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Canalmuseums – Os museus dos canais de Amsterdam

Canalmuseums são formados por 8 belas casas localizadas nos canais de Amsterdam. São construções que datam desde o século XVII, retratando toda a opulência dessa época na Holanda. Visitar esses museus é voltar no tempo, apreciar como eram o interior das casas e experimentar como era a vida de famílias ricas e importantes de Amsterdam. Eles formam um magnífico conjunto de acervos variados com o belo interior das casas.

Os oito museus que formam os Canalmuseums são Amstelkring – Our Lord in the Attic, Willet-Holthuysen, Het Rembrandthuis,Van Loon, Huis Marseille (Museu de Fotografia), Bijbels (Museu Bíblico), Het Grachtenhuis (Museu dos Canais) e Tassen (Museu de Malas e Bolsas).

www.grachtenmusea.nl
Mapa dos museus dos canais. 1 – Amstelkring, 2 – Casa de Rembrandt, 3 – Museu Willet-Holthuysen, 4 – Museu Van Loon, 5 – Huis Marseille, 6 – Museu Bíblico, 7 – Museu dos Canais, 8 – Museu de Malas e Bolsas.

Desses eu fui nos dois primeiros, Amstelkring – Our Lord in the Attic e Willet-Holthuysen. Fui também no Het Rembrandthius, a casa de Rembrandt, na verdade, esse foi o primeiro local que visitei em Amsterdam, mas infelizmente estava fechado para reformas e não foi possível entrar.

Quanto aos que eu não visitei, vou colocar aqui uma breve descrição para caso alguém se interessar em conhecê-los. São tantos os museus existentes em Amsterdam que é praticamente impossível visitar a todos, por mais que eu adore passar as tardes dentro de um museu, foi preciso selecionar alguns devido ao tempo e, claro, ao orçamento também.

Amstelkring – Our Lord in the Attic e Willet-Holthuysen serão descritos em posts separados.

A Casa de Rembrandt, Het Rembrandthuis

Como o nome já diz, é a casa onde Rembrandt viveu. Durante quase 20 anos ele morou e trabalhou nessa casa localizada na rua Jodenbreestraat. Rembrandt Harmenszoon van Rijn viveu entre 1606 e 1669 e é o artista mais famoso da Holanda e um dos mais importantes da Europa. Não é para menos, suas pinturas e gravuras da época barroca são belíssimas, daí meu desapontamento quando não foi possível visitar seu museu.

O interior da casa conta com a mobília original e objetos pessoais, incluindo uma coleção de itens raros e exóticos. O museu também possui uma coleção quase completa das gravuras de Rembrandt. Demonstrações de técnica de gravura desse grande artista são realizadas diariamente.

O museu é aberto ao público de segunda à domingo entre 10:00 e 18:00. O valor do ingresso é €12,50, um dos mais caros dessa lista. A entrada é gratuita para quem tiver o I Amsterdam City Card ou Museumkaart (apenas para residentes).

Rembrandthuis

Rembrandthuis

Museu Van Loon

Casa da família regente Van Loon. Willem van Loon foi co-fundador da Companhia das Índias Orientais Holandesa em 1602.

A casa, construída em 1672, ainda mantém sua originalidade e os visitantes podem apreciar as salas ricamente decoradas no primeiro andar, bem como os quartos e cozinha, que relembram a época dourada de Amsterdam. A coleção inclui pinturas, mobiliário, prataria e porcelanas.

A família abre a casa e sua coleção para o público desde 1973 por 6 dias durante a semana. O horário para visitas é das 11:00 as 17:00 de quarta a segunda-feira. O ticket de entrada custa € 9,00. Entrada livre para os portadores do I Amsterdam City Card, Museumkaart, Stadspas (também apenas para residentes com risco de isolamento social ou cultural) ou ICOM.

Este é um dos museus que com certeza visitarei em uma nova viagem à Amsterdam, juntamente com a casa de Rembrandt, claro.

Museum Van Loon

Van Loon

Van Loon

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Museu de fotografia Huis Marseille

O museu fica localizado em uma casa do século XVII que pertencia a um comerciante francês, Isaac Focquier, daí o porquê do prédio possuir em sua fachada uma pedra com desenho que remete ao porto de Marselha e da razão da casa ser conhecida como Marseille. Seu interior ainda está intacto, mantendo a sua originalidade por 300 anos.

Desde 1999, a casa passou a ser sede do museu de fotografia conhecido também como Huis Marseille. O museu conta com uma coleção permanente de fotografias contemporâneas e a cada três meses, oferece um novo programa de exposições.

É aberto ao público de terça a domingo entre 11:00 e 17:00. O ingresso custa €8,00, Entrada livre com o I Amsterdam City card, Museumkaart ou ICOM.

http://www.huismarseille.nl

www.huismarseille.nl

http://www.huismarseille.nl

Bijbels – Museu Bíblico

A casa onde se encontra esse museu foi construída em 1662 em estilo clássico holandês. Há duas cozinhas originais do século XVII e dois quartos com pinturas de Jacob de Wit, um pintor da escola rococó, no teto. O jardim atrás da casa possui plantas citadas na Bíblia e uma pequena lagoa.

As coleções desse museu incluem modelos de templos construídos com precisão baseados em sítios arquológicos e relatos bíblicos na tentativa de reconstruir o templo de Salomão e Herodes. Até mesmo os materiais usados são baseados nas descrições da Bíblia. Além disso, também há artefatos, estelas, objetos funerários e até mesmo um múmia egípcia encontrados no século XIX. Outros objetos arqueológicos relacionados à confecção de Bíblias e mesmo uma coleção completa do livro sagrado, incluindo a Bíblia mais antiga impressa na Holanda, em 1477 completam o acervo do museu.

É aberto para visitação de terça à domingo entre 11:00 e 17:00. O valor do ingresso é €8,00. A entrada é gratuita para quem tiver todos os cartões já citados. Os cartões Rembrandtpas e Holland Pass Voucher também propiciam entrada livre.

www.bijbelsmuseum.nl

Bijbelsmuseum

Bijbelsmuseum

Het Grachtenhuis – Museu dos Canais

O museu mostra a história de Amsterdam formada por seus canais e suas casas. São 400 anos de história retratada de forma a mostrar a importância dos canais para Amsterdam desde sua criação até os dias de hoje. O projeto de criação do anel de canais de amsterdam lhe valeu o reconhecimento como patrimônio mundial, concedido pela UNESCO em 2010.

Horário de funcionamento de terça à domingo das 10:00 as 17:00. O ingresso é um dos mais caros dessa lista, €8,00, e gratuito para os cartões já citados: I Amsterdam City card, Stadspas ou ICOM. É possível comprar online.

Embora seja interessante, não é um dos que mais me atraem. Provavelmente seria o último dessa lista que eu visitaria.

www.hetgrachtenhuis.nl

www.hetgrachtenhuis.nl

Tassen – Museu de Malas e Bolsas

Localizado obviamente em uma autêntica casa de canal, construída em 1664, esse museu ganhou o título de um dos 10 melhores museus de moda do mundo. São mais de 5000 peças mostrando a história da moda e arte. É uma quantidade de bolsas para deixar qualquer mulher maluca.

Na verdade, o museu conta a história ocidental das bolsas por um período de 500 anos, desde o final da idade média até os dias de hoje, incluindo peças contemporâneas.

A casa, assim como as demais que formam os museus dos canais, também possui história. Seu dono, Pieter de Graeff, filho do então prefeito de Amsterdam, mandou pintar o teto dos quartos com uma impressão dos continentes. Hoje em dia, essas salas são usadas para a realização de almoços, festas, casamentos ou outros eventos.

O museu abre diariamente das 10:00 as 17:00. O valor do ingresso, assim como a Casa de Rembrandt, ficou entre os mais caros da lista, €12,50. Os cartões já citados permitem entrada gratuita, ou desconto de 20% no caso do Holland Pass.

tassenmuseum.nl

tassenmuseum.nl

 

tassenmuseum.nl

Um jantar das mil e uma noites no Chez Ali em Marrakech

Na nossa última noite em Marrakech, após ficarmos imersos na diversidade existente na praça Djemaa el Fna, fomos para o Chez Ali, um restaurante temático folclórico. Reza a lenda que o restaurante nasceu do fato de seu dono ter o costume de chamar as pessoas para comer na sua casa, dai seu nome Chez Ali (Casa do Ali).

Lá vivenciamos um jantar tipicamente marroquino com belas apresentações de música e danças finalizando com o show equestre Fantasia.

O restaurante e o show são programas obviamente voltados para o turismo, mas com toda certeza valem a pena conhecer.

 

Restaurante Chez Ali com as tendas onde ficam os grupos de músicos e cantores visto da entrada

O local onde fica o Chez Ali é bem amplo, com várias atrações e uma bela arquitetura marroquina. Logo na entrada, somos recepcionados com um corredor formado por homens montados em seus cavalos, uma paixão bérbere. Eles ficam dispostos lado a lado, prontos para tirar fotos com os turistas. É claro que para cada foto deve-se dar a bakshit, ou seja, a gorjeta. Como há vários pontos convidativos para fotos, prepare o bolso para as bakshits.

Um homem bérbere e seu cavalo vestidos a caráter

A medida em que vamos avançando na imensa área, passamos por várias tendas com músicos e dançarinas com roupas típicas. Lá podemos apreciar todo o folclore bérbere, com diferentes grupos se apresentando.

Corredor onde músicos recepcionam os turistas

Continuando andando, chegamos a um pátio aberto onde é possível dar uma volta de camelo. Dá para escolher entre andar em um camelo com uma tenda na parte de cima ou não. Eu optei pelo camelo sem tenda mesmo, para ter melhor visão.

Foi uma das experiências mais incríveis da viagem. Já tinha ouvido relatos de amigas que andaram de camelo e estava bastante curiosa para saber como é. Olhando de fora não dá para ter idéia de como é alto o camelo e a forma como ele se abaixa e levanta com a gente em cima acaba dando um certo susto, pois ficamos com o rosto virado para o chão. Deu susto, mas recomendo, é muito divertido andar de camelo.

Eu andando de camelo no Chez Ali

Continuando nossa caminhada até a tenda principal, vamos passando por mais grupos de músicos diversificados que mostram toda a riqueza da cultura bérbere. São músicas, ritmos, entonações, roupas e gestuais típicos que nos transportam para outra realidade.

Grupo com roupas típicas apresentando músicas folclóricas da cultura bérbere

 O jantar ocorre na tenda principal, lindamente decorada. Nas mesas redondas estão distribuídos o delicioso pão marroquino. Como não podia deixar de ser, o cardápio é composto pelos tradicionais pratos marroquinos cuscuz e tajine. Para a sobremesa foram servidas tijelas repletas de frutas frescas típicas como ameixas e damascos.

Delicioso cuscuz marroquino, um prato mais que típico no país

Enquanto jantamos,  vão aparecendo grupos de músicos ou de dançarinas que passam de mesa em mesa para se apresentar. São músicas e danças animadas que alegram e dão um charme todo especial para o jantar.

Os grupos de mulheres vestidas a caráter, formam um roda em torno da mesa e convidam os turistas a entrarem na roda com elas. Enquanto vão cantando, entoam o característico som árabe: lí-lí-lí-lí-lí-lí.

Uma simpática dançarina bérbere vestida a caráter.
Músicos se apresentando durante a sobremesa

Ao final do jantar, todos se dirigem ao local onde ocorre o show Fantasia. O show consiste principalmente de várias acrobacias dos homens montados em seus cavalos. Eles correm, fazem acrobacias no ar, atiram, há fogos de artifícios, dança, tapete voador e ainda mais. Os músicos, cantores e dançarinas também participam em uma procisão sem fim mostrando o que a cultura bérbere tem a oferecer.

Performance bérbere em meio à corrida de cavalos

As acrobacias são feitas nos cavalos correndo ao redor do pátio onde o show acontece. Os cavaleiros fazem inúmeras acrobacias incluindo irem de pé sobre o cavalo, de cabeça para baixo, pularem de uma lado para o outro, um sobre o outro em cima do mesmo cavalo e por ai vai.

Músicos e cantores se apresentam entre as corridas de cavalos

As apresentações são intercaladas com apresentações de música e dança. Enquanto os homens correm sobre seus cavalos, há um menininho que cavalga sobre um jumentinho e, é claro, recebe muitos aplausos da platéia.

Uma das performances é a simulação de batalha entre duas tribos bérberes

No final há a queima de fogos de artifícios e alguns cavaleiros, incluindo o menino, ficam por perto para tirarem fotos com os turistas e ganharem, como sempre, a bakshit.

Na saída, ainda há um pequeno museu em formato de caverna com peças de vestuário, vasos e joias.

Uma das exposições de vestuário do museu do Chez Ali

Como eu disse no começo, o Chez Ali é um lugar feito para turistas, no entanto, é um passeio que vale a pena ser feito, é uma forma de ter contato com a cultura bérbere, se não é a mais completa, pelo menos é bem divertida.

