoleão restaurou a religião e daí o edifício foi restaurado, as estátuas perdidas foram recuperadas e as cabeças decapitadas reconstruídas.

Visitei a Notre-Dame três vezes e em todas as vezes ela me repetiu a mesma lição que teimei em não aprender corretamente. A importante lição de que eu precisava de uma máquina melhor se quisesse tirar fotos perfeitas de seu interior. Mesmo que em cada visita eu tivesse uma máquina diferente, não consegui tirar uma foto perfeita da Pietá no altar e outras partes da catedral. Isso por causa do seu interior muito escuro. A Pietá e o órgão saíram tremidos, mas ao menos deu para aproveitar as fotos dos belíssimos vitrais e das famosas rosáceas.

A rosácea da frente (face oeste) da catedral mostra a Virgem Maria no meio das cores dos demais vitrais.  Já rosácea sul situada no extremo sul do transepto mostra Cristo no centro cercado por virgens, santos e dos doze apóstolos. Este vitral ainda possui algumas pinturas originais do século 13. A rosácea norte também é um vitral do século 13, com 21 metros e altura, e mostra a Virgem Maria cercada de personagens do Velho Testamento.

O anteparo do altar que circunda todo ele é feito de pedra e data do século 14. Dentro da catedral ainda vemos uma estátua de Joana d’Arc, uma maquete da construção da Notre-Dame, o antigo lustre que, por causa do seu peso, agora encontra-se no chão e belíssimas pinturas. Isso porque nos séculos 17 e 18, as associações de trabalhadores de Paris doavam à catedral um quadro todo 1° de maio.

Além disso, o Tesouro da catedral, o Trésor, ainda guarda verdadeiras relíquias como manuscritos medievais e a Coroa de Espinhos e um pedaço da cruz de Cristo. A Coroa de Espinhos só pode ser vista pelos fiéis na primeira sexta-feira de cada mês às 15:00 e na Sexta-feira Santa entre 10:00 e 17:00.

Já que as fotos do interior não ficaram do jeito que eu desejava em nenhuma das minhas visitas, o jeito foi me dedicar mesmo ao que eu mais adoro na Notre-Dame, as gárgulas! Acho cada uma mais linda que a outra. Todas me chamam muito a atenção. Já gostava delas, mesmo antes de conhece-las de perto. Algo em seu aspecto estranho e digamos nada religioso, da forma como imaginamos, acaba me atraindo bastante, rs. São magníficas, cada uma a seu modo.

E tirar fotos da lista vista que se tem do alto da torre com as gárgulas se unindo a paisagem, é algo que de fato encanta e emociona. São 56 gárgulas e esculturas quiméricas construídas por Viollet-le-Duc e Bourdon, que observam Paris incessantemente. E quantas histórias elas devem ter para contar!

A cara da felicidade pela realização de um sonho

Assim como o outro solene morador da Notre-Dame, Quasímodo, o corcunda do livro que Victor Hugo escreveu com apenas 29 anos em 1831. Nessa época, o escritor queria chamar atenção para a catedral que, esquecida, estava sendo aos poucos depredada pela ação do tempo. Tenho esse livro, mas confesso que não li ainda. Acho que Victor Hugo me “traumatizou” com Les Misérables, pois choro toda vez que vejo, e o pior, independentemente da versão! E continuo assistindo mesmo assim, rs, afinal é uma obra divina que, a cada versão mostra uma faceta diferente trazendo uma mensagem a mais.

Minha gárgula favorita!

Bom, para subir na torre e visitar a moradia do Corcunda é preciso subir 387 degraus estreitos em uma escada em espiral já gasta pelos seus muitos anos. No entanto, a vista lá de cima é magnífica e faz a gente esquecer rapidinho dos degraus tortos. Na verdade, dá vontade de permanecer ali fazendo companhia para as graciosas e ao mesmo tempo medonhas gárgulas.

Na torre ainda vemos o Emannuel, o único sino original que resistiu à Revolução Francesa, já que os demais foram todos derretidos e fundidos. O resistente Emannuel só toca agora em datas especiais como Natal, Páscoa, Pentecostes, Anunciação ou em caso de falecimento do Papa. Também foi esse sino que trouxe a boa notícia do final das duas Grandes Guerras Mundiais. Fico imaginando quão especial não deve ter sido ouvir o Emannuel tocar anunciando o final de dois períodos tão turbulentos e tão tristes da História Mundial. O próprio som da libertação!

Coisas que podem ser ditas sobre o desventurado Quasímodo é que suas pernas deviam ser bem fortes para subir 387 degraus todos os dias, que seus ouvidos eram potentes para poder ouvir de perto o sino de 13 toneladas tocar, e que seus olhos se beneficiavam com a bela vista da janela de sua morada.

A fila para subir pode ser mais desanimadora que os velhos degraus em caracol, pois, além de grande, também é demorada já que sobem poucas pessoas a cada vez. Mas como já falei, mais do que vale a pena. O ingresso custa 10,00 euros, mas está incluso no Paris Pass. Para quem preferir uma fila virtual, basta baixar o aplicativo JeFile. Basta reservar o horário e aparecer na hora marcada. É possível fazer a reserva a partir de 7:30, mas sempre no mesmo dia da sua visita. A entrada para a torre está localizada fora da catedral, no lado esquerdo, na rue du Cloister Notre-Dame.

Para subir, fui fazendo algumas pausas no caminho, mas para descer, acabei indo direto. O resultado de descer os 387 degraus em espiral foi uma verdadeira prova de equilíbrio para mim. Sai andando na frente da catedral parecendo uma bêbada, pois não conseguia de forma alguma andar em linha reta no chão. Como eu ainda ria muito dessa situação, imagino a impressão que causei. Mas tudo bem, posso dizer que foi o vinho que tomei com as gárgulas. Um brinde a todas elas!

A catedral é aberta todos os dias das 8:00 às 18:45, estendendo o horário até 19:15 aos sábados e domingos. A entrada é livre, mas não é permitido portar nenhum tipo de bagagem.

As linhas do metrô 4 (Station Cité ou Saint-Michel), 1 e 11 (Station Hôtel de Ville), 10 (Station Maubert-Mutualité ou Cluny – La Sorbonne), 7, 11 e 14 (Station Châtelet) ou RER, linhas B (Station Saint-Michel – Notre-Dame) ou (Station Saint-Michel – Notre-Dame) levam até à Notre-Dame. Para quem preferir ir de ônibus, as opções são as linhas 21, 24, 27, 38, 47, 85 e 96. Paris é uma festa do transporte público!

Outras igrejas na região central de Bruxelas

Nem só da imponente catedral de Saint Michel et Gudula vive o turismo nas igrejas, por assim dizer, em Bruxelas. Assim como muitas e muitas capitais e cidades europeias, Bruxelas também tem muitas e muitas outras igrejas belas na região central que merecem ser visitadas.

Vou incluir algumas aqui, aquelas que visitei, mesmo que somente por fora, e que prederam minha atenção.

Começamos então por uma das mais famosas, a Église Notre Dame du Sablon, localizada na rue des Sablons, no distrito histórico de mesmo nome, na parte alta da cidade.

Como minha foto não ficou boa, por causa da chuva (e também por causa da fotógrafa…), tomei a liberdade de colocar aqui uma foto do próprio site da igreja.

A igreja foi construída no século XV no mesmo estilo gótico brabantino (variação regional do estilo gótico tradicional) da Catedral de Saint Michel et Gudula. Ela faz parte da União Pastoral do Centro de Bruxelas junto com outras cinco igrejas, dentre elas a igreja de Saint Nicolas, localizada perto da Grand Place.

Existe uma lenda ao redor dessa igreja. Diz a lenda, que uma jovem moradora de Antuérpia, teve uma visão da Virgem, que lhe pediu que levasse sua imagem para Bruxelas. A moça então foi de barco até a cidade e ao chegar lá, entregou a imagem para os arqueiros da igreja. E desde então, o local virou rota de peregrinações.

A igreja também é muito famosa pelos seus vitrais. São onze grandes vitrais que iluminam o interior da nave e rodeiam o altar.

A igreja é aberta para visitação de segunda a sexta das 9:00 às 18:30 e nos finais de semana das 10:00 às 19:00. As linhas 92 e 94 do bonde (tram), levam você até lá. Se bem que, para quem prefere caminhar como eu, dá para ir a pé da Grand Place (cerca de 1 km) ou, mais pertinho ainda, do Museu Royal de Belas Artes (Musées Royaux des Beaux Arts (apenas 209 metros) ou Museu Belvue (430 metros) .

Bom e já que estamos falando em caminhadas, vamos seguir andando pela Rue des Sablons até a Joseph Stevens para chegarmos à próxima igreja
que vale a pena mencionar, a Église Notre-Dame de la Chapelle, ou Igreja de Nossa Senhora da Capela, localizada na Place de la Chapelle, na região histórica de Marolles. É mais uma igreja gótica de Bruxelas, porém misturada com estilo românico.

A foto tirada na chuva não ajuda muito, mas mesmo assim dá para perceber a beleza arquitetônica dessa igreja, começou a ser construída em 1202, sendo terminada no século 13, o que explica a transição de estilo do românico para o gótico . Sua história, assim como a de muitas construções históricas europeias, é recheada de fases de destruição parcial, incêndios, saques e bombardeios permeadas por outras fases de reconstruções, restaurações e transformações.

Além de sua beleza imponente, a igreja é também importante para a história de Bruxelas, porque é nela que se encontra a sepultura do herói nacional, Francois Anneessens (1660-1719), que lutou pelos direitos civis e acabou sendo morto decapitado na Grand Place. Condenado à morte, François Anneessens recusou a pedir perdão, e suas últimas palavras foram: “Nunca! Eu morro inocente. Que minha morte possa expiar meus pecados e servir ao meu país”.

