Arquivo mensais:janeiro 2011

Procurando pelo Muro de Berlim

Um dos lugares que eu mais queria conhecer em Berlim era, claro, o Muro de Berlim (Berliner Mauer). No entanto, isso se mostrou uma tarefa nada fácil.

Comecei a procurá-lo tendo em mãos meu mapa pequeno e incompleto, o que na verdade não foi de ajuda alguma. Quando perguntava para as pessoas na rua, cada uma me apontava uma direção diferente. Embora a direção variasse, todos me respondiam com a mesma frase padrão: “Ah, o muro? Ele não existe mais”. Bom, isso o mundo inteiro já sabe.

Um pedaço do muro em uma loja de souvenirs na Unter den Linden

O fato de todas as pessoas negarem a existência do muro, mesmo que ele já tenha caído, me chamou a atenção.

A impressão que me deu é que eles não gostam de tocar no assunto e, por isso, o mesmo acabou sendo abafado. Outro fato que colabora com a minha percepção é que para todas as atrações de Berlim há várias placas indicando a direção, menos para o afamado muro.

Na minha procura pelo Berliner Mauer, acabei conversando com várias pessoas, que de uma forma ou outra tentavam me ajudar, porém sempre afirmando que não havia muro algum.

Uma dessas pessoas foi um senhor já idoso e muito simpático. Ele era italiano e me falou que estava lá apenas para visitar o filho. Se desculpou porque só falava italiano, o que na verdade para mim, soou como um alívio.

Depois de tentar me comunicar com vários alemães que não falavam inglês, empregando a linguagem universal dos gestos, poder conversar com alguém em italiano era, para mim, muito agradável.

Após conversar com o senhor e depois com seu filho que era dono de um restaurante em Berlim, continuei minha procura pelo muro inexistente.

Um dos momentos mais cômicos da minha busca foi quando perguntei para dois rapazes que encontrei na rua. Ambos tinham quase o dobro da minha altura.

Como o esperado, o primeiro deles falou que não existia nenhum muro. Já cansada de ouvir isso respondi “Mas nem um pedaço? Um pedaço pequeno já serve para mim. Eu quero ver só um pedaço”.

Acho que minha resposta pouco educada os fez mudar de idéia. O segundo rapaz resolveu me explicar onde estava o que havia restado do muro. O problema é que, além de quase não falar inglês, ele era gago.

Apesar do cansaço por estar andando o dia todo em Berlim, e mais especificamente agora na parte oriental atrás do muro, nesse momento me deu muita vontade de rir. Entender o que aquele alemão gago me explicava era uma missão quase impossível. Bom, agradeci-os pela ajuda e continuei minha procura pelo muro.

Pedaços do Muro na Potsdamer Platz

Uma senhora muito idosa me parou em uma esquina e começou a conversar comigo. Ela era tão branca que parecia um fantasma. Era baixinha e magrinha e usava um lenço na cabeça deixando escapar somente alguns fios de cabelos tão brancos quanto sua pele. Não entendi uma palavra do que ela me falou. A senhorinha era muito amável e falava sem parar. Novamente a imagem do alemão fechado, que não gosta de conversar, mostrou-se ser não tão verdadeira, afinal outras pessoas também foram bastante tagarelas comigo, como já comentei no post sobre o Brandenburger Tor. Além da senhora ter me chamado para conversar, era ela quem mais falava.

Eu gostaria de ter entendido o que ela me dizia pois poderia ter lhe dado mais atenção. Acho que no fundo ela só queria conversar com alguém, mesmo que essa conversa não passasse de um monólogo. Afinal eu me limitava a apenas ouvir e lhe dizer que não falava alemão (minha frase mais padrão em Berlim: Ich spreche kein Deutsch, as demais palavra que aprendi incluiam as básicas Bom dia, por favor e obrigado, e no caso da Alemanha, lógico que também cerveja: Guten tag, bitte, danke e a melhor de todas, weiss beer ).

A simpática vovó se despediu de mim e eu voltei para minha busca, já que eu estava decidida a não voltar para o albergue antes de encontrar o muro. A essa altura eu já havia me livrado do meu mapa inútil. Ah, que falta fazia um GPS nessa época!

Um garoto de bicicleta me falou que no chão haviam alguns sinais que indicavam onde o muro passava. Decidi seguir os paralelepípedos que discretamente indicavam o local do muro. Porém nem sempre esses paralelepípedos mostravam alguma constância.

Mapa indicando o local onde antes havia o Muro. Fonte: Wikipedia

Encontrei outro rapaz que jogava água na grama de sua casa e lhe perguntei do muro. A cada pergunta que eu fazia ele me respondia que estava calor e se eu não queria um pouco de água! Desisti de continuar a conversa, agradeci e continuei andando, antes que ele acabasse me molhando com a mangueira que acompanhava cada gesto que ele fazia (mais um alemão que fugia a regra, esse gesticulava enquanto falava!).

Foi então que vi um motorista de ônibus de excursão. Ele com certeza saberia onde se localizava o muro. Adivinhem o que ele me respondeu. “O muro não existe mais”. Bom, apesar das poucas palavras do motorista mal humorado, virei a esquina onde estava estacionado o ônibus e finalmente….