Tannerie Chouwara, o famoso curtume de Fès

Um dos lugares que eu mais queria conhecer na medina de Fès era o curtume ou tannerie, como é chamado no Marrocos. Após visitar alguns lugares na medina, fomos até o souk dos artigos de couro e visitamos a Tannerie Chouwara. É fácil saber que estamos nos aproximando do local devido ao forte cheiro que emana da tannerie.

Poços para preparo e tingimento na Tannerie Chouwara

Todo o processo de preparo e tingimento do couro é melhor visualizado dos terraços das lojas de produtos de couro. Sendo assim, quando chegamos no souk, subimos por uma escada estreita de uma das lojas até seu terraço, onde um guia-vendedor nos esperava para explicar como funcionava toda aquela visão exótica que culminaria com a fabricação de belas roupas e acessórios de couro.

Para facilitar a vida e o olfato dos visitantes, são distribuídos ramos de hortelã logo na entrada, dessa forma dá para disfarçar todo o forte odor existente no local, uma mistura formada pelas peles dos animais abatidos, corantes e amoníaco.

Sem o raminho de hortelã não dá para encarar a Tannerie

O couro marroquino é feito com peles de cabra, de  vaca ou de ovelha, tingidas do lado do pêlo, com um formato irregular e granulado, de toque agradável e altamente resistente.

O artesanato usando peças de couro, assim como as cerâmicas feitas na olaria de Fès, faz parte de uma tradição ancestral, sendo um dos responsáveis pela riqueza cultural da cidade. Foi no reinado do amoádas no século XII que o tingimento do couro se tornou uma profissão, cujo conhecimentos são passados de geração em geração.

Os curtumes existem principalmente nas regiões de Fès e Marrakech, sendo que o de Fès é o mais famoso e mais importante do país.

Peles de vaca, carneiro e cabra chegam do abatedouro e são tratadas em diferentes tanques. Dá para ver várias pilhas de peles amontoadas umas sobre as outras à espera de serem tratadas.

Primeiramente elas são esfregadas manualmente com sal  em ambos os lados e secas ao sol. O sal é aplicado vigorosamente com as mãos para melhor penetração deste na pele e então, os pêlos são removidos. Esse processo dura em torno de 3 a 4 dias.

Após, elas são lavadas para retirar as impurezas. A duração aqui também varia de acordo com a estação do ano, sendo mais demorada no inverno e mais curta no verão.

As peles são mergulhadas em poços contendo fezes de pombo para tratamento e tingimento

A seguir, as peles são mergulhadas em cal, enxaguadas em água e pisoteadas antes de serem mergulhadas novamente em fezes de pombo (arghhh!) por vários dias antes de serem secas.

A proximidade de fontes de água é um fator importante para o curtume, pois ela é essencial para a fabricação das misturas e também para o descarte dos resíduos provenientes do tratamento. Difícil é imaginar que o despejo desses resíduos ocorra de forma amigável ao meio ambiente…

 

Em cada poço uma mistura de corantes de diferentes origens

Durante o preparo das peles são usados vários ingredientes, a cor branca do couro provém das fezes de pombo, a amarela do açafrão, vermelho da papoula, verde da hortelã, azul do índigo, preto do kajal e marrom de uma mistura feita com terra.  No caso do açafrão, as peles não são mergulhadas, devido ao alto custo dessa especiaria, as flores são esfregadas nas peles até obter o tom amarelo desejado.

As etapas e duração do processo de curtimento vão depender do tipo de pele, se é proveniente de cabra, ovelha ou vaca. A pele que exige uma preparação mais cuidadosa é a de cabra.

Tingimento do couro nos poços com misturas de corantes

Para o perfeito tingimento das peças são necessárias de 3 a 4 horas de imersão. Os trabalhadores do curtume mergulham as peças constantemente nos poços com as misturas coloridas, passando por vários estágios de lavagem e imersão. O tempo de imersão em casa poço varia de acordo com a mistura existente. No caso das fezes de pombo são de 4 a 8 dias. Para outras cores pode ser de até 15 dias.

Trabalho árduo sem nenhum equipamento de proteção, essa é a rotina da Tannerie

Observar a rotina do curtume do alto do terraço da loja é uma experiência no mínimo interessante. É uma visão exótica, bela, triste e grotesca ao mesmo tempo.

Enquanto via aqueles homens trabalhando quase em uma coreografia sem fim naquela colméia gigante formada pelos poços coloridos, mergulhando e pisoteando as peles, imaginava que modo difícil de ganhar a vida. Todos os dias trabalhando em condições insalubres, sem qualquer equipamento de proteção e mesmo assim, de uma maneira irônica ou cultural, servindo de atração turística para olhos curiosos dos viajantes.

Uma colméia formada por poços de tratamento e tingimento

Sem dúvida, por toda a peculiaridade que é o curtume de Fès, vale a pena a visita, mesmo que o odor possa ser um pouco forte para estômagos mais sensíveis. Afinal, assim, de uma forma bem tradicional e artesanal são feitas belas peças de couro.

Peles expostas para secarem após tingimento com açafrão

É claro que após a visita ao terraço para ver a tannerie, somos abordados pelos vendedores da loja, oferencendo seus produtos tudo com “special prrrice for you, my frrriend“. Em cada andar estão expostas bolsas, babouches, roupas dos mais variados modelos e cores. O difícil é sair da loja sem comprar algo.

Tradicionais bolsas e babuches nas mais diversas cores

Como são feitas as cerâmicas típicas de Fès

Um dos primeiros lugares que visitei em Fès foi a olaria, onde vimos como se dá o processo de fabricação das lindas e famosas cerâmicas de Fès, com a coloração azul cobalto, marca registrada da cidade. Antigamente, as cerâmicas costumavam ser feitas no interior da medina, porém todas as olarias tiveram que ser transferidas para o distrito de Nokbi Ain por causa da poluição do ar causada pelos fornos.

 

Belíssima tigela com o azul cobalto, cor típica de Fès

Conhecer uma olaria no Marrocos é uma experiência muito rica. É incrível como eles ainda fabricam cerâmica empregando as mesmas técnicas de tantos anos atrás. A visita começa no local onde ficam os fornos para aquecimento da cerâmica. Esses fornos usam tradicionalmente caroços de azeitona como combustível.

As azeitonas no Marrocos são bem aproveitadas para tudo. A primeira prensa da azeitona  fornece o azeite para a cozinha, a segunda prensa, serve como matéria prima para a fabricação de cosméticos para corpo, a terceira como óleo de lamparina e, por fim, o caroço para combustão nos fornos. Como se pode ver é um consumo bem sustentável.

 

Forno para o aquecimento das cerâmicas

Hoje existem 3 tipos de fornos utilizados nas olarias, além do forno que utiliza caroço de azeitona, há também os fornos a gás e madeira.  O forno abastecido com madeira queima de forma irregular, a alteração na temperatura acaba acarretando a perda de várias peças. Já o forno à gas oferece maior controle e uniformidade da queima, porém não atinge altas temperaturas necessárias para a maior qualidade das peças.

Fès é a única cidade do Marrocos onde se usa a argila de grés, que é mais resistente que a argila de barro. Esse tipo de argila deve ser aquecido a uma temperatura bem mais alta, o que confere  maior resistência a lascas e mau uso. Assim, os marroquinos preferem usar o forno abastecido com os caroços de azeitona que oferece tanto a queima uniforme quanto a alta temperatura desejada.

Após a primeira queima, os potes, tigelas e placas de cerâmica são deixados para esfriar. Quando estiverem completamente frios serão pintados e aquecidos novamente para a perfeita finalização da peça.

Potinhos de tajine esperando para serem pintados

As tintas são distribuídas em recipientes para facilitar a pintura das cerâmicas. Cada item é decorado à mão. Após a pintura, as peças estão prontas para irem ao forno novamente.

Tigelas com tintas para pintar os vasos, potes ou placas de cerâmica

Nessa segunda etapa, as peças ficam no forno em alta temperatura por cerca de nove horas, em seguida, o forno é fechado e deixado esfriar por três a quatro dias. Dessa forma, todo o oxigênio no forno é queimado quando ele está selado,o que reduz a queima e contribui para a durabilidade da cerâmica.

Peças esperando para irem ao forno após a pintura feita à mão

Nesse caso é usado um tipo de forno diferente do empregado para a primeira queima da cerâmica.

Forno usado para a queima da cerâmica já pintada

Quanto às placas de cerâmica pintadas, após a queima elas são quebradas manualmente para formar pequenos pedaços destinados à montagem dos mosaicos. Para isso, são usadas ferramentas típicas como alicates e fendas.

É incrível pensar que eles quebram tudo de forma manual, nos diferentes formatos desejados para cada tipo de mosaico. É um processo trabalhoso que requer muita perícia e cuidado por parte de quem faz.

Pedacinhos de placas de cerâmica coloridas quebrados destinados para os mosaicos

Depois de tudo quebrado, eles vão montando o mosaico de cabeça para baixo, colocando as pecinhas de acordo com o desenho desejado. No final eles, passam a massa para unir todos os pedaços.

Como dá para perceber, a montagem tem que ser à prova de erro, por isso cada pecinha deve ser cortada no tamanho certo e encaixada corretamente para formar o desenho final.

Mosaico sendo montado de cabeça para baixo no chão

É fascinante, sem dúvida. E se torna mais surpreendente ainda quando vemos o resultado final. Sinceramente nunca tinha pensado em como eram feitos os mosaicos. Agora fico imaginando todo o trabalho por trás de cada peça, o que as deixam ainda mais bonitas.

Magníficos mosaicos usados para enfeitar fontes e placas

Não é à toa que Fès, por séculos, tem se orgulhado por produzir a cerâmica mais fina e bela de todo o Marrocos. A beleza da cerâmica vem de um conhecimento complexo que é passado de pai para filho, mantendo a tradição secular de fabricação manual.

Loja no final da olaria. Tudo com "desconto especial" para os visitantes

Existem dois tipos principais de peças. Aquelas decoradas com o azul característico e as peças totalmente coloridas. Ambos os tipos são pintados sobre um fundo branco. Algumas peças também recebem acabamento de prata, dando um toque final delicado e muito requintado.

Quanto mais branco o fundo, obtido com chumbo e óxido de estanho, mais puro e brilhante é o resultado e maior a técnica e qualidade estética do objeto.

Lindo conjunto de chá na cor azul cobalto

A mistura feita para a obtenção da cor azul cobalto é, obviamente, guardada em segredo, mas um de seus componentes é o óxido de cobalto, que existe em abundância na região. A alta temperatura dos fornos também contribui para a tonalidade final.

Tajines finalizados à venda na loja da olaria

A visita à olaria termina sempre na loja onde estão expostas lindas peças como tajines, vasos, cinzeiros e conjuntos de chá e jantar, assim como tigelas e pratos decorativos. Este é o melhor lugar para comprar as cerâmicas típicas, pois os preços são tabelados pelo governo. Assim podemos dispender mais tempo na escolha dos objetos do que no árduo processo de negociação de preços (tópico a ser discutido mais adiante).

São tantas peças lindas que é impossível resistir à tentação de sair da loja carregando várias sacolas de presentes.

Assim fica difícil de escolher o que comprar....

 

Volubilis, um pedaço do Império Romano no Marrocos (parte II)

Detalhe de uma coluna coríntia em Volubilis

No post anterior, falei sobre o sítio arqueológico de Volubilis desde a entrada até o final da Decumanus Maximus, a principal via leste-oeste das cidades romanas. Agora partiremos desse ponto até a saída de Volubilis.

Ao final da Decumanus Maximus, encontra-se a Maison à l’Ephèbe (Casa de Éfebo), que recebeu esse nome devido à estátua de bronze de um jovem (éfebo) encontrada em suas ruínas e hoje em exposição no museu de Rabat.

O desenho da casa é muito semelhante à Casa de Orfeu, com um átrio central, quartos privados e públicos e uma prensa de azeite na parte traseira. Essas prensas, aliás, eram bem comuns em Volubilis, já que um dos principais cultivos existentes era de olivas.

O mosaico na casa mais conhecido é uma representação de Baco, o deus do vinho, em uma carruagem puxada por panteras.

Nesse ponto, a Decumanus Maximus cruza com a Cardus Maximus, que era a principal via norte-sul das cidades romanas. Era nessa via que se encontravam as principais construções como fórum, capitólio e basílica.

Um fator interessante da Cardus Maximus era que essa via era sempre direcionada para a próxima cidade romana, e assim sucessivamente, até chegar em Roma. Daí se originou o ditado “Todos os caminhos levam à Roma“.

Neste cruzamento, encontra-se o belíssimo Arco Triunfal ou Arco de Caracalla, construído em 217 DC em homenagem ao imperador Caracalla. O arco relativamente preservado possui colunas coríntias feitas com mármore importado. Em cada pilar encontram-se medalhões esculpidos que retratam provavelmente o imperador Aurelius Antoninus (Caracalla) e sua mãe Julia Augusta, cujo nome também está nas inscrições acima do arco.