No local do Santíssimo Sacramento, há uma placa em sua homenagem.

Agora seguimos pelo Boulevard de L’Empereur no sentido do Mont des Arts. Aproveite para conhecer esse pedacinho lindo de Bruxelas aqui. De lá descemos até chegarmos na Putterie e logo chegamos em uma igreja que não é tão grandiosa como a Notre-Dame du Sablon ou a Catedral de Saint Michel et Gudula, mas que me chamou muito a atenção pelo seu charme, a Église de Sainte Marie Madeleine. Na verdade, eu cheguei a essa igreja vindo da Rue des Eperonniers, uma vez que ando meio em zique-zaque e não na ordem mais lógica, rs. Então vi primeiro a fachada barroca. E foi justamente isso o que me chamou a atenção.

A Sainte Marie Madeleine, assim como muitos outros monumentos dessa área, foi bombardeada e destruída em 1695, sendo reconstruída pouco tempo depois graças a doações dos padeiros da região. Ela foi restaurada para sua aparência do século 15 entre os anos 1957 e 1958. Hoje, pertence à comunidade Maranata.

A belíssima fachada barroca que tanto me chamou a atenção e me encantou, mais até que o restante da igreja, pertence à antiga capela de Sainte Anne de 1655, com a estátua de santa Ana segurando Maria ainda criança, datando do século 18. Essa capela foi demolida no começo do século 20 para a junção da ferrovia norte-midi, e sua fachada reconstruída na face norte da Sainte Marie-Madeleine.

Agora caminhamos um pouquinho mais pela rue Infante Isabelle, até a rue Marché aux Herbes, passando perto da Grand Place e Église Saint Nicolas, até chegarmos na Place de Sainte Catherine e na nossa próxima igreja, obviamente de mesmo nome, a Église de Sainte Catherine.

O curioso é que se você procurar por essa igreja na web, vai achar mais sobre os restaurantes, bares e vida social ao seu redor do que sobre a igreja propriamente dita, isso porque o bairro de Sainte Catherine é um dos mais cools de Bruxelas, com vários bares e restaurantes charmosos e convidativos. E para quem não quiser gastar os rico dinheirinho, ainda há a opção de variadas barraquinhas com diversas guloseimas.

E há uma razão para a concentração de bares e restaurantes nessa região. O local é conhecido pelos nativos como “LeVismet” ou “Marché aux Poissons” (Mercado do peixe). Isso porque entre 1884 e 1955, havia um mercado de peixes bem nessa região, que, acredite, era o antigo porto de Bruxelas.

Hoje em dia a área ainda ainda mantém seu lado gourmet e é conhecida como o melhor local para degustar os famosos frutos do mar de Bruxelas, Bem, isso para quem gosta, o que não é o meu caso.

Então… vamos deixar os frutos do mar de lado e voltar para a Sainte Catherine.

A Igreja foi construída aproximadamente em 1200 e depois ligada aos muros da cidade. Entre 1854 e 1855, a igreja foi reconstruída sob o comando de Joseph Polaert, em diversos estilos, como o gótico, mais facilmente reconhecível, o românico e o renascentista.

A Igreja de Sainte Catherine é aberta para visitação de segunda a sexta entre 9:00 e 20:00 e aos sábados e domingos entre 9:00 e 19:00. As linhas 1 e 5 do metrô passam por lá (estação Sainte Catherine).

A bela catedral de Saint Michel et Gudula em Bruxelas

Saint Michel et Gudula é a principal igreja de Bruxelas. É como um símbolo para os habitantes da cidade, conforme um deles mesmo me contou, e está localizada na praça Sainte-Gudule, a poucos passos da Galeries Royales St Hubert e bem perto da Grand Place. A igreja também está próxima ao Parc de Bruxelles. Ou seja, é praticamente impossível não encontrá-la, seja por sua localização, seja por seu imponente tamanho.

411Bruxelas_StMichaelStGudula _004

Essa magnífica igreja combina vários estilos, desde o Romano até Gótico, sendo esse último o estilo predominante. O início da sua construção data de 1226, mas sua origem é ainda anterior a isso, provavelmente do século VIII ou IX, quando uma capela dedicada a São Miguel havia sido construída no local.

416Bruxelas_StMichaelStGudula _008

Dois séculos depois, o então duque de Brabante, Lamberto II mandou construir uma igreja romanesca no local. Ainda no século XI, as relíquias de Santa Gudula, a padroeira de Bruxelas, foram transferidas para lá, e foi a partir de então que se se tornou conhecida como a igreja de Saint Michel et Gudula, e os dois santos, padroeiros da cidade. Até por isso que se vê estátuas de São Miguel no topo de vários prédios importantes da cidade.

414Bruxelas_StMichaelStGudula _006

474Bruxelas_StMichaelStGudula _066

Foi Henrique I, outro duque de Brabante quem ordenou o início da construção da igreja atual que durou por nada menos que 300 anos! A igreja finalmente ficou pronta em 1519, próximo ao reinado do imperador Carlos V. Essas duas figuras importantes historicamente para Bruxelas foram as mesmas que moraram no palácio Coudenberg. O estilo gótico apareceu nessa mesma época na região e por isso ele está tão realçado na catedral.

441Bruxelas_StMichaelStGudula _033

As dimensões da igreja refletem sua beleza e importância. São 114 metros de comprimento exterior e 109 metros de comprimento interior por 57 metros de largura. As torres possuem 64 metros de altura. A parte externa da catedral foi inteiramente construída com pedras retiradas da pedreira de Gobertange, localizada a cerca de 52 km de Bruxelas.

451Bruxelas_StMichaelStGudula _043

450Bruxelas_StMichaelStGudula _042

Se por fora a catedral é magnífica, com todas suas estátuas de santos e pessoas importantes decorando sua fachada, seu interior não deixa por menos. Há lindos detalhes por todos os lados e vale a pena explorar cada canto dessa igreja.

O coro data de 1226 mesmo, enquanto outras partes possuem diferentes origens. Os belíssimos vitrais e os confessionários são do século XVI e o púlpito do século XVII, mais recente é o carrilhão, de 1975.

500Bruxelas_StMichaelStGudula _092

431Bruxelas_StMichaelStGudula _023 479Bruxelas_StMichaelStGudula _071

425Bruxelas_StMichaelStGudula _017

424Bruxelas_StMichaelStGudula _016 446Bruxelas_StMichaelStGudula _038

 

444Bruxelas_StMichaelStGudula _036

O púlpito, esculpido por Hendrik Frans Verbruggen em 1699, é um belo exemplo da arte barroca “naturalista”. Ele retrata a queda de Adão e Eva e a Redenção, representada de acordo com a descrição de São João no livro do Apocalipse, pela Virgem sobre uma lua crescente e a cabeça coroada com doze estrelas, e o Infante perfurando a cabeça da serpente com uma longa cruz.

434Bruxelas_StMichaelStGudula _026

442Bruxelas_StMichaelStGudula _034

525Bruxelas_StMichaelStGudula _117

Na nave da igreja há doze colunas onde estão dispostos os doze apóstolos. As expressivas estátuas barrocas foram esculpidas no século XVII por grandes escultores da época do ducado de Brabante, como Jérôme Duquesnoy o Jovem, filho de Jérôme Duquesnoy, o Ancião, o mesmo que esculpiu o Manekken Pis, Luc Faid’herbe e Tobie de Lelis

428Bruxelas_StMichaelStGudula _020

452Bruxelas_StMichaelStGudula _044

466Bruxelas_StMichaelStGudula _058

472Bruxelas_StMichaelStGudula _064

803 - Cathedrael St Michel 05

493Bruxelas_StMichaelStGudula _085

521Bruxelas_StMichaelStGudula _113

Saint Michel et Gudula passou por uma grande restauração entre 1983 e 1999 que trouxe de volta toda a sua beleza, em especial das pedras, vitrais e abóboda. Foi durante essa restauração que foram descobertas as ruínas bem preservadas da igreja original e a cripta, ambas do século XI, em estilo romanesco.  Os espelhos colocados no sítio arqueológico permitem que os visitantes vejam as fundações da entrada da igreja de 1047, seu lado oeste, que servia como local de refúgio para os habitantes durante a Idade Média, construído por volta de 1200, a antecâmara e as fundações do arco que separava a antecâmara da nave.

813 - Cathedrael St Michel 15

504Bruxelas_StMichaelStGudula _096

506Bruxelas_StMichaelStGudula _098

513Bruxelas_StMichaelStGudula _105

Bem, como dá para perceber, a Igreja de Saint Michel et Gudula oferece beleza arquitetônica, belos vitrais e estátuas, história, religiosidade e ruínas antigas para quem for visitá-la. Um belo símbolo e uma imponente construção para a cidade de Bruxelas. Vale muito a pena conhecer.

495Bruxelas_StMichaelStGudula _087

463Bruxelas_StMichaelStGudula _055

499Bruxelas_StMichaelStGudula _091

454Bruxelas_StMichaelStGudula _046

477Bruxelas_StMichaelStGudula _069

Os irmãos ou namorados Manneken Pis e Jeanneke Pis em Bruxelas

Manneken Pis é o símbolo de Bruxelas, como todos já sabem, mas a verdade é que ele nunca me chamou muito a atenção. Tanto que só fui conhecê-lo de perto na terceira vez que estive em Bruxelas. O Manneken Pis nada mais é do que uma estátua de bronze de um menininho fazendo xixi. Quando cheguei perto da fonte, no meio de muitos turistas ávidos por tirar uma foto em frente à tão famosa estátua, pude ter certeza que qualquer coisa pode virar uma atração turística.