Lá estava um pedaço do que antes era a Berliner Mauer no lado oriental.

A essa altura eu estava tão cansada da longa caminhada que meu primeiro pensamento foi: ”Mas que muro feio!!!”

Porém não são apenas o concreto velho e os ferros retorcidos no alto que fazem do Muro um triste espetáculo. Sua história é mais feia do que sua cinzenta aparência.

Um trecho do que antes era o Muro de Berlim no lado oriental

A construção da Berliner Mauer começou em um domingo em 13 de agosto de 1961. Foi motivada pelo desejo da República Democrática da Alemanha de impedir que moradores do lado oriental fugissem do regime soviético indo em direção do lado ocidental ocupado pelos americanos, ingleses e franceses.

O fato de Berlim ser uma cidade controlada metade pelas forças ocidentais e metade pela ocupação soviética gerou uma zona de tensão entre as potências com ideologias tão diferentes. Enquanto isso, mais pessoas fugiam do comunismo adotado do lado oriental, estima-se que 1500 pessoas passaram para o outro lado de Berlim.

Concreto, ferro, minas e guardas para barrarem a liberdade humana

Não demorou muito para que os rumores sobre a construção de um muro que dividiria a cidade se tornassem reais. Em uma operação de apenas 24 horas, as ruas de Berlim foram ocupadas, barricadas de pedras foram erguidas, tanques colocados em pontos estratégicos e os serviços de trem e metro interrompidos. Em apenas 1 dia, o lado ocidental foi completamente separado do lado oriental.

Nesse mesmo dia, os habitantes do lado soviético foram proibidos de passarem para o lado americano, inglês e francês.

A resposta soviética para as críticas internacionais foi que aquele era um muro de proteção anti-facista e que ele havia sido levantado para evitar uma terceira guerra mundial. Estava mais do que instalado o período da Guerra Fria.

Painel no Memorial do Muro mostrando a sua construção

Entre 1961 e 1989, período da existência do Muro, mais de 100.000 cidadãos da República Democrática Alemã tentaram escapar através da fronteira. Estima-se que pelo menos 600 pessoas foram assassinadas durante as tentativas de fuga. Os guardas da fronteira recebiam ordens de atirar para matar em qualquer um que fosse ou ao menos se parecesse com um fugitivo.

As pessoas tentavam fugir pulando das janelas dos prédios localizados na fronteira, por túneis cavados por baixo do muro, desviando dos tiros dos guardas e das minas localizadas entre as paredes do muro ou de quaisquer outras formas que fossem encontradas.

Esquema mostrando como eram as barreiras do Muro por dentro

O Muro por dentro:

1  Parede de concreto
2 Cerca de arame
3 Tiras de controle
4 Projetores
5 Trincheira anti-veículo
6 Fronteira ultraperiféricas da área aberta
7 Patrulha rodoviária da fronteira
8 Cães de patrulha
9 Dispositivo de sinal
10 Torre de observação
11 Cerca elétrica

Números do Muro de Berlim:

O comprimento total da fronteira com Berlim Ocidental: 155 km
Fronteira interna entre Berlim Oriental e Ocidental: 43 km
Fronteira externa entre Berlim Ocidental e Oriental: 112 km
Passagens de fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental: 8
Torres de observação: 302
Cães de patrulha: 259
Trincheiras anti veículos: 105,5 km
Cercas elétricas: 127,5 km
Estradas de patrulha das fronteiras: 124,3 km

Quando a Cortina de Ferro começou a dar sinais de fraqueza, a queda do muro parecia inevitável. Na noite de 09 de novembro de 1989 Gunter Schabowski, Ministro da Propaganda, leu uma nota em uma conferência de imprensa anunciando que as fronteiras seriam abertas para “viagens privadas ao estrangeiro”. Bom, ao que parece ele se esqueceu de dizer a partir de quando as fornteiras seriam abertas.

A notícia se espalhou como fogo e milhares de alemães se dirigiram imediatamente para os postos de controle exigindo passagem. A confusão se estabeleceu no local e os guardas não tiveram outra alternativa senão deixar a multidão passar.

Era o fim do Muro de Berlim!

Berliner Mauer e o Memorial ao fundo, onde há fotos históricas sobre o Muro

Os dias que se seguiram foram repletos de celebrações felizes. Centenas de berlinenses começaram a quebrar e derrubar o triste muro. Este evento histórico foi o primeiro passo para a reunificação da Alemanha, que foi formalmente celebrada em 03 de outubro de 1990.

Comemoração da queda do Muro de Berlim em 1989. Fonte: Wikipedia

Agora que já sei localizar os restos do Muro de Berlim posso dizer onde eles são encontrados.

Existe um pedaço e também um memorial na Bernauer Strasse, em frente ao Neiderkirchnerstrasse, o Parlamento de Berlim. No Memorial do Muro construído há algumas fotos históricas emocionantes. Uma delas mostra pessoas acenando com lenços próximas ao muro para que seus parentes do outro lado soubessem que estavam vivas. Também há uma foto da igreja que foi cortada ao meio para que o muro passasse por ali.

