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Pomerode – volta ao passado com a Rota do Enxaimel e a Casa do Imigrante

Pomerode é uma cidade agradável e charmosa, mesmo sendo pequena, há vários atrativos. Mas o que a torna mais famosa é sem dúvida a Rota do Enxaimel. É localizada no bairro Testo Alto, uma área rural, porém próxima ao centro da cidade (como eu falei a cidade é pequena). A Rota do Enxaimel possui aproximadamente 16 km.

Nesse caminho, encontra-se a maior concentração de casas em estilo enxaimel existente fora da Alemanha, mesmo porque muitas foram destruídas durante a II Guerra Mundial. São cerca de 70 casas espalhadas ao longo da rota. Muitas delas foram tombadas pelo patrimônio histórico.

A arquitetura enxaimel retrata bem o modo de vida dos imigrantes alemães. Trata-se de uma técnica de construção onde a madeira assume a função estrutural. Os espaços entre a madeira são então vedados com tijolos que ficam aparente. O resultado são casas charmosas com uma aparência única.

Mapa da Rota do Enxaimel

A rota inicia-se perto do Portal Norte, na rua Testo Alto, com a casa Haut, um estabelecimento comercial e possui três alternativas. A primeira, mais curta, vai até a rua Gustav Krahn, retornando pela rua Progresso. A mais longa continua pela Testo Alto até a rua Morro Schmidt, antes de retornar pela rua Progresso, e a terceira, embora não faça parte oficial da rota, é recomendada pois vai até a Casa de Taipa de 1898. Nessa casa, o preenchimento da estrutura foi feito com taipa de mão, deixando as paredes brancas.

Casa de taipa de 1898 no final da rota mais longa do enxaimel

Na volta, a rota passa pelo mais antigo cemitério da cidade, próximo à Igreja de Testo Alto e termina na casa Wachholz-Voigt, a mais antiga casa enxaimel da região, de 1867, onde hoje funciona uma pousada. Cada casa tem o nome da família que a habita, o que dá mais personalidade ainda para a rota.

É muito tranquilo e gostoso andar pelas ruas de terra que compõem a rota, observando as casas com seus celeiros antigos, tudo emoldurado por uma bela paisagem bucólica. Como é área rural ainda vemos bois pastando na grama ao redor das casas e patos e marrecos andando de um lado para o outro sossegadamente. Tudo muito calmo, em uma harmonia perfeita com a paisagem existente no local.

Percorrendo aquele caminho, não tem como não pensar na calmaria que deve ser morar na região, um ambiente de natureza exuberante e muita paz. Afinal, para quem já morou na paulicéia desvairada, fazer o percurso na estrada de chão entre casas e celeiros antigos, é como ir de um extremo ao outro.

Estrada de chão batido na Rota do Enxaimel

Em uma das casas que paramos para fotografar, o proprietário apareceu para conversar e nos contou, em um português carregado de sotaque alemão, que aquela casa tinha 100 anos. Foi construída pelo seu pai e deixada de herança para ele, o filho caçula de muitos irmãos.

Entrada da casa do senhor Wendelin Siewert
Celeiro antigo a ser restaurado com madeiras doadas pela prefeitura

O simpático senhor Wendelin Siewert nos contou sobre sua família, pai, irmãos e filhos, todos habitando em Pomerode, a maioria na região da Rota do Enxaimel. Disse também que ia demolir o celeiro existente em frente à sua casa, do outro lado da rua, porém a prefeitura lhe doou as madeiras necessárias para a reforma com o objetivo de manter o celeiro o mais próximo possível do seu estado original. Isso mostra como a prefeitura age no sentido de manter o patrimônio histórico da cidade, uma atitude bem louvável.

O simpático senhor Siewert fez questão que sua cachorra aparecesse na foto

A rota pode ser percorrida de carro ou de bicicleta, sendo que dá para alugar bicicletas no Centro de Informações Turísticas, localizado no Portal Sul.

 

Casa do Imigrante Carl Weege

Para complementar o passeio pelas casinhas históricas, a melhor opção é visitar a Casa do Imigrante Carl Weege, localizada no alto da rua Frederico Weege, fora da rota. O museu é uma autêntica casa enxaimel decorada com móveis e objetos da época da colonização, incluindo roupas e até mesmo quadros e bordados escritos em alemão. O acervo constitui parte do patrimônio deixado pelo imigrante Carl Weege, que dá o nome para o museu.

Entrada da Casa do Imigrante Carl Weege
Uma linda igrejinha na região ajudando a compor a paisagem ao redor do museu

É muito interessante ver e sentir um pouco sobre como era a vida dos imigrantes nos primeiros anos de colonização, retratada nos móveis antigos, roda d’água, rancho com moenda de cana de açúcar e moinho de fubá de milho.

Quarto de casal no interior da casa
Armário da cozinha com louça da época

Se não bastasse isso, a paisagem ao redor do museu é linda, um local digno de ser visitado sem pressa. O museu é aberto de terça a domingo entre 9:00 e 12:00 e 13:00 e 17:00. O acesso é bem fácil e a entrada é gratuita.

Quarto no sótão cuja escada termina na cozinha
Bíblia antiga escrita em alemão

Pomerode, o Brasil com sotaque alemão

Li sobre Pomerode quando buscava na internet informações sobre lugares interessantes em Santa Catarina para conhecer, em especial o Vale Europeu.

Embora tenha pouca coisa escrita sobre Pomerode na web, essa cidade atraiu minha atenção e decidi comemorar o dia das mães passando o final de semana lá.

Pomerode é uma cidade pequena com apenas 28 mil habitantes, situada no Médio Vale do Rio Itajaí-Açu, na região do Vale Europeu em Santa Catarina. Fica a 175 km de Florianópolis e apenas 33 km de Blumenau.