Mas vamos lá entender porque o Manneken Pis faz tanto sucesso. Seu nome significa exatamente o que ele faz “menino fazendo xixi”, em um dialeto holandês falado em Bruxelas. A estátua de bronze foi feita em 1619 pelo escultor Jérôme Duquesnoy, o Ancião (seu filho, com o mesmo nome é conhecido como Jérôme Duquesnoy, o Jovem).

073Bruxelas_MannekenPis_3

 

Como qualquer atração turística, o Manneken Pis possui uma história interessante. Ninguém sabe ao certo o porquê da sua origem, mas a estátua é cercada de lendas bem divertidas. Uma delas diz que a estátua representa um garoto que salvou Bruxelas de um incêndio apagando a brasa inicial com seu xixi. Outra história diz que no final do século XII, o filho de um duque foi encontrado urinando contra uma árvore no meio de uma batalha e foi por isso celebrizado numa estátua de bronze. A mais provável é que o menininho fazendo xixi desempenhou um papel essencial na distribuição de água potável em Bruxelas no século XV.

Independente de sua origem, o fato é que o Manneken Pis é hoje mais do que importante na vida e história da capital belga. Em datas festivas, a estátua é vestida com diferentes roupas. Seu guarda-roupa conta com mais de 800 peças. Nada mal! Algumas delas são possíveis de se ver no museu Maison de Roi na Grand Place.

Manneken-pis-saxophone-002

mannekenpis

Manneken Pis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Recentemente, em vista dos ataques terroristas na Bélgica, vários cartoons com o Manneken Pis foram feitos como um forma de resposta do país frente ao terrorismo e conforto para os cidadãos.

 

Manneken_Pis_Belgium_defiance_cartoons

 

No Rio de Janeiro, em frente à sede do clube do Botafogo de Futebol e Regatas, há uma estátua de um menino fazendo xixi, inspirada no Manneken Pis. Na verdade, é a “cópia” mais famosa. Ela é conhecida como Manequinho, um nome bem fofo, assim como a estátua, que na minha opinião é mais bonitinha que o próprio Manneken Pis.

O Manekken Pis está localizado na junção das ruas Rue de l’Étuve/Stoofstraat  e Rue du Chêne/Eikstraat, a poucos passos da Grand Place.

Sua “namorada”, a Jeanneke Pis, não fica muito longe. E na verdade, ela fica numa região até mais agradável. Jeanneke Pis, como é de se esperar, significa menina fazendo xixi.

 

Bem menos famosa que sua versão masculina, a Jeanneke Pis foi inaugurada em 1987 e também conta com uma história interessante. Denis Adrien Debouverie, de Bruxelas, decidiu um dia que daria um presente à vizinhança, onde ele morou por muitos anos. Pensou então em algo que fizesse referência à história da cidade e daí surgiu a “irmã mais nova” do Manneken Pis. Segundo as palavras de seu criador, com sua inauguração, Bruxelas teria agora igualdade de gêneros.

Hoje a Jeanneke Pis está protegida por grades contra vandalismos, o que prejudica bastante ter um boa foto da garotinha bochechuda.

119Bruxelas_JeannekePis_2

A estátua se localiza na rua sem saída Impasse de La Fidélité, uma transversal da Rue de Bouchers, uma rua bastante agradável com muitos barzinhos e restaurantes. Um lugar para se frequentar, sem dúvida.

117Bruxelas

Em frente à Jeanneke Pis, está nada menos que o Delirium Café, que possui quase 2500 tipos de cerveja do mundo todo. Absolutamente imperdível e fácil de achar, o elefante rosa da cerveja Delirium Tremens indica o local. O Delirium Café possui filiais no Rio de Janeiro, São Paulo, Japão, Varsóvia e Lisboa. Vale a pena a visita!

122Bruxelas_DeliriumTremens_3

 

Entre os dois irmãos ou namorados, como são conhecidos, está a Galeries Royales St Hubert, o shopping coberto mais antigo da Europa Ocidental, e um dos mais elegantes. Inaugurada em 1847, a galeria é repleta de boutiques de luxo que vendem de roupas a relógios e chocolates.

786 - Galeries Royales 01

109Bruxelas_GaleriesRoyales_01

Ela se divide em três áreas: Galeria da Rainha, com lojas de sapatos de grifes famosas e objetos de decoração, Galeria do Rei, com lojas de produtos tradicionais de couro feitos à mão, de joias e de chocolates de dar água na boca, e por fim a Galeria dos Príncipes, formada de livrarias e lojas elegantes de presentes e roupas. O shopping atravessa de um lado ao outro do quarteirão e é iluminado naturalmente pelo sol.

111Bruxelas_GaleriesRoyales_03

110Bruxelas_GaleriesRoyales_02

Como o próprio nome diz, somente mesmo as famílias reais para fazerem compras nessa galeria. Vale a pena passar por ela e admirar as lojas, mas nada mais além disso.824 - Bruxelas 27

814 - Bruxelas 27

737Bruxelas_GaleriesRoyales_08

738Bruxelas_GaleriesRoyales_09

792 - Galeries Royales 07

 

790 - Galeries Royales 05

Nos arredores da Grand Place

Que a Grand Place é linda ninguém discorda, mas nos seus arredores também há belas construções que valem a pena conhecer.Um exemplo é o Palais de La Bourse, onde fica a Bourse de Bruxelles, que como o próprio nome indica, é a Bolsa de Valores de Bruxelas.

708Bruxelas_BourseDeBruxelles_11

Chegar lá é muito fácil, estando na Grand Place, é só ir caminhando pela Rue de Beurre, a rua que fica ao lado do restaurante Le Roi D’Espagne. É uma rua pequena e logo do início já dá para avistar a parte de trás da Bourse de Bruxelles. Enquanto caminha por lá aproveite para se deliciar com as vitrines mais do que atrativas das lojas de chocolates. Difícil resistir à tentação de comprar alguns chocolates. Eu mesma não resisti.

736 - Bruxelas 15 - Bourse de Bruxelles

710Bruxelas_BourseDeBruxelles_13

A belíssima construção do Palácio da Bolsa (Palais de La Bourse) foi levantada sobre as ruínas de um mosteiro franciscano do século XIII. É possível visitar as ruínas do convento no museu subterrâneo localizado na Rue de La Bourse.

O estilo do edifício foi inspirado no arquiteto renascentista Andrea Palladio, daí o nome de estilo neo-palladiano, muito popular nas construções públicas do século XIX.

712Bruxelas_BourseDeBruxelles_14

A principal característica desse estilo é a representação das arquiteturas antigas, com aparência de templos grego-romanos, por isso a presença de colunas coríntias e o frontão com esculturas. Na frente do Palais de La Bourse ainda há dois imponentes leões, um em cada lado da escadaria, que representam a nação. A intenção de dar grandiosidade às construções da época, em especial aquelas com funções públicas e financeiras, era para atrair a burguesia com muitos recursos. Bom não apenas os ricos investidores são atraídos pela majestade desse prédio, mas também com certeza os muitos turistas. É uma construção muito bela que chama a atenção sem dúvida e que vale a pena conhecer.

607Bruxelas_BourseDeBruxelles_03

724Bruxelas_BourseBruxelles_15

A caminho do Palais de La Bourse, passamos pela Église Saint Nicolas, construída no século XII para os comerciantes e mercadores. Essa igreja é uma das quatro primeiras igrejas de Bruxelas, e, devido à sua proximidade com o Palais de La Bourse, ela também e conhecida como Saint Nicolas de La Bourse. Pode-se dizer que essa igreja tem uma história interessante, ou que ao menos mante-la em pé não tem sido tão fácil assim. Em 1367, uma tempestade destruiu a torre que foi reconstruída posteriormente em 1380. Porém, em 1695, ela foi bombardeada, sendo novamente reconstruída, mas, dessa vez, a estrutura da igreja ficou abalada e a torre acabou por desabar em 1714, sendo reconstruída somente em 1956. Finalmente a igreja foi completamente restaurada entre 2002 e 2006.

742 - Bruxelas 21 - saint nicholas church

Seguindo em frente pela Rue de Tabora, a rua entre o Palais de La Bourse e a igreja Saint Nicolas, chega-se ao Théâtre Royal de La Monnai ou De Munt, construído em 1700 para apresentações de balé, ópera e teatro. Na época, a construção em estilo neo-clássico foi considerada um dos teatros mais belos fora da Itália.

186Bruxelas_TheatreRoyal

É possível fazer uma visita guiada ao teatro com duração 90 minutos. A visita ocorre sempre após as 16:30 durante a semana e o dia inteiro aos finais de semana. Nos meses de julho e agosto não há visitas guiadas, uma pena, considerando que esses são justamente os meses de férias. O valor do tour é de 12,00 euros por pessoa. É gratuito para crianças abaixo de 5 anos e adultos abaixo de 30 pagam metade. O tour só ocorre se tiver um mínimo de 16 participantes e os idiomas disponíveis são francês, holandês, inglês, alemão, italiano e espanhol. Dá para reservar a visita no próprio site do teatro. Para quem não quiser pagar o ingresso, também é possível conhecer o interior do teatro em um tour virtual.

Um pouco mais afastado da Grand Place, mas perto do De Munt está outro teatro, o Théâtre Royal Flamand. Para chegar lá, basta seguir pela Rue du Fossé aux Loups, que fica à esquerda do De Munt, se você estiver de frente para ele. Vire à direita na Rue de Laeken e siga em frente até chegar na Quai aux Pierres de Taille, pronto, você chegou ao Théâtre Royal Flamand, também conhecido pela sigla KVS, feliz abreviação de Koninklijke Vlaamse Schouwburg, ou Le Théatre de Ville Bruxellois

002Bruxelas Theatre Royal flamand

O KVS abriu em 1887 e era o principal teatro holandês em Bruxelas. Seu estilo flamengo neo-renascentista o deixa inconfundível. As varandas feitas de ferro dão o toque final para a beleza dessa construção. Infelizmente, parte da decoração do seu interior foi destruída por um incêndio violento em 1955. Os shows que se apresentam no KVS são todos em holandês, mas eles são legendados para aqueles que não falam esse idioma possam acompanhar. O programa varia entre dança, poesia, comédia, peças de teatro clássico e contemporâneo.