Uma das fotos existentes no Memorial do Muro

Alguns projetos também estão em curso para melhor sinalizar o local por onde o Muro passava. Na Potsdamer Platz há alguns pedaços do muro e no chão há paralelepípedos e placas indicando o local por onde o muro passava.

Placa indicando por onde o Muro passava na Potsdamer Platz
Pulando o Muro de Berlim

Bom, para encerrar esse post, adiciono aqui dois emocionantes vídeos com imagens históricas da queda desse terrível muro levantado. Um muro feito de concreto, ferro, cercas elétricas, minas, cães e guardas que durante 28 anos manteve famílias, amigos, enfim, pessoas de uma mesma nação separadas. Uma terrível consequência de guerra que constituia um ultraje a qualquer direito humano.

Sabendo de toda a infelicidade que o Muro causou para os berlinenses durante longos 28 anos, no final das contas, a melhor resposta que eu poderia ouvir ao perguntar onde estavam os restos do muro era justamente a que eles me davam:

Ah, o Muro? Ele não existe mais!

Mais informações:
http://www.berlin-life.com/berlin/wall
http://www.berlin.de/mauer
http://www.chronik-der-mauer.de

Região do Tiergarten em Berlim

Atravessando o Brandenburger Tor, temos o lindo parque Tiergarten.

Mas… por enquanto vamos deixá-lo para mais adiante. Primeiro vamos virar à direita e caminhar na Ebertstraße até a Scheidemannstraße. Chegamos então na Platz der Republik, onde está a bela e imponente construção conhecida como Reichstag.

O edifício funcionou como parlamento alemão de 1894, quando teve sua construção concluída, até 1933, quando ocorreu um incêndio, destruindo grande parte da Reichstag. Na época não ficou claro quem começou o fogo, mas os comunistas foram os acusados.

Independente de ser a verdade ou não, o fato é que este incêndio acabou dando impulso ao partido de Hitler, NSDAP, que logo chegaria ao poder.

Obviamente, o prédio foi danificado ainda mais no final da guerra, quando os soviéticos entraram em Berlim. A imagem de um soldado do Exército Vermelho levantando a bandeira soviética sobre a Reichstag é uma das mais famosas imagens do século 20, virando o símbolo da derrota da Alemanha.

Bandeira soviética sobre Reichstag. Fonte www.militaryphotos.net

A reconstrução da Reichstag após a Segunda Guerra Mundial se deu entre 1957 e 1972. Depois de remodelada, voltou a ser sede do parlamento.

Reichstag ao final da Segunda Guerra Mundial. Fonte: www.militaryphotos.net

Para mim, o melhor adjetivo para descrever a Reichstag é “Imponente”. A belíssima construção em estilo neo renascentista desenhado por Paul Wallot foi a finalista, escolhida entre nada menos que 183 projetos. Possui 137 metros de comprimento e 97 metros de largura. Em cima há uma cúpula de vidro de onde se tem uma linda vista da cidade, mas prepare-se para enfrentar a longa fila, caso queria subir.

O terraço e a cúpula são acessíveis aos turistas pela entrada oeste. O horário de abertura é das 8:00 até às 24:00, sendo que a última admissão é às 22:00. O restaurante na cúpula de vidro é aberto ao público.

Detalhe do frontão da Reichstag

Na primeira vez em que visitei a Reichstag, assisti a uma apresentação de um grupo cuja música e dança lembrava um pouco o nosso samba. Uma das músicas que eles tocaram inclusive era brasileira.

Ao lado da Reichstag está o Bundeskanzleramt, uma construção moderna que serve como a casa do chanceler alemão. O moderno projeto como um todo é complementado por um sistema de transporte que inclui um túnel rodoviário sob o Tiergarten e uma estação ferroviária subterrânea, a Berlin Hauptbahnhof.

Bundeskanzleramt, uma construção moderna ao lado da Reichstag

Tiergarten

Voltemos agora ao Tiergarten. Esse imenso parque é, sem dúvida, um dos lugares que mais gosto em Berlim. É um lugar excelente para se fazer uma caminhada, andar de bicicleta, como muitos berlinenses, fazer picnic, ou simplesmente deitar na grama verdinha para relaxar, ler um livro, ouvir uma musica, enfim o que der na cabeça.

Tiergarten quer dizer Parque dos Animais. Antigamente esta grande área verde era o local de caça da realeza. Hoje em dia felizmente não há mais essa prática detestável de caça aos bichos, o Tiergarten virou o parque mais conhecido de Berlim.

Devido à sua localização central, o parque é um dos locais favoritos tanto de turistas quanto dos locais. A área total do Tiergarten inclui o Regierungsviertel, a Potsdamer Platz , o Kulturforum e a Diplomatenviertel.

A restauração do parque após a Guerra se deu em 1955 focando em restaurar a vegetação destruída para servir de lenha no período pós guerra. O resultado é um parquet de grande beleza. Ele não é tão imponente quanto o Jardin du Luxembourg ou de Toulerie da França ou como o Vigelandsparken de Oslo, porém ele oferece um local incrível para recreação em geral.