A cidade foi colonizada em 1861, quando os primeiros imigrantes, liderados por Hackbarth, abriram caminho ao longo do rio que viria a se chamar Rio do Testo.

Como a maioria dos imigrantes era originária da Pomerânia (Pommernland em alemão), a cidade recebeu o nome Pomerode que é a junção do radical Pommern e do verbo alemão roden, que significa algo como tornar a terra apta para o cultivo.

Desde sua colonização, as tradições, culturas e costumes trazidos pelos imigrantes no século XIX permaneceram e estão presentes ainda hoje no cotidiano do município. Os descendentes preservam com orgulho as raízes dos seus antepassados, sendo que cerca de 80% da população fala alemão. O idioma é visto nas placas sinalizadoras, nos menus dos restaurantes e nas lojas típicas.

Com tanta influência germânica assim, Pomerode acabou ganhando o título de “A cidade mais alemã do Brasil”.

Embora pequena e relativamente pouco conhecida no Brasil, a cidade possui uma boa infraestrutura para o turismo. Uma dica interessante para quem estiver viajando por lá é a existência do Passaporte Turístico que possui várias informações úteis sobre a cidade, suas festas regionais, museus e estabelecimentos comerciais, bem como um mapa da cidade.

Na última página do passaporte há um campo para carimbar após consumir nos estabelecimentos citados. Com 10 carimbos, o turista recebe um brinde surpresa. Os estabelecimentos incluem pousadas, restaurantes e lojas com produtos típicos da região.

Quando fui, fiquei hospedada na Pousada Blauberg, que recomendo. É bem localizada, embora em Pomerode tudo é bem perto, portanto fácil de se locomover. No café da manhã são servidos produtos regionais como cucas, salames e geléias, tudo muito gostoso.

Bem no centro da cidade, na rua XV de Novembro, está o Portal Sul, símbolo da cidade, construído para dar boas vindas aos turistas. Além de ser um belo cartão postal de Pomerode, no portal também está o Centro de Informações Turísticas, aberto diariamente das 8h às 18h. Lá, os turistas são atendidos por uma pessoa vestida à caráter que fornece todas as informações necessárias de forma bem hospitaleira e simpática. Aliás, em todos os lugares que visitamos, fomos tratados dessa forma, o que mostra como o povo de Pomerode sabe ser cordial com os visitantes.

Portal Sul, no centro de Pomerode

No andar de cima funciona uma lojinha da associação dos artesãos com produtos típicos e souvenirs. No Centro de Informações Turísticas também é possível tirar fotos com roupas típicas alemãs e alugar bicicletas, um veículo muito usado na cidade.

Detalhe do Portal Sul, onde se encontram o Centro de Informações Turísticas e a loja de artesanato

Logo atrás do Portal Sul, fica o restaurante Bockwurst, um lugar bem agradável para desfrutar da gastronomia alemã. Lá não tem pratos prontos, mas há petiscos bem saborosos, até mesmo para mim que não sou muito fã de salsichas.

Curtindo um pouco da culinária alemã

Continuando reto, na rua paralela à XV de Novembro, chega-se à rua Presidente Costa e Silva, onde há outro portal, o Pórtico do Imigrante Wolfgang Weege ou Portal Norte, inaugurado em 2000, em comemoração aos 41 anos de emancipação política de Pomerode e aos 25 anos das Malhas Malwee.

O desenho do portal na verdade é uma réplica em tamanho natural do Portal de Stettin, cidade que foi capital da Pomerânia entre 1720 e 1945 e que hoje em dia faz parte da Polônia.

Portal Norte, também conhecido como Pórtico do Imigrante Wolfgang Weege

Voltando por essa mesma rua, quando ela muda seu nome para rua Hermann Weege, chega-se ao zoológico de Pomerode, famoso por ser o maior de Santa Catarina, com mais de 1300 animais. Próximo à entrada do zoológico estão as carruagens que iniciam ali o passeio pelo centro da cidade  aos finais de semana e feriado.

Passeio de carruagem faz parte dos atrativos de Pomerode

Continuando reto, chega-se ao Teatro Municipal de Pomerode, finalizado em 2009. Em frente há um conjunto de esculturas inauguradas em 2010 homenageando os imigrantes que colonizaram a cidade. Ainda nessa região, está a cervejaria Schornstein. Lá é servido diversos tipos de cervejas fabricadas no próprio local. É possível agendar uma visita para conhecer o processo de fabricação. Quando fui, a área de fabricação estava fechada, porém, eles gentilmente abriram uma exceção para que eu pudesse conhecer.

Bebida gostosa, bom atendimento e visita à area de fabricação de cortesia, sem dúvida uma boa pedida para finalizar o dia. É uma pena que eles não possuem embalagem para viagem. Somente para consumo imediato e eventos locais.

Área de fabricação no interior da cervejaria

Mais afastado do centro está a pousada e restaurante Mundo Antigo, onde eu almocei ao som de música alemã tocada ao vivo. Apesar do ambiente alegre, não recomendo o restaurante, o buffet é de comida típica alemã, porém não achei saborosa como imaginava que seria, na verdade não tinha gosto de comida recém preparada. Enfim, na minha opinião, não vale a pena a ida até lá apenas para almoçar.

Porém o local em si é bem bonito com construções no estilo enxaimel. Este tipo de construção é algo tão típico de Pomerode que lá há a Rota do Enxaimel, com mais de 70 casas, porém isso será melhor descrito no próximo post.

Restaurante construído no estilo eixamel, típico de Pomerode

Mais informações

www.pomerodeonline.com.br

www.pomerode.sc.gov.br

visitepomerode@terra.com.br