Ainda há mais lugares interessantes para se conhecer nos arredores da Grand Place, como o símbolo da cidade Manekken Pis e as Galeries Royales, mas esses ficam para o próximo post.

Grand Place, a praça mais bonita da Europa

O que dizer da Grand Place de Bruxelas que ainda não tenha sido dito? Esse é com certeza o destino de 100% de turistas, viajantes, mochileiros, visitantes ou o nome que se queira dar, que frequentam a cidade. E, mesmo caindo no convencional, para mim é o melhor lugar de Bruxelas. Não tem como não se impressionar, independente se é a primeira ou quinta vez que você vai para Bruxelas. Não é a toa que a Grand Place ou Groten Mark é considerada uma das praças mais bonitas da Europa.

103bruxelas_grandplace_16

085bruxelas_grandplace_05

744-grand-place-01

Em 1998, a Grand Place entrou para a lista dos patrimônios mundiais da UNESCO, que faz referência à arquitetura da praça como um belo exemplo do nível social e vida cultural do século 17. A Grand Place também é citada no livro 1000 Lugares para Conhecer Antes de Morrer da jornalista americana Patricia Schultz, onde é descrita como o coração de Bruxelas.

095bruxelas_grandplace_12

096bruxelas_grandplace_13

As casas aqui foram construídas em 1695, apenas três anos após os dois dias de intenso bombardeio francês que destruiu a praça quase que completamente, restando apenas a prefeitura, ou Hôtel de Ville. Na verdade, foram os comerciantes que reconstruíram as casas, em estilos aprovados pelo Conselho Municipal, e que originaram a bela e harmoniosa unidade de prédios construídos em três estilos: barroco, gótico e Luís XIV.

102bruxelas_grandplace_15

083bruxelas_grandplace_04

170bruxelas_grandplace_01

Antigamente, a Grand Place funcionava como mercado, onde comerciantes vendiam essencialmente alimentos. Daí o porquê das ruas em volta da praça terem nomes de comidas, como por exemplo Rue au Beurre (rua da manteiga), Rue de Marché aux Fromages (rua do mercado de queijos), Rue de Marché aux Herbes (rua do mercado de ervas) e assim por diante. Eu acho esses nomes bem interessantes, mesmo sendo engraçados, mostram bem tanto a cultura quando a história do lugar. São coisas assim que me deixam mais apaixonada pela Europa em geral, pois mesmo com o passar do tempo, modernização, globalização e tudo o mais, eles ainda mantém intactos aspectos simples de suas histórias, como essas ruas com nomes como frango, ervas, manteiga, etc.

brussels-grand-place-map

O prédio mais imponente da Grand Place é sem dúvida o Hôtel de Ville, a prefeitura construída entre 1402 e 1459. O prédio é 300 anos mais velho que o restante das casas e é merecidamente tido como o prédio cívico mais bonito da Bélgica. É bem irônico o fato do Hôtel de Ville ter sido praticamente a única construção que resistiu ao bombardeio francês, uma vez que ele era o principal alvo.

821-hotel-de-ville-17

101bruxelas_hoteldeville_09

667bruxelas_hoteldeville_27

666bruxelas_hoteldeville_26

Mas que bom que isso ocorreu, mesmo tendo sido reconstruído os demais prédios, seria uma lástima que a bela prefeitura fosse destruída. A fachada do prédio é preenchida por estátuas de figuras importantes e gárgulas góticas. A torre de 96 metros pode ser vista de vários pontos da cidade. No alto, há uma estátua de São Miguel, patrono da cidade.

662bruxelas_hoteldeville_22

657bruxelas_hoteldeville_21

670bruxelas_hoteldeville_30

É possível conhecer seu interior formado por salas luxuosas. Há tours guiados com duração de 45 minutos. O valor do ingresso é 5,00 euros para adultos e 3,00 euros para crianças entre 6 e 12 anos, abaixo dessa idade, o ingresso é gratuito. O valor com desconto também vale para aposentados, desempregados e estudantes. O tour tem horas e dias marcados conforme o idioma usado, que são francês, inglês e holandês.

653bruxelas_hoteldeville_17

663bruxelas_hoteldeville_23

107bruxelas_hoteldeville_12

732bruxelas_hoteldeville_43

Em frente ao Hôtel de Ville fica a Maison de Roi, que apesar do nome, nunca foi residência do rei. Melhor ainda é seu nome em holandês, Broodhuis, que significa Casa de Pão. Na verdade, os dois nomes possuem explicação, no século 13, o prédio serviu de mercado de pão, daí o nome Broodhuis, enquanto que Maison de Roi se refere aos títulos do seu proprietário, o Duque de Brabante, que no século 16 era Carlos V, “rei” da Espanha.

084bruxelas_maisonduroi_01

640bruxelas_maisonduroi_02

Porém nem casa do rei e nem casa do pão, esse palácio datado do século 12 é na verdade sede do Musée de la Ville de Bruxelles. Quando fui, a entrada era de graça, pois era o primeiro domingo do mês, nos demais  dias o valor do ingresso é 8,00 euros para adultos, para aposentados é 6,00, estudantes e desempregados pagam 4,00 euros enquanto que para abaixo de 18 anos a entrada é gratuita. Também é possível comprar ingresso combinando o Musée de la Ville de Bruxelles com os museus Musée du Costume et de la Dentelle Musée des Egouts. O primeiro parece ser bem interessante, uma vez que se trata de trajes e história da moda com exposições mostrando vestuários desde o século 18. Já o segundo é um tanto duvidoso, já que o museu é destinado ao sistema de esgoto. Além dos profissionais da área, não sei quem mais se interessaria por esse tipo de exposição. Isso mostra que qualquer tema pode virar um museu na Europa.

658bruxelas_maisonduroi_04

Como o próprio nome diz, o Musée de la Ville de Buxelles é dedicado à história e cultura de Bruxelas mostradas através de peças arqueológicas, pinturas, esculturas, tapeçarias e muitas estátuas do Manneken Pis, aquele menino fazendo xixi que é símbolo de Bruxelas, vestido de várias maneiras, o que não deixa de ser engraçado. Porém não é permitido tirar fotos no interior do museu.

651bruxelas_maisonduroi_03

672bruxelas_hoteldeville_32

Mas a história da Grand Place não é feita apenas de prédios bonitos, seu passado também contém fatos tristes, uma vez que o local já foi palco de centenas de execuções de bruxas e protestantes que eram queimados, bem como rebeldes e ladrões que eram decapitados. Felizmente, hoje a Grand Place é um lugar bem mais positivo, com eventos frequentes como o mercado de flores que acontece diariamente entre a primavera e o outono e o Tapete de Flores, que ocorre a cada dois anos no mês de agosto.

815-grand-place-24

755-grand-place-12

Há vários restaurantes e bares na Grand Place, que obviamente são caros, mas confesso que uma vez abri mão da economia para sentar em um bar do lado oposto ao Hôtel de Ville e tomar uma Chimay, uma das minhas cervejas favoritas. Em alguns momentos compensa a gente pagar mais caro para tomar uma deliciosa cerveja trapiste podendo admirar a praça mais bela da Europa, afinal, não é todo dia que podemos fazer isso.

764-grand-place-21

É bem fácil chegar na Grand Place, uma vez que há várias placas sinalizando a direção, ao mesmo tempo que, como mencionei antes, a torre do Hôtel de Ville é facilmente vista. mas de qualquer forma, para quem quiser ir de metrô, a estação mais próxima é a Gare Centrale.

A região de Mont des Arts em Bruxelas

Um lugar imperdível em Bruxelas é a região de Mont des Arts, e para falar a verdade, é até difícil não passar por ali. Todas as vezes que fui à Bruxelas passei várias vezes por lá.

A região compreende uma variedade de prédios, museus, um lindo jardim e até mesmo o Palácio Real, ou Palais Royale, que falaremos em outro post. E para completar, ainda se tem uma bela vista do jardim da praça Mont des Arts.

Vista da praça Mont Des Arts

747Bruxelas_MontDesArts_13

 

O local foi originalmente ideia do Rei Leopoldo II que quis criar essa região dedicada às artes (Monte das Artes, como o próprio nome diz) no final do século 19. Apesar da boa intenção em relação às artes em seu país, esse rei entrou para a história como um dos piores monarcas do mundo devido à forma cruel com que tratava o povo do Congo, na época colônia da Bélgica.

Bom, histórias a parte, a verdade é que o centro cultural, que hoje conta com 10 dos maiores museus e galerias de Bruxelas, só ficou pronto 50 anos mais tarde.

O Mont des Arts fica no centro da colina existente entre o Palácio Real e a Grand Place e até mesmo por sua localização entre dois destaques da cidade que é tão fácil passar por ali várias vezes.

MontDesArts

MontDesArts2

Começamos então nosso tour pela Igreja Saint Jacques sur Coudenberg, que fica na Place Royale. Essa igreja, em estilo neoclássico, foi construída entre 1776 e 1787 e funciona como a catedral da diocese para as forças armadas. Não é a toa que ela lembra mais um prédio público do que uma igreja propriamente dita.

768Bruxelas_Saint Jacques-sur-Coudenberg_09

Na frente da igreja, há um imponente pórtico Greco-romano com 6 colunas do tipo coríntias coroadas no alto por um frontão triangular, o que confirma minha impressão de prédio público. Durante a Revolução Francesa, essa igreja foi transformada em Templo da Razão e posteriormente em Templo da Lei. Em 1802, voltou a pertencer à Igreja católica.