Belo Arco de Caracalla no cruzamento da Decumanus Maximus com a Cardus Maximus

O propósito do arco era claramente o de mostrar a onipotência de Roma e de seu imperador aos olhos das populações árabes. As inscrições acima do arco exaltam as virtudes e o poder do imperador Caracalla e de sua mãe Julia Augusta.

Detalhe das inscrições existentes no alto do Arco de Caracalla

Logo ao lado do Arco de Caracalla está a Maison au Chien (Casa do Cachorro), que recebeu esse nome devido à estátua de bronze de um cachorro encontrada no local. A casa é facilmente reconhecida por ter em seu interior uma pedra com um orgão masculino esculpido. A escultura servia para indicar o caminho para o bordel, um tipo de casa existente em todas as cidades romanas. Os bordéis eram identificados por sinais como esse, pintados ou esculpidos, sempre apontando em direção ao estabelecimento.

Também em frente ao Arco de Caracalla e a Maison au Chien, encontram-se as Termas, onde ficavam os banheiros públicos.

Termas romanas existentes no centro de Volubilis, em frente ao Arco de Caracalla

Os banheiros romanos geralmente são reconhecíveis por possuírem lugares para se encostar, como assentos, por onde passava água corrente por baixo para levar os resíduos. Os assentos eram distribuídos de forma cicular. Os menores no interior eram destinados para mulheres e crianças, enquanto os maiores no exterior eram para os homens.

Imagino que esses banheiros públicos não deviam ser nada agradáveis nem higiênicos. Segundo o guia, a água que corria por baixo continha rosas com o objetivo de mascarar o odor. Arghhh!

Guia mostrando como as pessoas se sentavam nos banheiros públicos

Continuando a caminhada pela Cardus Maximus, chegamos na Maison au Desultor (Casa do Atleta ou Casa do Acrobata), onde há mosaicos se referindo à vida cotidiana de Volubilis. Um deles retrata um acrobata em cima de um cavalo, outro mostra o desenho de peixes com a inscrição Piscat (pesca) em cima.

Mosaico mostrando um acrobata sentado de costas em um cavalo

Chegamos agora nas principais construções romanas em Volubilis. A primeira delas é o Fórum ocupando uma área de 1300 metros². O Fórum consistia na principal base da vida administrativa, política e religiosa da cidade. Era no Fórum que eram feitos discursos em homenagens a algum nobre falecido ou ao imperador.

Em um dos lados do prédio ficava o templo e no outro, a Basílica. O local era rodeado de muitas estátuas de mármore ou bronze, porém hoje em dia restam apenas os pedestais das mesmas.

Ruínas do Fórum, centro da vida política, administrativa e religiosa da cidade

A Basílica estende-se por cerca de 1000m². Sem dúvida, esta é a construção que mais chama a atenção em Volubilis. Logo da entrada já é possível ver suas imponentes ruínas.  Era na Basílica que aconteciam as audiências  judiciárias e a administração da cidade, dirigida por sete juízes.

Este é um dos locais mais bonitos de Volubilis que fornece um belo exemplo da arquitetura romana, além de mostrar claramente como funcionava a parte política e administrativa da cidade na época.

Basílica de Volubilis, um dos principais prédios da cidade romana

Logo atrás da Basílica está o Templo Capitolino, construído em honra do imperador Macrinus em 217 DC.  O templo ficava em um espaçoso pátio pavimentado, cercado de vários  pórticos. Ao pé da escadaria ficava o altar retangular para os sacrifícios.

O Templo Capitolino possui quatro colunas na frente que foram  magnificamente restauradas e duas outras na parte posterior.

Imponentes ruínas do Capitólio com um lindo ninho de cegonha em uma das colunas

Chegamos agora ao final da Cardus Maximus e da visita aos principais pontos de Volubilis.

Como dá para notar, vale muito a pena visitar Volubilis. Esse grande sítio arqueológico merece ser explorado calmamente, pois há várias casas, mosaicos, ruas, arcos e os belos edifícios públicos como a Basílica, o Fórum e o Capitólio. Volubilis nos presenteia com uma mostra muito completa do que era uma cidade romana na época, sua organização, mosaicos e arquitetura.

Como acontece em vários outros sítios arqueológicos, muitas das peças encontradas no local estão dispersas por vários museus no mundo. Algumas peças porém permanecem no Marrocos, no Museu Arqueológico em Rabat.

Infelizmente também, muitos dos mármores existentes nas construções foram retirados a mando do sultão megalomaníaco Moulay Ismail para as suas construções em Meknès, contribuindo para a depredação do local. Além disso, vários prédios que ainda estavam de pé acabaram por ruírem devido ao terremoto de Lisboa em 1772.

Uma das muitas oliveiras existentes no local, principal cultivo de Volubilis (não caiam na tentação de provar uma, são terrivelmente ruins...).

O simpático guia local que nos acompanhou lamentou profundamente que Volubilis não está tão preservada quanto deveria e completou falando que ainda tem muito o que explorar no local, pois, na verdade, menos da metade de todo o sítio foi escavado.

Fico imaginando quanta riqueza e história ainda estão escondidas abaixo de toda aquela imensa área a ser escavada.

Ruínas de Volubilis rodeadas pela bela paisagem das Montanhas Atlas.

O sítio arqueológico de Volubilis, assim como o Heri es Souani de Meknès, foi usado como cenário para o filme de  Martin Scorsese, A Última Tentação de Cristo.

O local é aberto diariamente ao público entre 9:00 e 12:00 e depois das 14:30 às 18:00. O ingresso custa 20,00 dihans, aproximadamente 2,00 euros.

Mais informações:

Site de Volubilis

Volubilis, um pedaço do Império Romano no Marrocos (parte I)

Após conhecer Meknès, fui para Volubilis, um sítio arqueológico, protegido pela UNESCO desde 1997. A cidade que ali existia pertencia ao Império Romano,  porém, sua origem parece ser ainda mais antiga. Algumas escavações feitas em 1915 revelaram que o local já era habitado na Idade do Ferro e no período Cartagiano no século 3 AC.

Com a dominação romana, em 45 DC,  o local ganhou as características típicas da urbanização das cidades romanas: muralhas, fórum, capitólio e basílica. A cidade aumentou de tamanho e ganhou uma grande malha de ruas em 169 DC.

Como muitos lugares no Marrocos, existem guias locais na entrada oferecendo seus conhecimentos. Nesse caso, compensa aproveitar a presença do guia, pois ele nos mostra detalhes que passariam despercebidos ou seriam interpretados erroneamente. Os guias falam inglês, francês, espanhol e árabe.

Volubilis fica a apenas 33 km de Meknès e 4 km de Moulay Idriss. É possível se hospedar em qualquer uma dessas cidades e de lá pegar o Grand Taxi para até Volubilis. Esses taxis são do mesmo tipo existentes nas demais cidades do Marrocos e não saem muito caro.

As ruínas que se vê hoje em dia são dos séculos II e III DC. Estima-se que em seu auge, Volubilis tinha uma população de cerca de 20.000 pessoas. A cidade era o posto mais afastado de Roma e fornecia ao Império olivas e trigo, além de animais selvagens como leões e ursos do Atlas para os jogos nas arenas. Foram tantos animais enviados à Roma, que o urso do Atlas, único urso da África, entrou em extinção. O último a ser visto foi em 1867, na fronteira entre Marrocos e Argélia.

Ruínas do templo com as montanhas Atlas ao fundo

A entrada  para a cidade romana é feita pela porta sudeste. De lá dá para ver a cidade sagrada de Moulay Idriss e seu formato de camelo deitado. A paisagem ao redor também é muito bonita, com as montanhas Atlas ao fundo.

Começamos a caminhada pelo sítio arqueológico andando por entre as ruínas do Templo dedicado a Saturno, deus do tempo (Cronos para os gregos), porém, o templo parece ter sido um local de adoração para os cartagianos também, pois várias oferendas votivas foram descobertas durante as escavações.

Ruínas de um dos templos encontrados em Volubilis

Passando pelas ruínas, chega-se à rua do Aqueduto construído ao final do primeiro século DC. O aqueduto coletava água de uma fonte localizada a cerca de 1 kilometro da cidade. Dele saiam tubulações que forneciam água para as casas particulares, fontes e banhos e banheiros públicos.

No alto da rua do Aqueduto, encontra-se a Maison au Cortège de Vénus (Casa da Procissão de Vênus), onde estão um dos mais preservados mosaicos de Volubilis. Não se pode entrar na casa, mas é possível ver os mosaicos andando ao redor dela. O primeiro mosaico mostra a cena da deusa da caça, Diana, sendo surpreendida durante o banho pelo caçador Actéon. Irritada com a intromissão, Diana transforma o descuidado caçador em um cervo que acaba sendo devorado pelos próprios cães.

Belíssimo mosaico representando a cena de Diana sendo surpreendida no banho por Acteón

O segundo mosaico mostra a cena de Hylas sendo seduzido e levado pelas ninfas do lago. Hylas era um rapaz amado por Hércules que foi raptado pelas ninfas da água quando foi matar a sede em um rio.

A casa de Vênus é uma das maiores de Volubilis (mais de 1000 m²) e mostra o típico arranjo de casas romanas. A entrada principal conduz a um vestíbulo de grande porte que se abre diretamente para um pátio com piscina. Ao redor do pátio estão os quartos e salas de recepção, estar e jantar. Não se sabe quem morou nessa casa, mas com certeza fazia parte da alta classe de Volubilis, pois foram encontrados os bustos de Cato e Juba II, personagens importantes na história de Roma.

Detalhe da Maison au Cortège de Vénus, mostrando algumas paredes e o chão enfeitado com o mosaico de Diana e Acteón

Chegamos agora na rua principal de Volubilis, a Decumanus Maximus, essa avenida existia em todas as cidades romanas, sendo a principal via que ligava a cidade na direção leste-oeste.  Nela se encontravam as melhores mansões e seus belos mosaicos. No topo da Decumanus Maximus se vê a Porta de Tanger que data de 168 DC e servia como porta de entrada para Volubilis.

Porta de Tanger vista da Decumanus Maximus, o portal servia como entrada para a cidade

Continuando pela Decumanus Maximus, iremos passar por várias das principais mansões de Volubilis. Logo no início se encontra o Palais de Gordien, facilmente reconhecido pela quantidade de colunas. O local era a residência dos procuradores que administravam a cidade. Infelizmente, hoje se encontra bem depredado e sem mosaicos, graças aos saques comandados por Moulay Ismail de Meknès.

Colunas que restaram do Palais des Gordien

Na sequencia, ao lado direito, tem-se as casas Maison des Fauves, com mosaicos de leões, panteras e tigres, Maison du Bain des Nymphes e Maison de Dionysos. Bem de frente, do outro lado da rua, está a Maison des Néréides. Na Maison de Dionysos, o deus do vinho é representado nos mosaicos coroado com folhas de videira. Além do deus, os mosaicos também fazem alusão às quatro estações do ano.

Detalhe do mosaico na Maison de Dionysos, o deus do vinho conhecido também como Baco.

Após, tem-se a Maison aux Travaux d’Hercule (Casa dos Trabalhos de Hércules). Nessa casa, os mosaicos, distribuídos em painéis ovais, representam os 12 trabalhos que Hércules executou: Matar o leão de Neméia, matar a Hidra de Lerna, capturar o javali de Erimanto, capturar a corsa de Cerinéia, que tinha os cascos de bronze e os chifres de ouro, expulsar as aves do lago Estinfale, na Arcádia, limpar os estábulos do rei Augias, da Élida, em um só dia, capturar o touro selvagem de Minos, rei dos cretenses, capturar os cavalos devoradores de homens do rei Diomedes da Trácia, obter o cinto de Hipólita, rainha das Amazonas, as mulheres guerreiras, buscar o gado do monstro Gerião, levar as maçãs de ouro do jardim das Hespérides para Euristeu e, por fim, capturar Cérbero, o cão de três cabeças que guardava os infernos.

Na casa de Hércules também há mosaicos com motivos para espantar o mau olhado, como golfinhos, tridentes e a suástica.

Detalhes do belo mosaico existente na Casa dos Trabalhos de Hércules

A casa vizinha é a Maison au Cavalier (Casa do Cavaleiro), com o parcialmente destruído, porém belo, mosaico de Dionísio descobrindo sua amada Ariadne dormindo na praia de Naxos. A casa ganhou esse nome por ter sido o local onde foi encontrada, em 1918, uma estátua de bronze de um cavaleiro. A casa apresenta um formato quadricular com uma área total de 1700 m².

Olhando o estraordinário mosaico, fica-se imaginando como era feito na época um trabalho tão detalhista e perfeito.