Andar pelos 2,5 Km² (mais de 23 km de caminhos) do Tiergarten sempre nos traz boas surpresas. Podemos encontrar uma trilha simples, porém agradável para caminhar na sombra, podemos ver monumentos históricos ou assistir a uma corrida com milhares de participantes e entrar no clima dos torcedores e dos grupos de apoio que entregam água para os corredores, como aconteceu comigo da última vez em que estive lá.

Algumas surpresas, no entanto, podem ser chocante para alguns. Afinal é comum encontrar vários alemães deitados na grama totalmente nus e bem à vontade aproveitando o sol da tarde.

Monumentos

Memorial ao Soldado Soviético

Andando pelo Tiergarten, um dos primeiros monumentos que vi foi o Sowjetisches Ehrenmal, Memorial ao Soldado Soviético.

Esse é o maior monumento existente no Tiergarten, ele é uma homenagem aos 300.000 soldados soviéticos mortos durante a batalha por Berlim. Foi erigido poucos meses após a tomada da cidade em 1945, sendo financiado por todos os países aliados. No local estão enterradas cerca de 2.500 vítimas soviéticas.

Memorial ao Soldado Soviético no Tiergarten

Embora o memorial estivesse na parte inglesa de Berlim, até o final da Guerra Fria, o monumento era guardado por vários soldados soviéticos. O monumento é bonito, forte e chama a atenção, porém não é o tipo de monumento que aprecio, em virtude fazer referência a fatos de guerra.

No alto da coluna de mármore, retirado da sede do chanceler do Terceiro Reich, está uma estátua de bronze de um soldado soviético. Nas laterais há tanques de guerra e peças de artilharia soviética.

Detalhe do Sowjetisches Ehrenmal

Debaixo do soldado de bronze há uma inscrição em cirílico (alfabeto russo), que diz:

Glória eterna aos heróis que caíram em batalha contra os ocupantes alemães fascistas para a liberdade e independência da União Soviética.”

O braço do soldado está levantando para simbolizar a queda do partido Nacional-Socialista Alemão pelo exército soviético.

Hoje em dia muitos berlinenses não estão satisfeitos com a existência desse memorial na região central de Berlim.

Apesar do desgosto dos cidadãos locais, o Sowjetisches Ehrenmal ainda é o local onde ocorrem as comemorações do Dia do VE 08 de maio, a data formal da derrota da Alemanha Nazista em favor dos Aliados. Também é uma atração turística popular para os visitantes da Rússia.

Monumento Nacional a Bismarck

Continuando nossa caminhada pelo Tiergarten, chegamos a outro monumento que também chama a atenção, um bonito conjunto de estátuas em bronze onde no meio está a figura do primeiro chanceler alemão, Otto von Bismarck, de autoria do escultor Reinhold Begas.

Monumento a Bismarck

Ao redor do chanceler há 4 estátuas: Atlas segurando o mundo em suas costas, Siegfried forjando uma espada, Germania com uma pantera a seus pés e, a que eu acho a mais bonita, uma Sibila reclinada sobre uma esfinge lendo um livro de história.

Sibila lendo calmamente sobre a esfinge

Todas as estátuas fazem referência e glorificam a história do império alemão na época de Bismarck.

Siegfried forjando uma espada

Siegessäule

Mais à frente, no centro do Tiergarten, no meio de uma rotatória chamada de Großer Stern está a Coluna do Triunfo, construída entre 1864 e 1873.O projeto de autoria de Johann Heinrich Strack foi feito para comemorar a vitória das campanhas militares prussiana no século 19.

Siegessäule, a Coluna do Triunfo erguida para comemorar as vitórias prussianas

Acima da coluna de 69 metros tem-se a estátua dourada da deusa Vitória, conhecida como “Golden Else“. A bela escultura possui 8 m de altura e pesa 35 toneladas, foi adicionada mais tarde, depois das vitórias da Prússia contra a Áustria e a França.

A deusa segura uma coroa de flores na mão direita, enquanto na esquerda que ela carrega um cajado. Em seu capacete repousa uma águia.

A deusa Vitória ou Golden Else no alto da Siegessäule

A base é decorada com cenas em baixo relevo de batalhas, enquanto o friso possui um mosaico ilustrando a fundação do Império Alemão em 1871.

No topo da coluna há um terraço panorâmico de onde se tem uma bonita vista de Berlim. Pode-se ver a Reichstag, o Brandenburger Tor e a torre Fernsehturm.

Inicialmente a Coluna do Triunfo ficava em frente à Reichstag, mas em 1938 ela foi movida pelo governo nazista para a sua localização atual.

Curiosamente, hoje em dia a Siegessäule se tornou símbolo da comunidade gay de Berlim.

Como já devem ter percebido, o Tiergarten é um ótimo lugar para visitar, independente do que a pessoa procura em Berlim: história, natureza, esporte, local de descanso. Não importa o que você prefere, o Tiergarten oferece a todos uma ótima opção de lazer, com riqueza de detalhes e beleza exuberante.