653 - St Jacques Coudenberg 02652 - St Jacques Coudenberg 01
355Bruxelas_Saint Jacques-sur-Coudenberg_05

Não consegui conhecer a Saint Jacques sur Coudenberg por dentro, porque sempre que passava por ali, ela estava fechada. Mas de qualquer forma, vale conhecer a fachada. Na Place Royale, onde fica a igreja, bem no centro está a estátua do duque Godofredo de Bulhões, um importante nobre, líder da primeira cruzada que ocorreu em 1096.

770Bruxelas_PlaceRoyale_01

Continuando nosso tour em direção ao Jardim do Mont des Arts, passamos em frente a vários museus, que justificam o nome dessa região. Lembrando ainda, que bem próximo, atrás da Saint Jacques sur Coudenberg estão o sítio arqueológico Coudenberg e o museu Belvue, ambos mencionados em outro post.

Bom, o primeiro deles que encontramos na nossa caminhada é o Musée Magritteaberto em junho de 2009 para expor as obras do artista surrealista René Magritte. Eu não visitei esse museu, pois surrealismo não é uma das minhas escolas de arte preferidas. Mas para quem gosta pode ser uma boa pedida, já que o acervo do museu conta com mais de 200 trabalhos, incluindo óleo em canvas, guaches, desenhos esculturas, objetos pintados, fotografias vintages entre outros feitos pelo próprio Magritte. O museu abre de terça a sexta entre 10:00 e 17:00 e aos finais de semana entre 11:00 e 18:00. O ingresso pode ser comprado online e custa 8,00 euros.

O Musée Magritte na verdade faz parte do complexo de museus chamado Musées Royaux des Beaux Arts, formado por mais 5 museus: o Musée Fin-de-Siècle, inaugurado em dezembro de 2013, que apresenta obras das escolas do final do século 19, como impressionismo, simbolismo e art noveau; Musée Oldmasters, fundado em 1801 por ninguém menos que Napoleão Bonaparte. O acervo conta com obras do período entre os séculos 15 e 18; Musée Modern que, como o nome indica, possui obras de arte modernas e contemporâneas; e finalmente o Musée Meunier e Musée Wiertz que se localizam afastados desse complexo.

774Bruxelas_MuseeDesBeauxArts_03

775Bruxelas_MuseeDesBeauxArts_04

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O primeiro fica em Ixelles na casa do pintor, escultor e desenhista Constantin Meunier e conta com um acervo de mais de 700 peças. Já o Wiertz, é dedicado ao pintor, escultor e escritor Antoine Wiertz, uma figura controversa do movimento romântico na Bélgica.

Os horários de funcionamento e valores dos ingressos de todos esses museus são os mesmos do Musée Magritte, mas se comprados juntos passam a custar 13,00 euros. Ou seja, já começa a valer mais a pena para quem quiser conhecer ao menos dois museus.

779Bruxelas_MuseeDesBeauxArts_08

782Bruxelas_MuseeDesBeauxArts_11

Do outro lado da rua Coudenberg, um pouco mais para frente do Magritte, está o Musée des Instruments de Musique, ou Museu de Instrumentos de Música, já mencionado no post anterior.

151Bruxelas

 

Vamos descendo então a rua em direção ao Jardin de Mont des Arts. Além de um belo jardim, ainda é possível ter uma ótima vista da cidade baixa, onde vemos se destacando no horizonte, a torre mais alta do Hotel de Ville, na Grand Place.

060Bruxelas_Mont des Arts_2

752Bruxelas_MontDesArts_18

748Bruxelas_MontDesArts_14

750Bruxelas_MontDesArts_16

É nesse local que está o Carillon de Mont des Arts. O Carillon é um relógio construído em 1958 composto por 24 sinos e 12 estátuas que representam personagens importantes tanto na história quanto no folclore de Bruxellas. No alto do relógio há um personagem que bate no sino com o martelo a cada hora cheia, é o Jacquemart.

158Bruxelas_ Carillon du Mont des Arts01

Do lado esquerdo dos jardins está a Bibliothèque Royale fundada em 1837. O acervo da biblioteca inclui livros, periódicos, anuários e manuscritos, dentre outros itens. São mais de 200 mil mapas e 35 mil manuscritos, sendo muitos deles da Idade Média. Um sonho para amantes da leitura!

Uma coisa curiosa é que desde 1966, todo autor belga tem que depositar duas cópias de cada livro publicado no país nessa biblioteca. Um bom exemplo a ser seguido para melhorar o acesso à cultura.

746Bruxelas_BibliothequeRoyale_01

Do outro lado, fica o Square Brussels Meeting Centre, um local com cerca de 13.000 metros quadrados e capacidade para receber até 1.200 pessoas para convenções e eventos, construído em estilo contemporâneo, o que contrasta um pouco com os demais prédios da região.

Ao final do jardim, chegamos na estátua do rei Alberto I que reinou a Bélgica entre 1909 e 1934, abrangendo o período da I Guerra Mundial (1914-1918), quando 99% do território belga foi ocupado pelas tropas alemãs.

745Bruxelas_MontDesArts_12

 

Além de todos os museus e prédios citados, a região de Mont des Arts ainda conta com lindos prédios de arquitetura típica e também com um restaurante nas alturas. Isso mesmo, sobrevoando os jardins podemos ver o Dinner in the Sky, com capacidade para 22 convidados e de 1 a 5 chefs. O Dinner in the Sky começou em Bruxelas em 2006 e agora, 10 anos depois, ele está presente em 55 países. O almoço ocorre sempre as 12:30 e o jantar em dois horários, 19:30 e 21:30. A reserva pode ser feita no próprio site. No Brasil,o Dinner in the Sky chegou em 2009 e, assim como em Bruxelas, também é possível jantar a 50 metros do chão.

744Bruxelas

Vendo, sentindo e ouvindo a música no Musée des Instruments de Musique

O Musée des Instruments de Musique, ou MIM, é um dos meus museus favoritos, está no Top 10 da minha lista de museus. Afinal, é um museu inteiramente dedicado à musica e o primeiro, e na verdade único, desse tipo que visitei.

764Bruxelas_MuseeMusicale_05

765Bruxelas_MuseeMusicale_06

O MIM é um dos museus citados no site do MIMO, Musical Instruments Museums Online, que reúne uma série de museus europeus, disponibilizando todo o acervo para consulta online, quase 56 mil instrumentos. Dá para se perder nesse site.

658 - Musee des instruments de musique 03

723 - Musee des instruments de musique 68

716 - Musee des instruments de musique 61

Além dos museus indicados no MIMO, há ainda o Musical Instrument Museum em Phoenix, Arizona e o Museu da Música, em Lisboa. No Brasil há o Museu dos Instrumentos Musicais, ou MIMU, em Curitiba e o Museu da Música em Itu.

016Bruxelas_MuseeInstMusicale13

021Bruxelas_MuseeInstMusicale18

059Bruxelas_MuseeInstMusicale56

O MIM fica localizado em um lindo prédio que combina com o explendor do seu acervo. Na verdade é um complexo restaurado, cuja construção é em parte Art Noveau e em parte neoclássica, construído em 1898 pelo arquiteto Paul Saintenoy.

072Bruxelas_MuseeInstMusicale69

069Bruxelas_MuseeInstMusicale66

063Bruxelas_MuseeInstMusicale60

São mais de sete mil instrumentos musicais que constam no acervo desse museu, mas infelizmente, a maior parte deles fica guardada em salas não acessíveis para o público em geral. Bom, seja como for, de qualquer forma, há muito o que explorar nesse museu.

143Bruxelas_MuseeInstMusicale40

726 - Musee des instruments de musique 71

046Bruxelas_MuseeInstMusicale43

As coleções são cuidadas por uma equipe de cientistas chamados de organologistas, que são especialistas no estudo de instrumentos musicais, o que convenhamos, é uma atividade para lá de interessante, principalmente para aqueles, que como eu, amam música e história. Que inveja, rs!

076Bruxelas_MuseeInstMusicale73

077Bruxelas_MuseeInstMusicale74

075Bruxelas_MuseeInstMusicale72

As peças em exibição estão divididas em 4 galerias, ou andares, onde além dos instrumentos há também as explicações sobre suas origens, funcionamento, época, e o melhor de tudo, sua sonoridade.

714 - Musee des instruments de musique 59

140Bruxelas_MuseeInstMusicale37

No subsolo ficam os instrumentos eletrônicos, elétricos e mecânicos. No primeiro andar, estão os instrumentos tradicionais de música, tanto ocidental quanto oriental. Já no segundo andar é possível ver os instrumentos clássicos ocidentais dispostos em uma ordem mais ou menos cronológica, desde a época medieval e renascentista até o final do século XIX.

144Bruxelas_MuseeInstMusicale41

145Bruxelas_MuseeInstMusicale42

044Bruxelas_MuseeInstMusicale41

O quarto andar é o meu preferido, lá ficam os pianos, cravos e outros teclados e as harpas. Lindos instrumentos que proporcionam belíssimas músicas. No terceiro andar não há instrumentos em exposição, nesse andar fica a biblioteca.

129Bruxelas_MuseeInstMusicale26

103Bruxelas_MuseeInstMusicale00

694 - Musee des instruments de musique 39

115Bruxelas_MuseeInstMusicale12

Logo na entrada, recebemos fones de ouvido que permitem ouvir o som que o instrumento faz, quando nos posicionamos no sinal de fone de ouvido existente no chão, na frente dos instrumentos.