Mosaico incompleto mostrando Dionísio e Ariadne na praia de Naxos

Atravessando uma porta, entramos na casa vizinha, a Maison aux Colonnes (Casa das Colunas), parcialmente restaurada. A casa não possui mosaicos, no centro há uma grande piscina circular rodeada por colunas retorcidas, as quais deram origem ao seu nome.

É possível entrar nessa casa e andar ao redor da piscina.

Interior da Maison aux Colonnes com as colunas retorcidas ao fundo

Chegamos agora ao final da Decumanus Maximus, no cruzamento com a Cardus Maximus, próximo ao Arco de Caracalla. Essa outra parte do sítio arqueológico de Volubilis inclui alguns dos prédios mais bem conservados e será descrita no próximo post.

Pergamonmusem, o museu mais famoso da Ilha dos Museus

O Pergamonmuseum é uma das principais atrações de Berlim. Foi construído entre 1910 e 1930, o edifício foi um dos primeiros na Europa projetado especificamente para abrigar grandes exposições de arquitetura. Ele foi o último dos 5 museus a ser construído na Museumsinsel e também o último que visitei em Berlim.

Fachada do Pergamonmuseum. Ao fundo está o Bodemuseum

Pergamonmuseum é um dos museus de antiguidades mais famosos da Europa. O museu foi concebido com um conceito de “Três asas” (Dreiflügelanlage). Ele abriga três museus distintos: o Antikensammlung (Coleção de Antiguidades Clássicas), ocupando os salões de arquitetura e a ala de esculturas, o Museum Vorderasiatisches (Museu do Antigo Oriente Médio) e o Museum für Kunst Islamisches (Museu de Arte Islâmica).

A reconstrução monumental de sitios arqueológicos como o Altar de Pérgamo, a Porta do Mercado de Mileto e a Porta de Ishtar, incluindo a Via Processional da Babilônia e a fachada Mshatta, tornou o Pergamonmuseum mundialmente famoso.

A grande riqueza das suas coleções é o resultado de muitas escavações realizadas em larga escala por arqueólogos alemães no início do século 20 na Grécia e Oriente Médio.

Coleção de Antiguidades Clássicas

A coleção de antiguidades romanas e gregas de Berlim (Antikensammlung) teve início durante o século 17. Crescendo sempre de forma constante, a coleção foi aberta para visitação pública em 1830, inicialmente no Altes Museum, e a partir de 1930, no recém construído Pergamonmuseum.

Uma das salas do Museu de Antiguidades Clássicas do Pergamonmuseum com a fachada do Templo de Atenas

O ponto alto da coleção é, sem dúvida, o magnífico Altar de Pérgamo, que deu origem ao nome do museu. O altar pertencia à acrópole da antiga cidade grega de Pérgamo, na Ásia Menor (atual Bergama, Turquia). O altar exibido é uma parte de um complexo exuberantemente restaurado para ser abrigado no museu.

O incrível Altar de Pérgamo reconstruído na sala principal da Coleção de Antiguidades Clássicas

Eu fico imaginando como trouxeram todas as partes desse imenso altar para Berlim, como foi a negociação e como transportaram tudo isso na época. Esse mesmo altar foi reconstruído na exposição do Museu de Arte Brasileira da Faap em 2006 São Paulo.

Supõe-se que o altar tenha sido construído para celebrar uma vitória de guerra na época do rei Eumenes em 170 A.C. Provavelmente foi dedicado a Zeus e a deusa da guerra Atenas. O altar foi descoberto pelo arqueólogo alemão Carl Humann que, após longas negociações, conseguiu transportar partes do altar que haviam resistido à deterioração para Berlim. Dá para pensar como o altar devia ser belo durante seu auge em Pérgamo.

Detalhe do friso do Altar de Pérgamo

O friso maior do altar conta a batalha dos deuses contra os gigantes, enquanto o pequeno narra a história de Telephos, suposto fundador da cidade e filho do herói Hercules. Na época isso era uma tentativa de reivindicar uma ascendência ilustre para os príncipes de Pérgamo.

Só para ter uma idéia de seu tamanho, o friso levou mais de 20 anos para ser remontado a partir dos milhares de fragmentos descobertos em Bergama.

A coleção também inclui peças de outras estruturas de Pérgamo do mesmo período, incluindo a parte do templo de Atenas.

Outras peças trazidas de Pérgamo

Também há alguns excelentes exemplares de escultura grega, originais e cópias romanas, assim como muitas estátuas dos deuses gregos desenterradas em Mileto, Samos e Nakosos, além de vários exemplos da arte da cerâmica grega.

Esculturas muito bem conservadas fazem parte do grande acervo do Pergamonmuseum

A bela arquitetura romana é representada pelo portão do mercado da cidade romana de Mileto, na costa ocidental da Ásia Menor. O portão data do século 2 D.C. e mostra uma forte influência helenística.

Descoberto por uma expedição de arqueólogos alemães, foi transportado para Berlim, onde foi restaurado em 1903.

Detalhe do sárcofago de mármore romano do século 2 DC mostrando a história de Medéia

Também em exposição estão uma série de magníficos mosaicos romanos e sarcófagos. Um dos sarcófagos de mármore do segundo século D.C. é bem impressionante. Ele é todo decorado com entalhes delicados em baixo-relevo representando a história da heroína grega Medéia.

Alguns dos mosaicos expostos no Museu de Antiguidades Clássicas do Pergamonmuseum

Museu do Antigo Oriente Médio

A coleção de Antiguidades no Museu do Antigo Oriente Médio (Vorderasiatisches Museum) foi constituída inicialmente de doações individuais de alguns colecionadores. No entanto, foram as escavações de grande sucesso, que começaram durante a década de 1880, que formaram a base de uma das coleções mais ricas do mundo.

Esta seção do museu, fundada em 1899, abriga cerca de 100 mil itens dos locais de escavações alemãs, o que resultou em mais de 6000 anos de história cultural da Mesopotâmia, Síria, Anatólia, Babilônia, Assur, Uruk e Habuba Kabira.

São peças da arquitetura, escultura e ourivesaria da Babilônia, Irã e Assíria. A peça mais famosa e impressionante é a magnífica Porta de Ishtar e a Via Processional que leva até a Porta. Eles foram construídos durante o reinado de Nabucodonosor II (604-562 A.C.), na antiga Babilônia.

A Porta de Ishtar no Museu do Antigo Oriente Médio no Pergamonmuseum

A avenida original era de cerca de 180 m de comprimento. Muitos dos belos tijolos de vidro, em tom azul brilhante, utilizados na sua reconstrução são novos, mas os leões, animais sagrados da deusa Ishtar, são todos originais.

Embora seu tamanho seja impressionante, a Porta de Ishtar não foi, na verdade, reconstruída totalmente. Só a porta interior está em exposição, enquadrada por duas torres. Decorando a porta há dragões e touros, símbolos dos deuses da Babilônia, Marduk, patrono da cidade, e Adad, o deus das tempestades.

Detalhe dos desenhos da Porta de Ishtar

Outras peças famosas incluem os relevos e esculturas em pedra encontrados ao redor de um portão do castelo de Zincirli (antiga Sam’al, séculos 10 e 9 A.C.), e, como exemplo das primeiras arquiteturas de monumentos religioso, há uma fachada feita de mosaicos multicoloridos de argila de Uruk (4 º milênio A.C.).

As inscrições cuneiformes em tabletes de argila encontrados em Uruk e que datam do quarto milênio A.C. são igualmente importantes um vez que documentam o sistema mais antigo de escrita da humanidade.

Peças encontradas nas escavações feitas na região do Oriente Médio

O mobiliário de um templo dedicado à deusa assíria Ishtar do 3 º milênio A.C. fornece um mostra sobre o sistema de crenças religiosas da Mesopotâmia. Toas as peças que compõem o o acervo do museu ilustram a importância da região do Oriente Médio como o berço da cultura antiga e ocidental.

Museu da Arte Islâmica

Esse museu mostra a arte dos povos islâmicos desde o século 8 até o século 19. A história do Museu de Arte Islâmica (Museum für Kunst Islamisches) começa em 1904, quando Wilhelm von Bode doou sua extensa coleção de tapetes orientais.

Beleza e riqueza da arte islâmica

Além dos tapetes, também foi doada a imponente fachada de um palácio no deserto da Jordânia, a Fachada Mshatta de 45 metros, coberta com revestimento de pedra calcária e muito bem esculpida, datando do período Omíada (661 a 750).

A fachada, na verdade foi um presente do Sultão otomano Abdul Hamid para o imperador Guilherme II em 1903.

A Fachada Mshatta construída com função de defesa do palácio da Jordania

Também fascinante é o Mihrab do século 13 feito na cidade iraniana de Kashan conhecida por sua cerâmica. Ele é ricamente trabalhado e coberto com diferentes esmaltes metálicos que o fazem brilhar como se fosse decorado com safiras e ouro.

Mihrab é um termo que designa um nicho ou reentrância em uma parede em uma mesquita como função de indicar a direção da cidade de Meca, para onde os mulçumanos se orientam quando realizam as cinco orações diárias.

Beleza do Mihrab ricamente trabalhado

As obras de arte também incluem artesanatos e livros de arte. O conjunto abrange uma área que vai da Espanha até a Índia, com ênfase no Oriente Médio, incluindo Egito e Irã.

Além disso há, é claro, a belíssima coleção de muitos tapetes vindos de lugares como Irã, Ásia Menor, Egito e Cáucaso.

Um dos muitos livros de arte expostos no Museu de Arte Islâmica do Pergamonmusem
Um exemplar dos belos e mundialmente famosos tapetes orientais

Finalizando a visita, temos mais um exemplo da arquitetura otomana provincial, a famosa sala de recepção do início do século 17 conhecida mundialmente como Sala de Aleppo Zimmer. Esta sala fazia parte da casa de um comerciante cristão na cidade síria de Aleppo.

Sala de Aleppo Zimmer

O Pergamonmuseum fica na Bodestraße 1-3, na Museumsinsel, no bairro central Mitte. Para chegar lá pode-se pegar o U-Bahn/S-Bahn números 1, 2, 3, 4, 5, 13, 15 ou 53. O museu abre de terça a domingo das 10:00 às 18:00. Nas quintas feiras, o Pergamonmuseum fica aberto até às 22:00. É fechado nas segundas feiras.

O ticket de entrada custa somente 8,00 euros para adultos. A entrada é grátis para crianças e adolescentes até 16 anos e também no primeiro domingo de cada mês.

O museu oferece tours guiados e audio tours em alemão, inglês, francês, italiano, espanhol, japonês, grego e polonês. Também há audio tours em turco.

É permitido tirar fotos desde que não se use o flash ou tripés.

Mais informações:

www.smb.museum

www.museumsinsel-berlin.de

A arte do século 19 na Alte Nationalgalerie em Berlim

A Alte Nationalgalerie em Berlim faz parte do complexo formado por 5 museus na Museumsinsel. Ela abriga uma das mais importantes coleções de arte do século XIX da Alemanha.

Estão em exposição obras primas da escola Romântica alemã, pinturas de vários impressionistas e uma extensa coleção de esculturas. São mais de 140 obras primas de artistas como Caspar David Friedrich, Karl Friedrich Schinkel, Ferdinand Waldmüller, Adolph Menzel, Edouard Manet, Claude Monet, Paul Cézanne, dentre outros.

Beleza da arquitetura neoclássica da Alte Nationalgalerie

Logo de início já se impressiona com a arquitetura do museu construído entre 1866 e 1876. A Alte Nationalgalerie é mais um exemplo do neoclassicismo alemão, porém com alguns toques do estilo neo-renascentista.

O edifício é rodeado por um pátio com várias colunas com algumas estátuas espalhadas. A bela arquitetura da Alte Nationalgalerie pode ser apreciada por vários ângulos. O prédio se destaca na Ilha dos Museus, sendo claramente visível a partir das margens do rio.

A escadaria monumental existente na frente fornece um pedestal para a estátua equestre de Friedrich Wilhelm IV, o rei da Prússia responsável por todo o conceito da Museumsinsel, que levou mais de um século para ser concluída.

Estátua equestre de Friedrich Wilhelm IV na frente da Alte Nationalgalerie

 

Todo o desenho da Alte Nationalgalerie foi feito buscando fazer com que o resultado fosse uma magnífica construção  dedicada à celebração das artes e das ciências.

Para quem visita o museu, não resta dúvidas de que o projeto foi bem sucedido.

Detalhe do frontão da Alte Nationalgalerie

Esculturas

No primeiro andar podemos ver obras como as esculturas do período  neoclássico e pinturas da escola realista. Logo na entrada tem-se uma ampla sala com as esculturas classicistas.

Esta ala é designada como Arte na Época de Goethe, um forte defensor da escola neoclássica na Alemanha. A coleção é formada por lindas esculturas em mármore, sendo que a maioria retrata figuras da mitologia grega.

