
Museu do Louvre (parte 2) – um Guia pelo Piso Térreo (Rez-de-Chaussée)
No post anterior, falamos sobre o Louvre pelo lado de fora, a sua história, localização, transportes, horários, etc. Agora iremos falar do Louvre pelo lado de dentro e saber um pouco sobre as principais obras de arte e, obviamente, as que eu mais sou apaixonada.
Como o museu é muito grande e é fácil se perder no meio de tantas galerias e tantas obras de arte magníficas, é importante ter em mente a ala de interesse e procurar a entrada mais próxima. Assim você garante que não vai sair de lá sem ver aquela pintura ou escultura que tanto deseja conhecer.
A Entrada da Pirâmide (Entrée Principale), localizada na Cour Napoléon é, como o nome diz, a entrada principal para todos os visitantes, inclusive com reservas antecipadas. As obras mais famosas acessíveis a partir dessa entrada incluem a Mona Lisa de Leonardo Da Vinci e As Bodas de Caná de Paolo Veronese, (Ala Denon, 1º andar, Sala 711), A Liberdade Guiando o Povo de Eugène Delacroix (Ala Denon, 1º andar, Sala 700) e a Vitória de Samocrácia, localizada na escadaria Daru.
A Entrada do Carrousel du Louvre é uma boa opção para quem deseja explorar esculturas clássicas, que é o meu caso. Essa é a entrada que sempre uso pois dá acesso mais fácil à Vênus de Milo, localizada na Ala Sully, térreo, Sala 346. Funciona também como uma entrada alternativa que garante acesso fácil à Galeria d’Apollon onde estão expostas as jóias da Coroa Francesa, também fica próxima da entrada da ala Denon e da ala Richelieu. Essa entrada é uma boa opção para dias chuvosos ou para quem vem para o museu pelo metrô Palais Royal-Musée du Louvre.
A Entrada secundária Porta dos Leões (Porte des Lions), localizada na Ala sudoeste, ao longo do Sena (próxima ao Quai François Mitterrand) dá acesso direto à ala Denon. É uma entrada menos movimentada, porém as vezes fica fechada. As obras famosas acessíveis mais rapidamente incluem a Galeria de Pintura Italiana com obras de Leonardo, Rafael, Caravaggio e Veronese. Subindo a escadaria Daru também se vê a Vitória de Samotrácia. Estando aberta essa entrada, você consegue um acesso mais rápido à Mona Lisa
Já a entrada da Rue de Rivoli (Pavillon de Richelieu – entrada de grupos e visitantes com reserva) dá acesso aos Apartamentos de Napoleão III, pintura flamenga e holandesa (Rembrandt e Vermeer) e o Código de Hamurabi localizado na Ala Richelieu no térreo. É uma entrada boa para quem quer explorar arte decorativa e pintura do norte da Europa presentes da ala Richelieu.
Bom, como falei anteriormente, prefiro entrar no Louvre pelo acesso mais próximo à ala Sully, pois tenho maior interesse nas salas de antiguidade e confesso que o meu principal motivo na primeira visita ao Louvre que fiz era conhecer a Vênus de Milo, uma vez que amo Mitologia Grega e, no final das contas, toda a Grécia.
Estando na ala Sully, prepare-se para uma verdadeira viagem no tempo, caminhando desde as origens do próprio Louvre até as salas com peças e artefatos das grandes civilizações da Antiguidade.
Logo na entrada, no Piso térreo (Rez-de-chaussée), Ala Sully encontra-se a Cripta do Louvre Medieval e os vestígios do antigo castelo-fortaleza construído por Felipe Augusto no século XII. Nesse local você literalmente pisa nas origens do Louvre, quando ainda era uma fortaleza para defender Paris. Caminhando ao lado dos fossos medievais dá para ver na área escavada a base das torres gêmeas e o apoio da ponte levadiça da fortaleza.
Saindo do fosso, encontra-se a Ala Sully, coração arqueológico do Louvre. Aqui estão as coleções de algumas das mais importantes civilizações do mundo antigo.
Entre as salas da Ala Denon e Sully estão obras gregas, etruscas e romanas esculpidas pelos primeiros lapidadores de mármore até o século de Péricles, o general e estadista ateniense, responsável pelo desenvolvimento da democracia ateniense.
A partir da sala 344, temos a galeria das Antiguidades Gregas. Uma sala belíssima de tirar o fôlego, repleta com as esculturas perfeitas. É um verdadeiro deleite para os olhos e também para a alma de quem já leu tanto sobre arte grega.
