Depois da Groten Markt, é a vez da Burg. Mais uma praça importante e bela de Bruges

Depois de conhecer a Groten Markt, fui para outra praça que fica coladinha nela, conhecida como Burg e tão importante na vida de Bruges quanto a Markt.

A praça recebeu esse nome por causa da fortaleza construída no século IX pelo primeiro conde da região de Flandres, conhecido como Baldwin Braço de Ferro. A Burg logo se tornou centro político e religioso da região.

Hoje não há mais traços da antiga fortaleza, seu lugar foi tomado por belíssimas construções. E mesmo sem a fortaleza, a praça continua tendo sua importância para Bruges, seja do ponto de vista político, seja religioso, seja para turistas ávidos em conhecer mais locais lindos nessa cidade de conto de fadas medieval.

Há uma variedade de estilos arquitetônicos na Burg, indo desdo o gótico de sempre, passando pelo renascentista e chegando ao neo-clássico. O representante do estilo gótico e mais impressionante prédio dessa praça é sem dúvida o Stadhuis, ou a prefeitura, construída em 1376, o que a torna uma das prefeituras mais antigas dos países baixos.

O Stadhuis funcionou como prefeitura por nada menos que 600 anos, adoro essa longevidade nas datas, rs, para mim é impossível não comparar com o tempo de história conhecida que temos do Brasil. Me lembro que no ano que o Brasil comemorou 500 anos (ou seja em 2000), eu visitei uma Igreja no interior da Espanha que tinha demorado exatos 500 anos para ser totalmente construída. Isso acaba nos levando a infinitas reflexões sobre nossa história…, mas enfim isso são divagações para outro post (ou até mesmo outro blog…).

Voltando ao Stadhuis, outra coisa que adoro em prédios góticos assim são as muitas estátuas e esculturas que adornam as fachadas, e nosso prédio aqui não foge disso. São lindas esculturas que dão charme e personalidade a qualquer construção. Sempre fico pensando quem eram as figuras que inspiraram as estátuas e fizeram jus a serem imortalizadas ali. No caso do Stadhuis, as esculturas representam os condes da região de Flandres e santos e outras figuras bíblicas.

Vale notar que as estátuas não são as originais, uma vez que a fachada do Stadhuis foi destruída no final do século 18. Uma perda lastimável sem dúvida, uma vez que a fachada original havia sido desenhada por ninguém menos que Jan van Eyck, um dos mais famosos pintores flamengos. Se você, assim como eu gosta de história da arte, provavelmente o conhece, ou ao menos suas pinturas. A pintura mais famosa dele é o Casal Arnolfini, uma pintura a óleo de 1434 de um comerciante rico e sua esposa que moravam em Bruges, obviamente.

Do ladinho do Stadhuis, vemos o Brugse Vrije, ou Palácio da Liberdade de Bruges. A construção em estilo renascentista é menor que o Stadhuis, mas nem por isso deixa de chamar a atenção. O palácio foi construído entre 1722 e 1727 e serviu como sede do governo até 1795. Depois o local serviu como Tribunal de Justiça por quase 200 anos. Hoje funciona como sede do Conselho Administrativo da cidade e também abriga a história de Bruges, uma vez que todos os arquivos da cidade estão guardados ali.

E agora chegamos em uma das menores construções no cantinho da praça, e no entanto uma das Igrejas mais famosas de Bruges. Estamos falando da Basílica do Sangue Sagrado, ou Basiliek van het Heilig Bloed.

A igreja, inicialmente dedicada à Nossa Senhora e São Basílio no século 12, foi transformada em basílica em 1923. A parte de baixo mantém o belo estilo românico enquanto a parte de cima segue o neo-gótico.

A Basílica é tão especial pois nela está guardada a relíquia do Sangue Sagrado. o que deu o seu nome. Se não bastasse isso, a Basílica ainda abriga várias obras de arte que, em conjunto com a relíquia, fazem valer muito a visita.

E o que é a relíquia afinal de contas? É uma relíquia da Crucificação de Jesus, um frasco contendo um pequeno pedaço de tecido que se diz estar manchado com gotas de sangue de Jesus, após ter Seu corpo lavado José de Arimatéia.

A relíquia foi trazida para Bruges pelo Conde de Flandres, Derrick de Alsace, após as cruzadas, em 1150. Ele trouxe para essa Basílica, uma vez que ele havia ajudado na sua construção.

A entrada na Basílica é gratuita. O ingresso para entrar no museu custa 2,50 euros. A Basílica fica aberta para visitação entre 9:30 as 12:30 e 14:00 as 17:30. A relíquia é exposta para adoração pelos fiéis a cada sexta-feira antes e após a missa.

A cada ano, a praça recebe cerca de 50 mil peregrinos para a procissão do Sangue Sagrado que ocorre no Dia da Ascensão. Esse é um evento milenar, registrado pela primeira vez em 1291. Na procissão, bispos e prelados carregam o santuário pelas ruas da cidade acompanhados por mais de 1800 atores representando cenas bíblicas.

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