Pinturas

As pinturas estão espalhadas pelos 3 andares do museu. São pinturas belíssimas distribuídas pelas salas temáticas. Pode-se ouvir a explicação de cada uma delas com o guia eletrônico adquirido na entrada.

Primavera nas Florestas de Viena de Ferdinand Georg Waldmüller (1864)

No primeiro andar estão pinturas realistas. No segundo andar também há obras realistas, um estilo fortemente representado nesse museu, e também idealistas e impressionistas. No terceiro andar estão as pinturas classicistas e românticas.

Pinturas realistas retratando momentos da história da Prússia

Eu particularmente tenho um carinho especial pela Alte Nationalgalerie, pois foi lá que pude conhecer as obras magníficas de Adolph Menzel, um pintor realista alemão. Ele foi um dos mais importantes pintores do século XIX da Alemanha.

Menzel participou ativamente da história prussiana, pintando quase 400 ilustrações retratando momentos importantes da história do país.

Adolph Menzel também produziu obras sobre momentos da vida cotidiana. Uma de suas pinturas favoritas minhas é Quarto da Varanda, um quadro belíssimo, com um realismo fantástico e uma sensibilidade apaixonante.

Dá para sentir o vento batendo na cortina. Todo o ambiente nos convida a sentar e sentir a suave brisa que entra pela porta.

Quarto na Varanda de Adolph Menzel (1845)

As obras de Adolph Menzel estão espalhadas pelos 3 andares do museu.

Sejam telas grandes, que ocupam quase toda a parede, ou telas pequenas dispostas discretamente em algum canto da sala, todas as suas pinturas chamam a atenção.

Seja pelo realismo perfeitamente retratado nos detalhes ou na gradiosidade dos momentos históricos registrados por suas pinceladas. Não importa, suas obras são dignas de admiração e respeito.

O Quarto do Artista na Ritterstrabe de Adolph Menzel (pintura a óleo, 1847)

Os pintores franceses também estão muito bem representados. Há obras de Monet, Manet, Degas, Renoir, Cézanne, Delacroix, Corot e Courbet.

Uma das pinturas que me chamou muito a atenção foi o quadro de Gustave Coubert chamado A Onda. O artista consegue mostrar com perfeição todo o movimento do mar mesmo que tenha utilizado poucas cores.

O movimento e a vividez não residem apenas nas ondas do mar agitado, mas também nas nuvens acima delas. Sem sombra de dúvida uma tela magnífica.

A Onda de Gustave Coubet (óleo sobre canvas, 1869)

Outro belo quadro que atraiu minha atenção logo que entrei na sala foi A Ilha da Morte de Arnold Böcklin.

A pintura foi concebida como um sonho e é exatamente essa a impressão que ela nos causa. Somos envolvidos pela aura mística e atemporal do quadro.

É uma das obras mais famosas de Böcklin. A simetria do desenho da ilha e seu reflexo nas águas, a luz do entardecer e o estranho funeral contribuíram sem dúvida para sua fama e captaram a imaginação de muitos admiradores.

De alguma forma, ele me faz lembrar do livro As Brumas de Avalon, como se a Morgana estivesse retornando para Avalon levando o corpo do irmão Artur morto.

A Ilha da Morte de Arnold Böcklin (pintura a óleo, 1883)

Para quem gosta de pinturas, eu recomendo muito que visite a Alte Nationalgalerie quando estiver em Berlim. As salas repletas de telas grandes ou pequenas merecem ser desfrutadas com tempo e calma.

O conjunto de cores distribuídas harmoniosamente entre pinceladas fortes e decididas ou suaves e sensíveis, os fatos históricos retratados ou momentos da vida captados pelos olhos dos artistas com maestria nos encantam e emocionam.

Eu penso que faz bem para nossa alma e espírito visitar um lugar repleto de obras, sejam elas majestosas ou singelas, um lugar onde podemos respirar arte e sensibilidade.

A Alte Nationalgalerie abre das 10:00 às 18:00. Nas quintas feiras, o museu fica aberto até as 22:00. Nesse dia a entrada é gratuita para todos os museus da Museumsinsel (Ilha dos Museus). O Museu fecha nas segundas feiras.

O ingresso custa 8,00 euros. Há desconto para estudantes. A entrada é pela Bodestraße.

Visitando a Nefertiti em Berlim

Na primeira vez que fui ao Altes Museum, cheguei antes do museu abrir ao público. Estava tão ansiosa para ver de perto o busto de Nefertiti que acordei bem cedinho, tomei rapidinho meu café acompanhado de croissant com muita nutella e sai logo para o museu.

Chegando lá, vi que o museu ainda estava fechado. Não tive outra alternativa senão sentar na escadaria e aguardar pacientemente os funcionários abrirem as portas. Aproveitei o tempo para gravar o som das badaladas da Berliner Dom.

Altes Museum visto da Berliner Dom

Enquanto aguardava, mais pessoas foram chegando.

É uma situação até engraçada, pois as pessoas ficam do lado de fora observando os funcionários do lado de dentro. Estes permanecem imóveis esperando irritantemente que o relógio marque 10 horas em ponto para que eles abram as portas.

Entrada do Altes Museum na Lustgarten

Já da segunda vez que visitei o Altes Museum, a situação foi inversa. Entrei no museu próximo da hora de encerramento. Não me importei com a hora avançada, a Nefertiti merecia outra visita.

Fiquei na ala egípcia até o encerramento oficial do museu. Nessa hora apareceram vários seguranças andando lado a lado e levando todas as pessoas que estivessem na frente em direção à saída. Para ser sincera me deu a sensação de estar sendo levada para algum campo de concentração. Na verdade, não é muito agradável ser escoltada por 6 seguranças alemães até a saída. No entanto, não posso negar que eles eram bem mais simpáticos que os seguranças do Museo del Prado de Madri.

Equação da relatividade em frente ao Altes Museum

Museu

O Altes Museum foi construído entre 1823 e 1830.  É uma das obras mais importantes na arquitetura do Classicismo, sendo o projeto de autoria de Karl Friedrich Schinkel, o mesmo arquiteto responsável por grande parte das construções presentes na Unter den Linden e outros locais importantes de Berlim.

A estrutura interna construída é de grande praticidade, a idéia da planta foi concebida pensando no museu como uma instituição de ensino aberto ao público.

A disposição monumental das 18 colunas caneladas de estilo jônico por toda a frente do museu, a grande extensão do átrio, o pavilhão central (uma referência explícita ao Panteão em Roma) e a grande escadaria lateral são todos os elementos arquitetônicos que, até então, eram reservados apenas para os edifícios mais majestosos da cidade.

Planta do térreo. As salas se dividem mostrando arte grega de Creta, Micenas, Olímpia, Samos, Mileto, Corinto, Aegina, Lacônia, Beócia e Atenas

O museu foi originalmente construído para abrigar todas as coleções da arte de Berlim. O Altes Museum é o lar da bela Coleção de Antiguidades Clássicas desde 1904. A Colecão exibida possui peças gregas, incluindo a tesouraria no piso térreo do Altes Museum.

O pavilhão central é composto por magníficas estátuas de deuses gregos. Toda essa ala é gratuita para o visitante. Pode-se entrar e admirar cada uma das muitas estátuas gregas sem necessariamente ter que comprar o ingresso para o museu.

Pavilhão central no piso térreo do Altes Museum, acesso gratuito ao público

Passando a ala do pavilhão central, chega-se às salas com exposições temáticas de obras gregas que incluem esculturas em pedra, barro e bronze. Além disso também há vasos de cerâmica, prataria e moedas.

Para conhecer todas essas salas é necessário comprar o ingresso para o museu, que é vendido ao lado direito da entrada. Também pode-se alugar o guia eletrônico disponível em vários idiomas.

Com o guia em mãos, basta olhar o número de cada obra e digitar no teclado do guia para ouvir a explicação.

Os muitos vasos gregos encontrados nas escavações

Vasos para todos os lados

Todo esse andar é voltado para peças da gregas trazidas de Atenas, Creta, Micenas, Olímpia, Samos, Mileto, Corinto, Aegina, Lacônia e Beócia.

Alguns exemplos de moedas gregas

A arte romana também está presente, embora em menor número. A coleção é composta por poucas peças incluindo esculturas de César e Cleópatra, sarcófagos, mosaicos e afrescos.

Relevo em um sarcófago típico

Museu egípcio

No piso superior encontra-se o Museu Egípcio (Ägyptisches Museum e Papyrussammlung) com uma área total de 1300 m². O passeio através da exposição mostra a continuidade e a mudança na cultura egípcia antiga com mais de quatro milênios.

Planta do segundo andar: 1 - Esculturas, 2 - Período de Amarna, 3 - Nefertiti, 4 - História Cultural, 5 - Sudão Antigo, 6 - Coleção de Papiros, 7 - Mundo Inferior e 8 - Deuses

As salas apresentam uma rica coleção de belíssimas peças egípcias. O passeio começa com uma apresentação da escultura egípcia, passando pelo período Amarna, que corresponde ao período do reinado de Akhenaton, na Décima Oitava Dinastia.

A arte amarna desenvolvida nessa época é visivelmente diferente do estilo da arte egípcia mais convencional.

Faraó Akhenaton e sua rainha Nefertiti, responsáveis por implantar no Egito uma nova religião monoteísta

Na ala oeste do museu estão as salas com outras peças egípcias, do Sudão antigo e a a bela Coleção de Papiros, com clássicos da literatura egípcia antiga.

A exposição termina com as salas dedicadas ao Mundo Inferior e aos deuses do panteão egípcio.

Nefertiti

No centro da exposição está o busto magnífico da rainha Nefertiti, a esposa de Akhenaton, durante a XVIII Dinastia.

Pouco se sabe sobre os primeiros anos da vida de Nefertiti,  os estudiosos têm contemplado se ela realmente era da linhagem real. Algumas evidências sugerem que ela foi casada com Akhenaton como a filha de um alto funcionário durante o reinado de Amenhotep III. Da mesma forma, o debate continua sobre se Nefertiti era, na verdade, a mãe real de Akhenaton e sua esposa, ao mesmo tempo. O mistério da origem de Nefertiti promete continuar sendo um grande tópico de pesquisa.

A vida no reinado de Akhenaton estava longe de ser pacífica para a rainha e seu faraó. Foi no reinado de Akhenaton que a reforma religiosa teve lugar. Akhenaton mudou a forma da religião egípcia drasticamente.

A religião deixou de ser politeísta para se tornar monoteísta, tendo como único deus Aton, o disco solar. Esse ato levou o faraó a ser considerado um herege.

Nefertiti é talvez uma das rainhas mais conhecida do Egito. Seu nome significa “a bela chegou”. Não foi a toa que ela ficou famosa por sua beleza e elegância.

Seu busto foi um ícone para muitas mulheres e muitas linhas de cosméticos. Sociedades em todo o mundo adotaram a rainha como um símbolo da verdadeira beleza.

Alguns historiadores dizem que Nefertiti seria a mulher mais bonita do mundo (até mesmo que Cleópatra?). Bom, o que quer que as pessoas digam sobre ela, uma coisa é verdadeira, Nefertiti continuará por muito tempo ainda a a ser conhecida por sua beleza.

Reinado de Nefertiti

Seu reinado, ao lado de Akhenaton, foi diferente da forma tradicional que até então tinha tido lugar no Egito. Nefertiti era mais do que apenas uma rainha típica e ajudou a promover a política e o pensamento de Akhenaton.

A duração de seu reinado foi de apenas 12 anos, mas ela foi, talvez, uma das rainhas mais poderosas. Como rainha, Nefertiti assumiu funções poderosas, destacando-se no Egito de uma forma que somente os faraós egípcios haviam feito. Nefertiti se mostrava ao povo egípcio em grau de igualdade com Akhenaton, incluindo até mesmo funções de sacerdotiza.

Não se sabe ao certo o que aconteceu com a rainha, ela permanecerá para sempre um mistério. Seu corpo nunca foi encontrado. Possivelmente ele foi escondido pelos sacerdotes egípcios em algum lugar debaixo das areias.

Informações gerais

O Altes Museum abre diariamente das 10:00 as 18:00. Nas quintas feiras, o museu fica aberto até as 22:00. Nesse dia a entrada é gratuita para todos os museus da Museumsinsel (Ilha dos Museus).

O ingresso custa 8,00 euros. Há desconto para estudantes. A entrada é pela praça Lustgarten.

Para quem quiser ir de metrô para o Altes Museum, basta pegar o descer na estação do Hackescher Markt.

O Museu Egípcio ficou em exibição no Altes Museum no piso superior de agosto de 2005 até 2009, quando então foi transferido para o  Neues Museum um dos 5 museus existentes na Museumsinsel.

Hoje em dia existe muita pressão do Egito para que o museu devolva o Busto de Nefertiti ao seu país de origem. Porém o Altes Museum se nega a restituí-lo ao Egito. Afirmam que o museu é visitado anualmente por mais de 1 milhão de pessoas e que o busto deve ficar em um local onde todos possam vê-lo.