713 - Musee des instruments de musique 58

 

138Bruxelas_MuseeInstMusicale35132Bruxelas_MuseeInstMusicale29151Bruxelas_MuseeInstMusicale48

Isso foi o mais mágico para mim. Poder ouvir os diferentes sons e as diversas músicas criadas por instrumentos tão simples ou complexos, conhecidos ou totalmente estranhos para mim, foi uma das melhores experiências que já vivi em um museu ou mesmo nas vivências que tive no mundo da música, seja ocidental ou oriental. Esse é um dos motivos porque gosto tanto desse museu. Não apenas eu, é claro, afinal o MIM recebe anualmente cerca de 125.000 visitantes.

081Bruxelas_MuseeInstMusicale78

082Bruxelas_MuseeInstMusicale79

096Bruxelas_MuseeInstMusicale93

Além das galerias, o museu conta também com uma sala de concerto, espaço para workshops, loja, livraria e um restaurante no terraço. Desde maio de 2015, Thomas Meuwissen, um belga fabricante de violinos finos,  criou um workshop permanente sobre a fabricação de violinos, de acesso gratuito. Que tudo!

089Bruxelas_MuseeInstMusicale86

090Bruxelas_MuseeInstMusicale87

062Bruxelas_MuseeInstMusicale59

066Bruxelas_MuseeInstMusicale63

 

 

 

 

 

 

 

 

Na loja do museu, além dos souvenires já esperados, é possível também comprar livros e CDs de diversos estilos musicais e instrumentos. Eu comprei alguns de piano, cravos e de música medieval. Um verdadeiro deleite para músicos, estudantes de música ou simples admiradores.
101Bruxelas_MuseeInstMusicale98

687 - Musee des instruments de musique 32

717 - Musee des instruments de musique 62

126Bruxelas_MuseeInstMusicale23O museu abre de terça a sexta entre 9:30 e 17:00. Sábado, domingo e feriado, abre mais tarde, as 10:00. É fechado as segundas e também em feriados como 1 de janeiro, 1 de maio, 11 de novembro e 25 de dezembro. O restaurante segue os horários do museu.

O ingresso custa 8,00 euros para adultos entre 26 e 64 anos, adultos acima ou abaixo dessa faixa pagam 6,00 euros. Crianças e adolescentes até 16 anos pagam 2,00 euros. O áudio-guia para ouvir as músicas está incluso no valor do ticket, mas o visitante pode também usar os próprios fones de ouvido, se quiser.

055Bruxelas_MuseeInstMusicale52

039Bruxelas_MuseeInstMusicale36

084Bruxelas_MuseeInstMusicale81

Vale muito a pena conhecer esse museu, bom, eu já fui duas vezes e, quando puder retornar, o farei com certeza. Afinal, como escrevi no início, o MIM é um dos meus museus preferidos. Um lugar que reúne música, arte e história no mesmo local só pode mesmo ser muito especial.

Coudenberg, um sítio arqueológico em Bruxelas, e o Museu Belvue

Sítios arqueológicos e museus são minhas paixões, um sítio arqueológico ligado a um museu então é uma combinação perfeita. Coudenberg foi um dos primeiros lugares que visitei em Bruxelas, mas na verdade foi uma coincidência. Eu estava fazendo um lanche no Parc de Bruxelles e decidi visitar o Palais Royal. O palácio porém estava fechado para visitação e então vi ao lado esse local, e lógico resolvi entrar sem pensar duas vezes.

Coudenberg se trata na verdade das ruínas de um palácio construído na colina de mesmo nome durante a segunda metade do século 11. Ele foi reconstruído e aumentado várias vezes, à medida em que crescia o prestígio dos Duques de Brabante e Borgonha e do imperador Charles V que o possuíram.

Paleis_op_de_Koudenberg

Na época, a beleza desse palácio, que foi a sede do poder de Bruxelas por seis séculos, o charme de seus jardins e a riqueza das obras de artes, atraíam visitantes de toda a Europa. No entanto, o palácio foi quase totalmente destruído por um grande incêndio ocorrido na noite de 3 de fevereiro de 1731 e simplesmente desapareceu quando o distrito foi reconstruído em 1775, deixando as ruínas no palácio caírem no esquecimento. Assim, restaram apenas as fundações e salas inferiores que foram encontradas em escavações realizadas posteriormente.

631 - Coudenberg 01

As ruínas ficam abaixo das ruas de Bruxelas. Foi um passeio que gostei muito, pois dá para voltar no tempo andando nos corredores. Na recepção, o visitante recebe uma brochura explicando cada setor, identificado com números na parede. Para acessar as ruínas é necessário passar por uma porta grande e pesada. Ao lado dela, há um local para digitar um código. O código que me deram era 147A, eu digitei e a pesada porta se abriu. Quando passei por ela, a porta se fechou de uma vez, fazendo um barulho forte. Pensei que ia ficar presa nos porões desse castelo, até porque para variar, só havia eu visitando o local. Daí entendi porque o recepcionista havia me falado que qualquer coisa que eu precisasse, era só dar um tchauzinho para as câmeras que alguém apareceria para me buscar.

632 - Coudenberg 02

Isso me pareceu bizarro, além do fato de não ver mais ninguém durante todo o tempo em que estive lá. Mas na verdade, tudo isso contribuiu para eu curtir o local. Foi uma viagem pelo tempo, até mesmo pelo cheiro de lugar antigo que permeia todo o Coudenberg.

634 - Coudenberg 04

Caminhar pelo que restou dele oferece a oportunidade de ver o que foi esquecido pela história para depois se tornar um interessante sítio arqueológico.

Como está escrito na capa da brochura, sob o distrito real, um outro palácio.

638 - Coudenberg 08

Saindo do Coudenberg, retorna-se à recepção e é possível visitar o museu Belvue que fica no andar superior do luxuoso Hotel Bellevue, construído no século 18. Basta subir a bela escadaria para alcançar o museu.

640 - Belvue Museum 01

Esse museu conta a história da Bélgica e,embora eu não saiba nada da história deles, achei bem interessante a visita. Aberto relativamente recente, em julho de 2005, Belvue é daqueles museus que quando se entra na sala começa tocar alguma música. Como novamente só havia eu lá dentro, não deixou de ser engraçado o fato de tocar uma música a cada sala que eu entrava.

644 - Belvue Museum 05

O acervo permanente conta com mais de 1500 itens entre documentos históricos, filmes, fotos e objetos antigos que retratam a história da Bélgica desde 1830 até os dias de hoje.

645 - Belvue Museum 06

Atualmente o Belvue passa por uma mudança na apresentação cronológica de seu acervo permanente. A partir de julho de 2016, os objetos serão expostos nas sete salas divididos nos temas democracia, prosperidade, solidariedade, pluralismo, migração, linguagem e Europa.

647 - Belvue Museum 08

O ingresso vale para os dois locais: Coudenberg e museu Belvue e custa 6,00 euros. Há desconto para quem possui o Brussels Card.

As Igrejas de Amsterdam

Que a Europa é cheia de belas Igrejas para visitar não é surpresa nem novidade, sendo assim, em Amsterdam, cidade dos coffee shops e Red Light District, também há igrejas bem bonitas. Mesmo tendo na sua história um período em que professar a religião católica era proibido, as igrejas católicas foram mantidas para fins protestantes ou exposições e hoje são atrações turísticas, não importando a fé ou o motivo pelo qual a igreja ainda existe.

De Krijtberg foi a primeira igreja que entrei. Seu nome significa Montanha de Cal e é na verdade seu apelido, o nome oficial é Franciscus Xaveriuskerk ou São Francisco Xavier, um monge jesuíta. Essa Igreja Católica se localiza no Singel, um canal que circulava a cidade na Idade Média, no centro de Amsterdam.

De Krijtberg Kerk

A igreja em estilo neo-gótico foi desenhada por Wilhelm Victor Alfred Tepe, considerado um dos mais importantes arquitetos góticos dos Países Baixos no século XIX. Assim como muitas igrejas católicas de Amsterdam, ela começou como uma igreja jesuíta secreta, em 1654. A igreja clandestina foi então substituída por outra em 1677 e finalmente, a De Krijtberg Kerk foi construída no mesmo local em 1881 e inaugurada em 1883, sendo facilmente reconhecida pelas duas torres pontiagudas.

De Krijtberg Kerk

Como na época havia limitação de espaço no centro de Amsterdam, o arquiteto a desenhou com uma imponente fachada e por dentro o espaço da galeria central foi privilegiado, no lugar das galerias laterais, comuns nas igrejas católicas europeias. Hoje, é considerada uma das igrejas jesuítas mais antigas e importantes do país.

De Krijtberg

 

Sint Nicolaas Kerk, Igreja de São Nicolas, foi construída entre 1884 e 1887 na parte antiga de Amsterdam sob influências de estilo barroco e neo-renascentista. O responsável pela mistura de estilos foi o arquiteto Adrianus Bleijs. Seu nome original é Sint Nicolaas binnen de Veste que quer dizer São Nicolas dentro das muralhas, uma referência à sua localização dentro das fronteiras originais de Amsterdam. Ela fica próxima à Estação Central.

É a maior Igreja Católica da cidade. Fui várias vezes visita-la, mas sempre a encontrava fechada, isso porque ela abre somente em horários específicos durante o dia.

Em 2012, na ocasião do seu 125° aniversário, a igreja foi elevada à condição de Basílica.

Saint Nicolas Kerk

 

Oude Kerk, ou Igreja Velha, possui uma localização singular, no meio do Red Light District, o bairro onde as prostitutas ficam nas janelas a espera de seus clientes ao lado de várias casas de shows de sexo explícito. A explicação para isso é divertida, segundo os locais, o Red Light District se desenvolveu em volta da Igreja porque quando os marinheiros chegavam à Amsterdam, eles visitavam as prostitutas de noite e no dia seguinte iam à Igreja confessarem seus pecados. Então era bem conveniente que a igreja ficasse próxima aos prostíbulos. Digamos que facilitava a vida dos marinheiros. Somente em Amsterdam mesmo para ouvirmos uma explicação assim.