É possível observar as esculturas arcaicas usadas para marcar túmulos conhecidas como kouroi e korai, outras esculturas helenísticas e romanas, estátuas de atletas e deuses gregos, vasos pintados com cenas mitológicas (vasos normalmente é o que mais se encontra em museus com arte grega, rs) e fragmentos arquitetônicos
Na sala 345 está a belíssima Vênus de Milo, escultura grega helenística do século II a.C. encontrada em 1820 na ilha de Milo e atribuída a Alexandros de Antioquia. Nessa sala em particular, me permiti ficar por um longo tempo apreciando cada ângulo da deusa do Amor e me esquecendo totalmente de toda a arte existente no Louvre. Foi preciso paciência para tirar as fotos já que a todo momento a sala de enchia de turistas, mas no final valeu a espera.
Ainda no primeiro andar, temos as salas de transição para a Ala Denon, onde encontra-se a coleção de antiguidades egípcias. O principal destaque fica para a estátua colossal de Ramsés II. O famoso Escriba Sentado, escultura em calcário pintado, representando um escriba com expressão vívida, também se encontra nessa ala. Outras peças incluem sarcófagos ricamente decorados, múmias e objetos funerários, jóias, papiros e instrumentos musicais, além de elementos arquitetônicos de templos egípcios. Também há estátuas de deuses como Osíris e Anúbis. Uma verdadeira imersão na rica cultura dos faraós, dos deuses egípcios e das crenças sobre a vida após a morte, algo tão forte na civilização antiga do Egito.
Na Ala Denon também há exposição de peças que vão dos etruscos até os romanos com esculturas, mosaicos e o famoso O Sarcófago dos Esposos, também conhecido como Sarcófago dos Cônjuges, é uma obra etrusca de terracota.
Dentre as obras gregas, podemos citar a Nike de Samotrácia – magnífica escultura helenística que representa a deusa Vitória, posicionada no topo da escadaria Daru. Embora tecnicamente no 1º andar, seu impacto visual pode ser sentido desde o plano térreo. A Vitória da Samotrácia é do fim do século 3 e início do século 2 a.C. É uma escultura que realmente impressiona por passar a sensação de voo, de liberdade. Acho que a ausência da cabeça ajuda a ter essa impressão, além do que a escultura foi esculpida de forma a ter movimento.
A coleção de Arte Islâmica da Ala Denon abriga obras do mundo islâmico que vão do século VII ao século XIX, abrangendo áreas que vão da Espanha à Índia. As peças mais famosas incluem a Bacia de Santo Luís, ou Bacia de Al-Malik Al-Nasir, do século XIV, feita de bronze incrustado com prata e ouro e considerada uma obra-prima da metalurgia islâmica. Também se encontram em exposição cerâmicas do Irã, páginas do Corão dos séculos VIII–IX, joias e artefatos mongóis, além de uma cúpula de madeira do século XIII
Do lado oposto da Ala Denon encontra-se a Richelieu repleta de antiguidades orientais e arte decorativa. Nessa ala estão as salas com as antiguidades do Oriente Médio, principalmente da Mesopotâmia. É uma das coleções mais antigas e impressionantes do mundo. É ai que se encontra o Código de Hamurabi, um dos primeiros códigos de leis da humanidade, relevos do Palácio de Assurbanípal, rei do Império assírio de 669 a.C. até sua morte em 631 a.C, estátuas de deuses mesopotâmicos e arte e escrita dos povos da Suméria, Babilônia e Assíria.
Nas salas intermediárias, interligadas à Mesopotâmia, estão expostas antiguidades do Irã Pré-Islâmico e do Levante, incluindo arte do antigo império persa, Objetos delicados de cerâmica, selos cilíndricos, estátuas votivas, objetos ritualísticos, armas decoradas, artes da Síria, Elam e Império Persa e o belíssimo relevo com Leões em Marcha, do palácio de Dario I, em Susa. Também há esculturas que ocupam toda a parede de touros alado Khorsabad com cabeças humanas do palácio do rei Sargon II da Assíria, do século 8 a.C.
Nas salas de arte decorativa estão os luxuosos salões que mostram o esplendor do design de interiores da monarquia, com algumas mobílias que pertenceram à Luís XV. Os apartamentos de Napoleão III são decorados com tapeçarias, móveis dourados e lustres de cristal.
Ainda na ala Richelieu tem-se a exposição de esculturas francesas dos séculos XVII a XIX nas galerias abertas (Cour Marly e Cour Puget).
A primeira vez que fui no Louvre fiquei apenas nesse piso, pois meu maior interesse era realmente as obras referentes a civilizações antigas. Foi apenas na visita seguinte que segui para os outros andares (após visitar novamente esse, rs) que serão melhor descritos no próximo post.