Essa é uma discussão que dá muito o que falar. Se todos os museus europeus devolvessem suas antiguidades, “levadas” de vários sítios arqueológicos, aos países de origem, muitos deles iriam à falência…

Museumsinsel, a Ilha dos Museus em Berlim

A Museumsinsel (Ilha dos Museus) é formada por um conjunto de 5 museus que somam 100 anos da arquitetura e bem mais ainda de história e arte.

Os museus que formam a Museumsinsel são o Bode-museum, Pergamonmuseum, Neues Museum, Altes Museum e Alte Nationalgalerie. Fica localizada no centro de Berlim, entre os rios Spree e Kupfergraben, próxima à Berliner Dom e à praça Lustgarten.

Ilha dos Museus, Pergamonmuseum e Bode-museum ao fundo

O conjunto extraordinário de museus teve seu início com o rei Frederico Guilherme III, que encomendou a construção do Museu Real, atualmente o Altes Museum, em 1830, com o objetivo de expor ao público geral os tesouros de arte real alemã.

Infelizmente, quase 70% dos prédios dos museus foram destruídos durante a Segunda Guerra Mundial. No final da guerra, as coleções foram divididas entre Berlim Oriental e Ocidental. A reunificação da Alemanha permitiu que as coleções divididas entre os dois lados fossem reunidas novamente.

No final do século 20, um programa de reconstrução e modernização foi projetado para restaurar todos os cinco museus. Também em 1999 a UNESCO incluiu a Museumsinsel na lista do “Patrimônio Cultural da Humanidade“.

Entrada para o Altes Museum na Lustgarten

A Museumsinsel também é citada no livro 1000 Lugares Para Ver Antes de Morrer de Patricia Schultz. A citação não ocorre por acaso, esse pedaço de Berlim é um prato cheio para quem ama antiguidades e artes em geral.

Dá para passar vários dias entre um museu e outro, sem se cansar. Se você é apaixonado por história antiga, assim como eu, não deixe de visitar esses incríveis museus recheados de belas peças gregas, babilônicas e egípcias e outras mais.

No total são mais de 600 mil anos da história da humanidade distribuídos por uma área de quase um quilômetro quadrado. Cada prédio possui uma arquitetura singular e uma entrada individual para os visitantes, porém, há um plano para que os museus arqueológicos sejam conectados uns com os outros. O projeto tem o nome de Caminho Arqueológico.

Alte Nationalgalerie, um museu repleto de pinturas belíssimas representando várias escolas

Esse magnífico complexo de arte, cultura e história não deixa dúvidas da sua grandiosidade e importância para toda a humanidade.

A Alte Nationalgalerie (Antiga Galeria Nacional), reinaugurada em 2001, possui uma das maiores coleções de escultura e pintura do século 19 na Alemanha. É um dos meus museus preferidos.

O Altes Museum (Museu Antigo), restaurado e reaberto em 1966, abriga artefatos antigos gregos e romanos , além de relíquias egípcias, entre elas o belo busto de Nefertiti, que estava nesse museu em ambas as vezes que o visitei. As peças gregas são belíssimas e a coleção egípcia é muito grande. Só a visão do busto da Nefertiti já vale a visita.

O Bode Museum, reaberto em 2006 após quase 10 anos de restauração, possui uma grande coleção de esculturas, uma das maiores coleções numismáticas do mundo e uma seleção de pinturas da Gemäldegalerie.

Bode-museum no canto extremo da Museumsinsel

O Neues Museum foi reaberto em 2009 e abriga uma coleção de peças do período pré-histórico e obras de arte egípcia. Desde outubro de 2009, este museu abriga o busto de Nefertiti juntamente com a coleção de papiros.

O magnífico Pergamonmuseum possui uma grande uma coleção de antiguidades gregas e babilônicas e arte islâmica, entre elas estão o impressionante Portal de Ishtar da Babilônia e o enorme Altar de Pérgamo.

Entre agosto e novembro de 2006, o Museu de Arte Brasileira da Faap em São Paulo foi palco da bela exposição das peças gregas do Pergamonmuseum. O altar de Pérgamo foi lindamente reconstruído. Quem visitou o Museu de Arte Brasileira pôde ver uma parte do acervo do Pergamonmuseum. E o melhor, a entrada era gratuita.

Parabéns para a iniciativa da Faap! As longas filas para entrar com certeza valeram a pena. O povo brasileiro merece ter acesso à cultura e arte.

Dentre os muitos visitantes da exposição, um me chamou a atenção. Ele ficava parado em frente às esculturas enquanto as reproduzia com perfeição em um bloco de papel. Ai, que inveja….

Entrada para o Pergamonmuseum

Os museus abrem pontualmente de terça a domingo das 10 às 18 horas e as quintas das 10 às 22 horas. O ingresso custa 8,00 euros e dá direito a entrar em qualquer um dos museus, o ticket para 3 dias custa 19,00 euros. A entrada é franca no primeiro domingo do mês e também às quintas-feiras.

Além disso, existem áreas com acesso livre, como o salão de estátuas gregas no primeiro andar do Altes Museum. Há descontos para estudantes, aposentados, professores, desempregados e outros mais.

Como dá para notar, o acesso à cultura e história é muito fácil para quem mora em Berlim ou nas imediações. Mesmo pagando integralmente, a entrada nesses museus é realmente barata diante de tanta arte monumental.

Detalhe da entrada da Alte Nationalgalerie

Os museus serão descritos com mais detalhes nos próximos posts. Afinal eles merecem um texto cuidadoso a respeito de cada um, com muitas fotos mostrando suas belas coleções.

Casablanca – a bela Mesquita Hassan II

Monumento que simboliza o compromisso, genialidade arquitetônica e devoção do povo marroquino, a Mesquita Hassan II é uma jóia da arquitetura moderna, situada em um dos bairros mais povoados de Casablanca.

 

Mesquita Hassan II ao fundo, tendo o museu e a biblioteca em primeiro plano

 

É a maior mesquita do Marrocos e a terceira mais importante da religião islâmica. Além disso, é a única mesquita do mundo que permite a entrada de não muçulmanos. Segundo o guia do local, isso ajudaria a explicar a fé muçulmana para pessoas de outras religiões.

Seja como for, é uma oportunidade única de conhecer o esplendor da arquitetura árabe, com todos os seus ricos detalhes, bem como a tecnologia surpreendente empregada para a construção da mesquita.

 

Mesquita Hassan II entre o céu e o mar

Construída uma parte sobre as águas do oceano Atlântico, a Mesquita é uma das mais belas edificações iniciadas pelo rei Hassan II, falecido em 1999 e pai do atual rei Mohammed VI. A mesquita foi construída sobre a água devido ao versículo do Alcorão que diz que “o trono de Deus estava sobre as águas”. A cor verde do teto e dos detalhes também faz referência à cor do Alcorão.

Antes do início de sua construção, o rei Hassan II declarou:

Desejo que Casablanca seja dotada de um edifício amplo e belo do qual possa orgulhar-se até o final dos tempos … Eu quero construir esta mesquita na água, porque o trono de Deus está sobre a água. Portanto, os fiéis que lá irão para rezar, para louvar o Criador em solo firme, poderão contemplar o céu e o mar de Deus.”

Bom, pode-se dizer que o rei cumpriu sua promessa presenteando Casablanca com uma bela mesquita construída com tecnologia de ponta, que impressiona o viajante independente da religião.

Detalhe do imenso pátio da mesquita

O projeto se iniciou em 1987 e levou 6 anos até ser completado, em 1993, frustrando os planos iniciais de inauguração na ocasião do 60° aniversário do rei em 1989. Participaram de sua construção 2.500 trabalhadores e 10.000 artesãos, contabilizando 50 milhões de horas trabalhadas (dia e noite).

 

Minarete ricamente trabalhado
Detalhe do alto do minarete da Mesquita Hassan II

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os números são impressionantes e não páram por ai. Para a construção da Mesquita foram utilizados:

 

– 300 mil metros cúbicos de concreto

– 40 mil toneladas de aço

– 250 mil metros quadrados de mármore travertino e granito

– 10 mil metros quadrados de azulejo (zellige)

– 53 mil metros quadrados de cedro

– 67 mil metros quadrados de gesso

– 10 mil metros quadrados tadelakt (material de revestimento impermeável típico do Marrocos)

– 800 milhões de dólares

Mosaicos formados por zelliges

Obra prima da arquitetura árabe-muçulmana, a Mesquita Hassan II é, sem sombra de dúvida, uma proeza.

Ela constitui um complexo religioso e cultural, com área total de 9 hectares (90.000 m²), sendo composta por uma sala de oração, uma sala de ablução (purificação), banhos, uma escola corânica (medersa), uma biblioteca e um museu.

A capacidade total da mesquita é de 105 mil seguidores, sendo 25 mil apenas na sala de oração e os demais no pátio externo da mesquita.

 

Pátio externo da mesquita

Ela é considerada o maior edifício religioso do mundo árabe graças ao seu minarete de 200 m de altura. A torre foi construída apoiada somente em duas colunas. À noite, do alto do minarete, um laser aponta para Meca, com alcance de 30 km.

A função do minarete na mesquita é propagar a voz do almuadem ou muezim de seus alto falantes, de forma que possa chegar até todos os fiéis, convidando-os à oração. De acordo com as leis religiosas no Marrocos, nenhuma casa ou edifício na cidade pode ser mais alto do que o minarete, porque este foi feito para Deus e, segundo eles, seria arrogância construir algo para os homens maior do que para Deus. Além disso, fica fácil para os fiéis localizarem a mesquita pelo seu minarete.

Beleza e tecnologia se encontram no prédio da mesquita Hassan II

Sala de oração

Quando se entra na mesquita é necessário tirar os sapatos, que são armazenados em sacolas plásticas entregues aos visitantes. Logo que se entra já se espanta com a beleza interior, a riqueza de detalhes e suas impressionantes dimensões internas.

 

Interior da Mesquita Hassan II
Efeito da luz no interior da mesquita

A sala de orações possui uma área de 20.000 m² com capacidade para 25.000 pessoas. Ela consiste em dois níveis: o piso térreo usado para os homens e dividido em três naves simétricas, voltadas em direção à Meca, com capacidade de 20.000 pessoas e os dois mezaninos para as mulheres, que possuem uma entrada separada, com uma área de 3.500 m² e capacidade para 2500 pessoas cada.

 

Mezanino para as mulheres fazerem as orações
Cedro e bronze compõem a beleza do interior da mesquita

A sala de oração também possui um sistema de aquecimento no solo e caixas de som espalhadas, de forma muito discreta, para que todos possam ouvir a voz do líder da oração, o imam ou muazzin.

Existem ainda na sala 18 portas feitas de titânio e bronze. A porta muito pesada não se abre para o exterior. Ao invés disso, ela se levanta, puxada por engrenagens escondidas nas paredes. Realmente fantástico!

 

Porta de titânio e bronze que se ergue para a entrada das pessoas
Porta vista do interior da mesquita

No total existem 50 lustres e arandelas de murano veneziano com 8 tamanhos diferentes entre 3 a 6 metros de diâmetro, 5 a 10 metros de altura e 600 a 1.200 kg de peso.

O teto móvel pesa 1.100 toneladas e possui uma área de 3.400 m². O teto é uma estrutura metálica tridimensional coberto com madeira de cedro entalhada e pintada. O tempo total para a abertura dele é de apenas 5 minutos graças ao sistema motor em rodas que fornece a impulsão.

Quando o teto está aberto, os seguidores podem orar conforme o desejo do rei Hassan II, “vendo o céu e o mar de Deus”.

 

Lustre de murano veneziano, um dos poucos materiais usados não provenientes do próprio Marrocos. Na foto dá pra ver as duas colunas que sustentam o minarete.

No meio da sala de oração há um circuito fechado de água do mar chamado “Seguia“. Esse circuito serve para trazer a água do mar para o ritual de purificação realizado na sala de ablução.

No chão existem três aberturas com vista para as abluções. Uma parte do chão também é feita de vidro, de forma que os fiéis possam orar vendo o mar. Essa parte no entanto é reservada para a realeza.

Sala de oração com chão de vidro para visualização da sala de Oblução

Em ambos os lados da nave há duas colunas de granito sobre as quais está escrito, em ouro, a árvore genealógica do Rei Hassan II.

Na parte leste da sala de oração encontra-se o mihrab, que é a abóbada que direciona para Meca. O mihrab é feito de mármore branco de Carrara, azulejos (zelige) e gesso. Ele é usado pelo Imam para liderar as cinco orações diárias.

 

Detalhe dos desenhos do chão da sala de oração

Neste local também se vê o minbar, o balcão de mogno com incrustações de marfim usado toda sexta-feira para as orações.