531 - Oude Kerk 01

A Oude Kerk é a igreja mais antiga da cidade, construída no século XIII, e hoje ela é resultado de várias mudanças e adaptações que foram sendo feitas ao longo dos anos. A igreja foi bem danificada em dois incêndios ocorridos em 1421 e 1452 e também pela ação de vândalos fanáticos que atacaram seu interior quando Amsterdam assumiu como religião oficial o protestantismo em 1578.

532 - Oude Kerk 02

535 - Oude Kerk 05

Após essa data, a igreja foi confiscada e usada para fins protestantes. Hoje ainda preserva a torre do sino original e algumas janelas de vidro. A torre oferece uma boa vista da cidade. A esposa de Rembrandt está enterrada nesse local.

Hoje em dia não é mais uma Igreja e sim um local de exposições de quadros, uma vez que perdeu sua importância para a Nieuwe Kerk ou Igreja Nova.

539 - Oude Kerk 09
Interior em estilo neo gótico da Oude Kerk

Um dos quadros em exposição na Oude Kerk
Um dos quadros em exposição na Oude Kerk

Begijnhof não é uma igreja, mas trata-se também de um lugar com significado religioso. O local me chamou a atenção durante o o Walking Tour que fiz. Enquanto ouvíamos as histórias que o guia americano falava, uma porta me chamou a atenção. Terminado o tour, voltei ao local e decidi abrir a porta. Qual foi minha surpresa ao, após atravessar um pequeno corredor, me deparar com um local tão agradável.

Porta que dá acesso ao Begijnhof. Passando na frente ninguém imagina que há um belo átrio lá dentro
Porta que dá acesso ao Begijnhof. Passando na frente ninguém imagina que há um belo pátio lá dentro

Begijnhof é na verdade um pátio construído em 1346. Ali viviam as Beguines, mulheres católicas que escolheram uma vida de convento e frequentemente com voto de castidade. A última morreu em 1974 e sua casa, a de número 26, foi preservada intacta. A de número 34 é a casa mais antiga, sendo do século 15.

Fachada de madeira da casa mais antiga, do século XV
Fachada de madeira da casa do século XV, a mais antiga do Begijnhof

Existe uma Igreja no local, a Engelse Kerk, construída também no século XV, no entanto, no período de proibição da religião católica, essa igreja também foi tomada pelos protestantes e as Beguines celebravam a missa em um igreja clandestina dentro da casa oposta à Engelse Kerk.

458 - Begijnhof 05
Um lugar de paz no meio da agitação de Amsterdam

Hoje ainda há pessoas que moram mesmo no local e há uma cerquinha para evitar a entrada de estranhos nessas casas. Begijnhof é um local de paz e tranquilidade em plena agitação de Amsterdam, vale a pena visitar e passar um tempo desfrutando da paz do lugar.

Casas que compõem o Begijnhof
Casas que compõem o Begijnhof

 

Bom, a próxima igreja eu não sei o nome dela, na verdade tirei essa foto pois, o que mais me chamou a atenção foi o fato de ter uma loja de sapatos bem ao lado da igreja. Um bom exemplo da falta de espaço que existe em Amsterdam. De fato, eles estão usando lixo para deixar o solo mais duro e dessa forma poderem construir mais casas, já que a cidade não tem mais para onde crescer em virtude do mar e dos canais existentes.

601 - Amsterdam

Entre as Tulipas e o Erotismo, outros museus em Amsterdam

Como já mencionei em um post anterior, em Amsterdam há muitos museus. Alguns sobre temas inusitados, como museu da maconha, por exemplo, que só poderia existir mesmo nessa cidade.

Um museu pouco comum e muito atraente é o Museu Flutuante de Tulipas. Existe o museu em terra firme também, mas o flutuante fica em uma charmosa embarcação de madeira toda enfeitada com tulipas. Não tem como não achar gracioso.

As tulipas são flores icônicas na Holanda. Elas foram importantes na história do país, seus bulbos serviram de alimento durante a guerra e ainda hoje é a flor preferida dos holandeses. Talvez esteja ai o porquê desse museu.

Museu flutuante de Tulipas
Museu flutuante de Tulipas visto do canal

Outro museu que visitei foi o Museu do Teatro ou Theaterkrant. Na época da faculdade, eu fazia parte do TRUSP, Teatro Ribeirãopretano da USP. Após a faculdade, migrei meu interesse do teatro para a dança, mas a paixão pelo tema nunca acabou. Por isso, fiquei bastante interessada em visitar esse museu, assim que fiquei sabendo da existência dele em Amsterdam.

Infelizmente, o Theaterkrant fechou permanentemente após janeiro de 2009, uma pena para as pessoas que adoram teatro, ópera e dança. O museu ficava em uma bela casa construída em 1638 à beira do canal por um dos arquitetos mais famosos da época, chamado Philip Vingboons.

Fachada do museu do teatro em uma casa do século XVII
Fachada do museu do teatro em uma casa do século XVII

Se a fachada da casa já vale a pena, seu interior chama mais ainda a atenção pela bela escadaria e o hall de mármore. Só havia eu nesse museu e assim foi possível entrar até nas salas de reuniões. Lá ficavam expostos, em várias galerias, o vestuário e material usados nas peças de teatros holandesas tanto antigas quanto contemporâneas. Hoje o museu faz parte do Instituto de Teatro dos Países Baixos.

Peças de vestuário em exposição
Peças de vestuário em exposição

 

São várias vestimentas distribuídas na galerias do antigo museu
São várias vestimentas distribuídas na galerias do antigo museu

Saindo da beleza e charme das tulipas e da magia do teatro, vamos para o bizarro Museu da Tortura. Esse museu revela como foi o tempo doloroso da Idade Média, não à toa também conhecida como Idade das Trevas. O acervo conta com mais de 40 objetos de tortura de diferentes partes da Europa, desde a época da Inquisição até a guilhotina.

Incrível a capacidade do ser humano de inventar instrumentos capazes de proporcionar a dor para outras pessoas. Há explicações em oito idiomas e o ambiente é um pouco escuro e claustrofóbico, combinando com o tema do museu.

Cadeira de tortura onde o próprio peso da pessoa era usado para afunda-la nas pontas existentes na cadeira
Cadeira de tortura onde o próprio peso da pessoa era usado para afunda-la nas pontas existentes na cadeira

462 - Torture museum
Dama de ferro, usada para aprisionar a pessoa em seu interior


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bom, e Amsterdam não seria Amsterdam sem um museu do Sexo ou Venustempel (Templo de Vênus). O museu, assim como a maioria dos museus de Amsterdam, fica em uma casa do século XVII, porém não nos canais e sim na Danrak. Por isso, acaba sendo uma das primeiras atrações que os visitantes vindos da estação de trem veem.

398 - Sex Museum
A exposição permanente é intitulada Sex through the ages

O museu se orgulha de possuir uma extensa coleção de esculturas, pinturas e objetos eróticos, bem como fotos e documentos pornográficos. Todo o acervo foi comprado pelos próprios donos do estabelecimento. O museu abriu suas portas em 1985 com uma pequena coleção de objetos eróticos do século XIX. O entusiasmo dos primeiros visitantes garantiu não apenas sua sobrevivência, como também a expansão. O local é bem movimentado e por onde se anda nos museus escuta-se as risadinhas e piadas dos turistas curiosos.

400 - Sex Museum
Há peças eróticas de quase todas as épocas da história da civilização

Museu Joods Historisch, o museu judaico de Amsterdam

O Museu Joods Historisch, ou Museu de História Judaica é formado por um complexo de 4 sinagogas no coração do bairro judeu no centro de Amsterdam. Essas sinagogas serviam a uma comunidade de 100.000 judeus que encolheu para menos de 10.000, após a Segunda Guerra Mundial!

565 - Museu Joods Historisch 20

O museu foi fundado por judeus americanos e holandeses em 1930, com o objetivo de mostrar tudo que fosse relacionado com a vida dos judeus em geral e em especial na Holanda, obviamente. Porém, após a ocupação nazista, foi forçado a fechar e muitas peças do acervo foram confiscadas e perdidas, infelizmente. Foi reaberto somente em 1955, pelo primeiro ministro holandês.

551 - Museu Joods Historisch 06

O acervo é bem bonito, o museu coleciona objetos de arte associados com a religião, cultura e história dos judeus na Holanda e suas primeiras colônias, Ao todo são cerca de 16.000 trabalhos de arte, itens cerimoniais e objetos históricos, mas somente 5% destes itens é que estão na exposição permanente. Os demais são expostos apenas em datas comemorativas ou exposições especiais. Somando as fotos e documentos históricos, temos um total de 30.000 itens.

550 - Museu Joods Historisch 05

Na Grande Sinagoga estão expostos objetos que mostram a história da comunidade judaica no período compreendido entre 1600 e 1900. Os objetos são expostos em ordem cronológica. Já na Nova Sinagoga, está a coleção permanente de objetos de 1900 até os dias de hoje.

573 - Museu Joods Historisch 28

Quando entrei no museu, perguntei se podia tirar fotos e o segurança me respondeu: “Claro, se você tira fotos, você vai mostrar para outras pessoas, elas vão querer vir aqui e com isso a gente ganha mais dinheiro.”

574 - Museu Joods Historisch 29

Bom, eu consegui tirar realmente bastantes fotos lá e vou reproduzir algumas aqui. Espero que o que o segurança disse seja verdade e que esse post e as fotos atraiam o interesse das pessoas, pois é um museu que vale a pena conhecer.