Berlim oriental – Brandenburger Tor e Memorial ao Holocausto

Eu estava na Alexander Platz quando decidi visitar o Brandenburger Tor. Devido à distância, tive que pegar um ônibus. Eu não tinha certeza de qual ônibus pegar, assim só me restou perguntar para o motorista se aquele ônibus iria passar pelo portão. O único problema é que o motorista só falava alemão. E como falava…

Repeti várias vezes a palavra Brandenburger Tor, mostrei o nome por escrito no “guia” que eu mesma havia feito, mas nada do motorista ao menos fazer um gesto que indicasse se o ônibus iria ou não na na direção do portão. Ele apenas continuava falando muito e em um ritmo que me fez lembrar daqueles professores no final de uma aula cansativa, sem nenhuma alteração no tom de voz. Isso durou até que uma senhora muito gentil me chamou e confirmou que aquele era o ônibus certo.

De uma certa forma, me chamou atenção o fato que, apesar da visão geral que temos do alemão ser um povo fechado, de poucas palavras, notei que várias, senão todas, as pessoas que eu parava na rua para pedir informação eram bastante falantes. O único problema era quando elas insistiam em falar alemão comigo.

Foram muitas as pessoas que falaram bastante comigo embora eu não entendesse uma palavra. Apesar de eu falar “Ich spreche kein Deutsch” (eu não falo alemão), elas continuavam conversando comigo, algumas até com entusiamo, apontando para monumentos, ruas ou para o terrível mapinha incompleto que eu tinha em mãos. Se não fosse a barreira da língua, aposto que as conversas teriam sido bem mais interessantes.

Beleza e imponência do Brandenburger Tor

Bom, quando desci do ônibus, fiquei encantada com a imponência e beleza do Brandenburger Tor. O portão se localiza na Pariser Platz, onde termina a Unter den Linden e começa a Strasse des 17 Juni.

Ele é o símbolo de Berlim e de um modo geral também de toda a Alemanha. É um dos lugares mais importantes da cidade e não seria exagero dizer que esse magnífico portão está para Berlim assim como o Arco do Triunfo está para Paris.

É aqui que os berlinenses se reúnem para várias comemorações como as de final de ano e para assistir jogos da copa e, é claro, foi aqui que os alemães comemoraram a queda do Muro e a Reunificação da Alemanha.

O imponente portão é citado no livro 1000 Lugares Para Ver Antes de Morrer de Patricia Schultz, provavelmente não apenas por sua beleza, mas também por sua importância histórica.

Vista aérea do Brandenburger Tor e do Muro. Durante a divisão, o portão permaneceu do lado soviético.
Fonte: Wikipedia
O portão e a placa avisando que as pessoas estavam deixando a Berlim Ocidental.
Fonte: Wikipedia

O Brandenburger Tor foi construído em 1791 como um arco triunfal para celebrar a vitória prussiana e, ironicamente, foi chamado de Portão da Paz.

No entanto, durante a Guerra Fria, esse mesmo portão, localizado na divisa entre a Berlim Ocidental e a Berlim Oriental, se tornou símbolo de uma cidade, e também de uma nação, dividida.

Revista feita pelos alemães orientais nas pessoas que cruzariam o portão antes da construção do muro.
Fonte Wikipedia.

O portão monumental foi desenhado em estilo neo clássico por Carl Gotthard e patrocinado pelo imperador Wilhelm II. A inpiração para o Brandenburger Tor foi o portão Propylaea existente na Acrópolis em Atenas. Suas medidas acompanham sua imponência, o portão possui 65,5 metros de largura e 28 metros de altura.

O portão possui colunas dóricas e um friso com esculturas em baixo relevo mostrando cenas da mitologia grega. No alto há uma carruagem de bronze puxada pela deusa Vitória.

Em 1806, durante a ocupação francesa, Napoleão ordenou que a carruagem fosse levada para Paris. A escultura só retornou a Berlim após a Batalha de Waterloo. Foi nessa época que a praça próxima ao portão recebeu o nome Pariser Platz (Praça de Paris).

Carruagem puxada pela deusa Vitória

Atravessar o Brandenburger Tor é algo simples, porém que nos faz pensar bastante sobre os acontecimentos passados que, infelizmente, fazem parte da história do mundo.

Enquanto caminhamos pelas colunas dóricas e passamos pelas esculturas gregas representando Atenas e outros deuses, podemos pensar sobre a loucura de um líder político e até onde ela pode levar uma nação que causou e passou por tanto sofrimento, terminando por ser dividida entre os países aliados e entre regimes político-econômicos tão divergentes.

Estátuas no Brandenburger Tor

Holocaust Denkmal

Estando de frente ao Brandenburger Tor, viramos à esquerda e caminhamos pela Ebertstraße um pouco. Logo chegaremos ao Holocaust Denkmal (Memorial do Holocauto), construído em 2003, na ocasião do 60° aniversário da queda do regime nazista e do final da Segunda Guerra Mundial.

O memorial criado pelo americano Peter Eisenmann é uma homenagem aos 6 milhões de judeus mortos pelos nazistas entre 1933 e 1945. O Holocaust Denkmal é muito grande, ocupa uma área de 19.000 metros quadrados.