Os detalhes das paredes e arcos são de um cuidado e uma delicadeza extraordinários. É impossível não ficar deslumbrado quando se visita o interior da Mesquita Hassan. A arquitetura, os detalhes da decoração e a força da devoção do povo são fatores que nos impressiona e emociona ao mesmo tempo.

 

O cuidado com os detalhes parece fazer parte da personalidade do povo marroquino. A caixa de som aparece discretamente na coluna

Eu fiquei muito feliz com a oportunidade de entrar em uma mesquita muçulmana. Apesar de ter muito contato com a cultura árabe há anos, eu nunca havia, fora do Brasil, a sentido de forma tão próxima. Para mim foi gratificante ter essa experiência e poder vivenciar o cotidiano de uma cultura que admiro bastante.

Uma cultura cheia de riqueza e encantamento que, ao meu ver, deveria ser separada dos acontecimentos internacionais que ocorreram nos últimos anos.

 

Pormenor dos desenhos geométricos. O Islã não permite reproduções humanas ou animais

Sala de ablução

Este é o local onde os fiéis se purificam antes da oração. A ablução consiste em lavar 3 vezes as mãos, boca, nariz, rosto, braços, cabeça, orelhas e pés até a altura do tornozelo. A ablução também pode ser feita em casa antes de se dirigirem à mesquita, mas a maioria faz nas muitas fontes de água do mar existentes no local.

 

Sala de Ablução

A sala de purificação é  de uma beleza incrível. É muito grande, com uma área de 4.800 m². No total são 41 fontes, incluindo 3 grandes e 38 pequenas. O desenho das fontes representa a flor de lótus.

 

41 fontes estão espalhadas em uma área de 4.800 m²

Além das fontes, ainda há uma centena de torneiras por todos os lados para que todos possam fazer o ritual da ablução.

 

Flor de lótus, símbolo da purificação, empresta seu formato às fontes da Sala de Ablução

Os lustres de cobre foram fabricados em Fès. Toda a sala é decorada com azulejos e revestida de tadelak vindo de Marrakech. O tadelak possui duas características, ele é resistente à umidade ao mesmo tempo em que mantém o calor no local.

O material consiste em uma mistura de argila arenosa, sabão, cal preto e gema de ovo. Graças à sua ação contra a umidade, os lustres da sala de ablução nunca precisaram ser lavados.

 

Um dos imponentes lustres da Sala de Ablução

Sala do Hammam

Hammam ou banho turco, combina as funcionalidades e a estrutura dos seus predecessores, termas romanas e banhos bizantinos, com a tradição turca dos banhos de vapor. A sala de Hammam é composta por 3 quartos, sendo uma sala morna, uma quente e, por último, uma muito quente.

 

Sala quente, antes da sala de vapor. Várias torneiras estão dispostas nas paredes, próximo aos mosaicos

A temperatura  da última sala pode atingir até 47°C, sendo o local onde se utiliza a água para o banho.

Sala do vapor. Hummm, que vontade...

O Hammam a vapor consiste de uma piscina aquecida equipada com saídas de vapor. A temperatura da água é de 38°C e a profundidade da piscina de 1,5 metro.

Também na sala de hammam se encontram zelliges magníficos bem como o revestimento em tadelakt.

Detalhe dos mosaicos

Medersa

É a escola corânica, conhecida como Mederda. Fica no lado leste da Mesquita Hassan II.

A biblioteca e museu

Ficam em ambos os lados da praça. São dois prédios idênticos e simétricos.

 

Fachada do Museu
Fachada lateral do prédio da biblioteca

Chamado para oração
No islamismo existem orações obrigatórias (Salat) que são praticadas cinco vezes ao dia. Essas cinco orações diárias contêm versículos do Alcorão que são recitados em árabe e são praticadas na alvorada, ao meio dia, no meio da tarde, ao crepúsculo e à noite. Assim, elas vão determinando o ritmo de todo o dia.

O dhan, ou o chamado para oração, é pronunciado em um tom melodioso pelo muazzin do alto do minarete.

 

Marroquina caminha em direção à mesquita enquanto se ouve o chamado para oração

Enquanto estava no Marrocos ouvi várias vezes o chamado para a oração. É muito bonito de se ouvir, assim como de se ver as pessoas caminhando em direção à mesquita para a oração. As ruas ficam mais vazias, as pessoas parecem se acalmar. Sem dúvida é um ritual muito bonito.

 

Tradução do Chamado para a oração:

Deus é Grandioso, Deus é Grandioso
Deus é Grandioso, Deus é Grandioso
Testemunho que não há outra divindade além de Deus
Testemunho que não há outra divindade além de Deus
Testemunho que Mohammad é o Mensageiro de Deus
Testemunho que Mohammad é o Mensageiro de Deus
Vinde à oração! Vinde à oração!
Vinde à salvação! Vinde à salvação!
Deus é Grandioso, Deus é Grandioso
Não há outra divindade além de Deus

 

Visitas guiadas

A Mesquita é aberta à visitação guiada em diversos idiomas todos os dias às 9, 10 e 11 horas da manhã e às 14:00, entre os meses de setembro até junho. Durante o período do Ramadã, a mesquita é aberta para visitação somente no período da manhã. Às sextas-feiras, a visita é feita mediante agendamento.

O bilhete de entrada pode ser comprado na própria mesquita e custa 120 dihans (aproximadamente 12 euros). Há desconto de 50% para estudantes, marroquinos, estrangeiros residentes no Marrocos. Estudantes marroquinos e crianças menores de 12 anos pagam 30 dinhans.

Mais informações:

Mosquée Hassan II

Sacred Destinations

Berliner Dom – A catedral de Berlim

O primeiro lugar que visitei em Berlim foi a Berliner Dom, uma catedral belíssima, construída em estilo barroco entre 1894 e 1905. Ela fica localizada na ilha do rio Spree, também conhecida como Ilha Museu. Pode-se avista-la de longe, devido ao seu tamanho generoso.

Na minha opinião é um lugar que deve com certeza ser visitado quando se está em Berlim.

Essa bela catedral existente hoje é na verdade a terceira igreja construída no local.

A primeira igreja foi construída em 1465. O prédio serviu mais tarde de igreja da corte para a família Hohenzollern. Posteriormente, a igreja foi substituída por uma catedral construída entre 1745 e 1747 em estilo barroco, desenhada por Johann Boumann.

Mais tarde para celebrar a união das comunidades luteranas da Prússia, a catedral foi remodelada para um edifício neoclássico entre 1816 e 1822, pelo arquiteto Karl Friedrich Schinkel.

Foto Wikipedia

Por fim o Imperador Guilherme II ordenou que a cúpula da catedral fosse demolida em 1894 e substituída pela atual existente. A catedral resultante tinha uma construção baroca com influência do renascimento italiano.

A igreja modificada por Julius Raschdorff possuía então 114 metros de comprimento e 73 metros de largura. Muito maior do que qualquer um dos edifícios anteriores, a catedral foi considerada uma resposta protestante para a Basílica de São Pedro em Roma.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Berliner Dom foi atingida por uma bomba de que danificou severamente a maior parte da catedral.

Um telhado temporário foi instalado para proteger o que restou do interior.

Apesar de os planos do governo da Alemanha Oriental para demolir o prédio, felizmente em 1975, a igreja foi reconstruída.

A restauração do interior começou em 1984 e em 1993 a catedral foi reaberta. Durante a reconstrução, o desenho original foi modificado para uma forma mais simples.

Fonte: A View on Cities

Se por fora a Berliner Dom é deslumbrante, seu interior consegue suplantar ainda mais as espectativas.

A catedral é ricamente trabalhada com vitrais magníficos emoldurando sua grandiosidade e história. O altar principal data de 1850.

O ticket  custa 5 euros e dá direito a visitar o interior da igreja, o museu na parte superior, o mausoléu e o domo.

Um dos itens mais interessantes do interior  da Berliner Dom é o órgão de tubos , construído por Wilhelm Sauer em 1905.

O magnífico órgão possui mais de 7.000 tubos.

Do alto do domo, tem-se um vista deslumbrante de Berlim. A subida de 270 degraus é compensada não apenas pela vista da cidade mas também por uma visão mais completa do interior da catedral.

Durante a subida, existem alguns lugares para descanso com fotos e um pequeno museu com objetos históricos.

Na cripta da Berliner Dom encontra-se mais de 80 sarcófagos da realeza prussiana. As tumbas mais trabalhadas são de Frederick I e da rainha Sofia.

Sem dúvida, a Berliner Dom é um lugar de oração belo e impressioante que merece ser visitado com calma e respeito.

Catedrais e Igrejas de todo o mundo

Este post apresenta um pequeno resumo das catedrais e igrejas que já visitei. Ele é atualizado constantemente com novas informações ou novas igrejas.

Alemanha

Berliner Dom. Berlim. Belíssima catedral protestante construída em estilo barroco, com influência do renascimento italiano, entre 1894 e 1905. A catedral existente hoje é na verdade a terceira igreja construída no local. Dá para subir no domo e visitar o mausoléu real prussiano. Mais detalhes no post: Berliner Dom – A catedral de Berlim.

Catedral de Colônia. Colônia. Em alemão Kölner Dom. Igreja católica de estilo claramente gótico, sendo o marco principal da cidade e seu símbolo não-oficial. É dedicada a São Pedro e à Virgem Maria. A catedral está incluída na lista de patrimônio histórico da UNESCO, onde é descrita como “trabalho excepcional do gênio criativo humano”. O local recebe cerca de 30 mil  visitantes por dia. É uma das igrejas góticas mais lindas que visitei e também uma das maiores do mundo. Mais detalhes no post: A catedral de Colônia.

Dinamarca

Marmorkirken, Copenhague. A igreja em estilo barroco de Frederick, ou igreja de mármore, como é popularmente conhecida. Possui o maior domo da Escandinávia (embora no restante da Europa existam outras 3 igrejas maiores). O domo se apóia sobre 12 colunas.Sua construção se deu em 1749, sendo a primeira pedra colocada pelo próprio rei Frederick V. Porém a igreja só ficou pronta em 1894. Durante 150 anos a igreja permaneceu em ruínas, como consequência, o plano original de construi-la inteiramente em mármore teve que ser modificado. A Marmorkirken é uma construção imponente que chama a atenção até mesmo do turista mais distraído. Seu interior também é digno de cuidadosa atenção. Com certeza, é um lugar que não pode deixar de ser visitado em Copenhague.

Vor Frue Kirken, Copenhague. Seu nome significa Igreja de Nossa Senhora. O local já era sede de outra igreja desde 1209, porém  a igreja original foi destruída em um bombardeio em 1807. A nova catedral existente hoje foi construída em estilo neoclássico sendo inaugurada em 1829. O interior da catedral forma um ambiente de paz e tranquilidade com belas esculturas.

Noruega

Mariakirken, Bergen. Igreja estilo romanesco, é a construção mais antiga de Bergen (século XII), funcionando como igreja no período entre 1408 a 1766.

Oslo Domkirke, Oslo. Catedral construída em estilo barroco em 1697.Quando eu fui, em 2008, estava fechada para reformas, mas agora já está aberta novamente ao público. A parte de trás da catedral é rodeada pelo Bazaar (Basarene ved Oslo Domkirke), um edifício com uma torre coberta de verde metálico, assim como a Catedral.

Suécia

Klara Kyrka, Estocolmo. Igreja fundada no século 13 em homenagem à Santa Clara. Se localiza na rua Klara Östra Kyrkogata. Quando a visitei tinha um coral cantando, o que resultava em um clima muito agradável dentro da Igreja. Seu interior é ricamente trabalhado.

Riddarholmen, Estocolmo. Igreja conhecida por abrigar os requintados túmulos dos monarcas suecos há 700 anos. Parte dela data do século 13, mas a maior parte, construída com tijolinhos, é do século 16.

Sankt Jacobs kyrka, Estocolmo. Dedicada ao Apóstolo São Tiago Maior, padroeiro dos viajantes. A igreja oferece missas em sueco e inglês. Foi fundada em 1643 e se localiza bem no centro de Estocolmo, perto do parque popular Kungsträdgården, da Kunglia Operan e da praça Gustaf Adolf torg. A construção da igreja levou muito tempo para ser concluída e, como consequência, inclui uma ampla gama de estilos arquitetônicos, como gótico, renascentista e barroco.

A imponente e majestosa catedral de Colônia

Fui parar em Colônia em junho de 2008, enquanto ia de Berlim para Bruxelas. O trem parou em Colônia, da janela avistei a catedral e não deu outra. Sai correndo do trem e fui visita-la, enquanto aguardava o novo trem que partiria para Bruxelas.

A catedral de Colônia (em alemão Kölner Dom) é uma igreja católica de estilo claramente gótico, sendo o marco principal da cidade e seu símbolo não-oficial. É dedicada a São Pedro e à Virgem Maria.

A catedral está incluída na lista de patrimônio histórico da UNESCO, onde é descrita como “trabalho excepcional do gênio criativo humano”. E esse trabalho excepcional é diariamente visitado por cerca de 30 mil pessoas.