Os livros expostos foram os itens que mais gostei de fotografar. Achei as gravuras e ilustrações bem bonitas, verdadeiro trabalho de arte.

549 - Museu Joods Historisch 04

553 - Museu Joods Historisch 08

568 - Museu Joods Historisch 23

O museu abre diariamente das 11:00 as 17:00. O valor do ingresso é € 15,00, mais caro que os museus que formam os Canalmuseums e um dos mais caros que visitei em Amsterdam, mas mesmo assim, indico o museu para quem quiser conhecer mais da história judaica. A entrada, assim como na maioria dos museus de Amsterdam, é gratuita para quem tem os cartões Museumkaart, Holland Pass, I Amsterdam City Card, Rembrandtkaart, ou ICOM.

Museu Museu Amstelkring – Our Lord in the Attic – em Amsterdam

Amstelkring era um dos museus que eu mais queria conhecer em Amsterdam, desde que vi na televisão um documentário sobre a cidade em que esse museu era citado. Desde então, achei sua história interessante e cativante e fiquei bem curiosa para ver de perto.

Museu Amstelkring, Ons’ Lieve Heer Op Solder, ou em inglês “Our Lord in the Attic”, “Nosso Senhor no Ático”, fica em uma casa do século 17 e faz parte dos Canalmuseums, museus existentes em casas construídas à beira dos canais de Amsterdam.

497 - Museu Amstelkring 06

498 - Museu Amstelkring 07

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sua história envolve não apenas a história da própria cidade e suas casas de canais como também a fé de uma família proibida de expressar sua religião em público.

Em 1578 Amsterdam adotou o protestantismo e proibiu a religião católica. Quase 100 anos depois, em 1661 Jan Hartman, um comerciante, comprou esta casa. Ele e sua família viviam no térreo e, como era oficialmente proibido pelas autoridades protestantes rezar missas em Amsterdam, ele converteu o sótão em uma Igreja católica secreta.

502 - Museu Amstelkring 11
Imagens, esculturas e pinturas barrocas fazem parte do acervo do museu

Relíquias religiosas
Relíquias religiosas em exposição no porão da casa

Em 1888 a casa se tornou um museu, um dos mais antigos do país. Nesse ano, um grupo de católicos de Amsterdam, que se autointitulavam de “De Amstelkring” (algo como o círculo Amstel, nome que derivou Amsterdam), salvou o prédio da demolição e o abriu para o público.

É a única igreja católica secreta que conserva ainda seu estado original. A igreja foi construída entre 1661 e 1663 no alto da casa juntamente com mais 2 casas adjacentes. O ponto alto é o altar em estilo barroco. A igreja foi desenhada para dar uma ilusão de espaço criada pela combinação da arquitetura, esculturas e pinturas. Hoje em dia ainda é usada para missas especiais, casamentos e concertos. O órgão, construído especialmente para essa igreja em 1794 ainda funciona.

www.sacred-destinations.com

507 - Museu Amstelkring 16

O museu é adorável, com a mobília original e peças de arte do século 17, refletindo o estilo da época, o classicismo holandês. Em vários cômodos também há pinturas de artistas holandeses retratando principalmente passagens da Bíblia.

522 - Museu Amstelkring 31

501 - Museu Amstelkring 10

No porão há peças religiosas como imagens de estilo barroco e outras relíquias. Existe um pequeno confessionário no segundo andar, construído no século 18. Também existem duas cozinhas mobiliadas conforme os séculos 17 e 19 com lindos azulejos brancos com desenhos azuis variados no meio.

523 - Museu Amstelkring 32

527 - Museu Amstelkring 36

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Detalhe dos azulejos das cozinhas dos séculos 17 e 19
Detalhe dos azulejos das cozinhas dos séculos 17 e 19

Foi um dos lugares que mais gostei de visitar na cidade. Hoje em dia não é mais permitido tirar fotos dentro do museu. Ainda bem que não era quando fui.

530 - Museu Amstelkring 39

529 - Museu Amstelkring 38

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

509 - Museu Amstelkring 18

510 - Museu Amstelkring 19

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Amstelkring abre de segunda a sábado das 10:00 as 17:00. Domingos e feriados abre mais tarde, as 13:00.

O valor do ingresso é €10,00 (adulto). A entrada é gratuita para os portadores dos cartões Museumkaart, ICOM, Rembrandtkaart, Holland Pass Voucher, I Amsterdam City Card e Stadspas. O audioguia está incluso no ingresso, disponível nos idiomas inglês, holandês, francês, espanhol, alemão, italiano e russo.

Museu Willet-Holthuysen em Amsterdam

Willet-Holthuysen faz parte de um dos 8 museus que compõe os Museus dos Canais (Canalmuseums). Esse foi o primeiro museu que visitei em Amsterdam. Quando fui, recebi um livro, logo na entrada, onde havia explicações de cada aposento da casa. É um livro bem interessante e detalhado que deve ser devolvido no final da visita. Agora há também audioguia disponível por € 2,00 nos idiomas holandês, inglês, russo, alemão, italiano, espanhol e francês.

Entrada do museu Willet-Holthuysen, um dos museus existentes em casas do século XVII nos canais de Amsterdam
Fachada do museu Willet-Holthuysen, um dos museus existentes em casas do século XVII a beira dos canais de Amsterdam

Em 1895, a senhora Louisa Willet-Holthuysen de 71 anos deixou essa casa do século XVII existente na beira do canal, para a cidade, juntamente com tudo que existia dentro dela, incluindo a coleção de arte do seu último marido Abraham Willet. O casal era colecionador de objetos de arte e esculturas, bem como de prataria, cerâmicas e porcelanas.

Uma pequena parte da coleção de prataria da família Willet Holthuysen
Uma pequena parte da coleção de prataria da família Willet-Holthuysen

A condição para a doação da casa é que essa se mantivesse como estava e se tornasse um museu. Foi o que aconteceu, o local se transformou no museu que mantém o nome da família. Hoje as peças das coleções do casal Willet-Holthuysen encontram-se distribuídas nos três andares da bela e bem decorada casa, mostrando um pouco como era a vida de famílias importantes e ricas da Holanda.

Peças de porcelana de uma das coleções da casa
Peças de porcelana de uma das coleções da casa

No térreo estão a cozinha e o jardim. Os empregados tinham que subir as escadas para levar as refeições para o andar de cima. Não devia ser muito fácil. A exceção dos demais cômodos da casa, a cozinha não é a original, ela foi reconstruída baseada nas cozinhas tradicionais das casas existentes na beira dos canais no final do século XVIII.

Cozinha no andar térreo. Os móveis são uma mistura de cozinhas existentes nas casas do século XVIII
Cozinha no andar térreo. Os móveis são uma mistura de cozinhas existentes nas casas do século XVIII

No andar de baixo ficava a mobília mais simples, pois caso houvesse alguma inundação, se perderia somente os móveis de menor valor. O mesmo se repete com as demais casas de canal em Amsterdam, uma vez que a água é uma eterna inimiga da cidade.

O jardim também foi refeito de forma a lembrar os jardins franceses do início do século XVIII. Escolheram bem a referência francesa, é um belo jardim com plantas bem distribuídas e algumas esculturas, compondo um lugar de calma e beleza

O jardim foi inspirado nos jardins franceses do século XVIII
O jardim foi inspirado nos jardins franceses do século XVIII

361 - Willet Holthuysen Museum 05
Esculturas contribuem para a beleza estética do jardim

No primeiro andar ficam a sala de jantar, salão de festas e uma sala de estar onde Louisa recebia suas convidadas, chamada de sala das mulheres, toda decorada com móveis caros estilo Luis XV, vindos de Paris. Também há a sala de jogos onde os proprietários recebiam os amigos para jogar e fumar charutos.

Detalhe do salão de jogos onde o casal Willet Holthuysen recebia os convidados
Detalhe do salão de jogos onde o casal Willet Holthuysen recebia os convidados

Era pelo primeiro andar que os donos e convidados entravam na casa. Uma vez que ele ficava acima do nível da água, mesmo em caso de enchentes, a decoração era bem mais suntuosa e elegante. As janelas da casa, assim como as de muitas outras existentes na beira dos canais, são grandes pois eram por elas que entravam a mobília.

Sala de jantar. OS empregados traziam os pratos da cozinha no andar de baixo para essa sala
Sala de jantar. Os empregados traziam os pratos da cozinha no andar de baixo para essa sala

No segundo andar ficam os quartos ricamente decorados em estilo romântico e com cama de dorsel. Para chegar ao segundo andar há uma magnífica escada decorada com belas estátuas da mitologia grega.

Escadas para o segundo andar da casa museu
Escadas para o segundo andar da casa museu

Estátuas na parte superior das escadas
Estátuas na parte superior das escadas

Não devia ser ruim morar em um casa assim, ao contrário devia ser bem agradável. Tanto a arquitetura quanto decoração e mobília formam um belo conjunto digno de um museu mesmo. Que bom que a sra Wiley- Holthuysen doou sua residência para a cidade e que seu desejo de a transformar em um museu para a comunidade poder visitar foi realizado. Dessa forma podemos vivenciar um pouquinho do que era a vida em uma casa do século XVII em Amsterdam.

Wiley- Holthuysen entrou para a lista dos museus que mais gostei em Amsterdam.

Cama em dorsel no quarto principal
Cama em dorsel no quarto principal

O museu é aberto de segunda a sexta das 10:00 as 17:00, nos finais de semana e em feriados nacionais abre mais tarde, as 11:00. O ingresso custa € 8,50 (valor para adulto). A entrada é gratuita para portadores dos cartões Stadspas, I Amsterdam Card, I Amsterdam Congress Card, Vereniging Rembrandt, ICOM, Museumkaart (residentes na Holanda) e Holland Pass voucher.