Quando me aproximei do memorial, um policial alemão veio prontamente em minha direção para me explicar o significado dele. Ele se expressava através de um inglês sofrível com um carregado sotaque alemão, porém sua simpatia e vontade de fazer ser compreendido superava qualquer dificuldade na conversação.

O atencioso policial me explicou que o Memorial do Holocausto em Berlim é composto por nada menos que 2.711 lajes de pedra cinzenta sem qualquer tipo de referência como nomes ou datas. Ele me falou para andar por entre as lajes, mas eu lhe respondi que preferia não fazê-lo, pois a disposição das mesmas me deixava um pouco tonta.

O policial me respondeu que era exatamente essa a intenção do arquiteto. As lajes estão dispostas em diferentes tamanhos de uma maneira ondulada. Os caminhos formados entre elas são também ondulados. Esse desnível foi criado para dar uma sensação de instabilidade e falta de fundamento, uma total sensação de desorientação. E era exatamente isso que eu sentia ao olhar o triste memorial.

Eu particularmente não gostei do memorial, principalmente por causa da sensação que ele nos trás e pelo terrível motivo dele ter que existir. Não quis tirar foto, mas o policial insistiu tanto que acabei deixando que ele tirasse uma foto minha em uma das lajes. Antes de me despedir dele, ele me falou de forma sentida que aquela era uma história triste porém era a história do país dele. Depois fez questão de me lembrar que Hitler era austríaco e não alemão.

O mais triste porém é saber que, mesmo depois de tudo isso, a humanidade ainda não aprendeu. O preconceito, origem de tantas desavenças, entre as diferentes raças e nações ainda existe. Mesmo tendo acesso a tantas informações, sejam históricas ou mesmo genéticas, ainda há pessoas que acreditam que uma raça ou nação possa ser superior à outra.

Mesmo dentro do mesmo país, ainda há algumas regiões que se consideram superiores a outras tratando com preconceito pessoas de outros estados, como infelizmente ocorre no Brasil, principalmente em relação às pessoas do norte e nordeste.

O mundo sofreu as consequências das loucuras de Hitler, porém ainda não foi capaz de aprender com essa terrível história.

Caminhando pela Berlim Oriental na bela Unter den Linden

Atravessando a Hackescher Markt, descrita no post anterior de Berlim, e seguindo em frente, logo se chega à Burgstraße, de onde já se avista a bela Berliner Dom, também já mencionada em outro post.

Nessa região, em frente à Berliner Dom, há uma bonita praça chamada Lustgarten, um grande espaço aberto com uma simpática fonte no meio. A praça, cujo nome significa Jardim do Prazer, era anteriormente a horta do palácio de Brandenburger existente no local e que era o centro do reino da Prússia no século 16.

Lustgarten vista do domo da Berliner Dom

O formato atual da Lustgarten, no entanto, é recente, a praça foi remodelada em 1999. O local é usado hoje para paradas, manifestações e local público para diversão. Em uma das ocasiões em que estive lá, assisti um grupo de adolescentes ligando um som portátil para em seguida dançar várias coreografias. Era algo bem ao estilo dos filmes teens da Sessão da Tarde. Se fosse em um shopping seria como um episódio do Glee.

De frente à Lustgarten está o Altes Museum e, logo atrás deste estão os museus Bodemuseum, Alte Nationalgalerie e o Pergamonmuseum. É a Museumsinsel, Ilha do Museu, um complexo formado por estes 4 museus e que será assunto para um próximo post sobre Berlim.

Bom, cruzando a Lustgarten, chega-se na Schlossbrücke, a Ponte do Palácio, construída em 1824. Essa ponte levava ao palácio antes existente na Museumsinsel. Ela é considerada a ponte mais bonita de Berlim, e com razão.

Schlossbrücke, a Ponte do Palácio, que dá acesso à Unter den Linden

Esta bela ponte, construída sobre um trecho do rio Spree, se liga à Unter den Linden. Ela foi projetada pelo principal arquiteto de Berlim na época, Karl Friedrich Schinkel. Ele foi responsável por várias importantes construções e monumentos do início do século 19, incluindo o Altes Museum, a Neue Wache e o Schauspielhaus, todos desenhados em estilo neo-clássico.

O que mais chama a atenção na ponte são as belas estátuas existentes sobre os pilares de granito.

As estátuas foram também desenhadas por Schinkel, usando mármore branco de carrara, e adicionadas na ponte em 1853.

A inspiração para elas foram os deuses e heróis gregos. O conjunto de estátuas mostra a vida de um herói desde sua juventude até a idade adulta, com sua morte no campo de batalha e subida ao Monte Olimpo, morada dos deuses.

Abaixo dos pilares com as estátuas gregas, há uma balaustrada feita em ferro fundido e decorada com criaturas marinhas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, as estátuas foram desmontadas e guardadas em um depósito na Berlim Oriental.

Retornaram ao posto original somente em 1981, após um acordo entre os lados ocidental e oriental.

Cruzando a Schlossbrücke, em direção à Lustgarten, a ordem das estátuas é:

1 – A deusa Nike instruindo o jovem heroi;

2 – A deusa Palas Atenas ensina o herói a arte de atirar lanças;

3 – Atenas prepara o guerreiro para sua primeira batalha;

Estátuas gregas na Schlossbrücke. Fonte: A view on cities

4 – Nike coroa o guerreiro.