A catedral foi construída no local de um templo romano do século IV, um edifício quadrado conhecido como a “mais velha catedral” e administrada por Maternus, o primeiro bispo cristão de Colônia. Uma segunda igreja foi construída no mesmo local, e foi então chamada de “Velha Catedral”, cuja construção foi completada em 818, porém acabou incendiada em 1248.

Com a Segunda Guerra Mundial, a catedral acabou sendo vítima de nada menos que 14 ataques por parte de bombas aéreas. Apesar disso, a Kölner Dom não caiu e permaneceu de pé, aguardando a reconstrução que seria completada somente em 1956.

Até o fim da década de 1990, havia na base da torre noroeste um reparo de emergência feito com tijolos retirados de uma ruína próxima da guerra. Esse reparo mau feito permaneceu visível como uma lembrança da guerra, mas então foi decidido que ele deveria ser reformado para voltar com a aparência original. Que bom, ninguém quer lembranças ruins em um lugar tão excepcional.

A catedral é uma das maiores do mundo e a maior igreja gótica do norte da Europa. Por quatro anos, entre 1880-1884, ela foi a estrutura mais alta do mundo, até a conclusão do Monumento de Washington. Mesmo assim, suas duas torres ainda permanecem como as segundas maiores torres, sendo superada apenas pela torre única da Igreja Ulm Minster, completada 10 anos depois, em 1890, na cidade de mesmo nome Ulm, também na Alemanha.

Devido a suas enorme torres gêmeas, a catedral também apresenta a maior fachada de uma igreja no mundo. O coro, medido entre os pilares, também possui a maior razão entre altura e largura de uma igreja medieval. São medidas que realmente impressionam. A ponto de tirar alguém de seu trem, rs.

Segundo a tradição, no interior da catedral está guardado o relicário de ouro com os restos mortais dos Três Reis Magos Baltazar, Melchior e Gaspar

Fonte:.Wikipédia

Esta catedral foi uma das mais lindas que já visitei. Se por fora ela é exuberante, por dentro ela nos toma o fôlego. São tantos detalhes e tamanha grandiosidade da construção, que fica difícil decidir para onde olhar primeiro.

Bom, na minha opinião, as catedrais góticas são sempre as mais bonitas. Esse estilo envolto em mistérios nos leva à Idade Média e nos remete toda a áurea de uma época em que a arte só era possível se utilizada para fins religiosos. Uma vez que pintura e escultura não eram muito incentivadas pela classe sacerdotal nessa época, restou mesmo aos grandes artistas dedicarem seu tempo e criatividade para construírem templos tão belos como a catedral de Colônia. Um magnífico exemplo de até onde a criatividade humana, quando usada para o bem, pode levar.

Infelizmente não tirei fotos de seu interior, pois a bateria da minha máquina tinha acabado. E o motivo disso foram dois suecos infelizes que roubaram minha mochila, enquanto eu ajudava minha mãe a subir no trem. O carregador da bateria estava obviamente dentro da mochila para que eu pudesse carregar dentro do trem.

As fotos do interior da catedral foram retiradas do site Sacred Destinations. Um ótimo site por sinal, lá tem fotos (muitas fotos!) de alguns destinos sacros ou históricos no mundo. O site não faz menção ao Brasil, mas vale a pena dar uma olhada.

A catedral é aberta ao público de maio a outubro da 6:00 as 21:00 e de novembro a abril das 6:00 as 19:30. Durante a missa não é permitida a visitação.

É possível subir na torre entre 9:00 e 17:00 horas. O ticket custa 2,50 Euros. A entrada fica do lado de fora da catedral, próxima à entrada principal, no lado direito. Dá para ouvir o sino tocar, mas nesse caso é necessário o uso de protetor auricular.

A câmara do tesouro fica aberta diariamente entre 10:00 e 18:00. O custo do ingresso é 4,00 euros. Dá para comprar um ingresso combinado para ver o Tesouro e a Torre. Nesse caso sai mais barato, 5,00 euros.

Museus mundo afora

Aqui você encontra um pequeno resumo dos museus que já visitei. Ele é atualizado constantemente com novas informações ou museus.

Dinamarca

NY Carlsberg Glyptotek. Copenhague. Este museu possui mais de 10,000 obras de arte, divididas em duas coleções principais, abrangendo desde o início da cultura ocidental do Mediterrâneo, incluindo obras gregas e romanas, a outras formas de arte dinamarquesa e francesa dos séculos 19 e 20. Algumas das pinturas expostas são de Monet, Sisley, Pissarro, Gauguin, dentre outros. O museu abre diarimente das 11:00 as 17:00. O ingresso custa 60 DKK e aos domingos a entrada é gratuita. O museu é citado no livro 1000 lugares para ver antes de morrer de Patricia Schultz.

Noruega

Frammuséet. Oslo. Ótimo museu. Mostra a história dos exploradores polares. O edifício tem uma construção singular, pois tem sua forma triangular para abrigar o  navio mais famoso do mundo polar, o Fram, de 1892, pertencente a Fridtjof Nansen. Em 1893, Nansen liderou uma expedição que atingiu a latitude 86o 14´, a maior distância que qualquer europeu já havia conseguido. Em 1922, Nansen ganhou o Nobel da Paz. O navio é exibido em sua condição original, com interiores e objetos perfeitamente preservado. Esse museu é bem bacana, dá para entrar no navio, visitando cada dependência do mesmo. É como voltar no tempo e vivenciar o cotidiano dos tripulantes. No porão do navio ouve-se o barulho da casa de máquinas e do oceano, como se estivéssemos realmente navegando. Bem legal.

Forsvarsmuseet. Oslo. Museu das Forças Armadas, traz uma mostra da história militar da Noruega desde a época dos vikings. Interessante para quem gosta deste assunto (não é o meu caso).

Historik Museum. Oslo. Construído no estilo Art Noveau, foi inaugurado em 1904 e mostra a  vida na Noruega desde os tempos pré-históricos até a idade média, um período de mais de 9000 anos (no térreo, exposição “From the Ice Age to the coming of Christianity”). A seção de moedas mostra a história das moedas norueguesas usadas em um período de 1000 anos (primeiro andar, exposição “Coin Cabinet”). Além disso, ainda tem uma boa exposição de objetos egípcios, gregos, romanos e etruscos e das culturas africana e do leste asiático – Tibete, Mongólia, China, Japão e Coréia (primeiro, segundo e terceiro andares).

Kon-tiki Museet Oslo. Ótimo museu. Mostra as aventuras de Thor Heyerdahl Kon-Tiki, que cruzou o Atlântico e o Pacífico em suas expedições. Em 1947, o barco Kon-Tiki saiu do Peru. Cento e um dias depois, após atravessar 8000 km do Pacífico, o barco foi levado até o recife Raroia, na Polinésia. Apenas mais cinco homens faziam parte do grupo liderado por Thor Heyerdahl. O barco Ra foi feito com papiro e dai seu nome em homenagem ao deus Sol do Egito. É impressionante imaginar que essas pessoas cruzaram o oceano em uma embarcação tão simples. Isso leva realmente a refletir sobre a tecnologia versus a vontade humana. Mesmo sem ter toda a tecnologia que temos hoje, esses homens cruzaram os oceanos seguindo seus sonhos e suas paixões por conhecimento e aventura. Esse museu é bem interessante, além dos barcos, também tem exposição dos instrumentos utilizados, fotos do cotidiano da equipe em pleno oceano e anotações.

Nasjonalmuseet Oslo. A galeria faz parte do Museu Nacional de arte, arquitetura e design. Esse museu tem a maior coleção de arte norueguesa, nórdica e internacional do início do século 19 até hoje. A principal exibição mostra pinturas e esculturas norueguesas ou não, incluindo muitos trabalhos famosos do pintor expressionista Edvard Munch, incluindo “O Grito”. Apesar de gostar muito tanto de impressionismo quanto dos expressionistas, esta pintura em particular não me agrada. Na verdade, o trabalho dele é tão bom, que resultou em um quadro perturbador e desconcertante. Dá para sentir toda a agonia, angústia e solidão da pessoa representada. É por isso que não gosto. Nem visitei a sala onde ele fica exposto no museu. Ainda prefiro mesmo os impressionistas, em particular Monet, que é simplesmente maravilhoso. Já o quadro Madona do Munch é belíssimo, de uma sensibilidade aguda, e o melhor, não parece que o mundo está acabando, como em O Grito. A entrada é gratuita e não é permitido tirar fotos.

Norges Hjemmefrontmuseum. Oslo. Museu da Resistência criado em 1966 e aberto ao público em 1970. Contém documentos, gravações e outras coisas sobre o período de ocupação nazista. Apesar de te-lo visitado, não é o tipo de museu que eu gosto.

Norsk Sjofartmuseum Oslo. Esse museu abriga várias pinturas marítimas de artistas noruegueses, barcos de madeira, artefatos antigos usados na construção de navios e utensílios existentes em embarcações antigas. O museu também tem uma exposição de objetos encontrados no fundo do mar e outras curiosidades marítimas. Esse foi o último museu que visitei na região do Bygdoy. Entrei perto do horário de fechamento, mas mesmo assim deu para ver tudo (não é muito grande), embora a moça da entrada tenha ficado reclamando sobre o horário.

Vikingskiphuset. Oslo. Excelente museu. Possui 3 navios vikings do século 9 intactos. Os navios foram encontrados em 3 túmulos reais em Oseberg, Gokstad e Tune, no oeste da Noruega. O navio Oseberg foi construído cerca de 820 DC e era usado para navegação antes de ser usado como túmulo para uma mulher rica em 834 DC. O navio Gokstad foi construído ao redor de 890 DC e foi usado para o enterro de um poderoso chefe, morto cerca de 900 DC, mesma época em que o navio Tune foi construído. O museu também possui outros objetos encontrados nas tumbas reais como trenós, vestuário, utensílios de cozinha, dentre outros. Para quem é apaixonado por história antiga, assim como eu, esse museu é espetacular. Afinal é o único com barcos vikings originais e com objetos e utensílios do cotidiano deles. Imperdível. Entrou para a lista dos meus museus preferidos e também no lugares descritos no livro 1000 lugares para ver antes de morrer

Suécia

Dansmuseet. Estocolmo. Museu de cultura mundial com exposições abrangendo dança, teatro, fotografia e arte, incluindo obras indianas, máscaras africanas e figurinos do balé russo.

Gustav IIIs antikmuseum. Estocolmo. Um dos mais antigos da Europa, aberto ao público em 1794. A maioria das esculturas foi adquirida por Gustav III durante sua viagem à Itália em 1783-1784 e estão dispostas exatamente do mesmo modo que estavam em 1790.

Junibacken. Estocolmo. Museu inaugurado em  1996 pela família real. O passeio de trem mostra bonecas e histórias infantis de Astrid Lindgren

Nationalmuseum. Estocolmo. Inaugurado em 1864 em estilo veneziano-renascentista. Possui um importante acervo de várias pinturas das principais escolas européias, além de móveis, pratarias, cerâmicas, objetos de madeira, prata e bronze. A maior parte da coleção foi doada pelo rei Gustav III da Suécia.

Nordiskamuseet. Estocolmo. Museu nórdico que mostra como os suecos moraram nos últimos 500 anos. Era originalmente chamado de Skandinavisk-etnografiska samlingen (Museu da etnografia sueca).

Skansen. Estocolmo. Foi inaugurado em 1891, sendo o pioneiro dos museus ao ar livre com exposições referentes à vida rural e urbana da Suécia dos séculos 18 e 19. Nesta área podem ser vistas 150 construções e fazendas de diferentes partes do país que foram desmontadas de seus lugares de origem e refeitas na área do Skansen. Boa parte das construções tem decoração interna de época. Há também um mini-zoológico de animais selvagens da Escandinávia, como ursos e lobos.

Tre Kronor. Estocolmo. Museu dedicado ao palácio original Tre Kronor, o qual foi destruído por um incêndio em 1697.

Vasa Museet. Estocolmo. Fascinante. É o museu mais visitado de Estocolmo, e com razão. Foi construído em 1990 para abrigar o navio de guerra Vasa, construído por volta de 1620. O navio afundou no porto de Estocolmo e foi recuperado em 1956, 333 anos após afundar. A embarcação possui parte do costado e da popa lindamente entalhados mostrando o esplendor e poderio da realeza sueca, porém o Vasa afundou logo em sua viagem inaugural. É a única embarcação do mundo remanescente do século 17 e ainda intacta. O navio não pode ser visitado por dentro mas vê-lo é fascinante. O museu é muito bem planejado e rico em informações. Entrou para a lista dos meus museus preferidos e também na lista dos museus em que eu já fui “expulsa” (museu fechou comigo dentro, mais detalhes no post: Estocolmo entre os canais e a torre“). Este museu também está descrito no livro 1000 lugares para ver antes de morrer.