No lado oposto:

5 – A deusa Nike apóia o guerreiro ferido;

6 – Palas Atena incita o guerreiro para a batalha

7 – A mesma deusa o protege do inimigo;

8 – Iris carrega o herói morto para o Monte Olimpo.

Após a Schlossbrucke chegamos à Unter den Linden, uma avenida linda e muito agradável para caminhar. É sem dúvida um dos lugares que mais gosto em Berlim.

Esta é a avenida mais bonita e também uma das mais importantes da cidade. Ela se estende por 1,5 km desde a ponte Schlossbrucke na Museumsinsel até o Brandenburger Tor na Pariser Platz

Unter den Linden fica no coração da área histórica de Berlim. A avenida foi feita no local onde havia uma trilha de cavalos estabelecida pelo duque Friedrich Wilhelm, conhecido como Grande Elector, no século 16 para chegar ao seu local de caça no Tiergarten.

A trilha foi substituída por uma avenida com árvores de tílias plantadas em 1647, estendendo-se desde o palácio até os portões da cidade. As tílias deram origem ao seu nome: Unter den Linden ou Sob as Tílias, pois quando Friedrich Wilhelm se dirigia para o campo de caça em Tiergarten, sua carruagem ia Sob as Tílias plantadas ao longo do caminho.

Mapa da Unter den Linden. Fonte: Wikipedia

Um século mais tarde Friedrich II expandiu a avenida com a construção de prédios culturais como a ópera e a biblioteca, tornando o lugar ainda mais popular. No século 19, a Unter den Linden já era um dos lugares mais visitados em Berlim, porém no final da Segunda Guerra Mundial, a avenida virou palco de ruínas e escombros.

As famosas tílias foram cortadas e usadas para fazer fogueiras nos últimos dias da guerra.

Início da Unter den Linden com 0 Alte Kommandantur aparecendo ao fundo

A razão para essa avenida ser tão famosa é sem sombra de dúvida as belas construções em estilo barroco e neo-clássico. Também há alguns palácios antigos restaurados após a Segunda Guerra Mundial que são usados hoje como prédios públicos.

Saindo da Schlossbrucke, o primeiro prédio na Unter den Linden à esquerda é o Alte Kommandantur (Antigo Comando). O edifício foi totalmente destruído no final da II Guerra Mundial, mais tarde deu origem ao Ministério de Assuntos Estrangeiros na Alemanha Oriental. Em 2003, o prédio foi reconstruído basendo-se em fotos e relatos de antes da guerra.

Ao lado do Alte Kommandantur se vê a bela construção em estilo neo-clássico do Kronprinzenpalais (Palácio do Príncipe herdeiro). Originalmente construído em 1663, foi remodelado no século 19 para servir como moradia ao príncipe Wilhelm. O palácio também serviu como lugar de exposições sendo vistado regularmente por Albert Einstein.

Em virtude dos estragos causados pelos bombardeios ocorridos na II Guerra Mundial, o Kronprinzenpalais teve que ser reconstruído em 1968, sendo usado como casa de hóspedes para visitantes do estado comunista.

O famoso acordo de reunificação da Alemanha foi feito no palácio em 31 de agosto de 1990. Hoje em dia, o prédio abriga algumas das mais importantes exposições da Alemanha, incluindo algumas polêmicas como a exposição de 2006 que mostrava o retorno dos alemães da Europa Oriental no pós-guerra e que resultou no cancelamento da visita do prefeito de Varsóvia a Berlin.

Em frente ao Alte Kommandantur e o Kronprinzenpalais, do outro lado da avenida, tem-se o lindo prédio em estilo barroco de fachada rosa e imponentes estátuas na frente. É o Zeughaus Deutsches Historisches Museum, construído em 1706 por Friedrich III de Brandenburger.

O prédio funciona como Museu de História Alemã desde 1952. O térreo mostra a história desde 1918 até os dias atuais, o primeiro andar contém coleções que datam do início da história até o século 20, enquanto a parte mais recente abriga exposições temporárias. Entre as peças mais famosas estão 22 esculturas barrocas de máscaras de guerreiros mortos esculpidas por Andreas Schlüter.

Ao lado do Zeughaus, está uma construção menor, porém que chama a atenção. Chegamos agora ao Neue Wache, memorial de Guerra construído em 1816. Este memorial é considerado um dos melhores exemplos da arquitetura neoclássica em Berlim desenhado também por Karl Friedrich Schinkel, o mais famoso arquiteto da Prússia.

O memorial é facilmente reconhecido pelo pórtico dórico existente na frente. Acima há um friso com deuses gregos esculpidos em baixo-relevo exibindo cenas de batalha.

O monumento foi originalmente usado como uma guarita real para as tropas do príncipe da Prússia, mas, após 1931, se transformou em um monumento aos soldados mortos durante a guerra. Após a reunificação o memorial ficou sendo dedicado à todas as vítimas da guerra e da tirania.

No interior do memorial há uma chama eterna e uma placa de granito sobre as cinzas de um soldado desconhecido, um combatente da resistência e um prisioneiro do campo de concentração.

A entrada no mausoléu é gratuita, o horário para visitação é entre 10 e 18 horas.

Continuando nossa caminhada pela Unter den Linden, do lado direito de quem está indo em direção ao Brandenburger Tor, ao lado do Neue Wache, temos a Humboldt Universität, a universidade mais antiga de Berlim.

A construção é mais um exemplo de arquitetura neoclássica desenhada por Schinkel. A universidade foi criada em 1810 e tornou-se um lugar importante de estudo em Berlim. O local atraiu professores famosos, como os filósofos Georg Hegel e Arthur Schopenhauer, os Irmãos Grimm e Albert Einstein. Alguns de seus alunos também foram famosos como Karl Marx and Friedrich Engels.

Na frente da Universidade Humboldt se vê a estátua de Alexander von Humboldt. Alexander e seu irmão Wilhelm ocupavaram diversos cargos no governo. Foi no seu mandato que a Universidade de Berlim, mais tarde renomeada Universidade Humboldt, foi construída para o príncipe Heinrich da Prussia.

Do lado oposto da Unter den Linden se vê o belo prédio da Staatsoper Unter den Linden, a ópera de Berlim, mais um edifício neoclássico, construído em 1743.

Após um incêndio, a ópera foi restaurada em 1843. Depois da Segunda Guerra Mundial, a ópera teve que ser reconstruída entre 1952 e 1955.

A Staatsoper já serviu como palco para peças famosas, sendo que um de seus diretores foi ninguém menos que Richard Strauss.

Logo ao lado da Staatsoper está a Bebelplatz, inicialmente chamada de Opernplatz, Praça da Ópera. A praça foi desenhada por Georg von Wenzeslaus Knobelsdorff com o objetivo de espelhar a grandeza de Roma antiga.

A Bebelplatz ficou mundialmente famosa pois, em 10 de maio de 1933, ela foi palco da queima de livros organizada pela propaganda nazista. O resultado foi a destruição de 25.000 livros escritos por autores considerados inimigos do Terceiro Reich. Entre os livros queimados haviam trabalhos de Thomas Mann, Robert Musil, Lion Feuchtwanger e Karl Marx.

Hoje, um memorial de Micha Ullman constituído por uma placa de vidro inserida entre os paralelepípedos e um fundo que mostra estantes vazias faz referência a esse péssimo evento nazista.

Lá também está escrito “Onde se queimam livros, acabam por queimar pessoas” (Heinrich Heine, 1820). Parece que o poeta autor dessas palavras já estava prevendo o futuro da Alemanha nazista.

Os alunos da Universidade Humboldt realizam uma venda de livros na Bebelplatz todos os anos na data do aniversário do triste evento.

Ainda neste mesmo lado, logo após a Bebelplatz, está a Alte Bibliothek (Biblioteca Antiga em alemão), que faz parte da Humboldt Universität. A biblioteca é chamada pelos berlinenses de Kommode que significa cômoda, devido à sua fachada côncava.

Ao contrário da maioria das construções existentes na Unter den Linden, a Alte Bibliothek possui um estilo barroco, desenhado por Georg Christian. A Antiga Biblioteca foi construída em torno de 1775 para abrigar a coleção da biblioteca real. O prédio agora abriga a Faculdade de Direito da Humboldt Universität.

Nesse ponto, a Unter den Linden se transforma em um bonito boulevard, com muitas árvores dividindo as pistas e fornecendo um agradável lugar para caminhar ou andar de bicicleta, algo muito comum em Berlim, já que suas avenidas planas e a existência de ciclovias por todos os lugares faciliam a vida de quem gosta de andar de bicicleta.

Aliás, em Berlim não há restrições de idade para pedalar pela cidade. É comum ver pessoas mais velhas pedalando pelas ciclovias e parques.

Também há vários bancos para quem quiser descansar um pouco da caminhada feita até agora.

Logo no início do calçadão, se vê a estátua eqüestre do rei prussiano Frederick o Grande, completada em 1851, 20 anos após o desenho do monumento ter sido feito. Essa imponente estátua é conhecida pelos berlinenses como “Alte Fritz”.

Os historiadores dizem que foram precisos aproximadamente 70 anos, 40 artistas e 100 desenhos para chegarem ao modelo final da estátua. Além dos 20 anos de dedicação do criador Christian Daniel Rauch a este único projeto.

Há outros prédios também famosos e igualmente bonitos de serem vistos na Unter den Linden, como Komische Oper, as embaixadas da Rússia e da Hungria e o Adlon Hotel, porém descrevi aqui aqueles que eu mais gostei.

A Unter den Linden termina na Pariser Platz, onde se encontra o magnífico Brandeburger Tor, que pode ser avistado de longe. Esse lindo portão, símbolo de Berlim e da Alemanha como um todo, será descrito no próximo post.

Em resumo, aconselho para quem estiver indo para Berlim que reserve um tempinho para caminhar calmamente pela Unter den Linden e apreciar todos os belos edifícios neoclássicos ou barrocos. São construções que fizeram parte da história da Alemanha e, de algum modo, também da história do mundo.